Síntese das Contas Consolidadas 2013 PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DE 2013 O ano de 2013 foi de grande complexidade económica e financeira para a sociedade portuguesa. Foi mais um ano muito exigente para todas as empresas sediadas em Portugal, em consequência da assinatura, em Maio de 2011, do acordo de apoio financeiro entre o Governo Português e o Fundo Monetário Internacional, a União Europeia e o Banco Central Europeu. Este acordo pressupõe um exigente programa de consolidação financeira, com um corte significativo nos investimentos e gastos públicos e com um forte aumento da carga fiscal. A percepção do risco da dívida soberana portuguesa foi melhorando ao longo do ano mas não foi suficiente para possibilitar o regresso aos mercados de longo prazo, o que veio a acontecer no início de 2014. As agências de risco internacionais mantiveram a dívida soberana três níveis abaixo do nível de investimento, não permitindo que qualquer empresa sediada em Portugal supere em dois níveis a notação atribuída ao País. Deste modo, as empresas foram, também, mantidas em níveis abaixo do grau de investimento. Contudo, o ano de 2013 trouxe já alguns elementos indiciadores de que poderá ter sido o último ano de recessão. No segundo semestre do ano, verificaram-se crescimentos em alguns indicadores basilares da economia, como o tráfego nas auto-estradas ou a procura de electricidade no sistema eléctrico português. O Grupo José de Mello confirmou, ao longo do ano de 2013, a sua trajectória como um dos mais proeminentes grupos económicos portugueses. Através das suas participadas, apresentou um conjunto de resultados operacionais que contribuem para reforçar a liderança nos diversos sectores estruturais onde actua, como. as infra-estruturas rodoviárias (Brisa), a indústria química (CUF), os equipamentos e serviços de energia, transporte e engenharia (Efacec) e os cuidados de saúde (José de Mello Saúde). A par das principais plataformas, o Grupo José de Mello está presente no sector imobiliário, nas soluções residenciais e domiciliárias para seniores e mantém uma posição como accionista de referência na EDP – Energias de Portugal, a maior empresa nacional de produção e distribuição de energia. Os primeiros sinais de retoma confirmam, mais cedo do que o esperado, a bondade da forte aposta do Grupo José de Mello na economia nacional, concretizada pela estratégia de investimento adicional na sua participada Brisa. Todo o processo relacionado com a Oferta Pública de Aquisição, lançada em Março de 2012, ficou concluído com a saída de Bolsa, em Abril de 2013. Também ao nível de cada empresa participada, a gestão activa do portfólio é feita na premissa da maximização do valor accionista. Esta óptica transversal de valor é materializada nas importantes realizações das diversas empresas do Grupo José de Mello. A José de Mello Saúde concluiu a construção e a transferência da actividade para o novo Hospital Vila Franca de Xira, cumprindo os compromissos de calendário e orçamento, sem qualquer desvio. O novo hospital, operado no regime das Parcerias Público-Privadas, eleva o paradigma da prestação de cuidados de saúde nos cinco concelhos abrangidos. A região fica agora dotada com a oferta de novas valências, com acesso a meios de diagnóstico importantes e anteriormente inexistentes, e com o aumento de capacidade e modernização de todos os serviços. A comprovada capacidade para gerir e reestruturar negócios e o respeito pelos valores da sustentabilidade, têm permitido ao Grupo José de Mello contribuir amplamente para o desenvolvimento da sociedade portuguesa. Durante o ano de 2013, foi possível preparar as bases para um trabalho de reestruturação na Efacec que a dotará dos meios necessários para ultrapassar os desafios e recuperar a dinâmica de liderança. Com a estabilização do portfólio de negócios, a CUF teve um ano operacionalmente muito bom, com crescimentos, tanto em volume como em preço, nos principais mercados alvo. Os níveis de produção foram elevados, apesar de ter ocorrido a paragem programada de manutenção do Pólo Químico de Estarreja. O Grupo José de Mello encontra-se no final de um importante ciclo de investimento. Em 2013, foram investidos 87 milhões de euros, um montante que acresce aos 2.865 milhões de euros investidos nos sete anos anteriores. Para além da CUF e Efacec, também a Brisa manteve um significativo volume de investimento, dedicado sobretudo à renovação e ao aumento de capacidade das diversas auto-estradas que constituem a sua rede. Adicionalmente, a expansão da oferta do Grupo José de Mello na área da Saúde exige dotações importantes para a construção de novas unidades, como o novo hospital em Vila Franca de Xira. Cerca de 40% do montante total investido pelas empresas do Grupo José de Mello em 2013, foi direccionado para o aumento da capacidade produtiva das diferentes áreas de negócio. Estes investimentos, juntamente com a rigorosa gestão de todos os recursos operacionais, consubstanciam o paradigma de investimento e criação de riqueza do Grupo José de Mello, que promove o desenvolvimento da economia nacional, na perfeita conjugação com a capacidade de exportação e a geração de proveitos nacionais em geografias internacionais. Através da sua presença em diversos sectores e em várias geografias, o Grupo José de Mello contribui indubitavelmente, apesar da crise abrangente, para a sustentabilidade dos seus negócios e, assim, da economia nacional. É grato frisar o volume de exportações e o grau de internacionalização já alcançado pelas principais unidades do Grupo José de Mello, numa dinâmica geradora de riqueza, emprego e valor, fundamentais para a protecção e recuperação da exigente situação que o País atravessa. (M€) Volume de negócios Resultado líquido consolidado Activo líquido Capital próprio accionista 2012 2013 1.740 1.721 -120 -104 8.689 7.661 153 135 RESUMO DA ACTIVIDADE Em 2013, o valor das exportações das empresas do Grupo José de Mello superou os 450 milhões de euros, um valor apenas 4% aquém do máximo histórico verificado em 2012. O dinamismo da Efacec permitiu realizar 339 milhões de euros de vendas para o mercado externo. Também a CUF exportou directamente 114 milhões de euros e viu crescer em 16% as vendas para o exterior. Indirectamente, via DOW, a CUF vende a quase totalidade da sua produção remanescente, ou seja, 167 milhões de euros adicionais, numa cadeia de valor ancorada no mercado europeu. Às exportações acrescem os cerca de 202 milhões de euros de proveitos operacionais obtidos por empresas do Grupo José de Mello, a partir de participadas no estrangeiro. Este ímpeto de internacionalização reflecte maioritariamente o vigor e competitividade das empresas do universo Efacec nos mercados fora de Portugal, a actividade da CUF e, em menor escala, as operações da Brisa no exterior. O Grupo José de Mello é responsável por mais de 13.800 empregos. O investimento em formação, superior a 1,2 milhões de euros, reflecte a transversalidade dos valores do Grupo José de Mello, cuja centralidade assenta no desenvolvimento humano dos seus colaboradores como pilar insubstituível para a inovação e competência.. SITUAÇÃO ECONÓMICA E FINANCEIRA CONSOLIDADA A presente análise económica e financeira tem por base as contas consolidadas do Grupo José de Mello, cujo perímetro de consolidação engloba, no final de 2013, 17 entidades, sendo algumas sub-grupos, totalizando 179 sociedades. Dos aspectos mais relevantes da actividade consolidada do Grupo José de Mello em 2013, merece destaque a conclusão da OPA sobre a totalidade do capital da Brisa (que permitiu assegurar o controlo da sua estrutura acionista e, consequente perda do estatuto de sociedade aberta e saída de cotação), o reconhecimento de elevados prejuízos da actividade no Brasil da Efacec e a transferência, em Março, da actividade para o novo Hospital Vila Franca de Xira, num contexto macroeconómico exigente e difícil. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS CONSOLIDADOS Os proveitos operacionais ascenderam a 1.801 milhões de euros, representando um decréscimo de 1,7% em relação aos 1.832 milhões de euros registados no período homólogo. As outras receitas operacionais, excluindo a rubrica relativa ao rédito associado a serviço de construção, resultam, essencialmente de ganhos obtidos na alienação de activos financeiros e tangíveis, subsídios e indemnizações. Em 2013 estas receitas registaram, um decréscimo de 22% face a 2012. No final do exercício de 2013 os proveitos operacionais registaram, face ao ano anterior, um decréscimo de 31 milhões de euros. No exercício de 2013 verificou-se um decréscimo de 1,6% no total dos custos operacionais consolidados, atingindo os 1.574 milhões de euros. Este decréscimo resulta essencialmente do controlo efectivo de custos assim como, do impacto do maior custo ocorrido em 2012 das rubricas de amortizações, provisões e imparidades. Em termos líquidos, no final do exercício de 2013 os resultados operacionais registaram, face ao ano anterior, uma diminuição de 5 milhões de euros. Os resultados financeiros consolidados registaram um valor negativo de 272,4 milhões de euros face aos 300,9 milhões de euros negativos evidenciados no período homólogo. Os proveitos financeiros atingiram 36 milhões de euros em 2013, o que compara com 57 milhões de euros registados em 2012. Este decréscimo de 21 milhões de euros decorre principalmente da redução verificada na componente de juros obtidos, tendo para a mesma contribuído a diminuição dos saldos de disponibilidades existentes no Grupo. Os custos financeiros decresceram, atingindo 330 milhões de euros em 2013, em comparação com 372 milhões de euros em 2012, os quais resultam principalmente da redução da dívida financeira, bem como da diminuição do peso dos custos com comissões e serviços bancários. O Grupo José de Mello encerrou o exercício de 2013 com um resultado consolidado negativo de 104 milhões de euros, uma melhoria face ao período homólogo. (M€) Proveitos operacionais Custos operacionais Resultados Operacionais Resultados financeiros Impostos sobre o rendimento Interesses sem controlo RESULTADO LÍQUIDO CONSOLIDADO 2012 2013 1.832 1.801 -1.600 -1.574 232 227 -301 -38 -12 -272 -38 -21 -120 -104 ACTIVO CONSOLIDADO No final do exercício de 2013, o activo líquido total registou uma redução de 12%, totalizando o valor de 7.661 milhões de euros. A diminuição do activo líquido deveu-se essencialmente à redução dos activos correntes, basicamente devido à distribuição de dividendos e reembolso de dívida. De referir ainda que, o recebimento da última tranche da alienação da participação no Grupo Hospitalario Quirón contribuiu para a redução do activo consolidado em 52,5 milhões de euros. PASSIVO CONSOLIDADO Gestão de risco de taxa de juro Pela natureza da sua actividade, o Grupo José de Mello encontra-se sujeito a diversos riscos de natureza financeira, tal como sucede com a generalidade das empresas que actuam na economia e mercado monetário. Concretamente, o risco de taxa de juro decorre da conjugação da distribuição temporal dos instrumentos da dívida financeira com a incerteza quanto às taxas de juro futuras. Através da monitorização activa e permanente dos mercados financeiros, a política de gestão de risco de taxa de juro seguida pelo Grupo José de Mello visa a redução da imprevisibilidade dos resultados e fluxos financeiros, expostos a variações de mercado, bem como a diminuição do custo total associado às operações de financiamento. Os indexantes de referência associados à dívida financeira acompanharam as expectativas que motivaram a redução das taxas pelo Banco Central Europeu. A taxa de juro Euribor para 6 meses iniciou o ano nos 0,319%. Ao longo de todo o ano, assistiu-se à manutenção dos indexantes em níveis baixos, tendo os ajustes ocorrido de uma forma gradual nos períodos em que se verificaram as alterações das taxas directoras. A Euribor de 6 meses chegou ao valor mínimo de 0,293% nos dias 21 a 23 de Maio e encerrou o ano nos 0,389%, muito perto do máximo de 0,393%, registado nos dias 17 e 18 de Dezembro. Tal como nos anos anteriores, ao longo do ano 2013, o Grupo José de Mello ajustou a estratégia de gestão de risco à expectativa de evolução dos mercados, tendo usufruído do cenário favorável de taxas de juro genericamente baixas. Passivo O passivo consolidado, no final de 2013 ascendia a 7.167 milhões de euros, representando uma diminuição de cerca de 11% face ao ano anterior. Destaca-se o decréscimo da dívida financeira a 31 de Dezembro de 2013 a dívida total bruta a instituições de crédito ascendia a 5.922 milhões de euros (uma diminuição de 720 milhões de euros face aos 6.642 milhões de euros registados em 2012), representando 83% do total do passivo consolidado. Na distribuição do passivo por área de negócio destaca-se a Brisa com uma percentagem de 43%. CAPITAIS PRÓPRIOS Os Capitais Próprios Consolidados do Grupo José de Mello em 31 de Dezembro de 2013 ascenderam a 495 milhões de euros, fortemente penalizados pelo valor negativo do Resultado Consolidado e pela redução dos Interesses sem controlo. A informação financeira constante nas Demonstrações Financeiras Consolidadas, assim como nos seus Anexos Consolidados, foi elaborada em conformidade com as Normas Internacionais de Relato Financeiro aplicáveis, dando uma imagem verdadeira e apropriada do activo e do passivo da empresa, da situação financeira e dos seus resultados e das empresas incluídas no seu perímetro de consolidação. 2012 2013 1.129 3.604 425 728 100 1.112 1.591 1.138 3.459 403 678 87 435 1.462 8.689 7.661 170 102 -120 153 502 655 170 69 -104 135 360 495 PASSIVO 6.642 452 941 8.035 5.922 378 866 7.167 TOTAL DO PASSIVO E CAPITAL PRÓPRIO 8.689 7.661 (M€) Goodwill Activos intangíveis Activos fixos tangíveis Investimentos financeiros Inventários Caixa e equivalentes a caixa Outros activos TOTAL DO ACTIVO Capital Reservas e Res. transitados Resultado líquido consolidado CAPITAL PRÓPRIO ACCIONISTA Interesses sem controlo CAPITAL PRÓPRIO Empréstimos Provisões e Benefícios aos empregados Outros passivos