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Quarta-feira
11 de novembro de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Opinião
PALAVRA DO LEITOR
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ARTIGOS
Silvicultura
Uma Porto Alegre mais amiga do idoso
Estampada em capa da edição de 9/11/2015 do Jornal do Comércio uma foto de plantio de árvores para fins industriais. Nota-se ali total desrespeito ao ambiente, quando o plantio chega às bordas de um
lago numa área de banhado. Favorecer a ampliação do negócio sem
fiscalização, é tiro no pé a longo prazo. (Roger Cargnelutti Pinheiro,
advogado, Gramado/RS)
Airto Ferronato
Artigos
Cumprimento o Jornal do Comércio pela “janela de ideias” que a
sessão de artigos permite ao leitor do jornal apreciar. Para os que tiveram a oportunidade, como eu, de ler “Os Três Azes de Trinta”, de
autoria do psicanalista João Gomes Mariante, é fato que a história do
Rio Grande do Sul teve com esse livro um registro único a partir das vidas vividas de Oswaldo Aranha, Flores da Cunha e Getúlio Vargas, os
“três azes de trinta”, contadas pelo autor. A participação do dr. Mariante nessa coluna de opinião tem sido valiosa, como no artigo “Um Papa
expressivo”, na edição de 30 de outubro. Lúcido e ativo, com seu jornal
mensal “Mente e Corpo”, o dr. Mariante nos brinda com sua profunda
cultura para a compreensão dos fatos e figuras do mundo de hoje, como
a do Papa. Parabéns! (Yeda Rorato Crusius (PSDB), ex-governadora)
Em manifestação na tribuna da Câmara, comentei a distinção “Cidade Amiga do Idoso” que Porto
Alegre recebeu da Organização Mundial da Saúde
(OMS). A Capital preenche os quesitos medidos pela
OMS, que define quem são as cidades preocupadas
com uma velhice saudável de sua população. Encaminhei diversos projetos em favor do idoso, os quais
foram transformados em lei por conta da compreensão correta de meus pares e da visão humanista das
administrações do município. Dentre essas, destaco a
Lei nº 285/92 que isentou do IPTU os aposentados e
pensionistas com renda familiar até três salários-mínimos. Apresentei o projeto de criação do Fundo Municipal do Idoso, instituído por meio da Lei nº 11.296.
À época, Porto Alegre arrecadava R$ 9 mil ao ano.
Em 2014, arrecadou R$ 17 milhões, distribuídos entre
diversas entidades de apoio ao idoso, como a Spaan, a
Associação dos Idosos Cegos e o Asilo Padre Cacique,
referências em acolhimento. Atualmente, o Fundo é
replicado em municípios do Brasil inteiro. Protocolei
o projeto 025/15, destinando recursos do Fundo Municipal do Idoso ao custeio do deslocamento de equipes
de saúde para atendimento dos pacientes idosos em
ambiente domiciliar. A operação dessas equipes é custeada em parceria do município com a União.
Entretanto, se um paciente precisa realizar exames laboratoriais, o custo do deslocamento da equipe do laboratório de análises clínicas não está incluído
em nenhum programa governamental. Muitos pacientes não têm recursos para se deslocarem. Contemplar
essa parcela da população com dignidade e serviços
acessíveis é tarefa a ser cumprida pelo poder público.
A qualidade de vida da população sempre será prioridade. A aprovação do projeto será um passo importantena caminhada de uma Porto Alegre ainda mais
amiga do idoso.
Vereador (PSB)
Tragédia
Decidir e agir, efeitos na gestão de crise
Mais uma tragédia se abate sobre parte da população brasileira,
desta vez mais foi o rompimento das barragens da mineradora Samarco Fundão, no subdistrito Bento Rodrigues, distrito de Mariana,
que fica a 115 km de Belo Horizonte (MG), que desabrigou grande parte
da população desta cidade, matando quatro pessoas, outras 25 desaparecidas e desabrigando mais de 500. A mineradora Samarco foi
fundada em 1977 e atualmente é controlada pela Vale (50%) e a anglo-australiana BHP Billiton (50%). A empresa é a 10ª maior exportadora
de bolinhas de minério de ferro usadas na produção de aço. A capacidade de produção de pelotas é de 30,5 milhões anuais de toneladas
que são destinadas a clientes de mais de 20 países. (Juarez Cruz)
Paulo Mazzardo
Tragédia II
Morreram, pelo menos até agora, quatro pessoas por conta da
negligência das empresas BHP Billiton, anglo-australiana, associada
à Vale, que não preveniram o deslizamento por conta das contenções
de lodo que escorreram por quilômetros. Nos Estados Unidos, o derramamento de petróleo na costa gerou bilhões de dólares em indenizações. Quanto vale uma vida? Espero que também sejam indenizadas
as famílias, quase todas humildes, que perderam familiares, inclusive uma criança. (Paulo de Tarso Ferraz, Porto Alegre)
Banco
Sou professor e coordeno um projeto de uma escola em Porto Alegre. Nos últimos meses, não temos conseguido acessar nossas contas
no BB e aplicar as verbas destinadas à escola. Outras escolas em POA
têm enfrentado o mesmo problema. As “razões” burocráticas são postas pelo BB para impedir esse acesso. Monitores estão há meses sem
receber e projetos parados. Ao que parece, os interesses lucrativos do
BB se sobrepõem à Pátria Educadora. Solicito a liberação imediata das
verbas que são da escola. (Ivo Luís Viana, professor, Porto Alegre)
Na coluna Palavra do Leitor, os textos devem ter, no máximo, 500 caracteres, podendo
ser sintetizados. Os artigos, no máximo, 2 mil caracteres, com espaço. Os artigos e
cartas publicados com assinatura neste jornal são de responsabilidade dos autores e
não traduzem a opinião do jornal. A sua divulgação, dentro da possibilidade do espaço
disponível, obedece ao propósito de estimular o debate de interesse da sociedade e o
de refletir as diversas tendências.
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O atual quadro econômico tem criado dificuldades para empresários. O arrefecimento da demanda
reduziu estoques de pedidos, achatou margens, elevou custos de produção, encareceu custeio de dívidas
e liquidou mecanismos de financiamento. Tudo agregado a uma concorrência mais acirrada. Nesse cenário, tempo é essencialmente um agente que não pode
ser mal gerido, desperdiçá-lo, é sinônimo de morte.
Enquanto governantes e políticos discutem inutilidades, o empresário está jogado à sua própria
sorte. Aí, agir tempestivamente é tão importante
quanto o diagnóstico precoce de câncer no cérebro.
Todavia, por motivos privativos, os administradores
retardam decisões estratégicas de gestão de crise,
agravando um quadro em deterioração. A RJ é uma
ferramenta de utilidade que produz efeitos positivos
incontestes, todavia, precisa observar fundamentos
das regras de turnaround. Conforme o art. 47 da Lei
nº 11.101/05, a recuperação judicial objetiva viabilizar a superação da crise e possibilitar a manutenção
da atividade fim da empresa, conservando empregos possíveis, protegendo credores, preservando o
patrimônio social e os empreendimentos. O empre-
sário reluta contra a admissão de um processo de
gestão de crise porque entende que assumir as dificuldades significa emitir atestado de incompetência.
O processo de gestão de crise depende de estruturas
técnicas e condutas roteirizadas com soluções mensuradas para efeitos pontuais como em turnaround
e standstill. O empresário deve compreender realidades que se cristalizam nos cenários cotidianos,
onde soluções se dividem entre dois polos. Um, daquele com as medidas ideais, enquanto o outro, tem
as medidas que se tornam apenas possíveis. Resgatar a empresa através da recuperação de sua capacidade de produzir lucro, é esse o intento da lei. Muitas vezes, infelizmente, as soluções possíveis, já não
conseguem recuperar essa capacidade. É inexorável
que a empresa devedora não seja levada a estágio
financeiro degenerativo irreversível, sob pena de inviabilidade econômica. Caso em que a recuperação
judicial se torna inútil, convertida em falência. Isso
posto, ainda que amarga e desagradável, quanto antes o paciente decidir sobre o diagnóstico, tão brevemente poderá agir para acessar os mecanismos de
tratamento, melhorando as chances de êxito.
Advogado empresarial
Cemitério de formigas
Ana Cecília Romeu
Minha filha de oito anos me disse outro dia que,
para uma formiga, o jardim de nossa casa era uma
Floresta Amazônica. Sua fala me fez refletir sobre as
dimensões, a importância dos seres, de cada um, nós
como unidade entre bilhões de outras unidades humanas do nosso planeta, a individualidade, a identidade do eu no contexto de um universo que pede
auxílio, e a oportunidade tão rica de se fazer valer a
vida. Difícil acreditar em nossa própria espécie diante de tantas atrocidades contra ela própria, os animais e a natureza. O ser humano é capaz de atos de
violência muito específicos, próprios de quem ilude
sua pequenez, alimentando o mito do ser onipotente,
enaltecendo o ego num quase sinônimo de sobrevivência. E assim é possível se tornar majestade num
estampido, com direito a discípulos e condecorações.
Apesar de tudo: a violência urbana; as drogas;
o abuso do poder; a discriminação; a corrupção; o
estelionato; crimes ambientais e contra animais, ido-
sos, crianças... E as notícias que gritam: os refugiados da Síria; os famintos da África; as guerras “santas”; o massacre na escola dos EUA, que foi parecido
com o massacre anterior e o outro... Ainda acredito na existência de pessoas que elevam nossa espécie ao expoente de racionais, ao de “humanos”. Um
grão de areia numa praia quase infinita, ou quem
sabe somos apenas uma formiguinha prestes a ser
mais uma a ocupar o “Cemitério de Formigas”, no
que se transformou nosso planeta.
Todavia, enquanto houver alguém se sabendo
do tamanho e importância de uma formiga em meio
ao jardim que tem a dimensão de floresta se comparado a ele próprio, mas que mesmo assim fará de
tudo para carregar enorme folha pelo simples fato
de que é a parte que lhe cabe na sua sociedade, ali
estará a esperança de que é possível a conjunção entre individual e coletivo, é possível se fazer jus ao
bem maior: nossa vida na vida dos outros.
Publicitária e escritora
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