Maio/Junho de 1999 EducaçÃe Matemdtica n"53 HaverÃainda mais alguma coisa para mudar?... Cecilia Monteiro Director Ana Vieira Redacç' Adelina Precatado Ana Maria Boavida Ana Paula Canavarro ConceiçÃRodrigues F4tima Guimar'es Fernanda Perez Helena Amaral Helena Fonseca Helena Rocha Henrique M.Guimarãe Una Brunheira Maria Josà Boia Paula Espinha Panio Abrantes Colaboradares permanentes A. J. Franco de Oliveira MnItm'tica Eduardo Veloso 'Tecnokigus mi EdwqUa M a t e m " Josà Paulo Viana "Oproblema deste nÅ“imro' - Lurdes Serrazina A matem'tica aosprimeiros anos Maria JosÃCosta Hist-ria e Emitia da Malem'liw A mim foi um professor de Matemátic que me estragou a infânci...A Matemática em vez de dar ordem e harmonia a minha pequena alma dócil enegrecia-ade raiva e de indisciplina sem aurora. Vivia aflito, humilhado, com uma pedra no peito. Josà Gomes Ferreira Em Abril de 1974, estava eu, e como eu muitos outros professores, a ensinar aos meninos e meninas de 11 anos a resolver equaçõdo tipo a+x=b, a-x=b, x-a=b e outras tantas do mesmo tipo onde intervinham a multiplicaçÃe a divisio. Eram seis infernos para eles e para mim uma angústia Procurava situaçõ que servissem aqueles modelos, que motivassem, mas a ênfas era em últim instâncina técnicaAlguns alunos "aprendiam" durante o tempo necessári para responderem certo nos testes, outros nãoA estes, que iam acumulando assim insucessos, acontecia, provavelmente, interiorizarmais um pouco a ideia de que, ou eram estúpido ou entã nã tinham "queda" para a Matemática De entã para cá muita coisa aconteceu que todos nós que lemos esta revista, vivemos directamente ou aprendemos atraves de outros. Os programas mudaram. novas ideias foram passando. jà fácil hoje, encontrarmos alunos de olhos a brilhar numa aula de Matemáticasem medo de arriscarem uma resposta, ousando dar a sua opiniãofazendo perguntas... c Entãoserà que ja nã hà mais nada para mudar? Bastarà esperar que mudem todos aqueles que ainda continuam a provocar humilhaçõnos alunos ou entã se reformem os mais velhos7 Esta pergunta pressupõ que se saiba realmente para onde se quer ir, o que talvez nem sempre seja o caso. Que sabemos nó do mundo daqui a 25 anos? Serà que nã serà necessári ir mudando sempre? Serà que se pode parar e dizer. "Jà está"! Os materiais, as calculadoras, a resoluçÃde problemas, a argumentaçÃjà provaram ter efeitos positivos nas aprendizagens e no gosto dos alunos pela Matemáticamas e forços ir mais longe. Manipulam-semateriais, e depois, como se faz a passagem do concreto para o formal e o abstracto? Quantas vezes a prátic e a experimentaçÃnã aparece ainda desligada dos algoritmos e das regras, que se ensinam um pouco como antigamente? Rui Canári E o que dizer da avaliaçÃdos alunos, a parte curricular mais atrasada, deixada para trá pelos própno professores, que inovam as estratégiamas por vezes continuam a avaliar com dois testes em cada um dos trê trimestres do ano? EntidadePropIieWa Associaqãde Professores de Matemátic Estes sã dois exemplos, muito temos que fazer ainda. Pela minha parte, cada ano que passa, olho para a frente e vejo um mundo de coisas a melhorar, a alterar... Provavelmente, o que de melhor aprendi com todos aqueles que me influenciaram na minha formaçÃfoi esta inquietaçÃpermanente, o nã me satisfazer com frases feitas, o olhar para os alunos como gente importante. Tomem 4200 exemplares Periodicidade Jan/Fev, MarIAbr, MailJun, Set/Out, N o v h Montagem,fotolito e impress'o Costa e Valéri NÂde Registo: 112807 NÂde Dep-sito Legal: 9115895 Como diz Salman Rushdie. " o mundo nã à ciclico, nã e eterno nem imutável mas està em constante transformaçãsem voltar at&, e nó podemos ajudar nessa transformação Pois e, apesar do movimento pendular que reconhecemos haver na EducaçÃ(e jà hà indicios, na EducaçÃMatemátic que o pêndul està a mudar de sentido), nada serà igual, nunca mais voltaremos aos tempos em que a Matemátic era mais uma arma para atrofiar e meter medo. Cecilia Monteiro. ESE de Lisboa