Pegada de Carbono dos Gastos Tributários Federais no Brasil André Lima Assessor de Políticas Públicas 29 de Outubro de 2013 www.ipam.org.br A cabala tributária • De 1988 a 2012 a carga tributária aumentou de 22%para 36,27% do PIB • 63 tributos • R$ 4,27bilhões/dia • R$ 178 milhões/hora 5% outros Observatório da Equidade do CDES www.cdes.gov.br/observatoriodaequidade/relatoriotributario.htm Sistema Tributário Injusto e Insustentável • Sistema regressivo e carga mal distribuída (<2SM =48%, >30SM= 26%) • Retorno social baixo em relação à carga tributária (-35% investido em saúde, educação, segurança, babitação e saneamento) • Desincentiva as atividades produtivas e a geração de empregos (mtos tributos, cumulativos, folha de pagto) • Inadequação do pacto federativo em relação a suas competências tributárias, responsabilidades e territorialidades • Falta cidadania tributária (transparência no que é cobrado) • Sistema caminha na contra-mão do desenvolvimento sustentável Incentivos (Gastos) Tributários da União em R$Mi (2008-2012) Quais setores econômicos tiveram aumento de emissão de GEE mais expressivo nos últimos 5 e 10 anos? 1990-2005 2005-2010 Energia 41,5% 21,4 Agricultura 23.8% 5.2% Uso terra e florestas -40.1% -76.1% Emissões de CO2eq do setor energia 2011 e 2012 (Fonte: EPE 2012 e 2013) Durante este periodo, o volume de: Emissões Energia cresceu 8,14% Emissões Transporte cresceu 7,6% Emissões Outros setores energia (incluindo consumo combustíveis, setor agropecuário,) cresceu 36% Estimativa de Emissões de CO2eq do setor agricultura 1990-2010 (Fonte: MCTI 2013) Emissões CO2 eq Agricultura Emissões de CO2 Eq na Agropecuária (N20 + CH4) cultura arroz emissões 2% manejo agricultura dejetos (2010) animais queima cana 0% 2% 5% 500000 450000 solos agrícolas 35% 400000 350000 fermentação entérica (87% bovinos) 56% 250000 200000 150000 100000 50000 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Gg 300000 Principais emissões (2010) • Atualmente, agricultura maior fonte de emissões (35% do total) • 56% - Fermentação entérica (87% bovinos) • 35% - Solos agrícolas (N2O) • 15% disso = fertilizantes sintéticos (5% do CO2 eq na agropecuária) • Principais culturas: soja, milho e cana Emissões de CO2eq do setor transporte (2007-2013) (Fonte: MCTI 2013) 450000 400000 CO2 totalfrota total veicular 350000 300000 CO2 total diesel (mil ton) 250000 200000 Emissões de CO2eq cresceu: Frota total: 6%/ano Frota diesel: 9%/ano 150000 CO2 total otto (mil ton) 100000 50000 0 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Frota ciclo Otto: 4%/ano Quanto e como se comportam os gastos tributários nestes setores econômicos? Evolução dos gastos tributários com maior taxa de crescimento para as funções orçamentárias que mais emitem GEE (bilhões R$). Fonte: Elaboração dos autores RFB (2003 a 2013) Previsão de Gastos 2013 (Fonte: RFB 2003 a 2013) • Agricultura – 13 bilhões de Reais, aumento de renúncias depois de 2006 (agronegócio) 14 12 10 • Energia – 3 bilhões de Reais, grande aumento do volume de gastos depois Energia de 2011. (renúncia em energias setor automobilístico renováveis e petroquímicas) 8 Agricultura 6 4 2 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 • Setor automobilistico – 3 bilhão de Reais, crescimento da renúncia fiscal depois de 2008. (crise econômica) Gastos tributários nas funções orçamentárias e modalidades de gastos Energia (R$ milhões) Agricultura (R$) 1,4E+10 10000 1,2E+10 REIDI 1000 Agricultura e agroindustria (R$) 1E+10 Repenec Biodiesel 100 Gas natural liquefeito Termoeletricidad e 8E+09 Agricultura (R$) 6E+09 4E+09 10 2E+09 1 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Qual a relação do gasto tributário IPI-veicular com crescimento da frota e emissões de GEE? IPI veicular (X R$ milhões) vs Frota total CO2 eq(Y mil ton) - correlação 86% regressão exponencial (2007 – 2012) 203000 y = 102353e0,0004x R² = 0,7316 193000 183000 173000 163000 153000 143000 133000 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 IPI veicular (X R$ milhões) vs Frota total (Y- mil veículos) - correlação 95% regressão exponencial (2007 – 2012) Qual a relação entre gastos tributários da CIDE-Combustível crescimento do consumo de combustíveis e emissões de GEE veicular? • 2008-2009 – diminui arecadação da CIDE-combustivel e aumenta consumo de combustiveis e emissões veiculares atingem pico. 250.000 200.000 150.000 Modal Rodoviário (10^3 TEP) Arrecadação CIDE (R$ milhões) CO2 frota total veicular 100.000 50.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 • 2010-2012- a arrecadação da CIDE volta a crescer e depois cai a zero em 2012. Emissões continuam a crescer assim como o consumo de combustiveis. Qual o efeito dos gastos tributários da CIDE-Combustível no crescimento do consumo de combustíveis e nas emissões de GEE veicular ? Arrecadação CIDE-combustíveis (X R$ milhões) e emissão de CO2eq da frota total veicular (Y mil ton) entre 2007-2009 Arrecadação CIDE-combustíveis (X R$ milhões) e emissão de CO2eq da frota total veicular (Y mil ton) entre 2010-2013 210000 180000 205000 170000 200000 160000 195000 190000 150000 R² = 0,9325 185000 140000 R² = 0,8121 180000 130000 175000 120000 170000 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 Correlações CO2 e renúncia CIDE-C • Entre 2007/09, > 17% das emissões totais veiculares de CO2eq + > renúncia fiscal(CIDE) de 39% = correlação (linear simples) de 97%. • Entre 2010/13, a emissão de CO2eq da frota total > 16%, e renúncia fiscal da CIDE-combustíveis em 100% = 90% de correlação (linear simples). Qual o efeito dos gastos tributários do PIS/PASEP e COFINS no crescimento da produção de energia termoelétrica de carvão e gás natural e nas emissões de GEE ? Regressão entre gastos tributários (X mil R$) e produção de termoeletricidade a gás natural e carvão (GWh) 70.000 350000 300000 Gastos tributários PIS/PASEP e COFINS (mil R$) 250000 Produção Termoelétrica Total (GWH) 200000 150000 R² = 0,8837 100000 50000 R² = 0,7211 Produção Termoelétrica a gás natural e carvão(GWH) Polinômio (Produção Termoelétrica Total (GWH)) 60.000 R² = 0,8993 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 0 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 Termoelétricas (gás natural e carvão mineral) Medias Gastos tributários (R$ milhões/ano) Produção de Termoeletricida de (GWh/ano) 2004-2007 2008-2012 120 219 Variação 82,5% 68.485 104.318 52,3% Produção de Termoeletricida de gás natural e carvão mineral (GWh/ano) 24.357 37.339 53% Emissão de GEE (mil ton CO2 eq/ano) 3.054,18 3.620,96 18,6% Quadro Medias anuais de gastos tributários, produção de termoeletricidade a gás e carvão e emissões nos períodos de 2004-2007, 2008-2012. Fonte: Elaborado pelos autores. Correlação estatística entre gastos tributários totais da função orçamentária agricultura e emissões de GEE na agricultura 440000 435000 430000 R² = 0,6029 425000 420000 415000 410000 405000 400000 395000 390000 0 1E+09 2E+09 3E+09 4E+09 5E+09 6E+09 7E+09 8E+09 9E+09 • Regressão entre gastos tributários (X mil R$) e emissão de CO2eq (ton) 1E+10 Gastos Tributários agricultura / agroindustria 1,4E+10 1,2E+10 Agricultura e agroindustria (R$) 1E+10 8E+09 Agricultura (R$) 6E+09 4E+09 2E+09 0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Agricultura • Entre 1995/05, as emissões oriundas da utilização de fertilizantes sintéticos > 94%, e > 30 % entre 2005/10. (MCTI 2013). • > 100% (de 8 p/ 16 Gg) entre 2000 e 2010 emissões de N20 (óxido nitroso) dos resíduos agrícolas no cultivo da soja. Fonte: MCTI 2013 • Entre 2005/10, aumento de 1100% nos gastos tributários referentes a PIS/PASEP, COFINS na agricultura. • Correlação positiva entre aumento de emissões e GTF de 86%. • Governo investiu R$3,4 bi no Plano ABC entre 2011/13. Ressalvas importantes • Correlação não é sinônimo de relação direta de causa e efeito • Dados de gastos tributários disponiveis na RF extremamente agregados. • Requerimento de dados detalhados por CNAE com base na Lei de Informações negado • Estudo deve ser aprofundado com base em dados detalhados disponiveis (mas não publicados) da RF • Este estudo indica tendências. Ranking Tributação Verde Diz a CF art. 170, VI • Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: ... • VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; • Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003 que “ Altera o Sistema Tributário Nacional e dá outras providências”. Conclusões • 1 – Sistema tributário brasileiro injusto, tributa mais quem ganha menos. • 2 – Baixa transparência na política de gastos tributários do governo federal • 3 - Forte tendência de aumento de incentivos tributários para atividades mais emissoras de CO2. • 4 - Política brasileira de incentivos tributários não considera sustentabilidade como critério (CF Art. 170. VI). • 5 – Política brasileira de incentivos tributários não converge com a política de clima. O que fazer? • 1 – Rever conceitos tributários de essencialidade e progressividade para assimilar sustentabilidade (at.170, VI da CF 88): “deve pagar mais quem ganha mais e polui mais” • 2 – Adotar Transparência Total nos gastos tributários, por atividade econômica (CNAE) • 3 – Estabelecer uma política de incentivos convergentes com a política de clima e meio ambiente • 4 – Formular programa de transição (até 2020 metas obrigatórias de GEE) com redução gradativa de incentivos para atividades +emissoras, taxação de atividades intensivas em CO2 e que não cumpram metas e fortes incentivos às atividades sustentáveis (manejo florestal, energias eólica e solar etc…)