• REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo São Paulo, SP • Edição 01 • Número 01 - Outubro de 2009. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 Reitor Gilberto Luiz Moraes Selber Pró-Reitora de Graduação e Extensão Ana Maria de Mattos Rettl Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Adalberto Vasquez Pró-Reitor Administrativo Darcy Gamero Marques Filho Pró-Reitora Adjunta de Graduação Mara Regina Rösler Pró-Reitor Adjunto de Extensão e Assuntos Comunitários Cleo Joaquim Ortigara Pró-Reitora Adjunta de Pós-Graduação e Pesquisa Rosana Arcoverde Batista Diretores Acadêmicos Marcos A. Schiavoni Regina Maria Tombini |2| • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 |3| Missão Contribuir para a difusão do conhecimento das pesquisas e práticas acadêmicas nas áreas de Administração, Ciências Contábeis e Cursos Superiores de Tecnologia. Objetivo Utilizar o canal virtual como meio de disseminação do conhecimento, permitindo consultas gratuitas de trabalhos elaborados por docentes e discentes interessados nas áreas de Administração, Ciências Contábeis e Cursos Superiores de Tecnologia. Público-alvo O periódico tem como público-alvo professores, pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação ligados às áreas de Administração, Ciências Contábeis e Cursos Superiores de Tecnologia em todo o país. Periodicidade Semestral. Circulação Acesso aberto e gratuito. Expediente Editor-Chefe Profa. Adamaris Izaura Cavalcanti Entre outras atribuições, é responsável por receber todos os artigos encaminhados à revista, fazer a primeira avaliação quanto à adequação do artigo e, em seguida, encaminhá-los aos avaliadores. Conselho Editorial Prof. José Abel Andrade Baptista Profa. Maria Aparecida Campos da Silva Prof. Paulo Cristiano de Oliveira Revisão Profa. Carla Cristina de Sousa Venancio Contato Endereço para correspondência e informações REGEN - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo Profa. Adamaris Izaura Cavalcanti Rua Carolina Fonseca, 584, Bairro Itaquera – SP – CEP: 08230-230 Fone: (11) 2070-0000 E-mail: [email protected] • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 |4| Envio de artigos Todos os trabalhos devem ser enviados através do e-mail da revista: [email protected]. O recebimento de artigo pela REGEN é contínuo, por isso artigos podem ser enviados para análise em qualquer época. Os artigos podem ser enviados nos idiomas português, espanhol e inglês e a publicação do artigo completo será no idioma escolhido pelo autor. Os trabalhos podem ser individuais ou em co-autoria(s). Os conteúdos dos artigos publicados na REGEN são de exclusiva responsabilidade dos seus autores. Áreas temáticas Administração da Informação – ADI Administração Pública e Gestão Social – APS Auditoria - ADT Ensino e Pesquisa em Administração – EPA Estratégia em Organizações – ESO Estudos Organizacionais – EOR Empreendedorismo – EMP Finanças e Contabilidade – FIC Gestão de Pessoas – GPE Gestão de Operações e Logística – GOL Gestão Ambiental – GAM Gestão Financeira - GFI Globalização e Internacionalização de Empresas – GIE Marketing – MKT Formatação do artigo Os trabalhos devem ser configurados no seguinte formato: Editor de texto: Word for Windows versão 6.0 ou superior; Formato do papel: A4; Fonte: Times New Roman/tamanho 12; Espaçamento: 1,5 sendo o texto disposto em uma coluna; Alinhamento: justificado; Margens: Superior: 3 cm; inferior: 2 cm; esquerda: 3 cm; direita: 2 cm; O trabalho deve ter, no mínimo, 10 páginas e, no máximo, 15, incluindo o texto propriamente dito, ilustrações e referências bibliográficas; • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 |5| Estrutura do artigo: Título do trabalho; Resumo (200 palavras no mesmo idioma do trabalho). Abstract (200 palavras). Três palavras-chave que identifiquem de maneira precisa o conteúdo do artigo. Introdução Problema de Pesquisa e Objetivo Revisão Bibliográfica Metodologia Análise dos Resultados Conclusão Referências As referências bibliográficas deverão ser citadas ao longo do texto de acordo com o sistema (autor-data), e apresentadas em ordem alfabética no final do trabalho, conforme a norma ABNT/NBR6023. Avaliação Os artigos são avaliados pelo Editor em relação à adequação do tento ao formato da revista e da linha editorial e, em seguida,são salvos em uma pasta recebendo um código de identificação, ocultando o nome e a instituição dos autores. Os artigos com a identificação de um código são repassados para dois avaliadores cadastrados pela REGEN a fim de serem avaliados de acordo com o sistema double blind review. Caso os pareceres dos dois avaliadores sejam conflitantes, um terceiro avaliador será designado para avaliar o artigo. O processo de avaliação pode durar até quatro meses dependendo da demanda de artigos e da área temática, uma vez que a revista conta com o trabalho voluntário dos avaliadores cadastrados. Para ser avaliador ad hoc da REGEN, é necessário ter a titulação mínima de mestre na área de administração ou em áreas correlatas. Observação: Os artigos não podem, sob hipótese alguma, possuir identificação (da segunda página em diante). Aqueles cuja autoria seja identificada serão excluídos da seleção para a revista. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 |6| SUMÁRIO Artigo de opinião: Um mundo chamado mercado de trabalho________________________________ 7 Implantação do planejamento e controle orçamentário em uma instituição filantrópica da cidade de São Paulo: estudo de caso de uma organização hospitalar ________________________________ 11 Contabilidade ambiental nas indústrias nacionais de papel e celulose: Um enfoque sobre os custos e benefícios dos programas ambientais _________________________________________________ 16 A amostra grátis como importante ferramenta do composto de marketing: um estudo exploratório na AVON _________________________________________________________________________ 21 As estratégias de marketing utilizadas em supermercados varejistas para atrair as classes sociais C, D e E. Case: Da Praça Supermercados _____________________________________________ 27 A evolução do comportamento masculino para o uso de cosméticos _________________________ 31 • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 |7| Opinião: Um mundo chamado mercado de trabalho Prof. Edison Andrades* “De repente um som destaca-se em meio ao sono e sonhos de nosso herói e, de forma inconsciente, ele representa uma desagradável melodia no contexto de sua história imaginária. Em seguida e quase que num ato involuntário, estica o braço com o objetivo de interromper algo que vai, provavelmente, roubar o aconchego tão merecido, mas subitamente recebe a visita de uma velha e inconveniente amiga: A lucidez. Não tem jeito, está na hora de acordar, pois o alarme está programado para se manifestar a cada 9 minutos e acaba de completar 18. Seja bem-vindo a mais um dia de trabalho! Ainda de forma inconstante e com pernas bambas, nosso herói consegue chegar ao chuveiro, mas não podemos dizer que despertou, pois seus movimentos ainda são mecânicos e fazem parte de uma bateria de outros que compõem outra velha conhecida: A rotina. Após um rápido banho, pois está com 18 minutos de déficit, deverá, provavelmente, sacrificar o café, já que este não pode, em nenhuma hipótese, ocupar o lugar da condução que pontualmente passará no ponto mais próximo. Encontra dificuldade em localizar suas peças de roupas íntimas, já que essas se encontram no armário escuro. A ativação de um simples interruptor poderia despertar quem também merece permanecer descansando: sua preciosa família. Usa com mais veemência o sentido do tato, então apalpa cada peça do vestuário que fará parte de mais uma pequenina etapa de sua carreira profissional. Dá um leve e silencioso ósculo em cada pedacinho de seu coração (Puxa! como é difícil chegar ao caçula, adormecido na parte de cima do beliche!). Dirige-se ao tão disputado ponto de ônibus, onde encontrará outras pessoas vindas de histórias muito semelhantes. Ufa! Chegou em tempo de embarcar exatamente naquela que é apenas a primeira das quatro conduções que o levará ao trabalho. Mas hoje parece que o trânsito está insuportável! Talvez sempre tenha sido assim! Após conquistar um pequeno lugar para o sapato direito, de forma impositiva e sufocante, joga-se para o interior do veículo na tentativa apenas de ser transportado. Será que está pedindo muito? No decorrer da longa e incômoda viagem, imagina que talvez tenha a sorte de ser abordado pela tão rara, mas existente, solidariedade humana: será que alguém irá se prontificar a levar sua bagagem? Bagagem que comporta, em meio a tantos objetos e materiais desnecessários, a indispensável refeição, carinhosamente preparada por alguém que hoje faz parte de sua história e que orgulhosamente leva seu sobrenome. Ainda cochilando em pé, faz um pequeno retrocesso das pendências trabalhistas do dia anterior, pois ficou uma pequena tarefa a ser concluída, mas esse pensamento se mistura aos compromissos financeiros que passarão por uma espécie de malabarismo ao serem devidamente acertados no próximo quinto dia útil. Depois de fatídicos e repetidos embarques e desembarques, chega ao local chamado trabalho. Opa! Mas, tudo isso que acabara de passar tem qual nome, então?!?! Após algumas pesadas horas, viverá, de forma inversa, quase as mesmas ocorrências em sua trajetória de retorno, mas a volta parece mais difícil ! É que o corpo está naturalmente mais exausto. Mas como o mercado se encontra muito mais exigente, talvez nosso herói ainda não vá para sua casa, antes deverá frequentar uma escola, afinal só terá recompensa, se houver sacrifício (como se este já não tenha ocorrido até aqui). Nossos trabalhadores, antes de pessoas responsáveis pela sinergia econômica mundial, são seres humanos que abrem mão de permanecer com suas famílias, por exemplo, para defender um pedaço do que lhes é ofertado no âmbito da sobrevivência. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 |8| Seja o alto executivo que se esqueceu da cronologia de sua vida, já que não sabe mais onde começa o ser humano e onde acaba a máquina, dialogando solitariamente com um pequeno aparelho sem fio, mas com uma conexão universal; Seja o camponês que coloca sua enxada sobre as costas e anda léguas para arar um terreno alheio, onde dali, contribuirá com uma pequena, mas indispensável, parcela no contexto agroeconômico; Seja a diarista que prolifera a organização e a limpeza de dezenas de residências, enquanto seus moradores também contribuem, de forma semelhante, porém em outra esfera; Seja a mãe executiva que precisou de um pouco mais de esforço para ocupar a posição atual, e que, com sua tripla jornada (a de funcionária, a de esposa e a mais exigente de todas, a de mamãe), tem, como seu maior desafio, a busca do equilíbrio desses três pilares, pois precisa ser extremamente competente em todos os aspectos. E ainda precisa sobrar tempo para se manter bonita. E essas heroínas conseguem! Seja a dona de casa que não encontra reconhecimento público de sua atividade, mas que sem elas não teríamos sequer um lar para repousar. Além de seus incessantes e repetidos afazeres domésticos, ouvem as histórias, desabafos e murmurações de quem chega da rua. Portanto, independente da profissão que ocupe, cada um de nós precisará se destacar, pois o mercado nos cobrará isso. Estar na média pode ser um problema? Ninguém gosta de estar na média. Quando alguém se refere a nós nos igualando a grade maioria, ficamos possessos e geralmente nos defendemos dizendo: “Eu não sou igual aos outros!” SERÁ? Estar fora da média significa fazer algo diferenciado, principalmente quando estamos falando de Mercado de Trabalho. O que você faz de diferente? Sempre que tentamos responder essa pergunta, procuramos achar, em nossas tarefas ou funções, algo inusitado. Sabe aquelas coisas que ninguém pensou? Ficamos preocupados em reinventar a roda! Entretanto, as inúmeras tentativas para sermos os tais “diferentes” acabam nos tornando exatamente iguais aos outros. É isso mesmo! Somos diferentes ou nos destacamos, muitas vezes, não pela realização de um grande projeto, mas talvez por realizarmos, de forma simples e competente, a tarefa a nós confiada. O homem que não contribui com seu suor para a construção de um mundo melhor está com sua dignidade comprometida. Sim! Se você tem um trabalho, significa que realiza algo para alguém e recebe por isso, propiciando um giro financeiro mundial do qual uns se beneficiam com o trabalho e com o dinheiro de outros. Isso o torna participante de um grupo especial, um grupo de pessoas que têm crédito de acordo com a visão do mercado, portanto, você terá permissão para participar de alguns privilégios desta vida, pois o mundo confiará em você! Mas, o seu trabalho faz parte do seu sonho? você se realiza com ele? Saiba que você não estará contribuindo em nada para um mundo melhor se o que você faz não o realiza, mas saiba também que não adianta apenas se realizar e não produzir. Complicado, não é? Existem pessoas extremamente infelizes profissionalmente e que apenas realizam uma determinada tarefa para conseguir ganhar o suficiente para pagar suas despesas e encher a barriga. Então, descontam toda sua frustração sobre aqueles que estão a sua volta, geralmente as maiores vítimas são as mães, cônjuges,filhos e clientes, os quais viram alvos de suas flechadas e agressões. Um dos grandes cânceres das empresas são funcionários que fazem relaxadamente suas tarefas, mas adoram dar “opiniões” sobre as atribuições dos outros! São pessoas que acham que suas atribuições são tão simples que podem ser realizadas de qualquer jeito. Muitas vezes não crescemos na vida por excesso de segurança, sim, julgamo-nos tão superiores para aquela função que não a cumprimos com eficácia. Saiba que todos que chegaram a grandes cargos de confiança, um dia realizaram direito a mais simples das tarefas. O que você faz hoje é fruto de sua própria escolha, pois foi você quem escolher seu caminho e aceitou segui-lo. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 |9| “Certo dia, eu estava no meu carro, parado no semáforo, quando alguém me entregou quatro panfletos de uma mesma propaganda, sendo que eu estava sozinho no veículo. Imagino que a pessoa desejasse se livrar logo daqueles folhetos! Mas pergunto: Não representa uma tarefa simples entregar um folheto a uma pessoa que está dentro de um carro? Pois aquela pessoa não conseguiu fazer isso direito. Talvez, de forma inconsciente, não tenha pensado que alguém gastou para confeccionar cada panfleto, e que, cada vez que alguém desperdiça dinheiro dos outros, faltará para alguma outra coisa, até mesmo para contratá-lo novamente numa próxima ocasião!” Portanto, nunca perca a chance de fazer bem feito cada coisa que lhe for confiada, ainda que você esteja realizando algo muito aquém de sua capacidade, ainda que não esteja sendo tão bem remunerado assim, ainda que existam pessoas ganhando mais e em funções superiores que a sua e que você as julgue com menos capacidade e ainda que aparentemente ninguém esteja reconhecendo seu valor. Atualmente, está muito fácil se destacar e sair da média, pois a grande massa realiza um péssimo serviço. As pessoas só se preocupam em fazer algo direito se houver supervisão ferrenha sobre suas cabeças. Tente lembrar, em seu último emprego, ou em sua última realização de algo: O que você poderia ter feito melhor? Mas procure não usar estes argumentos: “Nunca cheguei atrasado”; “Nunca faltei”; etc., pois eles representam apenas obrigações e cumprimentos de acordos. É como se eu dissesse: “Não mato, não roubo e não faço mal para ninguém, portanto devo ir para o céu!” Tais obrigações não nos diferenciam, justamente por se tratarem de obrigações naturalmente preestabelecidas. Repito e altero a pergunta: O QUE VOCÊ PODERIA TER FEITO MELHOR ATÉ HOJE EM SUA VIDA? Vejo que as pessoas estão começando a pensar melhor sobre esse assunto e, em razão da competitividade do mercado, temos uma nova tendência que se apresenta em nosso meio: a disputa de mercado entre a geração “X” e a que chamo de Geração “MSN”. De um lado, há a geração X: pessoas maduras que se deparam com um mercado extremamente competitivo. Muitos vezes, essas pessoas sentem-se deslocadas. De outro, há garotos com muitas oportunidades, enxergando um mercado extremamente adaptado para sua geração. Apesar de ter toda a vida pela frente, muitas vezes preferem usar seu precioso tempo em jogos fúteis, salas de bate-papo improdutível e vídeo-games no interior de uma Lan house. É a geração “MSN . Atualmente, temos um mercado carente de mão-de-obra qualificada. A era do apagão da qualificação humana! Que “pepino, hein!? Nem tanto, ainda há salvação! Podemos observar um novo momento no mercado de trabalho oriundo do esforço da geração X, que luta por seu espaço. Há muitas pessoas que viveram numa época na qual bastava trabalhar direito e ser assíduo para ganhar automaticamente a estabilidade, consequentemente acompanhada por um gordo up-grade salarial. Tanto isso é verdade que a geração”X” teve a ilusão, por décadas, de que não precisaria de reciclagem, principalmente escolar, já que se encontrava com uma estabilidade alicerçada. Pois é, amigos! As coisas mudaram e nossos “Guerreiros” precisaram se mexer, arregaçar as mangas e buscar mais conhecimento e informação. Há um comportamento de busca por oportunidade, “um abraçar com unhas e dentes” uma nova fase. Aliás, os que lutam pelas oportunidades geralmente são os melhores profissionais. Gente que quer! Por outro lado, observamos um contexto um pouco triste, de garotos e garotas meio perdidos em relação as suas escolhas. Eles encontram um mercado exigente demais, capaz de castrar seus caprichos. Para eles, a ideia principal é: “Preciso curtir a vida”. Vemos uma nova era industrial, sim! Uma era que se assemelha ao tempo em que o homem apertava um parafuso sobre uma esteira, mas não fazia nem ideia do que estava fabricando, enquanto uma minoria buscava se aprimorar. Estes sabiam que, anos mais tarde, poucos sobreviveriam à chegada da tecnologia. Hoje temos um panorama semelhante, pois nosso jovem “emburrece” no que se refere à nossa língua portuguesa, quando busca se comunicar de forma online. Com isso nos deparamos com lan house’s lotadas por jovens se alimentando de passatempos vazios e extremamente viciadores, ou seja, são os mesmos apertadores de parafusos, só que hoje, o parafuso é digital. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 10 | Agora chegou a hora!!! A geração “X” disputa mercado com a geração “MSN”. De um lado, uma garotada com muito vigor, inteligência e habilidade com os equipamentos tecnológicos, mas ainda com um baixo senso de responsabilidade e comprometimento, além da pouca experiência. De outro, nossos maduros e experientes profissionais, que dão um “banho” quando se trata de compromisso, até porque conhecem o ônus que geraram em outros tempos. Estão se munindo de conhecimento e formação acadêmica, sabendo que ainda há lugar junto ao sucesso profissional. Formação e aperfeiçoamento em alta, aprimoramento para novas tendências, enfim, novos mercados despontam e nossos "jovens senhores” estão “ligados”, porém ainda engatinhando no mundo tecnológico e digital e com uma formação mediana. Então, meus caros leitores, não sabemos exatamente onde você se encontra, mas seja do lado que estiver, nunca deixe de se aperfeiçoar, pois poderá chegar seu antagônico concorrente e tomar tranquilamente seu lugar. E não diga: “Existe mercado para todos, se Deus quiser”. Não! Somente há mercado para os que marcham. Lembre-se daquela sábia passagem bíblica: “O mar se abriu para o povo de Israel atravessar, somente após terem marchado em direção a ele”. Portanto, Deus sempre deseja o nosso melhor, mas existem coisas que são NOSSA obrigação. Abrir o mar (as oportunidades) é com Deus, marchar (ir à luta) é com você! * Profº Edison Andrades é Psicólogo - Especialista em desenvolvimento profissional e aconselhamento de carreira (Counseling); MBA; Escritor (autor do livro: Como Perder o Emprego (com competência)- Giz editorial); Colunista semanal do Jornal dos Concursos & Empregos; ex-Diretor de RH; Professor universitário pela Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO), atuando nas áreas de Administração e Marketing. Como consultor e palestrante, atua em algumas das principais empresas nacionais e multinacionais do país; Sócio-diretor da Casa do RH Comércio e Soluções Integradas para Recursos Humanos Ltda. É palestrante e instrutor organizacional há treze anos. E-mail: [email protected] • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 11 | Implantação do planejamento e controle orçamentário em uma instituição filantrópica da cidade de São Paulo: estudo de caso de uma organização hospitalar Augusto Valente Silvério Caroline Araújo Pereira Marcelo de Oliveira Campos Michelle Andriani Sâmara Aparecida Heleno RESUMO O planejamento orçamentário, na atual conjuntura global, tornou-se uma importante ferramenta para decidir os rumos de uma organização na busca constante pela maximização de resultados. No entanto, é necessária a constante revisão de plano, através de um controle sistemático e flexível, capaz de intervir no plano, diante de qualquer alteração no cenário, graças à técnica de controle orçamentário, objeto de estudo deste trabalho. Este estudo foi baseado em pesquisa bibliográfica para conceituar e comparar os temas planejamento, controle e orçamento na opinião de diferentes autores, tendo como objetivo apresentar a importância desses em uma organização, tendo por fundamento uma apresentação do sistema orçamentário comparando o orçado com o realizado, permitindo a visualização de análises financeiras empregadas na organização, auxiliando a tomada de decisões. INTRODUÇÃO Num mercado globalizado, com uma concorrência cada vez mais acirrada, torna-se necessário um diferencial, uma forma de destaque. Em decorrência desse cenário, surge a necessidade de flexibilização para respostas rápidas, redução de custos e sistemas de informações ágeis. Nesse contexto, a contabilidade assume um papel importante para o crescimento de qualquer empreendimento gerando informações úteis para a tomada de decisões. E, para cumprir esse papel, um dos meios empregado é o planejamento através de orçamentos, tratando as atividades da empresa de forma pró-ativa e não relativa, de maneira a antecipar qualquer fator que possa impedir a empresa de alcançar seus objetivos. O problema da pesquisa é: Como o planejamento e o controle orçamentário podem contribuir com uma entidade do terceiro setor na área hospitalar da cidade de São Paulo? O objetivo geral da pesquisa é analisar de que forma o planejamento e o controle orçamentário podem contribuir para melhorar a administração de uma instituição filantrópica, baseando-se no estudo de caso. Com intuito de auxiliar o alcance do objetivo geral, tem-se por objetivos específicos: evidenciar a importância da implantação do planejamento e controle orçamentário; identificar os mecanismos de gerenciamento utilizados no hospital, objeto desse estudo; destacar as funções e utilidades do planejamento orçamentário; apontar as mudanças ocorridas após o uso do orçamento como tática gerencial; e explicar quais as dificuldades encontradas para a implantação do orçamento. JUSTIFICATIVA Houve, nos últimos anos, uma grande expansão do terceiro setor no Brasil, tornando-o destaque na economia nacional o que torna relevante a concentração de esforços no sentido de contribuir para que as organizações sem fins lucrativos tenham ferramentas gerenciais. É nesse contexto que o trabalho irá apontar a utilização do planejamento orçamentário como forma de buscar o sucesso no desenvolvimento do controle gerencial, baseando-se em estudo de caso de uma organização filantrópica preocupada em alcançar crescimento no meio empresarial. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 12 | HIPÓTESE O controle orçamentário, mesmo em uma entidade que não visa a lucros, pode ser de grande valia para a redução de despesas, oferecendo melhor visualização e otimização das receitas. METODOLOGIA A pesquisa será feita pelo método dedutivo. Já em relação aos procedimentos, será desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, baseada em referenciais teóricos publicados em livros e artigos, bem como um estudo de caso em um hospital de grande porte da cidade de São Paulo, vinculado a uma instituição filantrópica. TERCEIRO SETOR De acordo com Cardoso (1997, p. 27), pode-se dizer que a expressão Terceiro Setor, “trata de todas aquelas instituições sem fins lucrativos que, a partir do âmbito privado, perseguem propósitos de interesse público”. No Brasil, esse termo representa mais um tipo particular de organização de cooperação para o desenvolvimento, criada inicialmente a partir da década de 1970. Nas organizações sem fins lucrativos, o objetivo principal não é o lucro financeiro, mas sim a provisão dos melhores serviços possíveis com os recursos disponíveis. Portanto, o Terceiro setor é: Um conjunto de iniciativas que valorizam a solidariedade, a ajuda mútua, a auto-expressão, e a iniciativa individual; Um grupo de instituições que representa uma força econômica, tanto nos países industrializados como nos em desenvolvimento, necessário para o fortalecimento da democracia e progresso econômico. CONTABILIDADE GERENCIAL E O ORÇAMENTO A contabilidade gerencial tem grande participação na sobrevivência das organizações. Entre muitos conceitos, afirma-se que a contabilidade gerencial é uma ferramenta utilizada para compreender os dados contábeis das organizações. A informação contábil gerencial é uma das fontes internacionais primárias para a tomada de decisão e controle nas empresas (Atkinson, 2000, p.36). No atual ambiente empresarial, é possível perceber que a contabilidade gerencial é um instrumento de grande utilidade para os gestores, devido ao fato de trabalhar com o planejamento de operações futuras a partir da utilização de números reais e estimados em busca de resultados. Para auxiliar o controle gerencial, muitos gestores fazem uso do planejamento orçamentário, um instrumento da administração útil em todas as fases de operação das empresas. Os orçamentos não apenas permitem aos administradores prever problemas, como também servem como padrões de avaliação da eficiência à medida que a empresa se desenvolve. Como o orçamento é voltado para o futuro, sem ele não se teria como saber se as atividades programadas estariam ou não sendo desenvolvidas e, portanto, a tomada de decisões corretivas estaria totalmente prejudicada, uma vez que não haveria condições de detectar falhas de execução pela ausência de um parâmetro de confronto. O PLANEJAMENTO E O CONTROLE ORÇAMENTÁRIO O acompanhamento do desempenho da empresa deve se basear no planejamento e no controle das metas organizacionais. Não se pode planejar sem controlar, pois seria perda de tempo e energia decidir o futuro sem saber se os objetivos estão sendo alcançados. Para assegurar que o desempenho atenda ou ultrapasse os objetivos, o controle é fundamental para entender o grau de desempenho alcançado com relação ao que foi planejado. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 13 | O sistema de controle e planejamento voltados ao orçamento visa a projetar, de forma estruturada, o resultado econômico-financeiro de um processo de planejamento e realizar o acompanhamento orçamentário através do controle do desempenho. ESTUDO DE CASO Os valores expressos neste trabalho representam números reais do hospital, porém não foi autorizada a divulgação do nome da instituição. O Hospital, objeto deste estudo, vem de uma cultura centenária (completou em 2006 seus 100 anos de existência) e já há algum tempo é considerado um dos melhores da cidade de São Paulo. Por isso, os gestores, ao longo dos anos, têm investido bastante em modernização, o que gerou a necessidade de um planejamento orçamentário bem elaborado. A maior parte do superávit da empresa é repassada à Associação da qual faz parte, e serve para manter, de acordo com a necessidade, as casas mais carentes do grupo espalhadas pelo país, restando, assim, uma pequena parte para ser reinvestida no próprio hospital, o que torna a responsabilidade dos gestores ainda maior. A organização passou a se preocupar mais com os controles orçamentários em 2008. Apesar dos constantes investimentos, não havia controle adequado sobre eles. Dessa forma, os valores orçados ultrapassavam o desejado frequentemente, havia falta de comprometimento das áreas e principalmente falta de metas claramente definidas. O controle do orçamento é feito através de um relatório dividido por áreas do hospital, classificado por códigos de orçamento e ligados a uma matriz configurada com os segmentos investidos, os motivos e as estruturas básicas do processo. Além disso, no sistema de Custos, visualizam-se as áreas e identificam-se os pontos falhos, tornando possível a tomada de decisões no sentido de controlar o desempenho dos setores a fim de minimizar custos, conforme exemplos nos quadros a seguir: Orçamento 2008 – Infra estrutura AÇÕES ESTRATÉGICAS QTDE VALOR SETOR CÓDIGO ORÇAMENTO Termo Hidrômetro 1 R$ 2.000,00 EngªClinica 1 Radiômetro 1 R$ 2.000,00 EngªClinica 2 Rede expansão 1 R$ 100.000,00 Engª 17 Restaurante / Centro de Convenção R$ 650.000,00 Bloco A 18 TOTAL ORÇADO R$ 754.000,00 SALDO JANEIRO R$ 688.810,00 MARÇO ABRIL TOTAL R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 15.000,00 R$ 10.120,00 R$ R$ R$ 25.095,00 R$ 25.095,00 R$ 50.190,00 R$ 29.975,00 R$ 25.095,00 R$ 65.190,00 - R$ 10.120,00 4.880,00 Fonte: Hospital objeto de estudo. O hospital conta hoje com a Gestão por Diretrizes (GPD) que proporciona monitorar os indicadores e as atividades e ajustar a estrutura para a meta proposta. Para isso, necessitou de apoio tecnológico, já que seu objetivo era fazer o acompanhamento mais próximo das metas e ações. Assim, a Tecnologia da Informação (TI) vem recebendo investimentos anuais constantes, sempre superiores a R$ 1 milhão. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 14 | A previsão para 2008 é de R$ 1,3 milhão e já foram adotadas a solução de gestão do sistema integrado MV Sistemas e do sistema de custos da empresa Planisa. O Hospital tem apresentado crescimento em seu faturamento nos últimos anos em virtude da variação positiva também em sua produção (Até julho de 2008 obteve uma variação positiva que já alcança 21,91% em relação ao mesmo período do ano passado). Evolução da produção: Produto (em X unid) Dezembro/2006 Dezembro/2007 Até Julho/08 Nº. Atendimentos ano 802.405 938.864 667.648 Variação-% 19,49 17,01 21,91 Evolução das vendas: Produto Dez/2006 Dez/2007 Até Julho/08 Faturamento Convênios 190.080.140,00 216.316.715,00 146.818.518,00 Faturamento Particular 13.200.000,00 15.038.060,00 10.206.635,00 Fonte: Hospital objeto de estudo Atualmente, além do crescimento produtivo, o foco é a diminuição dos custos e despesas gerais, através de um controle mais embasado em informações advindas de um sistema confiável e amplo. Relatório de Custos por Departamento. Modelo de relatório de custos emitido pelo sistema MV Fonte: Hospital objeto de estudo Segundo o estudo dos números junto aos gestores, chegou-se à conclusão de que os objetivos estão sendo alcançados gradativamente. R$ 14,9 milhões Estão sendo investidos em infra-estrutura R$ 5,9 milhões Estão sendo investidos em equipamentos R$ 1,3 milhões Estão sendo investidos em TI R$ 7,2 milhões Estão sendo investidos em RH • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 R$ 757 mil Estão sendo investidos em comunicação R$ 243,1 milhões É a receita líquida prevista para 2008 | 15 | Todos os setores são cobrados no sentido de elaborarem seu orçamento anual e, posteriormente, cumprirem o planejado. Através de reuniões mensais do GPD, procuram expor os números aos colaboradores e apontar as falhas e o que se pode fazer para corrigi-las. Porém, ainda existem muitos pontos a serem acertados visto que os sistemas não estão completamente ajustados e a cultura da empresa ainda precisa ser bastante mudada a fim de que todos os colaboradores percebam a importância de sua parte no processo. CONCLUSÃO Todas as empresas, com fins lucrativos ou não, necessitam de controles gerenciais que visem a sua subsistência no mercado. O planejamento orçamentário constitui uma importante ferramenta nesse processo e contribui com as tomadas de decisões, propiciando aos gestores a visualização, no futuro, das ações desejadas, a fim de que possam realizar, no presente, o que estava previsto em orçamento e avaliar a eficiência da empresa. Avaliando os processos do hospital estudado, pôde-se chegar à conclusão de que a implantação do planejamento e do controle orçamentário está em uma fase, no mínimo, intermediária, precisando ainda de muitos ajustes e, principalmente, de conscientização de sua importância pelas áreas. Os investimentos na implantação de sistemas informatizados têm ajudado a gerar maior confiabilidade das informações e controle dos custos, porém, não foram completamente finalizados e todas as ferramentas não estão ainda disponíveis. Com esses investimentos em tecnologia da informação e a criação da GPD, espera-se que a análise e o controle do planejamento orçamentário no hospital sejam cada vez mais eficazes e que possibilitem uma interação mais dinâmica entre as áreas, necessidade notória na empresa. REFERÊNCIAS ATKINSON, Anthony A. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. CARDOSO, Ruth; RIFKIN, Jeremy; FERNANDES, Rubem César; TORO, José Bernardo; THOMPSON, Andrés A.; MIERA, Antonio Saenz; DULANY Peggy; ANDRADE, Roberto Paulo C.; MARTINELLI, Antonio Carlos; SALAMON, Lester; MCCARTHY, Kathleen; MARCOVITCH, Jacques; KISIL, Marcos; FALCÃO, Joaquim; DIMENSTEIN, Gilberto. 3º Setor – Desenvolvimento Social Sustentado. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. CATELLI, Armando (Org). Controladoria. São Paulo: Atlas, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. São Paulo: Campus, 1999. FERNANDES, Rogério Mario. 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Orçamento da administração de empresas: planejamento e controle.2 ed.São Paulo: Atlas, 1983. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 17 | Contabilidade ambiental nas indústrias nacionais de papel e celulose: um enfoque sobre os custos e benefícios dos programas ambientais Cassimiro Rodrigues da Silva Gloriete Remédio Fernandes Eliete Alves de Brito Alencar Keilla Aparecida Chaparin Susan Caroline da Cunha RESUMO O presente artigo trata da importância da Contabilidade e da Gestão Ambiental voltadas para o setor das indústrias de papel e celulose, trazendo evidências sobre os custos e benefícios dos programas ambientais implantados pelas empresas brasileiras e qual o reflexo disso junto à sociedade. Esclarece também o perfil das empresas desse setor quanto a políticas de desenvolvimento sustentável e destaca como a contabilidade ambiental atua melhorando a tomada de decisões e as questões gerenciais das empresas atuantes nesse ramo. INTRODUÇÃO O meio de vida do homem moderno, suas preocupações, seus objetivos, seu modo de consumo e as questões coletivas mundiais como globalização e responsabilidade ambiental estão elevando a contabilidade ambiental a outro nível. As preocupações com a sustentabilidade vão além do desejo das empresas e surgem como padrões estabelecidos pela legislação e, mais do que isso, vêm como requisito competitivo já observado e cobrado pelos consumidores, principalmente no ramo das indústrias. A partir desse quadro, faz-se necessário em estudo comparativo do cenário atual com os custos e benefícios advindos dessa nova tendência, para esclarecer até que ponto a viabilidade desse tipo de ação e postura contribuem para o crescimento de uma empresa e o reflexo disso na sociedade como um todo. OBJETIVOS E ASPECTOS METODOLÓGICOS O trabalho, sendo uma pesquisa exploratória, baseou-se no método indutivo, cujos procedimentos utilizados para coleta, análise e comparação de dados foram: pesquisa bibliográfica e levantamento de dados baseado em coleta feita junto a amostras de empresas do setor para as quais foram elaborados questionários. O problema principal tratado na pesquisa foi evidenciar o impacto dos custos e benefícios na adoção dos programas ambientais nas empresas de papel e celulose nacionais, buscando confirmação para as seguintes hipóteses: - Hipótese 1- Os custos dos programas ambientais da empresa de papel e celulose são relevantes, no entanto seus benefícios agregam valores a empresa e a sociedade. - Hipótese 2 - Os custos de programas ambientais da empresa de papel e celulose compensam o beneficio da imagem perante os consumidores. - Hipótese 3 - A gestão ambiental promove o incentivo do desenvolvimento tecnológico e contribui substancialmente com as políticas de responsabilidade ambiental, incentivando, através da competição pelo mercado, seus fornecedores e concorrentes a melhorarem também seus processos produtivos. O objetivo geral deste trabalho é identificar os custos envolvidos na implantação e manutenção de programas ambientais nas indústrias de papel e celulose e verificar os resultados obtidos com esse tipo de investimento. Os objetivos específicos são a análise e a comparação dos custos das • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 18 | empresas envolvidas na pesquisa, a verificação dos resultados obtidos pelas empresas, a comparação das semelhanças e diferenças entre as mostras estudadas e a identificação da relevância da contabilidade ambiental na sociedade e nas empresas. O objeto abordado neste estudo foi escolhido por ser uma tendência nova na contabilidade, algo crescente e de extrema importância. Com a degradação do meio ambiente e a consciência ambiental que o mundo busca, a contabilidade tem se inovado para atender essa nova sociedade. CONTABILIDADE A conscientização crescente de que os recursos naturais são limitados e portanto importantíssimos não só para as empresas mas também para toda a sociedade despertou a ideia da necessidade de se evidenciar e mensurar o patrimônio ambiental das empresas, as fontes de recursos naturais utilizados, a forma como as entidades extraem sua matéria-prima e o que elas fazem para preservar e repor aquilo que é utilizado. Nesse contexto, a Contabilidade Ambiental surge como importante instrumento de registro, interpretação e apresentação de dados. Esse instrumento é capaz de gerar informações relevantes não só para a tomada de decisões mas também para divulgar e prestar contas daquilo que a empresa faz, para que os interessados, sejam eles consumidores, concorrentes, fornecedores, governo, etc., possam acompanhar as atividades e a postura da empresa. Martins & De Luca (1994, p.25) afirmam que "os contadores tem condições técnicas para buscar soluções a atender a essas novas necessidades dos usuários da contabilidade". Em resumo, pode-se dizer que a contabilidade ambiental é responsável por analisar, mensurar, registrar e divulgar todas as informações relativas ao patrimônio ambiental bem como suas mutações. A INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE As primeiras indústrias nacionais de papel e celulose começaram a surgir entre 1850 e 1925, quando se instalaram no Brasil fábricas de empresas pioneiras, que hoje correspondem às principais do setor, como Companhia Fabricadora de Papel (que originou o grupo Klabin), Simão e Companhia (hoje pertencente à Votorantim Celulose e Papel), Indústria de Papelão Limeira S/A (do grupo Ripasa), entre outras. (HILGEMBERG E BACHA, 2005). A indústria de papel e celulose se destaca, atualmente, por vários indicadores que demonstram seu crescimento e sua relevância na economia brasileira. Além do desempenho econômico, outro fator de grande importância a ser destacado é o desenvolvimento de programas ambientais voltados para a redução de resíduos, ampliação do reflorestamento e projetos de educação ambiental, importantes para a questão social e para o desenvolvimento sustentável. CUSTOS E BENEFÍCIOS DOS PROGRAMAS AMBIENTAIS Os custos ambientais podem ser interpretados como despesas, passivos e/ou ativos, desde que tenham ligação direta com o meio ambiente. Devem ser compreendidos como despesa quando a empresa investir em treinamentos e manutenção de equipamentos; ativos quando trarão benefícios futuros para a empresa, como o caso dos equipamentos e matérias-primas; e passivo quando, por algum motivo, a ação da empresa gerar multas, tendo a caracterização de perdas. Dentre os aspectos observados e analisados nesta pesquisa, as indústrias de papel e celulose possuem todos os custos inerentes a qualquer outra indústria, porém, devido ao tipo de matéria-prima e processos produtivos de que faz uso, seus principais custos são estoque de matéria-prima (reflorestamento), reservas para passivos ambientais devido ao alto risco de contaminação por seus resíduos, aquisição e manutenção de imobilizado específico, investimento em desenvolvimento de novas tecnologias e processos e gerenciamento do descarte e tratamento de resíduos. A gestão ambiental aplicada promove diversos benefícios para as empresas e para a sociedade em geral, trazendo dados e índices capazes de minimizar problemas ambientais, além do poder preventivo de evitar futuros custos indesejáveis e redução dos custos já existentes (TINOCO e KRAEMER, 2006, p.145) Dentre os benefícios, podem ser citados: identificação, administração e • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 19 | redução dos custos ambientais, economia dos custos com energia e materiais, informação detalhada para participação da empresa em programas de melhoria do desempenho ambiental, etc. No caso de uma indústria de papel e celulose, os principais benefícios são mais relacionados à imagem da empresa do que ao retorno monetário, ou seja, os programas ambientais favorecem a imagem da empresa perante a opinião pública; incentivam a concorrência a desenvolver novas tecnologias a fim de melhorarem sua imagem perante os consumidores; mantêm a empresa em conformidade com o disposto na legislação que rege as questões ambientais, reduzindo a probabilidade de crescimento dos passivos; e, por fim, promovem a agregação de valores à empresa e à sociedade. MÉTODO DE PESQUISA E COLETA DE DADOS A presente pesquisa utilizou o método estatístico através de coleta de dados por questionário. Utilizou-se o questionário por apresentar uma série de características que favoreceram sua escolha tais como: custo razoável, garantia de anonimato para os respondentes e envolvidos na pesquisa, confiabilidade, facilidade de conversão de dados para arquivos de computador e facilidade de atingir o foco da pesquisa devido à padronização das questões. Na elaboração do questionário, foram formuladas oito perguntas fechadas, ou seja, perguntas que requerem a escolha de uma resposta pré-determinada, para facilitar a compreensão dos resultados e para evitar que os respondentes deixassem de responder devido à complexidade de perguntas, de dúvidas para enquadrar suas respostas e ainda evitar que alegassem empecilhos relacionados ao tamanho do questionário. A população pesquisada neste trabalho é composta por 220 indústrias nacionais de papel e celulose, dentre as quais uma amostra de 110 foram contatadas através de endereços eletrônicos obtidos por meio de cadastros de associados no site da BRACELPA – Associação Brasileira de Papel e Celulose e no Portal Celulose on-line. Os questionários foram enviados por correio eletrônico, no período de 07/2008 a 09/2008, sendo que, das 110 empresas contatadas por duas vezes, 8% responderam o questionário; 6 % aceitaram o questionário, mas não o responderam; 2 % disseram não poder responder; e 83 % não responderam nada. ESTATÍSTICA DESCRITIVA, RESULTADOS TABULAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS E ANÁLISE DOS Após concluir o processo de coleta de dados, os resultados obtidos através das respostas dos questionários foram tabulados em planilha eletrônica do aplicativo Microsoft Excel e através dos recursos deste aplicativo foram elaborados gráficos baseados em funções estatísticas. Os resultados apresentados objetivam confirmar as hipóteses propostas pela pesquisa sendo que, para atingir tal objetivo, os questionários abordaram aspectos, como: custos dos programas ambientais, agregação de valores à sociedade, motivação para implementação de programas e tipo de gasto efetuado. Em relação ao tipo de gasto efetuado pelas empresas, foi verificada a seguinte proporção: 30% investem mais em desenvolvimento tecnológico; 20% investem mais em reflorestamento; 20% investem mais em imobilizado; 20% investem mais em descarte de resíduos; e 10% investem mais em reservas para passivos ambientais. Em relação aos custos e ao favorecimento de imagem da empresa no mercado, obtiveram-se os seguintes resultados: dentre as empresas respondentes, 80% acreditam que a imagem da empresa é beneficiada pelos programas ambientais apesar dos custos relevantes; e 20% acham que a imagem da empresa não é beneficiada. Em relação ao incentivo aos concorrentes do mercado, obtiveram-se os seguintes resultados: dentre as empresas respondentes, 90% acreditam que a gestão ambiental incentiva os concorrentes desse mercado a melhorarem o processo produtivo e a disseminar a preocupação com a sustentabilidade e preservação ambiental e 10% acham que não. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 20 | Em relação ao principal motivo pelo qual a empresa implanta os programas ambientais, foram verificados os seguintes resultados: dentre as empresas respondentes, 70% implantam programas ambientais para atender as exigências da legislação; e 30%, porque acreditam na agregação de valores à sociedade. Os resultados podem ser verificados nos gráficos abaixo: CUSTOS X IMAGEM (EM %) G ESTÃO AMB IENTAL E Legislação x Agregação de INCENTIVO À valores CONCORRÊNCIA ( EM % ) 30% 10% 20% SIM SIM NÃO NÃO 70% Atendimento da legislação 80% 90% Agregação de valores à sociedade ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONFIRMAÇÃO DAS HIPÓTESES As hipóteses levantadas pela presente pesquisa objetivaram compreender a relação entre os custos e benefícios dos programas ambientais e a sua representatividade para as empresas, visando a identificar a visão da sociedade em relação à gestão ambiental e à postura das empresas pesquisadas. A primeira hipótese da pesquisa (Os custos dos programas ambientais da empresa de papel e celulose são relevantes, no entanto, seus benefícios agregam valores à empresa e à sociedade.) não foi confirmada, pois, apesar de todas as empresas respondentes investirem em programas ambientais, 70 % delas afirmaram ter como principal objetivo o atendimento das exigências da legislação e somente 30% disseram ter como principal objetivo a agregação de valores à sociedade. A segunda hipótese da pesquisa (Os custos de programas ambientais da empresa de papel e celulose compensam o beneficio da imagem perante os consumidores.) foi confirmada, pois 80% das empresas respondentes acham que os programas ambientais, apesar dos custos relevantes, favorecem a imagem da empresa perante os consumidores e somente 20% acham que não. A terceira hipótese da pesquisa (A gestão ambiental promove o incentivo do desenvolvimento tecnológico e contribui substancialmente com as políticas de responsabilidade ambiental, incentivando, através da competição pelo mercado, os fornecedores e concorrentes a melhorarem também seus processos produtivos.) foi confirmada, pois 90% das empresas respondentes acreditam que a gestão ambiental incentiva os concorrentes desse mercado a melhorarem o processo produtivo e a disseminar a preocupação com a sustentabilidade e preservação ambiental e somente 10% acham que não. CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa identificou que, dentre os principais custos e benefícios envolvidos nos programas ambientais, segundo a visão das empresas pesquisadas, estão os gastos de caráter preventivo e a preocupação com o atendimento do disposto na legislação. Os maiores investimentos voltados para os gastos de caráter preventivo demonstram que as empresas têm cumprido seu papel ambiental e têm aplicado corretamente a gestão ambiental, pois se assim não fosse teríamos investimentos maiores em gastos de caráter corretivo e reservas para passivos ambientais, o que não foi verificado pela pesquisa que apontou maior representatividade • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 21 | nos gastos com desenvolvimento tecnológico voltado para a questão ambiental, investimento em reflorestamento, aquisição de imobilizado e descarte adequado de resíduos. Outra importante constatação foi quanto à motivação da implantação dos programas ambientais, pois, mesmo que o objetivo maior das empresas seja evitar problemas com o fisco, verificou-se a aplicabilidade da gestão ambiental. Por fim, a pesquisa confirmou a relevância da contabilidade ambiental para as empresas e para a sociedade, demonstrando que o seu desenvolvimento e a valorização do profissional dessa área trazem benefícios para a gestão empresarial como um todo. Verificou-se que a contabilidade ambiental é capaz de destacar os custos e benefícios que as empresas podem obter, além de apresentar métodos para melhorar o desempenho e a produtividade sem agredir o meio ambiente, o que favorece diretamente toda a sociedade, seja pela preservação ambiental, seja pela qualidade dos produtos, seja pela postura das empresas perante seus consumidores e sua qualidade de vida. REFERÊNCIAS BARRAL, Welber. Metodologia da pesquisa jurídica. 2ªed. Florianópolis: Fundação Boitex, 2003. BUSSAB, Wilton de O.; MORETTIN, Pedro A. Estatística Básica. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ªed. São Paulo: Atlas, 1996. HERCKERT, Werno. Balanço Ambiental. São Paulo, 2007. 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São Paulo, 2005.Disponível em <http://www.monografias.br>.Acesso em 15/01/2008,às 12:16 h. _____. Resíduos industriais e a questão ambiental associada à contabilidade aplicada ao meio ambiente natural. São Paulo, 2005. Disponível em <http://www.monografias.br>. Acesso em 15/01/2008, às 12:23 h. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1991. LOPES, Carlos Renato Antunes. Análise da indústria de papel e celulose no Brasil.São Paulo: Maio/2004. Disponível em <http://www.geocities.com>. Acesso em 20/05/2008 às 15:52. MARION, José Carlos; DIAS, Reinaldo; Traldi, Maria Cristina. Monografia para os cursos de Administração, Contabilidade e Economia. São Paulo: Atlas, 2002. MARTINS, Eliseu, DE LUCA, Márcia M. Ecologia via contabilidade. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília: ano 23, nº 86, p.20-29, 1994. MINC, Carlos. Impunidade Ambiental. O Globo RJ: publicado em 04/04/2003. PAIVA, Paulo Roberto de. 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Acesso em 12/03/2008, às 12:25 h. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 22 | A amostra grátis como importante ferramenta do composto de marketing: um estudo exploratório na AVON Diane Carine Moura Greice Barreto do Nascimento Leticia Rita de Souza Rosimeire Conceição Ferreira Orientador: Prof. Gilmar Beserra de Carvalho RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso abordará o contexto da Amostra Grátis, valioso instrumento do P de promoção no composto de marketing. Para tanto, foi realizado um estudo exploratório junto à empresa Avon, maior corpo de vendas porta a porta do Brasil, onde se verificou a aplicabilidade desse instrumento. Este estudo aborda os conceitos de marketing e do seu composto, enfatizando as ferramentas promocionais, nas quais se encontra o foco do trabalho. O estudo apresenta, ainda, a empresa Avon, o relacionamento dela com os clientes e suas estratégias para posicionar os produtos junto ao mercado. A pesquisa de campo do trabalho foi realizada em meio às revendedoras e ao gerente de setor. Assim se constatou a contribuição da amostra grátis para o aumento das vendas e para a aquisição consciente dos consumidores. Este trabalho visa a contribuir para a divulgação da amostra grátis, ferramenta que oferece ao bem ou serviço a oportunidade de se promover por si só, exprimindo somente o que pode oferecer e transmitindo a segurança requerida pelos consumidores para uma aquisição mais consciente. INTRODUÇÃO O marketing é demais importante ao sucesso da empresa, pois atua panoramicamente atendendo suas principais necessidades. Dentre elas, a de atrair e preservar ótimos relacionamentos com seus clientes. Com base em sua importância, optamos por explorar uma de suas ferramentas, a amostra grátis, instrumento estratégico do composto de marketing, e a influência exercida pela sua utilização nas vendas. A amostragem do produto antes da venda é de grande valia para que o cliente possa efetuar com mais segurança compras atuais ou futuras. Isso acontece porque, além da divulgação, essa ferramenta promove o conhecimento do produto. Todavia sua utilização é mesmo propulsora de vendas ou apenas um gasto desnecessário? Este artigo abrangerá o contexto desse instrumento e certificará ou não sua aplicabilidade. O estudo exploratório aconteceu na Avon em virtude de ser uma empresa pioneira na venda pessoal de cosméticos, e a natureza dos seus produtos possuir variações únicas de indivíduo para indivíduo, destarte a experimentação prévia é vital para escolha consciente dos consumidores. A utilização de amostras grátis acontece por intermédio dos revendedores Avon e é incentivada pelos gerentes de setor. No Brasil, a empresa Avon detém mais de um milhão de revendedores, conforme afirma Sabino (2008, p. 78): “A força da Avon está presente no Brasil inteiro, com 1,2 milhão de revendedoras”. PROBLEMA DA PESQUISA Em relação à importância do item promoção no composto de marketing, houve o questionamento quanto à eficiência da amostra grátis do produto, portanto logo se definiu a problemática do estudo: Qual é a influência que a amostra grátis dos produtos Avon exerce na decisão de compra dos seus consumidores? Ao longo do artigo serão apresentadas as possíveis resoluções e afirmações quanto à aplicabilidade dessa ferramenta. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 23 | Hipóteses da Pesquisa Com base na problemática e pesquisa bibliográfica, as seguintes hipóteses foram definidas: 1) O uso de amostras grátis auxilia as vendas; 2) O uso de amostras grátis não exerce influência na decisão de compra; 3) A promoção de vendas é uma ferramenta para auxiliar a compra imediata; 4) A empresa gasta muito com a confecção e distribuição de amostras grátis; 5) O consumidor sente-se mais seguro ao experimentar o produto antes da compra; 6) O consumidor apenas deseja usufruir as amostras. Para todas as hipóteses levantadas, buscaram-se respostas advindas da pesquisa realizada entre os revendedores e gerente Avon. Assim, haverá comprovação empírica para fundamentá-las. Dessa forma, o universo de pesquisa foi explorado a fim de apresentar a resolução de todas as afirmações. Objetivo da Pesquisa O objetivo geral deste artigo é descobrir qual a real participação da amostra grátis para a obtenção de receita da empresa Avon através da satisfação dos clientes. Portanto, constitui-se o seguinte objetivo: Identificar a influência da amostra grátis nas decisões de compra dos consumidores e verificar de que maneira essa ferramenta é capaz de motivar o consumo e proteger o cliente das decisões inadequadas. Os objetivos específicos detalham o assunto abordado, explicitam o objetivo geral, criando uma trilha de metas para chegar-se à constatação do resultado, conforme apresentados a seguir: 1) Demonstrar como funciona a aplicação das amostras grátis na empresa Avon; 2) Apontar o desempenho dessa ferramenta junto aos revendedores; 3) Definir como essa ferramenta auxilia o consumidor antes da compra. O artigo baseou-se na busca desses objetivos e através deles foi direcionado. METODOLOGIA A metodologia utilizada foi de ordem exploratória, sendo realizadas as seguintes atividades: levantamento bibliográfico, pesquisa em periódicos, questionários e respectivas análises. Nosso universo de pesquisa atingiu 5% dos revendedores do setor 027 da empresa Avon, localizados especificamente na Zona Leste de São Paulo. Assim, foram realizados questionários quantitativos com sessenta revendedores e entrevista qualitativa com a gerente do setor. DESENVOLVIMENTO O marketing acontece mediante atenção de uma necessidade, originando desejos que, através do poder de compra, tornam-se demanda por produtos e serviços. Esses produtos buscam atender esses anseios e têm seus respectivos valores. Todo esse processo ocorre como troca ou transações, propicia rentabilidade à empresa através da satisfação do consumidor e envolve toda a organização, pois, antes de iniciar o procedimento de comercialização, são realizadas pesquisas e desenvolvimentos para que seja disponibilizado ao consumo algo que realmente tenha algum valor aos potenciais consumidores. O Marketing Mix, Composto de Marketing ou 4 Ps, é um conjunto de estratégias focadas para atingir o mercado-alvo. Seus elementos básicos são: produto, preço, praça e promoção. Dispõem de diversas ferramentas auxiliadoras para o alcance dos objetivos. Conforme acrescenta Las Casas (2006, p. 5): “McCarthy modificou a forma de expressar estes elementos do composto de marketing [...] Hoje é um dos conceitos mais utilizados no marketing, devido sua simplicidade e possibilidade de • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 24 | aplicação prática”. O Composto de Marketing é imprescindível à descoberta das melhores táticas para atuação satisfatória da empresa. Através da promoção de vendas componente do P de promoção do composto de marketing, são estipuladas as estratégias para inserir e manter o produto no mercado, como é o caso da amostra grátis foco deste estudo. Todavia a promoção de vendas não deve ser confundida com a própria venda, pois, de acordo com Simoni (2002 p. 10), a promoção de vendas gera a oportunidade do negócio enquanto a venda o concretiza. Nesse sentido, dentro do composto de marketing, é encontrada a promoção; inserida nela está a promoção de vendas; e, por fim, a amostra grátis como demonstrado no quadro 1. Quadro 1: Localização do Foco de Estudo Composto de Marketing Ponto Preço Promoção Praça Força de Vendas Publicidade Amostra Grátis Promoção de Vendas Relações Públicas Marketing Direto Fonte: Adaptado de KOTLER, Philip. Administração de Marketing. A edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000, p. 37. A amostra é a ferramenta que possibilita ao cliente a experimentação do produto, permitindo que ele decida se quer ou não efetuar a compra. Ela é um excelente meio de demonstrar um novo produto e influenciar as vendas. Conforme afirma Las Casas (2006, p. 397): “Amostras: favorece a experimentação do produto e, conseqüentemente, a compra de produtos que envolvem os sentidos humanos, como paladar, visão, olfato e tato”. A amostragem faz com que os consumidores conheçam os produtos e decidam se realmente os querem comprar, isso favorece a aceitação e impulsiona as vendas. Com a utilização da amostra grátis, o cliente tem a oportunidade de provar o produto antes da efetiva aquisição. Assim, há incidência de compra mais consciente, afinal já foi sentido um pouco dos benefícios trazidos pelo produto. Dessa forma, o consumidor sente-se mais à vontade e sofre menos riscos de frustração, já que suas expectativas estarão baseadas no que ele já experimentou. Na Avon, as amostras são solicitadas pelos revendedores por um custo mínimo, a fim de realizarem pequenas demonstrações dos produtos e seus benefícios. Com as amostras, cada revendedor pode formar seu mostruário de produtos que, juntamente com os catálogos, tornam-se os atrativos para as vendas. Nas figuras 1 e 2, verificamos alguns modelos de catálogos e amostras utilizados pela Avon. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 25 | Figura 1: Catálogos Avon Fonte: Autoria do Grupo Figura 2: Amostras Grátis Fonte: Autoria do Grupo Os consumidores escolhem os produtos que desejam comprar através dos catálogos lançados a cada dezenove dias e fazem seus pedidos aos revendedores. Estes, por sua vez, repassam a solicitação à Avon, que separa os produtos para serem entregues aos consumidores pelos próprios revendedores. Os revendedores não apenas efetuam a comercialização dos produtos, como também se transformam em ouvintes, gerando a oportunidade de trocar experiências e emoções, fortalecendo o relacionamento entre eles e os clientes. RESULTADOS A pesquisa realizada em agosto de 2008 apontou que a amostra grátis atua de maneira eficaz para promover as vendas, constituindo-se em um instrumento de grande importância para os revendedores. De acordo com os resultados, 80% dos revendedores costumam utilizar amostras grátis e apenas 20% não o fazem. O questionário ainda abordou as situações mais comuns para o uso dessa ferramenta: 28% dos entrevistados distribuem amostras em quase todos os encontros; 32%, somente durante a divulgação de novos produtos; 18%, quando o cliente solicita uma amostra ou demonstra interesse pelo produto; 10%, em caso do cliente efetuar alguma compra; 5%, em datas comemorativas; e apenas 7% não distribuem amostras em nenhum momento. Foi observada que a distribuição de amostras é também uma maneira de agradar os clientes e, portanto, acontece em diversas ocasiões. As hipóteses também foram testadas durante o estudo de campo, assim houve confirmação ou divergência delas conforme apresentado no quadro 2. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 26 | Quadro 2: Confronto dos Resultados e Hipóteses Hipótese 1 - O uso de amostras grátis auxilia as vendas. Hipótese Confirmada De acordo com o resultado obtido, 90% dos entrevistados consideram existente e proporcional a relação entre o aumento das vendas e o uso de amostras. Ou seja, para as vendas aumentarem, o uso das amostras foi considerado muito ou extremamente importante. Hipótese 2 - O uso de amostras grátis não exerce influência na decisão de compra. Hipótese Não Confirmada Conforme os resultados, 88% dos revendedores concordam com a afirmação de que a amostra grátis influencia positivamente as vendas, 7% não tem certeza e apenas 5% discordam. Assim, esta hipótese não foi confirmada. Afinal as amostras influenciam mesmo a decisão dos clientes. Hipótese 3 - A promoção de vendas é uma ferramenta para auxiliar a compra imediata. Hipótese Confirmada O questionário confirma esta hipótese, pois é quase unânime (93%) o percentual de revendedores que já efetuaram alguma venda logo após a amostragem do produto. Constatou-se, portanto, que a promoção de vendas, com o uso da ferramenta amostra grátis, é propulsora de vendas imediatas. Hipótese 4 - A empresa gasta muito com a confecção e distribuição de amostras grátis. Quando perguntados se em caso de aumento no preço das amostras grátis os revendedores continuariam as adquirindo, a maior parte dos entrevistados (52%) exprimiu não ter certeza ou não intencionar adquirilas após esse acréscimo no valor. Durante a entrevista com a Gerente de Setor, Sulaine Boseja Nassibem do Nascimento, essa hipótese também se confirmou quando questionada se as amostras grátis geram um custo muito alto à empresa. Sua resposta foi um enfático sim, desde a confecção até a própria distribuição as amostras geram custos altíssimos. Hipótese Confirmada Hipótese 5 - O consumidor sente-se mais seguro ao experimentar o produto antes da compra. Hipótese Confirmada Os resultados revelaram que, quando não há outra possibilidade de certificação quanto à qualidade do produto, a amostra grátis é vital para efetuar uma compra mais consciente. De acordo com a percepção dos revendedores entrevistados quando efetuam os pedidos, 45% dos clientes já fazem uso dos produtos; 15% receberam indicação de amigos ou parentes; 27% pediram antes sugestão ao revendedor e 13% receberam amostra grátis do produto. Assim, foi constatado que o consumidor não adquire produtos totalmente desconhecidos. Logo, na ausência de indicações ou sugestões, a amostragem traz a segurança necessária. Quando perguntados se seus clientes retornam para comprar o produto Hipótese 6 - O após a utilização da amostra, a maioria (92%) dos entrevistados diz que consumidor apenas sim. Logo, a intenção de grande parte dos consumidores é comprar o deseja usufruir as produto e não apenas usufruir as amostras. amostras. Hipótese Não Confirmada Fonte: Pesqsa de Campo realizada entre 4/08 e 25/08 de 2008. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 27 | De acordo com os resultados da pesquisa, a amostra grátis é um instrumento importante para alavancar as vendas e trazer benefícios mútuos empresa – consumidor apesar de seu alto custo. CONSIDERAÇÕES FINAIS O marketing e suas ferramentas ganham espaço nas organizações em função da eficácia trazida para que se alcancem metas. Dentre os inúmeros instrumentos disponibilizados pelo Marketing, observamos a amostra grátis que traz benefícios para ambos, consumidor e empresa. Na empresa Avon, essa ferramenta atua há muito tempo e ainda prevalece devido aos resultados obtidos através da sua utilização. Fazer um cliente adquirir um produto não é somente usar de persuasão para realizar vendas, é também verificar suas necessidades e supri-las. Dessa maneira, a amostra grátis propicia ao consumidor o discernimento a respeito da aquisição que irá fazer. Afinal, quando experimenta o produto, o consumidor tem noção se aquilo realmente o agrada e se atende suas necessidades. Durante o desenvolvimento deste artigo foi possível constatar a importância da promoção de vendas para desenvolvimento da lucratividade da empresa. Verificou-se a aplicabilidade da amostra grátis na empresa Avon e, através da pesquisa de campo, foi confirmada sua real importância para revendedores e consumidores. A amostra grátis realmente traz muitos benefícios às empresas, continua sendo um instrumento muito utilizado embora acarrete alto custo. A alavancagem das vendas proporcionada por essa ferramenta supera qualquer custo necessário para empregá-la. A amostra grátis oferece ao bem ou serviço a oportunidade de se promover por si só, ao contrário de outras ferramentas que, algumas vezes, podem exprimir o que o produto não pode oferecer. O consumidor também é beneficiário, pois com as amostras ele conhece previamente o produto, obtém informações sobre o que está adquirindo, e há a possibilidade da escolha consciente. Todos esses fatores são importantes, especialmente quando se trata de produtos com singularidade muito variável de pessoa para pessoa, como é o caso dos cosméticos e perfumes. Quando se utiliza algo tão íntimo como um creme ou batom, não existe padrão único de aceitabilidade, pois o que agrada a um tipo de cliente pode desagradar a outro. Isso acontece em virtude desses produtos, assim como o perfume, deterem o que se chama de nota de leitura, ou seja, a reação da pele ao contato com eles. Naturalmente o produto em um consumidor não reagirá da mesma forma que em outro, assim se conclui que o papel da amostra grátis é fundamental para evitar enganos durante a compra. O oferecimento de amostras grátis traz ao revendedor argumento empírico para negociar o produto, evita futuras reclamações e abre espaço para que o consumidor também tenha algum conhecimento quanto ao que está ofertando, tornando a venda mais transparente e fácil. Constatou-se a veracidade de todos os benefícios trazidos pela amostra grátis, através da sua aplicabilidade no cotidiano dos revendedores da Avon. Lembramos que esses profissionais têm, na essência do seu trabalho, a credibilidade e a confiabilidade como diferenciais, sendo esses fatores predominantes no relacionamento com os consumidores. Nesse sentido, a amostra grátis contribui para reforçar esses diferenciais. Para finalizar, podemos afirmar que, com este artigo, confirma-se a importância da amostra grátis tanto para alcançar os objetivos organizacionais (o aumento da rentabilidade e a conquista de novos mercados), como também para atingir os escopos do cliente, a fim de que adquiriram aquilo que realmente necessitam e sintam-se seguros de ter feito a escolha adequada. REFERÊNCIAS KOTLER, Philip. Administração de Marketing. A edição do novo milênio. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Administração de Marketing. Conceitos, planejamento e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2006. SABINO, Marino. Mais oportunidades para as mulheres. Revista Veja. São Paulo. Ed. 2077, p. 78, set 2008. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 28 | SIMONI, João de. Promoção de Vendas: 45 anos de teoria e prática promovendo e vendendo. 5. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2002. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 29 | As estratégias de marketing utilizadas em supermercados varejistas para atrair as classes sociais C, D e E. Case: Da Praça Supermercados Adriana de Andrade Melo José Leandro Guimarães de Melo Lindomarcos dos Santos Rosa Luana Cardoso da Silva Uilza Gleice Vasconcelos Alves Orientador: Prof. José Abel de Andrade Baptista RESUMO Pretende-se com este trabalho analisar as estratégias de marketing de varejo e sua aplicação nos supermercados que atendem as classes sociais C, D e E. O trabalho compõe-se de uma exposição de temas sobre o mercado atual e consumidores com foco no Supermercado Da Praça, com a finalidade de levar ao conhecimento da sociedade em geral a importância das ferramentas de marketing neste contexto. Os supermercados que atendem as classes sociais C, D e E buscam, cada vez mais, participação no mercado atual, visando, assim, a atender as expectativas do seu público, que, na maioria das vezes, busca preço, qualidade e praticidade. Finalmente, avalia-se, no decorrer do trabalho, como essas estratégias estão sendo processadas e utilizadas pelo varejo supermercadista. INTRODUÇÃO O marketing está presente em nosso cotidiano e nos cerca em todo o lugar a todo o momento e não é diferente no mercado varejista. Para que se tenha sucesso nesse mercado, é necessário que sejam adotadas ou até mesmo criadas ações estratégicas. As redes varejistas têm usado de fortes estratégias de marketing para alcançar suas metas e atingir seu público-alvo. Segundo Kotler (1998, p.10) “O conceito de marketing sustenta que para atingir as metas organizacionais é preciso determinar as necessidades e desejos dos mercados-alvo e proporcionar a satisfação desejada de forma mais eficiente que seus concorrentes”. Conhecer as necessidades dos clientes e seus desejos é a base para que sejam desenvolvidas as estratégias. Segundo Vavra (1993, p.27), “A conquista de novos consumidores tem sido sem dúvida o desejo das empresas para aumentar seus faturamentos e lucros”. As empresas buscam estabilidade financeira e, sem dúvida, o lucro, mas para alcançar esses objetivos é importante fazer algumas considerações, tais como: relacionamento entre cliente e empresa; preço e produto; qualidade na prestação do serviço; estratégia de marketing para alcançar clientes em potencial e valorização dos clientes internos. Dessa forma, as redes varejistas buscam a conquista de novos e antigos clientes para aumentar sua lucratividade. Segundo Gil (1996, p.32), “Um problema pode ser claro, preciso e referirse a conceitos empíricos, porém não se tem idéia de como seria possível coletar os dados necessários à sua resolução”. Assim, o problema é: “quais são as estratégias utilizadas pelo supermercado “Da Praça” para fornecer produtos mais baratos e atingir as classes sociais C, D e E?”. “Toda monografia científica, de caráter dissertativo, terá sempre a forma lógica de demonstração de uma tese proposta hipoteticamente para solucionar um problema” (SEVERINO, 2002, p.161). Assim, a fim de realizarmos esta análise, formulamos as seguintes hipóteses: 1. Os produtos mais vendidos são os promocionais. 2. O preço é a principal estratégia do supermercado “Da Praça”. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 30 | 3. A panfletagem e o carro de som induzem o cliente à compra. Os objetivos deste trabalho são: - Demonstrar a estratégia varejista aplicada pelo “Da Praça” para atingir as classes sociais C, D e E. A definição de Classes Socioeconômicas, segundo Cobra (1997, p. 84), é; Classes socioeconômicas: através de agrupamentos de pessoas da sociedade com interesses similares, atitudes, valores, comportamentos e posses de bens econômicos, obtêm-se a classificação das pessoas em classes socioeconômicas. Há diversos tipos de classificação, desde a classe A, dita a mais alta em poder aquisitivo, até a E, de menor poder aquisitivo. - Analisar as aplicações do composto de marketing como uma ferramenta utilizada para explorar os fatores Produto, Preço, Praça e Promoção, com a finalidade de atingir o público-alvo: “Mix de Marketing (ou composto de marketing) é o conjunto de ferramentas de marketing que a empresa utiliza para perseguir seus objetivos de marketing no mercado-alvo”, segundo Kotler (2000, p. 37). “Os objetivos específicos são os objetivos intermediários e instrumentos que, num âmbito mais concreto, permitirão atingir os objetivos gerais”, (Severino (1978, p. 135) Partindo dessa definição, tem-se os seguintes objetivos específicos deste trabalho: verificar as ações e marketing utilizados e o perfil e a satisfação dos clientes em relação aos produtos fornecidos; analisar os preços, localização e a eficácia da propaganda. Kotler (2000, p.288) afirma que: A classe social exerce uma forte influência quanto à preferência por carros, roupas, mobília, atividades de lazer, hábitos de leitura e compras de varejo. Muitas empresas oferecem produtos e serviços para classes sociais específicas. Será utilizado o método de pesquisa exploratória com a finalidade de proporcionar maior familiaridade com o problema e torná-lo mais explícito para assim analisar as hipóteses levantadas, aprimorar idéias ou até mesmo fazer descobertas. O modelo da pesquisa será flexível, o que possibilitará a consideração de variados aspectos. A pesquisa envolve levantamento bibliográfico e foram utilizados autores como Kotler, Cobra, Vavra, Las Casas, Martins, entres outros especialistas em marketing, nos quais foram verificados conceitos de marketing com foco em estratégias de redes de mercados varejistas, o composto de marketing e ações praticadas no varejo. O desenvolvimento do trabalho necessita de pesquisas de campo, dentre elas pesquisa com clientes das classes sociais C, D e E; pesquisa e comparação de estratégias de diferentes mercados; análises de produtos e a sua colocação: como é realizada a distribuição nas prateleiras, como é feita sua escolha e qual o produto mais vendido dentre as classes sociais estudadas; objetivos de preços e estratégias de divulgação. Foi realizado também estudo de caso no “Supermercado Da Praça”, através de entrevistas com funcionários e clientes e com o próprio administrador e dono da empresa, Dr. Pedro Massami. A história do supermercado será analisada com base em sua missão, visão, valores e objetivos no ramo em que atua. De acordo com Gil (1996, p.145), “A justificativa consiste na apresentação, de forma clara e sucinta, das razões de ordem teórica e/ou prática que justificam a realização da pesquisa”. Assim, a justificativa deste trabalho é: desenvolver uma nova pesquisa que venha agregar valor e dar contribuição tanto aos estudantes e à sociedade, como para nosso próprio aperfeiçoamento na área de administração de empresas. Hoje os mercados adotam poderosas estratégias de marketing em cada centímetro das prateleiras e dos corredores com a finalidade de induzir o cliente à compra e, muitas vezes, fazer com que esse cliente adquira produtos e mercadorias que não estavam planejados como item de compra. Este fato reflete em uma das estratégias utilizadas que consiste na combinação de produtos, ou seja, um balcão com macarrão, molho de tomate e queijo ralado, que a princípio são itens que não possuem nada em comum, mas essa é uma tática para “lembrar” o consumidor dos produtos que ele também pode levar; esta é uma combinação chamada de Cross Marketing que equivale a Marketing Cruzado. Por trás das prateleiras e corredores, há toda uma estratégia que busca não apenas chamar a atenção de quem estiver passando, mas sim induzir o cliente a comprar. Essas táticas envolvem o • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 31 | posicionamento das mercadorias nas prateleiras, a distribuição de produtos nos corredores. Os itens básicos como pães, carnes, frutas e verduras ficam alocados no final do mercado, isso obriga o consumidor a atravessar todo o mercado e, consequentemente, ele acaba comprando outro produto. O corredor de entrada é uma parte valorizada, pois é nessa área que se concentram as promoções. O estudo a ser realizado sobre as estratégias e táticas supermercadistas para atingir as classes sociais C,D e E desperta a curiosidade sobre as formas como são utilizadas no varejo dos mercados, como elas são aplicadas e como atingem diretamente ou indiretamente os consumidores das classes em questão e se essas classes realmente mostram características que determinam diferenças no comportamento do indivíduo na hora de comprar. No decorrer do trabalho, demonstraremos uma pesquisa sobre o universo varejista dos mercados, perfil e satisfação desses clientes. As classes sociais C, D e E são predominantes nas periferias e têm grande participação nas vendas de redes varejistas apesar de terem baixa renda salarial. Isso demonstra o quanto é importante que as empresas se ajustem de certa forma, pois estas não deixam de visar diretamente ao lucro, com a venda de diferentes produtos que estejam a preços acessíveis a grande massa de consumidores nessas condições. Maslow e sua Pirâmide das Necessidades demonstram que o primeiro patamar da pirâmide a ser alcançado pelas pessoas refere-se às necessidade básicas e isso envolve a questão de alimentação. Os clientes das classes C, D e E buscam suprir essa necessidade através de preços acessíveis que estejam de acordo com o orçamento mensal de cada família. Nesse sentido, o supermercado Da Praça busca satisfazer necessidades básicas do consumidor, disponibilizando-lhe produtos de suma importância, como alimentos do cotidiano (feijão, arroz, macarrão, por exemplo); seguidos de bebidas (água, suco, refrigerante) por um baixo preço. Para o mercado varejista aqui estudado (Da Praça), esses clientes são o foco. Suas necessidades e anseios quanto à questão de consumo de diversos produtos devem ser obrigatoriamente satisfeitos, porque o que seria dessa empresa se não houvesse o contingente de consumidores nas classes C, D e E? Certamente teriam de mudar suas estratégias a fim de alcançar outros segmentos de mercado e agregar valor e qualidade aos serviços realizados para que as novas estratégias aplicadas pudessem ser eficientes. O preço é um fator extremamente importante, pois, muitas vezes, é o que define se o consumidor vai efetuar a compra. A análise de preços é bastante utilizada nos dias atuais e muitas pessoas percorrem de três a quatro lojas em busca de preços menores. Por isso, a rede de mercados Da Praça concentra suas estratégias em torno do preço e das negociações com seus fornecedores. Na pesquisa de campo realizada no dia 28.09.08 no Da Praça de Artur Alvim, perguntamos aos clientes se o preço é o principal motivo e o que lhe faz escolher o “Da Praça” para fazer suas compras, e obtivemos o seguinte resultado: Preço é o principal motivo de compra? 39,50% SIM NÃO 60,50% Fonte: alunos (pesquisa no supermercado) CONCLUSÃO • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 32 | O Marketing Estratégico hoje é uma importante ferramenta utilizada para a geração de vantagem competitiva. É um processo de análises e ações, ou seja, o conhecimento que se obtém sobre seus clientes, produto e toda a dimensão do mercado projetam a estrutura da estratégia a ser utilizada para atingir o publico-alvo. Deve-se ressaltar que atualmente a porcentagem de renda disponível para o abastecimento dos lares dos consumidores das classes C, D e E está cada vez menor, sendo assim o setor supermercadista deve identificar novas estratégias voltadas a atender as necessidades de seu público - alvo que busca qualidade e preços baixos. A investigação de mercado é fundamental para a elaboração de uma estratégia. Através dessa investigação busca-se o conhecimento sobre as atividades da concorrência que é um meio de planejar as ações de ataque ou de defesa. Da mesma forma, analisa-se o perfil de seus consumidores para atendê-los com os produtos e serviços necessários e adequados. Além desses fatores, existe o mais importante o “preço”, que é o fator decisivo na hora da compra. Atualmente, a força do consumidor se revela cada vez maior e as ferramentas estratégicas na categoria de varejo e pesquisas se voltam para a busca de informações sobre eles, sobre suas reais necessidades e satisfação quanto aos produtos consumidos e serviços agregados. A concorrência nunca foi tão abrangente e o consumidor nunca teve tanta variedade e qualidade à sua disposição. Os consumidores das classes C, D e E, atraídos pelos baixos preços, deixam de comprar a marca líder e buscam marcas alternativas. O estudo de caso no Da Praça trouxe a estratégia utilizada para um microempresário se manter diante o mercado cada vez mais competitivo e com mudanças rápidas, caso o administrador, empresário, empreendedor não consiga se adaptar às mudanças e não se antecipe aos acontecimentos, não sobreviverá. Por isso a importância de conhecer seus consumidores e o mercado em geral para não cair na armadilha do egoísmo: não é porque hoje muitos compram que amanhã continuará líder, sempre vai ter alguém olhando o seu negócio com ideias inovadoras. Avaliar o seu negócio para saber como continuar sobrevivendo com maturidade faz parte do planejamento do Da Praça que, ao perceber a política econômica do Brasil e as suas mudanças, antecipou-se para continuar crescendo e oferecendo produtos, preços e serviços adaptados à sociedade, principalmente das classes C, D e E. Diante desse cenário do setor supermercadista, conclui-se que as promessas de preços baixos, promoções e qualidade são essenciais para atrair, satisfazer e conquistar cada vez mais os consumidores e, com isso, fortalecer a rede de Supermercados Da Praça. REFERÊNCIAS COBRA, Marcos Henrique Nogueira. Marketing básico. 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 1997. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos e pesquisa. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 1996. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10ª Ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas, 1998. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. 22ª Ed. São Paulo: Cortez & Moraes, 2002. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. 3ª Ed. São Paulo: Cortez & Moraes, 1978. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 33 | A Evolução do Comportamento masculino para o uso de cosméticos Clediani Fernandes Silva André Felipe Brando Katy Aparecida Santos Maria da Conceição Rosa dos Santos Renata Frank Silva Vinicius de Carvalho Silva Orientadora: Profa. Isabel Cristina Mota Leme RESUMO Este trabalho consiste em mostrar o crescimento do mercado de cosméticos para o público masculino. Estudos comprovam que é um mercado em expansão e que as empresas cada vez mais tendem a aproveitar esse nicho. Através da pesquisa quantitativa realizada, pudemos perceber que os homens estão cada vez mais vaidosos e dispostos a cuidar-se. Os homens assumem a sua vaidade e se tornam grandes consumidores de produtos de beleza. O mundo se modernizou não só para as mulheres trabalhadoras e orgulhosas do seu espaço conquistado. Este mundo moderno inclui também homens vaidosos, preocupados com a aparência e que cada vez mais investem em beleza. INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é analisar como o consumidor masculino se comporta na compra de cosméticos, além de apresentar a evolução dos cosméticos ao longo da década. A descoberta dos cosméticos não foi aprovada por todos. Os romanos ficaram indignados com os artifícios femininos frente ao uso dos cosméticos que estão registrados nas obras imortais, como a de Ovídio1. “Seu Artifício deve permanecer insuspeito, como não se sentir repugnado diante da pintura espessa em sua face, se dissolvendo e escorrendo até seus seios. Porque tenho que saber o que torna sua pele tão alva”. Um marido desesperado com a situação da mulher com quem se casou, descobriu no outro dia que não era a mesma. “Senhor, estou pensando em largar minha mulher e acredito que quando o senhor considerar o meu caso, a sua opinião será a de que minhas pretensões ao divórcio são justas. Nunca um homem foi tão apaixonado como eu pela sua fronte, pescoço e braços alvos, assim como a cor azeviche de seus cabelos. Mas para meu espanto descobri que era tudo feito de arte: sua pele é tão 2 opaca como esta prática, que quando acordou de manhã, mal parecia ”. PROBLEMA A baixa divulgação de produtos para o segmento masculino é o causador do baixo consumo. 1 2 Publius Ovidius Naso. Poeta latino da poesis bucólica e do renascimento. Carta publicada no jornal britânico, The Spectator em 1711. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 34 | OBJETIVO Mostrar que existe um nicho ainda pouco explorado e que pode proporcionar às empresas de cosméticos um alto crescimento financeiro e de marca. Isso é comprovado através dos dados obtidos por pesquisas. O mercado de cosméticos, há alguns anos, era extremamente feminino e à medida que o tempo foi passando os homens também passaram a ter necessidades de produtos que atendessem a suas especificidades pessoais, comprovando assim o potencial de mercado. METODOLOGIA Bibliográfica e de campo. Pesquisa de campo com 100 homens de 16 anos ou mais na cidade de São Paulo. MARKETING Desde sempre o Marketing é confundido com venda. Na realidade, essa confusão ocorre de forma mais forte aqui no Brasil. Na época em que houve o “boom” do marketing, todos os executivos buscaram na cultura norte-americana a inovação do momento para implantar no Brasil. Mas, o que eles fizeram foi unicamente implantar o nome em suas empresas, pois a pressa foi tanta em trazer o novo conceito ao mercado nacional, que eles se esqueceram dos pilares que fundamentam esse conceito. Ou seja, não houve um cuidado para a implantação do marketing passo a passo em nosso mercado e o que ocorreu foi a transformação de marketing em vendas. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO A empresa deve, em primeiro lugar, coletar e analisar dados atualizados sobre as vendas, os índices de crescimento e a lucratividade esperada de vários segmentos. Ela vai se interessar por segmentos que tenham crescimento e tamanho certos. No entanto, a questão de “crescimento e tamanho certos” é algo relativo. Os segmentos maiores e de mais rápido crescimento nem sempre são os mais atraentes para todas as empresas (KOTLER E ARMSTRONG, 2007, p. 173). Após ter identificado os mercados potenciais, a empresa deve decidir em quantos e em quais irá focar. Os profissionais de marketing estão cada vez mais combinando diversas variáveis para identificar grupos-alvo menores e mais definidos. Os critérios a serem observados são os hábitos dos consumidores. Nem toda a segmentação é útil. Em certos segmentos, não há necessidade de serem divididos grupos de consumidores, pois será irrelevante para determinados produtos. A segmentação baseada no comportamento do consumidor é dividida entre o conhecimento e a relação de seus compradores com um determinado produto, em relações às suas atitudes, reações e uso que se faz do produto. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O comportamento do consumidor é o ponto-chave a ser avaliado na hora de colocar um produto em circulação e veicular sua ação de mídia. Divide os consumidores em grupos com base no conhecimento em relação a determinados produtos, nas atitudes direcionadas, na maneira como se usam os produtos e nas relações com ele. É preciso traçar, de forma correta, as estratégias de preço, promoção, produto e praça, juntamente com os perfis dos consumidores através de constantes pesquisas para saber se efetivamente compram ou utilizam o item comprado. As pessoas satisfazem as suas necessidades e os seus desejos com produtos. Um produto é qualquer oferta que possa satisfazer uma necessidade ou um desejo. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 35 | FATORES QUE INTERFEREM NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Os consumidores têm comportamentos variáveis de acordo com diversos fatores, sejam eles econômico, tecnológicos, culturais ou sociais. Portanto, cabe às empresas estarem atentas a quem querem atingir e de que maneira desejam fazer isso, respeitando as aspirações de cada pessoa para que um investimento não se transforme em prejuízo. No Brasil, por exemplo, existem divisões de classe que vão desde A a E. O mercado A exige mais requinte e um nível mais variado de produtos, serviços e acabamentos que o dinheiro possa pagar. Segundo Kotler (2007, p.113), a cultura é o principal fator determinante dos desejos e dos comportamentos de uma pessoa, exatamente por esse fato, a negociação, cautela e cuidado com esse tipo de consumidor exige uma espécie de atendimento preferencial que satisfaça seus desejos. Já nas classes D e E, por exemplo, o oposto prevalece: os atendimentos são mais rápidos e não exigem tanta prioridade. Assim, normalmente o preço é a grande vantagem e a procura não é por luxo, mas sim necessidade. PERFIS COMPORTAMENTAIS DO PÚBLICO MASCULINO Quanto ao uso dos cosméticos, duas forças de igual intensidade, porém contrárias, regem os homens. Ser um cara vaidoso, comprar produtos de beleza e ser considerado um homossexual, ou adequar-se às tendências de mercado para melhorar a auto-estima, qualidade de vida e ambiente profissional por necessidade. Os homens ainda se deparam com esse preconceito e preferem tipos de tratamentos discretos ou que sejam voltados exclusivamente a eles para que não sofram com o machismo da classe. As empresas estão investindo, mas o mercado ainda não foi tão explorado, pois as questões estéticas ainda são predominantemente femininas. Falar de produtos voltados ao público masculino ainda mexe com a virilidade de muitos homens. O termo Metrossexual foi criado pelo escritor inglês Mark Simpson para caracterizar os homens modernos, com alto poder aquisitivo, que se preocupam com a aparência. Porém é alvo de polêmica por conta de sacrifícios típicos femininos para ter uma pele lisa ou uma sobrancelha bem feita. Figura 1. Vaidade Fonte: www.veja.com.br A descoberta desse segmento pelas empresas apenas facilitou a aceitação dos homens, já que eles sabem que podem contar com produtos específicos, ou seja, uma gama de produtos voltada só para eles desinibiu o consumo. A utilização dos cosméticos não quer dizer que seja somente para ficar bonito, mas sim para destacar-se na vida profissional. Afinal, qual a organização que não gosta de perceber que seu funcionário está bem vestido e com auto-estima elevada? • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 36 | METROSSEXUAIS Superando o preconceito, os homens também estão quebrando as barreiras da própria classe e adentrando ao mercado de cosméticos com mais força a cada ano. E, como em todos os segmentos, existem aqueles que levam o cuidado corporal como um próprio estilo de vida, utilizando tudo que há disponível sendo muitas vezes mais vaidosos que muitas mulheres. Em 1994, o jornalista Mark Simpson do jornal The Independent descreveu o novo tipo de homem que surgia nas metrópoles. A esse grupo deu o nome de metrossexuais, cuja palavra surgiu da junção dos vocábulos metrópole e sexual. Porém esse termo ficou definitivamente conhecido em 2003, e serve para descrever uma pessoa de hábitos excessivamente cuidadosos em relação ao corpo. Essa classe vem ganhando espaço a cada dia e, atualmente, conta, de forma significativa, com representantes famosos. Um exemplo é o jogador inglês de futebol David Beckham, imagem mais marcante da classe. Os metrossexuais utilizam não só perfumes, xampus, cremes, mas também esmaltes, tratamentos antirrugas, depilação, sem contar botox, lipoaspirações, e acessórios que anteriormente eram considerados apenas femininos, como os brincos, por exemplo. Esses cuidados melhoram a aparência, e apesar de, em certo ponto, serem considerados exagerados, nada mais são do que cuidados com a saúde e estar na moda. Além de tudo, o metrossexual é um homem com sua masculinidade bem definida e até bem visto pelas mulheres, pois é considerado sensível. RETROSSEXUAIS Em 2003, o mesmo Mark Simpson definiu outro tipo de homem nas metrópoles: os retrossexuais, a palavra vem da junção de retro, que remete aspectos rúdicos, e sexual. Representa uma oposição ao metrossexual, pois se sente orgulhoso em não utilizar tratamentos de beleza, não seguir tendências de moda, e a não aceitar cuidados mais específicos. O triunfo desse tipo de homem é deixar clara sua virilidade e manter o aspecto de machão. Não se importa com as tendências de moda, mas, por ter dinheiro, gosta de ter status, bebidas finas e fortes e carros imponentes que são um atrativo ao extremo, já que dão uma sensação de força. Essa classe também conta com famosos, mas, pelo próprio aspecto discreto, não são muito de aparecer. É o caso do ator Russel Crowe, protagonista do filme Gladiador. O MERCADO DE COSMÉTICOS O consumo de produtos de beleza pela humanidade é datado de cerca de 3000 mil anos antes de Cristo. Segundo a ABIPECH (Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), o setor brasileiro apresentou um crescimento de 10,9% nos últimos 12 anos, tendo passado de um faturamento líquido de R$ 4,9 bilhões em 1996 para R$ 17,5 bilhões em 2006. Vários fatores têm contribuído para esse excelente crescimento do setor, dentre os quais destacamos: • Participação crescente da mulher brasileira no mercado de trabalho; • A utilização de tecnologia de ponta e o consequente aumento da produtividade, favorecendo os preços praticados pelo setor, que têm aumentos menores do que os índices de preços da economia em geral; • Lançamentos constantes de novos produtos, atendendo cada vez mais às necessidades do mercado; • Aumento da expectativa de vida, o que traz a necessidade de conservar uma impressão de juventude. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 37 | No ano de 2002,o Brasil era formado por 1123 empresas. Hoje existem 1.596 atuando no mercado de produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, sendo que 15 empresas de grande porte, com faturamento líquido de impostos acima dos R$ 100 milhões, representam 70,0% do faturamento total. MERCADO DE COSMÉTICOS PARA O PÚBLICO MASCULINO O mercado de cosméticos para homens vem crescendo mundialmente, retomando um pouco suas origens ancestrais quando maquiagem e perfumes eram produtos para o uso masculino. Aproveitando as oportunidades que o setor oferece não só no mercado feminino, as empresas estão explorando o nicho masculino. Há algum tempo, os homens se deram conta que a boa imagem é essencial para que eles sejam bem vistos, tanto na profissão quanto nas conquistas emocionais. O fato de os homens estarem perdendo o preconceito em cuidar da sua própria beleza traz boas perspectivas para o mercado de cosméticos masculinos. Afinal enquanto há dois anos os produtos de beleza para homens não chegavam a representar 0,5% do total comercializado no País, um ano depois, esse percentual já ultrapassava os 2%. ANÁLISE DOS RESULTADOS Analisando os resultados da pesquisa, constatou-se que 21% dos entrevistados não utilizam qualquer tipo de cosméticos. Dos que declararam não usar cosméticos, 52% disseram não gostar, 19% têm preconceito em usar e 29% não são vaidosos, sendo que a questão da timidez não apareceu como fator de não uso. A idade média desses homens é de 16 a 31 anos e possuem renda salarial entre R$ 500,00 e R$ 2.000,00. Com isso, percebeu-se que a idade e a renda não são fatores determinantes para o uso de cosméticos. Quando se trata da influência do uso de cosméticos, 53% dos entrevistados disseram já ter utilizado cosméticos femininos, ou seja, tiveram influência no uso de cosméticos através de produtos femininos, já que são bem mais acessíveis que os masculinos. Já 76% dos entrevistados disseram que as empresas de cosméticos deveriam investir mais em propaganda. Há uma gama de produtos masculinos, mas a divulgação não é eficaz. CONCLUSÃO Podemos perceber que o mercado masculino tem potencial e está superaquecido, pois, através da pesquisa, descobrimos que os homens não deixam de utilizar os cosméticos por preconceito, mas sim por falta de divulgação direcionada a eles. Detectamos que os homens estão cada vez mais vaidosos, uma vez que o consumo tem aumentado gradativamente ao longo dos anos. Sabendo que esse mercado não é passageiro, as empresas precisam se dedicar mais em produzir produtos diretamente para o público masculino, em vez de fazerem meras derivações de produtos voltados ao público feminino, uma vez que os homens assim poderão se tornar consumidores fiéis. Sendo assim, concluímos que o mercado está em ampla expansão e consequentemente muitos outros estudos surgirão sobre o tema. Foi-se a época em que os homens apenas tomavam banho, faziam a barba e lavavam o cabelo com sabonete. BIBLIOGRAFIA CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração, 5ª ed. São Paulo: Makson Books Ed.Ltda, 1997. COBRA, Marcos. Marketing Básico, 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1997. • REGEN – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios da Unicastelo – No.1 – Vol. 1 | 38 | KERIN, Roger A. Marketing. Tradução: Alexandre Melo de Oliveira; revisão técnica: Fátima Cristina Trindade Bacellar, 8ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2007. KOTLER, Philip. Administração de Marketing, 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1998. ______. Administração de Marketing: Edição do Novo Milênio. São Paulo: Prentice Hall do Brasil, 2000. ______; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing, 7ª ed. São Paulo: Prentice Hall do Brasil, 1998. ______; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing, 12ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006. MAXIMINIANO, Antonio César Amauri. Teoria Geral da Administração, 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. b) Meios eletrônicos ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS. Disponível em <www.abihpec.org.br>. Acesso em 04 de maio de 2008, às 12:15 h. 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