FOTO: MILTON NESPATTI - SIGNE AC Um serviço de informação e atualização em anestesia regional da BD . Ano 7 - Número 19 . 2º quadrimestre de 2005 . Exemplar do assinante Anestesiologia integrada ao Controle de Infecção Hospitalar E stá crescendo em todo o mundo a participação da Anestesiologia na prevenção e controle das infecções hospitalares. Cada vez mais os anestesistas dão importância ao uso adequado dos antibióticos profiláticos, higiene das mãos, anti-sepsia da pele, acesso vascular, componentes de equipamentos de anestesia inalatória, aspiração de medicamentos e diversos outros procedimentos. O dr. Jorge Amarante, infectologista de referência no país, elaborou artigo em que aborda as interfaces da Anestesiologia com o controle da infecção hospitalar. Leia na página 2 Título Superior em Anestesiologia – Prova Escrita – De Pedro Paulo Tanaka e Maria Aparecida de Almeida Tanaka Em sua 2ª edição atualizada, o livro visa suplementar e avaliar o anestesiologista candidato ao Título Superior em Anestesiologia. A obra com 712 páginas foi dividida em 42 capítulos de acordo com o programa teórico do TSA. Os autores são diretores da Sociedade Paraense de Anestesiologia (SPA): o dr. Pedro Paulo Tanaka é presidente da entidade e a dra. Maria Cecília Almeida Tanaka é diretora científica. Em cada capítulo as questões foram expostas seguindo a mesma linha apresentada na prova, ou seja, um bloco de abordagens simples, seguido de testes de múltipla escolha e por fim gráficos analíticos. As questões são apresentadas em ordem cronológica, assim é possível saber o percentual relativo que cada ponto representa no contexto global da prova. Grande parte das referências foi atualizada, favorecendo a difícil decisão de escolher a melhor bibliografia para estudar. Para adquirir o livro, basta entrar em contato com a SPA de Anestesiologia pelos telefones (41) 3263-3333 e (41) 3264-6666 ou e-mails: [email protected] e [email protected] Uso do cateter central de inserção periférica (PICC) em anestesia Leia artigo elaborado pelo dr. Alexandre Slullitel (foto), onde são abordadas as indicações, os benefícios e as precauções do PICC como alternativa segura ao acesso venoso central convencional. Páginas 4 e 5 Criada a Coopanest-SP Unir os anestesiologista de São Paulo em prol de honorários mais justos e melhores condições de trabalho para a categoria. Estes são alguns dos objetivos da cooperativa fundada em dezembro passado naquele Estado. Leia entrevista com o presidente da entidade, dr. João Eduardo Charles. Páginas 6 e 7 Combinada raqui/peri em cirurgias ortopédicas Veja as recomendações do dr. Marcelo Gonçalves. Última página Artigo As interfaces da Anestesiologia com a Infecção Hospitalar Por: Dr. Jorge M. Buchdid Amarante Médico infectologista, coordenador das CCIHs do Hospital Samaritano e do Hospital e Maternidade Leonor Mendes Barros. Consultor da Anvisa. somente em 12,5% das vezes antes das cirurgias e em 19,6% depois delas (7). Birnbach et al. avaliaram o uso de PVPI isoladamente ou o PVPI+álcool isopropílico para a anti-sepsia da pele para inserção de cateter epidural em parturientes. Demonstraram que a associação de PVPI+álcool isopropílico foi mais eficiente na prevenção da recolonização da pele (8). Em relação à prevenção das pneumonias relacionadas ao equipamento anestésico, o CDC preconiza que os nebulizadores e umidificadores devam ter somente água estéril e que os circuitos de ventilação devem ser preferivelmente trocados entre cada paciente, sendo porém aceitável o uso de filtros no circuito ventilatório, quando não se opta por trocar o circuito entre cada paciente (9). Referências bibliográficas Dr. Jorge M. Buchdid Amarante A Anestesiologia, apesar da pouca consciência deste papel, tem importância expressiva como colaboradora na prevenção e controle das infecções hospitalares. Primordialmente, o anestesista se envolve no papel de controlador das infecções hospitalares quando assume a realização no tempo e dose adequados dos antibióticos profiláticos durante os procedimentos cirúrgicos, assim como, quando adota corretamente os procedimentos para higiene das mãos, procedimentos para anti-sepsia da pele do paciente, procedimentos para cuidados com o acesso vascular, cuidados com o equipamento de anestesia inalatória e cuidados para com a aspiração de frascos de medicamentos para uso intravenoso. Bratzler et al. avaliaram 11.220 pacientes cirúrgicos e concluíram que 9,6% tiveram a primeira dose do antibiótico profilático administrada com mais de 4 horas após a incisão cirúrgica e somente 55,7% o tiveram administrado na primeira hora antes da incisão, indicando inadequação do momento ideal para a administração do agente. (1) Cuidados importantes para a prevenção de 2 - Diálogos Clínicos em Anestesia infecções da corrente sangüínea e infecções cruzadas é a rotulação adequada das seringas de medicação e a leitura cuidadosa dos rótulos (2). Isto se faz principalmente importante para o propofol. Jamais deve-se fazer “pool” de restos de medicamentos em um único frasco, pois podem ocorrer infecções cruzadas, p.ex. a transmissão de hepatite C (3). Os procedimentos para o acesso vascular devem ser realizados com técnica asséptica e utilização de anti-sépticos adequados (álcool etílico ou isopropílico) (2). Já existe documentação expressiva dos efeitos imunodepressores induzidos por alguns anestésicos, como demonstra Song et al. ao usarem propofol na sepse e demonstrarem diminuição da citotoxicidade de células mononucleares e aumento da apoptose celular, assim como outros autores demonstraram diminuição da motilidade leucocitária, diminuição da produção de superóxidos, diminuição da atividade fagocítica de granulócitos, entre outros efeitos (4-6). Vale ressaltar que dentre os procedimentos de maior impacto no controle das infecções hospitalares está a adequada higienização das mãos e como demonstrou Pittet et al. ao avaliar seu grupo de anestesistas, esta ocorreu 1. Bratzler DW, Houck PM, Richards C, Steele L, Dellinger EP, Fry DE, et al. Use of Antimicrobial Prophylaxis for Major Surgery - Baseline Results From the National Surgical Infection Prevention Project. Arch Surg 2005; 140(2):174-82. 2. Muscarella LF. Infection control and its application to the administration of intravenous medications during gastrointestinal endoscopy. Am J Infect Control 2004; 32(5):282-6. 3. Pogam SL, Gondeau A. Nosocomial transmission of hepatitis C virus. Ann Intern Med 1999; 131(10):794. 4. Nortcliffe S-A, Buggy DJ. Implications of Anesthesia for Infection and Wound Healing. International Anesthesiology Clinics. Immunomodulation and the Inflammatory Response. 2003; 41(1):31-64. 5. Song H-K, Jeong DC. The Effect of Propofol on Cytotoxicity and Apoptosis of LipopolysaccharideTreated Mononuclear Cells and Lymphocytes. Anesth Analg 2004; 98:1724-8. 6. Weatherstone KB, Franck LS, Klein NJ. Are there opportunities to decrease nosocomial infection by choice of analgesic regimen? Evidence for immunity and pain interactions. Arch Pediatr Adolesc Med 2003; 157:1108-1114. 7. Pittet D, Stephan F, Hugonnet S, Akakpo C, Souweine B, Clergue F. Hand-cleansing during postanesthesia care. Anesthesiology 2003; 99:530-5. 8. Birnbach DJ, Meadows W, Stein DJ, Murray O, Thys DM, Sordillo EM. Comparison of povidone iodine and DuraPrep, an iodophor-in-isopropyl alcohol solution, for skin disinfection prior to epidural catheter insertion in parturients. Anesthesiology 2003; 98:164-9. 9. Centers for Disease Control and Prevention. Guidelines for Preventing Health-Care–Associated Pneumonia, 2003: Recommendations of CDC and the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. MMWR 2004; 53(RR-3):1-36. A escolha do equipamento correto pode influenciar decisivamente no resultado de seu procedimento. BD BANDEJAS DE ANESTESIA REGIONAL Para cada procedimento uma solução com alta qualidade e baixo custo www.ctav.com.br www.bd.com/brasil 0800 555 654 Acesso Vascular PICC: uma alternativa para o anestesiologista Por: Dr. Alexandre Slullitel Médico do Serviço de Anestesiologia e Dor do Hospital Santa Paula e co-responsável pelo Centro de Ensino e Treinamento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP (FMRP-USP). A tualmente o anestesiologista não está apenas interessado pelos resultados imediatos de seu ato anestésico, mas, paulatinamente, impõe sua participação na evolução do doente durante sua internação ou durante o tratamento de sua doença, procurando auxiliar num melhor resultado de seus cuidados a longo prazo também. Daí o que se convencionou chamar de medicina perioperatória. O anestesiologista está sempre envolvido no estabelecimento do acesso venoso periférico e central dos pacientes cirúrgicos. Freqüentemente é consultado para definir a característica do acesso venoso em pacientes a serem submetidos à cirurgia ou, eventualmente, pacientes não cirúrgicos que necessitam acesso venoso para infusão de medicações por períodos de tempo mais prolongados. É dentro deste contexto que surge a disponibilidade da utilização do cateter central de inserção periférica ou PICC (do inglês, Peripherically Inserted Central Catheter) cujo uso tem-se difundido progressivamente como alternativa segura ao acesso venoso central convencional. PICC utilizado em RN prematuro de 1 kg de peso, submetido à ligadura de canal arterial persistente no InCor-DF Indicações em Anestesia O PICC está indicado para pacientes que requeiram um acesso venoso de longa permanência para infusão de soluções endovenosas quimicamente lesivas ao endotélio das veias periféricas ou com fluxo de sangue muito reduzido. Assim, presta-se à infusão de fluídos, quimioterápicos, hiperalimentação parenteral, antibióticos de uso endovenoso por tempo prolongado. Lembrando que a flebite é mais freqüente após 48-72 h da instalação do acesso venoso periférico, o PICC apresenta-se como alternativa segura a estes pacientes. Além disso, o PICC permite que sejam coletadas amostras repetidas de sangue sem necessidade de múltiplas punções, aumentando o conforto e a satisfação dos pacientes. A comodidade de ser inserido através da punção de veia periférica na fossa cubital com utilização de anestesia local, permite a sua utilização em pacientes submetidos à cirurgia tanto sob anestesia geral como sob anestesia loco-regional. Sua progressão através de um guia introdutor permite a obtenção da medida da pressão venosa central à semelhança do cateter venoso central “ rurgias ortopédicas, cirurgias oncológicas, cirurgias de cabeça e pescoço. No caso do paciente pediátrico, em especial, embora possa requerer alguma técnica de sedação para a passagem do cateter, encontra grande aplicação em cirurgias pediátricas cujas necessidades de permanência de acesso venoso ou coleta de exames seja igual ou superior a 4 dias. O PICC representa uma alternativa, eficaz, segura aos cateteres venosos centrais e progressivamente vem sendo incorporado à prática do anestesiologista 4 - Diálogos Clínicos em Anestesia ” convencional, funcionando ainda como um dispositivo de monitorização. O PICC tem sido utilizado com maior freqüência em neonatos de baixo peso, em cirurgias cardiovasculares, neurocirurgias, ci- Precauções De maneira geral, a incidência de complicações é semelhante ou até inferior ao cateter venoso central, de acordo com a situação clínica de sua utilização. Por exemplo, no caso de pacientes recebendo tratamentos anticoagulantes ou com distúrbio de coagulação, quando há possibilidade de formação de hematoma na região das veias profundas do pescoço ou do tórax podem expandir e se agravar evoluindo para hemotórax. Acesso Vascular No paciente que possua o PICC previamente instalado é necessário verificar se houve alguma trombose do cateter, pois trombolíticos (alteplase, estreptoquinase) que tenham sido usados para realizar a trombólise podem interferir com a coagulação e determinar hematomas espinhais ou epidurais. Preocupação semelhante deve ocorrer em pacientes com cateteres epidurais implantados e que necessitem trombolíticos para desobstrução do PICC por coágulo. Na literatura, o único relato de hematoma epidural em paciente submetido à anestesia epidural em cirurgia cardíaca ocorreu em um jovem que necessitou de alteplase para trombólise de coágulo em cateter de PICC. A verificação do posicionamento central do PICC pode ser realizado sob radioscopia ou radiografia de tórax. A literatura preconiza que além de uma incidência antero-posterior, seja também realizada uma incidência em oblíqua direita, que apresenta maior sensibilidade na determinação da localização precisa da extremidade distal do cateter. “ É fundamental o controle radiológico no período pósoperatório, quando o PICC for inserido na sala de cirurgia sem o uso da radioscopia ” A localização, por sua vez, é de suma importância visto que a localização da extremidade do cateter fora do sistema venoso central apresenta maior possibilidade de complicações, em particular, a trombose do cateter e determinando respectiva redução do tempo de permanência. Portanto, é fundamental o controle radiológico no período pós-operatório, quando o PICC for inserido na sala de cirurgia sem o uso da radioscopia. Outro fato importante a ser verificado diz respeito à ocorrência de arritmias, e, em particular, as ventriculares, que podem ocorrer com a simples flexão ou adução do membro superior. Tais movimentos podem deslocar em até 20 mm a extremidade distal do cateter e há relatos na literatura de taquicardias ventriculares e fibrilação ventricular determinadas por esse deslocamento. Portanto, é recomendável que ao inserir o cateter, após a sua fixação, sejam realizados movimentos da extremidade superior sob monitorização com ECG contínuo, o que é facilmente factível, na sala cirúrgica. Na hipótese de detecção de arritmia o cateter deve ser ligeiramente tracionado até que não se evidenciem outros sinais de alteração do ECG. Embora o PICC seja inserido por via periférica, a recomendação é de que para sua inserção sejam utilizadas as mesmas técnicas de assepsia preconizadas para a inserção de cateteres venosos centrais, isto é, degermação e assepsia, preferencialmente com solução de clorexidina, colocação de campos estéreis e uso de máscara, avental e gorro de proteção, medidas eficazes para prevenir infecções disseminadas por meio do cateter. Conclusão O PICC representa uma alternativa, eficaz, segura aos cateteres venosos centrais e progressivamente vem sendo incorporado à prática do anestesiologista. Cabe ressaltar que em portarias recentes o Sistema Único de Saúde incluiu o PICC no pacote de materiais de consumo reembolsáveis em cirurgias de alta complexidade. Portanto cabe a nós, anestesiologistas, o esforço de solicitar à administração de nossos hospitais a inclusão desse recurso que beneficia muitos pacientes atendidos por nós. Referências bibliográficas • Anesth Analg. 2004 Oct; 99(4):1038-43. 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Ultrasound- and fluoroscopy-guided implantation of peripherally inserted central venous catheters (PICCs). Gebauer B, Teichgraber UK, Podrabsky P, Beck A, Wagner HJ. • Nursing. 2004 Feb; 34(2):28. Drawing blood through a central venous catheter. Moureau NL. • Tech Vasc Interv Radiol. 2003 Dec; 6(4):17681. Vascular access. Crowley JJ. • Pediatr Nurs. 2003 Sep-Oct; 29(5):355-9. Peripherally inserted central catheters (PICCs) in the CF population: one center’s experience. Tolomeo C, Mackey W. • Leuk Lymphoma. 2003 Sep; 44(9):1495-501. Central venous catheter-related complications in patients with hematological malignancies: a retrospective analysis of risk factors and prophylactic measures. Cortelezzia A, Fracchiolla NS, Maisonneuve P, Moia M, Luchesini C, Ranzi ML, Monni P, Pasquini MC, LambertenghiDeliliers G. • Adv Neonatal Care. 2002 Dec; 2(6):304-15. 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Iniciamos as atividades há poucos meses e estamos buscando a consolidação do sistema no Estado, estabelecendo convênios com compradores de serviços, procurando parcerias com o governo estadual e prefeituras municipais. A nossa cooperativa nasceu da necessidade dos anestesiologistas de São Paulo em defender seus interesses comuns. Além de exercer seu trabalho como médico, o profissional precisa ir atrás de seus honorários, buscar relações com os convênios, discutir valores de serviços e produtos usados nos procedimentos e lidar com as glosas. Tudo isso toma muito tempo do anestesista. A Coopanest-SP se propõe a cuidar dessa parte administrativa, liberando o profissional para que faça suas anestesias com tranqüilidade. Queremos atingir o grau de desenvolvimento e força de cooperativas de anestesistas que existem na Bahia, Goiás, Paraná, Espírito Santo, Amazonas e outros Estados. Dr. Charles: Em São Paulo os anestesistas estão organizados individualmente, ou em pequenas empresas, ou entidades que representam interesses individuais. A SAESP entende que este tipo de modelo não traz benefícios para a categoria. A diretoria da sociedade resolveu colocar em discussão a proposta de criação da cooperativa em nosso Estado e a idéia foi aprovada. O nosso projeto é que todos os profissionais que estão separados ou em grupos individuais unam-se em torno de interesses comuns e que possam ser representados pela Coopanest-SP na busca de relações sadias com os compradores de serviços, administradoras de serviços médicos, hospitais e prefeituras. Queremos atuar no fortalecimento dos anestesiologistas. 6 - Diálogos Clínicos em Anestesia Quais os avanços conquistados pela cooperativa? Dr. Charles: Nestes 7 meses de existência, a cooperativa já conta com mais de 130 filiados. Já estabelecemos um excelente contrato com o Saúde Bradesco baseado na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedi- São Paulo era um dos poucos Estados que ainda não possuía a Cooperativa de Médicos Anestesiologistas filiada à Federação Brasileira de Cooperativas de Anestesiologia. Em dezembro do ano passado, com o apoio da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo-SAESP, a CoopanestSP foi criada para unir os médicos da especialidade e conquistar melhores condições de trabalho e honorários. Nesta entrevista, o presidente da entidade, dr. João Eduardo Charles, comenta as propostas, vantagens e perspectivas do cooperativismo em SP. mentos Médicos (CBHPM) e mais recentemente com a CABESP – Caixa Beneficente dos Funcionários do Banco do Estado de São Paulo Banespa. Nesta primeira fase, buscamos relações com as grandes operadoras de planos de saúde, ou seja, com aquelas que pagam os melhores honorários. Um bom exemplo disso é a negociação que fizemos com a Sulamérica, com a qual estamos na iminência de fechar um contrato. Com a Unimed iniciamos as conversações. Levamos nosso projeto ao gover nador Geraldo Alckmin e ao secretário da Saúde do Estado, Luiz Roberto Barradas Barata. Também estamos em negociações com a GEAP, uma autogestora de funcionários de empresas públicas. Em alguns hospitais de referência, como a Pro-Matre e o Hospital Santa Joana, já levamos nossa proposta para que os cooperados possam participar do sistema de serviços prestados pelas instituições. Nesta primeira fase de atividades que dificuldades a Coopanest-SP vem encontrando? Dr. Charles: Existe uma dificuldade histórica em estabelecermos credenciamentos com Entrevista alguns compradores de serviços. Porém, essa é uma situação temporária pois estamos explicando nossas propostas a eles e negociando formas que beneficiem a todos. A voz corrente é que quanto mais os anestesistas se organizam em cooperativas, maior é o poder para pressionar na questão dos honorários. Este não é o objetivo da CoopanestSP. Sabemos que os convênios, sendo prestadores de serviços, arcam com custos operacionais, financeiros e tributários. Portanto, queremos estabelecer uma relação de trabalho onde todos convivam harmonicamente. Outro problema é que em São Paulo, há muitos anos, os anestesistas se organizaram em grupos ou pequenas empresas e, culturalmente, há dificuldade de mudar a relação comercial. Contudo, o projeto de instalação de uma cooperativa é baseado em muita discussão e trabalho de seus diretores na divulgação e convencimento da categoria, acreditamos que somente após alguns anos é que ela se viabilizará integralmente. “ muito mais associativa, científica e cultural e que a Coopanest-SP deve atuar como seu braço econômico. Discutimos isso intensamente com o presidente, Dr. Irimar de Paula Poço e os demais diretores da Socidedade, e devemos seguir este caminho. Como o dr. avalia a realidade dos anestesistas em relação aos planos de saúde? Dr. Charles: Analisando tudo o que já ocorreu no Movimento Médico nos últimos 20 teve as melhores remunerações, mas hoje, na Anestesiologia, os ganhos estão muito aquém do que ocorre em outros Estados que organizaram as cooperativas de anestesistas. O cooperativismo tem soluções para as restrições impostas pelos auditores no uso de drogas e dispositivos usados em Anestesiologia? Dr. Charles: A auditoria médica é muito importante para se evitar abusos. É necessária uma monitoração do sistema, pois existem médicos bons, mas também há médicos ruins. Assim como também existem auditores bons e auditores ruins. Hoje são muito freqüentes os sistemas de auditorias que se estabelecem apenas para diminuir os custos de qualquer maneira. Isso acaba impedindo que o profissional execute seu trabalho com qualidade. Não queremos que as empresas compradoras de serviços tenham prejuízos, mas também queremos que o anestesista tenha plena condição de realizar seu trabalho de forma adequada. Nesse sentido, a cooperativa também tem um papel a desempenhar. À medida que estabelecemos contratos comerciais com as compradoras de serviços, discutimos a possibilidade de uso e quantidade de determinadas drogas e equipamentos para que os colegas façam suas anestesias com qualidade e segurança. A voz corrente é que quanto mais os anestesistas se organizam em cooperativas, maior é o poder para pressionar na questão dos honorários. Este O que o dr. enfatiza como aspectos positivos do cooperativismo? Dr. Charles: As empresas e pessoas jurídicas têm sofrido grande pressão da Receita e órgãos governamentais, de forma que a carga tributária eleva os custos ao anestesista. Se ponderarmos os impostos mais os custos operacionais - pois o profissional vai precisar de contador, secretária e uma estrutura para gerenciar tudo isso - chegaremos à conclusão de que a cooperativa representa economia e segurança na execução de todas as atividades administrativas. O médico só tem que se preocupar em fazer suas anestesias. Um segundo aspecto são os valores que estabelecemos na relação de cobrança. Muitos anestesistas recebem direto dos hospitais e clínicas, que por sua vez precisam emitir notas para o convênio, o que acarreta uma taxa administrativa deduzida do honorário. Isso acaba reduzindo o ganho do médico. Já a cooperativa consegue reverter este processo. Outro benefício importante é a proteção que o sistema proporciona ao cooperado na questão do pecúlio financeiro estabelecido nacionalmente pela Febracan. No caso de ocorrer um óbito de um anestesista, a Federação garante o auxílio para uma situação emergencial à família do médico falecido. Além disso a cooperativa pode contribuir na formação científica. Estamos desenvolvendo um projeto de educação continuada junto à SAESP. Entendemos que, hoje, a SAESP é uma entidade não é o objetivo da Coopanest-SP. anos, vejo que houve uma perda sistemática na capacidade de ganho do honorário médico. O custo da saúde cresceu nas últimas décadas, em parte devido à introdução de novas tecnologias e à sobrevida dos pacientes. Em muitos casos, os custos do tratamento atingem preços proibitivos. Com isso, o dinheiro que sobra para os honorários médicos diminuiu progressivamente. Então, a gente observa que o médico precisa trabalhar cada vez mais para manter seu padrão de renda. Mas isso também é conseqüência da desorganização da categoria. Eu já atuei no Sindicato dos Médicos, participei da APM e da AMB e lembro-me de uma época em que os anestesiologistas formavam uma categoria muito bem organizada, e discutiam melhor a questão de seus honorários, sem terem que se sujeitar a escalas de 12, 24 e até 36 horas de trabalho ininterrupto sem descanso para então, após algumas horas de descanso, voltar ao trabalho, o que é comum ocorrer hoje. Quais são as propostas da CoopanestSP para mudar este quadro? Dr. Charles: A única forma de sairmos desta situação é por meio da organização, da união. Os colegas anestesistas não devem considerar a cooperativa como um projeto de algumas pessoas. Embora eu presida a CoopanestSP, ela não é minha, nem da Diretoria, nem pertence à SAESP. Esta pertence a todos os cooperados e aos anestesiologistas do Estado de São Paulo que queiram se unir a nós. Acreditamos que a cooperativa pode ser simbolizada como um feixe de inúmeros gravetos que os torna muito difícil de quebrá-lo. No passado, São Paulo sempre foi o Estado que ” Diretoria da Coopanest-SP João Eduardo Charles - Presidente Norberto Carvalhaes Machado - Vice-Presidente Vânia Aranha Zito - Secretária Geral André Moreira Tavares - 1º Secretário Silvia Maria Machado Tahamtani - 2ª Secretária Osmar Bergamaschi - 1º Tesoureiro Onésimo Duarte Ribeiro Júnior - 2º Tesoureiro Para fazer contato: (11) 3873-8358 / 8447-3217 / 8323-1155 [email protected] Diálogos Clínicos em Anestesia - 7 Recomendação Duplo bloqueio em cirurgias ortopédicas Por: Dr. Marcelo Gonçalves Médico anestesiologista da Clínica de Anestesia São Paulo e do Hospital do Coração–Associação do Sanatório Sírio. introdução do cateter na pele, sua conexão com o filtro antibacteriano e sinais de infecção, inflamação e sangramento ativo. Em vigência de anti-coagulação profilática, a manipulação do cateter deverá seguir critério rigoroso evitando-se sangramentos espinhais. Utilizamos heparina de baixo peso molecular 4 a 6 horas após colocação do cateter e retiramos após 8 a 10 horas da última administração. A correta indicação e realização da técnica de Bloqueio Combinado Raqui-Peridural proporciona menor mortalidade, menor incidência de trombose, tromboembolismo pulmonar, diminuição de transfusões sangüíneas, menor risco de depressão respiratória, menor incidência de alterações cardiovasculares e renais, tornandose a técnica de escolha, em nosso serviço, em cirurgias ortopédicas de grande porte. Referências bibliográficas Dr. Marcelo Gonçalves E m procedimentos ortopédicos, principalmente em pacientes idosos que irão se submeter à cirurgia de prótese de joelho, quadril ou cirurgia de correção de fraturas de membros inferiores, a técnica mais utilizada em nosso meio ainda é a raquianestesia. Com a evolução das novas agulhas para realização de bloqueios espinhais, mais seguras e precisas, houve um aumento da técnica de Bloqueio Combinado Raqui-Peridural para esses procedimentos ortopédicos. A realização da técnica de Duplo Bloqueio em comparação com bloqueio único, raqui ou peridural, proporciona menor tempo de latência para início da anestesia, diminuição do volume e concentração dos anestésicos locais empregados, manutenção do nível de bloqueio pelo tempo desejado e analgesia pós-operatória adequada promovida pelo cateter peridural. Há no mercado diversos modelos para a realização da técnica, que permitem ambas punções, tanto da raqui quanto da peridural, simultaneamente por uma única via de acesso. Nessa via de abordagem, agulha através da agulha, identifica-se primeiro o espaço peridural com agulha de Tuohy e pelo seu interior introduz-se uma agulha de raqui tipo ponta-de-lápis. Este procedimento reduz o desconforto na punção, mas requer a realização correta da técnica, a saber: (1) esta deve ser asséptica diminuindo o risco de contami- nação, (2) verificação cuidadosa da colocação do cateter evitando-se introduzi-lo em espaço subaracnoídeo, com conseqüente injeção inadvertida do anestésico local causando raquianestesia total e (3) cuidado na passagem da agulha de raqui através da agulha de peridural, pois há possibilidade de levar partículas metálicas ao LCR. Prevenção de complicações Existe pequena possibilidade de complicações na técnica quando realizada de forma prática e segura, utilizando-se bandejas descartáveis preparadas industrialmente para esse fim, com agulhas de desenho mais moderno possuindo trava de segurança, que tornam o procedimento mais preciso evitando-se sempre que possível material re-esterilizado. Utilização de roupa exclusiva do centro cirúrgico, máscara facial, gorro, luvas com pré lavagem das mãos e se possível avental estéril, anti-sepsia da pele com clorexidina alcoólica 0,5% colaboram com menores índices de infecção. O uso de ampolas estéreis e aplicação de álcool isopropílico no anel de ruptura e na borracha, antes da abertura e aspiração do anestésico também se faz necessário, proporcionando maior segurança ao procedimento. A fixação do cateter na pele deve ser realizada com curativo plástico semi-permeável, transparente e pode ser deixado por no máximo 3 dias. Deve-se observar, diariamente, o orifício de • Mumtaz MH, Daz M, Kuz M combined subarachnoid and epidural techquines - Another Single space technique for orthopedic surgery – Anaesthesia 1982;37:90. • Coats MB, combined subarachnoid and epidural techquines – A single space technique for surgery of the hip and lower limb – Anaesthesia 1982, 37 89-90. • Regional anesthesia 1986; 11:83-88. • Eldor J, Brodsky V-Danger of metallic particles in the spinal epidural space using the needle-throughneedle approach – Acta Anaesthesiol. Scand, 1991;35:461. • Holmstrom B, R and N, Axelsson Ketal – Epiduroscopic study of risk of catheter migration following dural puncture by spinal and epidural needles – Acta Anaesthesiol. Scand, 1991;35. • Imbelloni LE, Beato L – Comparação entre raqui, bloqueio combinado raqui-peri, raqui contínua para cirurgias de quadril em pacientes idosos. Estudo retrospectivo - RBA 2002; 52(3);316:325. • Videira R L R – Anti-sepsia para procedimentos espinhais - Atualização em Anestesiol. SAESP vol VIII. DIÁLOGOS CLÍNICOS EM ANESTESIA é uma publicação da BD • Diretor da publicação: Maurício Grimoni • Coordenadores: Sidney Semedo e Fernando Buffulin • Coordenador científico: dr. José Edison de Moraes • Jornalista responsável: Milton Nespatti (MTb 12460-SP) • Revisor: Sérgio Cides • Projeto gráfico e diagramação: [email protected] • As opiniões e conceitos publicados são de responsabilidade dos entrevistados e colaboradores dos artigos. Becton Dickinson Indústrias Cirúrgicas, rua Alexandre Dumas, 1976, São Paulo-SP, CEP 04717-004 - CRC: 0800 555 654.