UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇAO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DE
BOVINOS
DIARRÉIA VIRAL BOVINA
Ana Carolina Lima de Oliveira Gondim
Brasília, set. 2006
ANA CAROLINA LIMA DE OLIVEIRA GONDIM
Aluna do Curso de Especialização “Lato sensu” em
Produção e Reprodução de Bovinos
DIARRÉIA VIRAL BOVINA
Trabalho monográfico do curso de pós-graduação
"Lato Sensu" em Produção e Reprodução de
Bovinos apresentado à UCB como requisito parcial
para a obtenção de título de Especialista em
Produção e Reprodução de Bovinos, sob a
orientação do Prof. Dr.Luís Fernando Fiori Castilho.
Brasília, set. 2006
DIARRÉIA VIRAL BOVINA
Elaborado por Ana Carolina Lima de Oliveira Gondim
Aluna do Curso de Produção e Reprodução de Bovinos da Qualittas
Foi analisada e aprovada com
grau:.......................
Brasília,______ de_________________de________.
_________________________________________
Membro
_________________________________________
Membro
_________________________________________
Professor Orientador
Presidente
Brasília, set. 2006
Agradecimentos
A Deus, minha família, ao meu
Orientador e a Kenia pela força
durante a realização desse trabalho.
RESUMO
O vírus da diarréia viral bovina (BVDV) possui distribuição mundial e é considerado o
agente viral mais importante de bovinos, após o vírus da febre aftosa. A infecção tem sido descrita
no Brasil desde o final da década de 60 e está amplamente difundida nos rebanhos de leite e
corte. A infecção pelo BVDV tem sido associada a uma ampla variedade de manifestações, que
incluem desde infecções inaparentes até enfermidades altamente fatais, como a Doença das
Mucosas (DM). Doença respiratória, gastroentérica, trombocitopenia e hemorragias, e quadros
crônicos de imunossupressão estão entre as manifestações clínicas da infecção.
A infecção de
fêmeas gestantes pode resultar em perdas embrionárias e fetais, como reabsorção embrionária,
abortos, mumificações, malformações congênitas, natimortalidade e o nascimento de bezerros
fracos e inviáveis. A infecção fetal entre os dias 90 e 120 de gestação freqüentemente resultam na
produção de bezerros imutolerantes, persistentemente infectados (PI). Os bezerros PI constituemse no ponto-chave da epidemiologia da infecção, pois são soronegativos, muitas vezes saudáveis
e eliminam o vírus continuamente em secreções e excreções. Os isolados de campo da BVDV
apresentam uma grande variabilidade antigênica, e até o presente dois grupos sorológicos
distintos já foram identificados: BVDV tipo I e II. O diagnóstico da infecção pode ser realizado por
detecção de vírus e/ou produtos virais em secreções, sangue e tecidos, além de exames
sorológicos. O controle pode ser realizado com ou sem o uso da vacinação, dependendo do
histórico clinico e virológico e do risco de introdução do agente no rebanho. Várias vacinas
contendo o vírus inativado têm sido utilizadas para controlar as perdas causadas pelo BVDV no
Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Vírus da diarréia viral bovina, BVDV, bovinos, perdas reprodutivas.
ABSTRACT
Bovine viral diarrhea virus (BVDV) is distributed worldwide among the cattle population and
is considered the most important virus of cattle in countries free of food and mouth disease virus.
BVDV infection has been described in Brazil since the late 60s and is currently widespread among
Brazilian beef and dairy cattle. The infection has been associated with several manifestations,
ranging from subclinical infections to the deadly mucosal disease (MD). Respiratory, gastroenteric
disease, thrombocytopenia, chronic cases of immunosupression are among the clinical
manifestations of the infection. The infection of pregnant, seronegative cows may result in
embryonic and fetal losses such as resorption and abortions, mummification, congenital
malformations, stillbirths and the birth of weak and unviable calves. Fetal infection between days
90 and 120 of pregnancy frequently results in the production of immunotelerant, persistently
infected (PI) calves. PI calves are the key to the epidemiology of BVDV infection since they are
generally seronegative, frequently healthy and shed virus in large amounts in secretions and
excretions. BVDV field isolates display a high antigenic variability and two major serological groups
have been identified to date: BVDV types I e II. The diagnosis of the infections can be
accomplished by detection of virus and/or viral products in secretions, blood and tissues, and by
serological methods as well. BVDV infection may be controlled with or without the use of
vaccination, depending on the epidemiological status of the herd. Several inactivated vaccines are
currently in use to reduce the losses associated with BVDV infection in Brazil.
KEY WORDS: Bovine viral diarrhea virus, BVDV, cattle, reproductive losses.
SUMÁRIO
Resumo ----------------------------------------------------------------------------------------------
iv
1- Introdução ----------------------------------------------------------------------------------------
1
2- Histórico ------------------------------------------------------------------------------------------
2
3- Agentes etiológicos ----------------------------------------------------------------------------
3
4- Sinonímia -----------------------------------------------------------------------------------------
4
5- Hospedeiros naturais --------------------------------------------------------------------------
5
6- Epidemiologia -----------------------------------------------------------------------------------
4
7- Patogenia ----------------------------------------------------------------------------------------
6
7.1- Infecção pós-natal primária -------------------------------------------------------
6
7.2- Infecção intra-uterina ---------------------------------------------------------------
7
7.3- Imunodepressão ---------------------------------------------------------------------
10
8- Sinais clínicos -----------------------------------------------------------------------------------
11
8.1- Infecção pós-natal primária -------------------------------------------------------
11
8.1.1- Infecção subclínica -------------------------------------------------------
11
8.1.2- Diarréia viral bovina (BVD) ---------------------------------------------
11
8.1.3- Diarréia viral bovina severa ou síndrome hemorrágica ---------
12
8.2- Infecção uterina (congênita) ------------------------------------------------------
12
8.2.1- Infertilidade e aborto -----------------------------------------------------
12
8.2.2- Defeitos congênitos ------------------------------------------------------
12
8.2.3- Bovinos persistentemente infectados -------------------------------
13
8.3- Doença das mucosas (DM) -------------------------------------------------------
13
9- Patologia -----------------------------------------------------------------------------------------
14
9.1- Infecção primária após nascimento --------------------------------------------
14
9.2- Infecção uterina (congênita) ------------------------------------------------------
15
9.3- Infecção persistente ----------------------------------------------------------------
16
9.4- Doença das mucosas --------------------------------------------------------------
16
10- Diagnóstico -------------------------------------------------------------------------------------
18
10.1- Isolamento viral --------------------------------------------------------------------
19
10.2- Detecção do antígeno ------------------------------------------------------------
19
10.2.1- Imunoistoquímica (IHQ) -----------------------------------------------
19
10.2.2- ELISA ----------------------------------------------------------------------
20
10.3- Detecção dos ácidos nucléicos ------------------------------------------------
21
10.3.1- PCR ------------------------------------------------------------------------
21
10.4- Sorologia -----------------------------------------------------------------------------
21
10.5- Biópsia de orelha ------------------------------------------------------------------
22
11- Diagnóstico diferencial ----------------------------------------------------------------------
22
12- Prognóstico ------------------------------------------------------------------------------------
23
13- Tratamento -------------------------------------------------------------------------------------
23
14- Controle e profilaxia --------------------------------------------------------------------------
24
14.1- Controle com vacinação ---------------------------------------------------------
24
14.2- Controle sem vacinação ---------------------------------------------------------
25
15- Relação com o homem ---------------------------------------------------------------------
26
16- Prevalência da BVDV no Brasil -----------------------------------------------------------
26
17- Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------
28
18- Referências bibliográficas ------------------------------------------------------------------
29
ANEXOS ---------------------------------------------------------------------------------------------
35
ANEXO 1 – Fotos--------------------------------------------------------------------------
36
1-INTRODUÇÃO
O vírus da diarréia viral bovina (BVDV) é classificado na família Flaviviridae e é membro
do gênero Pestivírus. Três espécies de pestivírus são reconhecidas, o BVDV, a doença da
fronteira (border disease) e a peste suína clássica (BAKER, 1987; RADOSTITS et al., 2002;
POTGIETER, 2004; SMITH, 1993).
Tradicionalmente, as manifestações da infecção pelo BVDV são apresentadas em três
categorias: infecção pós-natal ou BVD, infecção fetal e doença das mucosas (BIELEFELDTOHMANN, 1995; POTGIETER, 2004).
O BVDV é altamente infeccioso (LONERAGAN et al., 2005). A prevalência da infecção
nos rebanhos é alta e nos bovinos acima de um ano de idade 60 a 80% possuem anticorpos
neutralizantes séricos para o BVDV. Entretanto, a incidência da doença das mucosas é baixa
(SCHMITZ, 2006).
Os bovinos se infectam de duas maneiras: pela infecção pós-natal de bovinos que não
tiveram exposição prévia ao vírus e pela infecção fetal durante a gestação. Quando a infecção
fetal ocorre entre os 90 e 120 dias produzirá imunotolerância ao BVDV e o bovino nasce
persistentemente infectado (PI). Esse animal desenvolve a doença das mucosas e é fonte de
infecção mais importante em um rebanho (HOUE, 1995; RADOSTITS et al., 2002; POTGIETER,
2004).
A manifestação clínica após a infecção pelo BVDV é dependente de múltiplos fatores:
agentes, hospedeiro e ambiente. Entre os fatores do hospedeiro estão a imunocompetência e a
imunotolerância ao BVDV, estado imune (passivo pelos anticorpos colostrais ou ativo pela
exposição ao BVDV ou vacinação), gestações nas fêmeas, idade gestacional do feto no momento
da infecção, nível de estresse ambiental no momento da infecção e concorrência com outros
patógenos (RADOSTITS et al., 2002; BOLIN et al., 2004).
O BVDV tem sido associado com patologia em inúmeros sistemas incluindo o respiratório,
hematológico, imunológico, neurológico e reprodutivo (GROOMS, 2004). Os achados patológicos
variam de acordo com o curso e evolução da doença (RADOSTITS et al., 2002). As lesões são
resultados da interação de fatores como o biotipo do vírus, o genótipo hospedeiro, idade, estado
imune do animal no momento da infecção, da resposta imune induzida, e infecções intercorrentes
ou outros fatores estressantes (BIELEFELDT-OHMANN, 1995).
O diagnóstico clínico de doença das mucosas é geralmente feito com base na presença
de achados clínicos e patológicos característicos (RODOSTITS et al., 2002). Vários são os
exames laboratoriais que auxiliam no diagnóstico definitivo, como o isolamento ou detecção de
antígenos virais e/ou a demonstração da resposta sorológica ao vírus (RADOSTITS et al., 2002;
SALIKI et al., 2004).
A técnica de imunoistoquímica (IHQ) possui algumas vantagens frente às demais técnicas,
como a estabilidade das amostras fixadas em formalina em comparação ao sangue, evitando
falsos negativos por autólise, permite diferenciar bovinos PI de bovinos com infecção aguda com
uma só amostra e permite analisar bezerros neonatos já que os anticorpos colostrais não
interferem na técnica (GROOMS et al., 2002; LERTORA et al., 2002; LERTORA et al., 2003;
BRODERSEN, 2004).
A biópsia de tecido cutâneo (orelha) fixada em formol é considerada um tecido de escolha
para diagnóstico do BVDV pela IHQ, sendo um método meticuloso e efetivo para detecção de
bovinos infectados pelo BVDV, e eficiente técnica para diagnóstico de animais PI como já descrito
anteriormente (NJAA et al., 2000; GROOMS et al., 2002; LERTORA et al., 2003; BRODERSEN,
2004; CORNISH et al., 2005). Além de efetiva a técnica permite testar um grande número de
bovinos, com rapidez e com tecido de fácil coleta (CORNISH et al., 2005).
O BVDV causa perdas significativas à bovinocultura de corte e leite em todo mundo
(TREMBLAY, 1996). Estudos têm demonstrado que a infecção pelo BVDV está amplamente
difundida no rebanho bovino do Brasil (OLIVEIRA et al., 1996; BOTTON et al., 1998; CANAL et al.,
1998; FLORES et al., 2000; BRUM et al., 2004; FLORES et al., 2004; SAMARA et al., 2004). O
principal problema econômico é decorrente da infecção intra-uterina, que pode estar associada a
uma variedade de sinais clínicos, como morte embrionária, aborto, mumificação, malformações e
nascimento de bezerros PI (MOENNIG, 1995).
2-HISTÓRICO
Foi primeiramente noticiada em Nova York em 1946 pelo Dr. Peter Olafson da
Universidade de Cornell (BAILEY, 1987), onde descreveu uma doença nos bovinos desconhecida
até então, na qual se destacava uma diarréia (BEER, 1999). Parecia a princípio haver correlação
com o vírus da peste bovina, mas testes de soroneutralização provaram não existir (MAYR et al,
1988). Mais tarde, em 1953, Ramsey & Chivres observaram outro quadro clínico que lembrava o
da diarréia viral, mas que evoluía com pouca contagiosidade e morbidade, mas com mortalidade
bem superior a diarréia viral. Devido a intensas lesões erosivas e ulcerativas que apareceram em
todo o tubo digestivo, esta doença foi denominada doença das mucosas (BEER, 1999).
Dez anos mais tarde, uma doença semelhante foi noticiada em Indiana em gado de corte
e leiteiro. Quase ao mesmo tempo uma forma mais grave foi revelado em Iowa e estados
adjuntos. Acredita-se agora que todos os três surtos descritos foram causados por um único tipo
de vírus. Desde então revelou a evidência da infecção no gado do mundo inteiro (BAILEY, 1987).
Com o isolamento de uma amostra em 1960 que produziu efeito citopatogênico em
histoculturas (amostra Oregon C24V), por Gillespie e colaboradores, e que serviu de referência
internacional, muito progresso foi feito no estudo desse vírus (MAYR et al, 1988). Esta observação
conduziu a denominar vírus da diarréia viral / doença das mucosas a estirpe Oregon C24, assim
como aquelas estirpes virais que coincidiram sorologicamente com elas (BEER, 1999).
Em continuação, o vírus foi identificado na Escócia, Alemanha, Holanda, Suécia e Japão.
Em 1969, no Rio Grande do Sul, Wizigmann e colaboradores detectaram anticorpos neutralizantes
para o vírus em 39% de soros em bovinos de 11 municípios estudados (MAYR et al, 1988).
3-AGENTES ETIOLÓGICOS
O vírus da diarréia viral bovina (BVDV) é classificado na família Flaviviridae e é membro
do gênero Pestivírus. Três espécies de pestivírus são reconhecidas, o BVDV, a doença da
fronteira (border disease) e peste suína clássica (BAKER, 1987; RADOSTITS et al., 2002;
POTGIETER, 2004, SMITH, 1993).
Os vírions do BVDV são partículas esféricas com aproximadamente 50nm de diâmetro
com um envelope firmemente aderido contendo glicopeptídeos (NETTLETON et al., 1995;
SCHUCH, 2001; POTGIETER, 2004). O genoma do BVDV consiste uma fita simples de RNA com
polaridade positiva e contém um esqueleto genético que codifica uma poliproteína de
aproximadamente 4000 aminoácidos (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004).
Estudos recentes sobre a morfologia do BVDV (cepa NADL) indicam que o vírus
infeccioso purificado com ingredientes de tartarato de potássio tem formato oval a pleomórfico com
diâmetro aproximado de 120 nm (30nm). O vírus é composto de um envoltório semelhante à
membrana que circunda uma estrutura interna semelhante a núcleo. A densidade do BVDV é de
1,12 g/cm3 (HIRSH, et al., 2003).
O BVDV é sensível a solventes lipídicos como éter e clorofórmio e é inativado por
tratamento com tripsina. O vírus é mais estável na faixa de pH 5,7 a 9,3, com estabilidade máxima
em pH de 7,4. O vírus é facilmente mantido em estado liofilizado ou congelado
por vários anos (HIRSH, et al., 2003).
( -70
0
C)
A alta freqüência de mutações, a propensão à recombinação, e a pressão seletiva pela
resposta imune estimulada por infecções naturais ou vacinação tem levado a criação de uma
grande variedade de variantes genéticas e antigênicas do BVDV (BOLIN et al., 2004).
O BVDV tem dois grupos antigênicos designados como biótipos não-citopático (NCP) e
citopático (CP), conforme seu efeito sobre as células da cultura tecidual (BAKER, 1987;
NETTLETON et al., 1995; RADOSTITS et al., 2002; BOLIN et al., 2004).
Com relação aos biótipos, é a seguinte a compreensão do seu significado clínico na
atualidade: qualquer dos biótipos pode causar moléstia clinica em bovinos adultos e jovens;
qualquer dos biótipos pode causar abortamento ou malformação fetal; a infecção persistente, com
seqüela a infecção in útero, parece envolver apenas o biótipo não-citopatologicao; a infecção com
ambos os biótipos é necessária para o desenvolvimento da moléstia das mucosas (BVDV crônica)
e a antigenicidade não depende, nem está ligada ao biótipo (SMITH, 1993).
O sucesso da infecção pelo BVDV depende da habilidade do biótipo NCP do vírus em
atravessar a placenta e estabelecer uma infecção persistente nos fetos em desenvolvimento
(NETTLETON et al., 1995). Somente o biotipo NCP que desempenha essa função, crucial para
disseminação do vírus (NETTLETON et al., 1995; RODOSTITS et al., 2002). Ele é causa de uma
ampla série de doenças congênitas, entéricas e reprodutivas. Em contraste, o biotipo CP do vírus
é geralmente associado com a doença das mucosas nos animais já persistentemente infectados
(PI) com biotipo NCP homólogo (BROWNLIE, 1990; BROWNLIE et al., 1984; NETTLETON et al.,
1995; RODOSTITS et al., 2002; BOLIN et al., 2004). Ambos os biótipos podem ser isolados de
animais que estejam morrendo da doença das mucosas e há evidências de que o biótipo CP surge
do NCP nos bovinos PI por recombinações genéticas, nas quais estão incluídas a inserção do
RNA hospedeiro ou a duplicação de seqüências de RNA virais (NETTLETON et al., 1995;
RADOSTITS et al., 2002; BOLIN et al., 2004).
O BVDV pode ser segregado em dois subgrupos denominados BVDV-I e BVDV-II. Os
isolamentos do tipo I são mais freqüentes e comumente usados na produção da vacina, testes e
pesquisas diagnósticas. Os isolamentos do tipo II são provenientes predominantemente do soro
fetal bovino, dos animais permanentemente infectados nascidos de mães vacinadas contra o
BVDV e dos bovinos que morreram da forma aguda da doença, denominada doença hemorrágica
(RADOSTITS et al., 2002).
4-SINONÍMIA
Sob esta designação englobam-se hoje as seguintes doenças: disenteria invernal dos
bovinos (EUA e Canadá); enterite epizoótica dos bovinos (Suécia); diarréia infecciosa dos bovinos
(Inglaterra); diarréia por vírus dos bovinos, rinotraqueíte infecciosa, varíola genital, vaginite
vesiculosa, exantema vesiculoso coital e vulvo-vaginite pustulosa infecciosa (FERREIRA, 1964).
5-HOSPEDEIROS NATURAIS
A infecção natural ocorre em bovinos, e também em ovinos, suínos, caprinos, ruminantes
de vida livre ou de cativeiro (HOUE, 1995; POTGIETER, 2004). São também susceptíveis coelhos,
búfalos, lhamas e alpacas (BEER, 1999), essas espécies, portanto, são consideradas fontes
potenciais de infecção (HOUE, 1995), mas seu exato papel na epidemiologia ainda deve ser
esclarecido (POTGIETER, 2004). As raças de maiores rendimentos parecem estar particularmente
predispostas a sofrer contágio (BEER, 1999).
6-EPIDEMIOPLOGIA
O BVDV ocorre na maioria das regiões do mundo (POTGIETER, 2004), e a prevalência de
animais portadores de anticorpos situa-se entre 60% e 90% (BROWNLIE, 1990). A prevalência da
infecção por BVDV pode ser expressa como a prevalência de portadores de anticorpos ou a
prevalência de bovinos PI. Os títulos de anticorpos contra o BVDV obtidos pela infecção natural
normalmente diminuem lentamente, e freqüentemente quando um animal é infectado, ele terá
anticorpos contra o vírus por toda a vida (HOUE, 1995). Os programas de vacinação e a existência
de bovinos PI que excretam o vírus são responsáveis pelos animais sorologicamente positivos em
um rebanho (HOUE, 1995; RODOSTITS et al., 2002). Portanto, exceto em áreas que utilizam
vacinação, a prevalência de portadores de anticorpos reflete a proporção de animais previamente
expostos ao BVDV em algum momento de sua vida (HOUE, 1995). Rebanhos que contém bovinos
PI têm alta proporção de animais soropositivos. Rebanhos com poucos animais imunes têm mais
risco de infecção o que aumenta a suscetibilidade do rebanho ao BVDV e conseqüentemente a
possibilidade de nascimento de bovinos PI (POTGIETER, 2004). O número de animais PI é
determinado pela incidência de infecções agudas entre os animais soronegativos no começo da
gestação e pela transmissão vertical pelos próprios bovinos PI (HOUE, 1995).
O BVDV é altamente infeccioso (LONERAGAN et al., 2005). A prevalência da infecção
nos rebanhos é alta e nos bovinos acima de um ano de idade 60 a 80% possuem anticorpos
neutralizantes séricos para o BVDV. Entretanto, a incidência da doença das mucosas clínica é
baixa, pois normalmente a prevalência dos bovinos PI nos rebanhos é de aproximadamente 1 a
2% (RADOSTITS et al., 2002).
Os bovinos se infectam de duas maneiras. A infecção pós-natal de bovinos que não
tiveram exposição prévia ao vírus que causa uma viremia transitória seguida de produção de
anticorpos. A infecção fetal no início da gestação, entre 90 e 120 dias, por outro lado, produzirá
imunotolerância ao BVDV, o bovino nasce PI, e é nesse animal que ocorre a doença das mucosas
(HOUE, 1995). Os bovinos PI são importantes na epidemiologia da doença por que eles são a
fonte de infecção mais importante em um rebanho (HOUE, 1995; RADOSTITS et al., 2002;
POTGIETER, 2004). O sangue desses animais pode ter alta dose viral, da mesma forma a saliva,
secreção nasal, sêmen, leite, urina e fezes (HOUE, 1995; POTGIETER, 2004). A doença também
pode ser espalhada pelo contato direto com animais mortos e através de insetos sugadores
(BAILEY, 1987), como também através de agulhas/material cirúrgico contaminado e luvas de
palpação (FLORES, 2003).
Em geral, os bovinos jovens são mais suscetíveis à infecção pelo BVDV, mas bovinos
adultos podem desenvolver doença clínica, se infectados com genótipos altamente virulentos do
vírus. A infecção persistente pode ser estabelecida apenas na primeira metade da vida fetal. Em
comparação com muitos outros patógenos, a sobrevivência fetal após a infecção intra-uterina
precoce com BVDV é comum, podendo ser de até 70%. Os animais não vacinados,
inadequadamente vacinados ou aqueles cuja situação imune declinou são mais suscetíveis à
infecção e possuem potencial para doença clínica. Os animais vacinados podem ser suscetíveis,
se os isolamentos a campo do vírus forem distintos dos usados na vacina (RADOSTITS et al.,
2002).
A transmissão pode ocorrer de forma vertical e horizontal (HOUE, 1995; POTIGIETER,
2004). A transmissão vertical é de uma geração para outra. Conseqüentemente pode se dizer que
todos os bovinos PI são produzidos pela transmissão vertical (HOUE, 1995). Porém, na maioria
dos casos, ela é precedida da transmissão horizontal da mãe, e durante essa, o vírus atravessa a
placenta e infecta o feto (HOUE, 1995; POTGIETER, 2004).
A transmissão horizontal pode ser direta ou indireta (BAKER, 1987; HOUE, 1995;
POTGIETER, 2004). Contato direto entre bovinos suscetíveis e PI é um importante meio de
transmissão (HOUE, 1995; POTGIETER, 2004). A transmissão por aerossóis em curtas distâncias
parece provável, mas as chances de ocorrer a infecção baixa rapidamente à medida que a
distância entre os animais aumenta. O sêmen de touros PI normalmente contém alta concentração
de BVDV e pode resultar em baixo grau de concepção em novilhas ou vacas suscetíveis após
criação ou inseminação. Novilhas ou vacas inseminadas se tornam transitoriamente infectadas e
podem produzir bovinos PI. Apenas uma pequena proporção de novilhas soronegativas
inseminadas com sêmen de touros transitoriamente infectados se torna infectada (POTGIETER,
2004). A transmissão indireta envolve um veículo para transmitir o patógeno entre os animais
infectados e suscetíveis (HOUE, 1995) e depende da estabilidade do vírus fora do hospedeiro
(HOUE, 1995; POTGIETER, 2004). Em laboratório, o vírus se mostrou estável a temperaturas
abaixo de 10°C e em pH entre três e nove (HOUE, 1995; POTGIETER, 2004).
Amostras do tipo 2 têm sido identificadas predominantemente nos Estados Unidos e
Canadá (CARMAN et al., 1998), com poucos relatos na Europa (WAKELEY et al., 2003) e no
Brasil (CANAL et al., 1998; FLORES et al., 2000). O BVDV do tipo 2 não é sinônimo de maior
virulência. O significado biológico da subdivisão utilizando diferenças antigênicas e genéticas
permanece incerto e ainda não existem sinais laboratoriais dos graus de virulência para as cepas
do BVDV do tipo 1 e tipo 2 (CARMAN et al., 1998).
7-PATOGENIA
A patogenia depende de fatores interativos múltiplos envolvendo as fases intra-uterinas e
pós-natal e de fatores imunológicos do hospedeiro (RADOSTITS et al., 2002), além da idade e/ou
categoria animal (FLORES, 2003).
7.1- INFECÇÃO PÓS-NATAL PRIMÁRIA
Em bovinos não prenhes imunocompetentes a doença pode se apresentar nas formas
subclínica, superaguda, trombocitopenia e síndrome hemorrágica e diarréia dos bezerros
neonatais (RADOSTITS et al., 2002). Diarréia, febre e doença do trato respiratório inferior com
leucopenia, anemia, trombocitopenia e índice de mortalidade de 10% são comumente
encontrados. Evidências experimentais sugerem que os isolados variam na sua virulência e
capacidade de induzir trombocitopenia (POTGIETER, 2004).
Primeiramente o vírus se replica na mucosa nasal e posteriormente alcança altos títulos
nas tonsilas. Em seguida ele se difunde aos linfonodos regionais seguidos de disseminação
sanguínea, associado às células (leucócitos), pelo corpo. A replicação viral normalmente se
desenvolve nas tonsilas, timo e íleo. Megacariócitos e linfócitos constituem importantes alvos do
vírus. O BVDV induz necrose dessas células e prejudica a função daquelas que sobrevivem à
infecção (POTGIETER, 2004).
7.2- INFECÇÃO INTRA-UTERINA
Os problemas relacionados ao BVDV durante a gestação são complexos (EVERMANN et
al., 2002). O andamento da infecção é dependente do momento da infecção (GROOMS, 2004) e
existem fatores associados ao BVDV e a vaca gestante que contribuem para a vulnerabilidade do
hospedeiro à infecção e doença (EVERMANN et al., 2002). O fator viral é a variação da cepa,
sendo o meio pelo qual o vírus pode ser mantido em uma população bovina (POTGIETER, 1995;
EVERMANN et al., 2002; GROOMS, 2004). Os fatores do hospedeiro associados com a infecção
pelo BVDV são o estado imunológico das novilhas no início da fase reprodutiva (NETTLETON et
al., 1995; EVERMANN et al., 2002) e a imunodepressão fisiológica que ocorre durante a gestação
(EVERMANN et al., 2002; GROOMS, 2004).
A infecção de vacas prenhes não imunes pelo BVDV normalmente resulta em infecção
transplacentária do feto (MOENNIG et al., 1995; RADOSTITS et al., 2002; GROOMS, 2004).
Embora os mecanismos de infecção fetal não sejam claros, evidências sugerem que o BVDV pode
atravessar a placenta causando vasculite no lado materno da placenta permitindo o acesso à
circulação fetal (GROOMS, 2004). A difusão transplacentária do BVDV durante a viremia
clinicamente inaparente ou aparente pode ser o evento mais crucial da infecção pelo BVDV.
Algumas cepas do BVDB podem ter baixa patogenicidade, conseqüentemente, seu efeito poder
ser menos insidioso, resultando na manifestação de alterações morfológicas ou clinicas apenas
após um efeito prolongado nos tecidos germinativos (BIELEFELDT – OHMANN, 1995).
Em condições experimentais ambos biótipos CP (BROWNLIE et al., 1989) e NCP (DONE
et al., 1980) podem causar infecções transplacentárias (POTGIETER, 2004) e morte fetal
seguindo infecções de vacas soronegativas (GROOMS, 2004), mas o biótipo NCP é mais
comumente envolvido que o primeiro (POTGIETER, 2004). Em vacas prenhes imunocompetentes
e nas infecções fetais, o BVDV pode causar significativa perda reprodutiva inicial como falha de
fertilização, mortalidade embrionária e abortamento (RADOSTITS et al., 2002; GROOMS, 2004;
PORTGIETER, 2004).
O vírus interfere na fertilização, mas não tem a habilidade de entrar na zona pelúcida
intacta (PORTGIETER, 2004). A exposição dos bovinos ao vírus durante o ciclo estral antes da
inseminação pode resultar em redução da taxa de concepção devido à falha de ovulação ou
ovulação tardia. A inseminação de novilhas soronegativas e livres do vírus com o sêmen
contaminado, podem resultar em taxas de concepção deficientes inicialmente, seguida por
concepção normal após soroconversão e nascimento de animais normais sem evidência de
infecção com o vírus (RADOSTITS et al., 2002). Os mecanismos envolvidos na diminuição das
taxas de concepção não são claros, mas dependem do estágio reprodutivo no momento da
infecção (GROOMS, 2004).
Durante o primeiro trimestre de prenhez, embriões e fetos são muito susceptíveis ao vírus
(KENDRICK, 1971; MOENNIG et al., 1995; STOKSTAD et al., 2002; POTGIETER, 2004). O risco
de ocorrer alterações patológicas no feto infectado (STOKSTAD et al., 2002), assim como morte
fetal (KENDRICK, 1971; GROOMS, 2004) neste estágio é maior (STOKSTAD et al., 2002;
GROOMS, 2004). A susceptibilidade é altamente correlacionada com a idade gestacional e ligada
à ontogenia da resposta imune a qual se desenvolve de uma forma lenta (NETTLETON et al.,
1995; RADOSTITS et al., 2002; POTGIETER, 2004). A infecção transplacentária em fetos até 100
dias pode resultar na sua morte e reabsorção ou expulsão após alguns dias ou meses (BROWN et
al., 1974; RADOSTITS et al., 2002; POTGIETER, 2004).
O BVDV tem importante efeito teratogênico em bovinos e pode suceder infecção
transplacentária durante o segundo trimestre de gestação (entre 100 e 150 dias) (BROWN et al.,
1974; POTGIETER, 2004). Este período de desenvolvimento fetal corresponde ao estágio final da
organogênese e desenvolvimento do sistema imune fetal (BAKER, 1987; NETTLETON et al.,
1995; GROOMS, 2004; POTGIETER, 2004). A infecção neste período resulta em destruição das
células tronco, resultando em defeitos congênitos (BAKER, 1987). Os mecanismos envolvidos nas
lesões induzidas pelo vírus incluem inibição do crescimento celular do sistema nervoso, olhos,
sistema imune, tegumento, músculo e esqueleto e sistema respiratórios (BIELEFELDT –
OHMANN, 1995; MOENNIG et al., 1995; NETTLETON et al., 1995; POTGIETER, 2004). Embora
não seja claro, a combinação da destruição celular direta pelo vírus e a resposta inflamatória ao
vírus, tem sido proposta como mecanismo patogênico para os defeitos teratogênicos
(GASTRUCCI et al., 1990; GROOMS, 2004).
Infecções transplacentárias pelo BVDV durante o terceiro trimestre de prenhez em bovinos
geralmente não resultam em doença fetal e são análogas às infecções primárias pós-natais
(MOENNIG et al., 1995; POTGIETER, 2004). Nesse estágio os fetos montam uma resposta imune
relativamente normal e freqüentemente nascem com anticorpos circulantes para o vírus
(STOKSTAD et al., 2002; GROOMS, 2004; POTGIETER, 2004).
Alguma infecção do feto pelo biótipo NCP antes do desenvolvimento da competência
imune pode resultar numa imutolerância específica ao vírus (MOENNIG et al., 1995; NETTLETON
et al, 1995; STOKSTAD et al, 2002; GROOMS, 2004; POTGIETER, 2004), uma vez que os
anticorpos maternos não atravessam a placenta (STOKSTAD et al, 2002). Essa infecção é
incomum após os 100 dias de gestação, embora ela possa ocorrer até o 125° dia (GROOMS,
2004; POTGIETER, 2004). A imunotolerância resulta no nascimento de animais PI que são
virêmicos e continuamente disseminam o vírus (NETTLETON et al., 1995; RADOSTITS et al.,
2002; GROOMS, 2004; POTGIETER, 2004). Embora o mecanismo exato de imunotolerância não
seja claro, geralmente parece que a circulação do vírus durante o período de gestação quando a
imunocompetência é desenvolvida (90 – 120 dias) é pré-requisito para persistência (GROOMS,
2004). A persistência para infecção pelo BVDV em bovinos parece ocorrer por imunotolerância
específica dos linfócitos T e B (McCLURKIN et al., 1984; GROOMS, 2004) o que resulta na
ausência de anticorpos neutralizantes e não neutralizantes aos vírus persistente (GROOMS,
2004).
Em geral nos bovinos PI a tolerância imune ao BVDV são altamente específicos, esses
podem ser imunocompetentes, pelo menos em grau, as infecções por BVDV antigenicante
diferentes, as quais se ligam a epítopos diferentes do vírus persistente (NETTLETON et al., 1995;
RADOSTITS et al., 2002; BOLIN et al., 2004; POTGIETER, 2004). Portanto, embora um bovino PI
seja normalmente soronegativo, ele pode apresentar anticorpos para BVDV por exposição natural
ou vacinação, diferentes antigenicamente (NETTLETON et al., 1995; RADOSTITS et al., 2002;
POTGIETER, 2004). Os anticorpos contra BVDV, adquiridos passivamente, declinam mais
rapidamente em bovinos PI em comparação a bovinos normais (POTGIETER, 2004). A detecção
de variantes genéticas em bovinos PI sugere que esses animais podem aumentar a diversidade
do BVDV servindo como fonte de variantes virais que podem infectar outros bovinos. Isso explica
a presença de anticorpos neutralizantes que são ocasionalmente encontrados em animais PI sem
história de contato com fontes externas de BVDV (BOLIN et al., 2004).
Os bovinos PI podem parecer clinicamente normais ou subdesenvolvidos e pequenos para
sua idade (LARSSON et al., 1994; RADOSTITS et al., 2002), tem maior risco de desenvolver
doenças secundárias como pneumonias e enterites, podem morrer durante o primeiro ano de vida
(POTGIETER, 2004) e ocasionalmente pode sobreviver e permanecer saudáveis por até 5 anos
(RADOSTITS et al., 2002). Os bezerros tanto com infecções transitórias como com infecções
persistentes pelo BVDV apresentam concentrações séricas dos hormônios tireoideanos inferiores
ao normal, podendo afetar o desenvolvimento do sistema esquelético, causando retardo do
crescimento (LARSSON et al., 1995; MOENNIG et al., 1995; RADOSTITS et al., 2002).
A doença das mucosas ocorre quando um bovino PI é super infectado com um vírus CP
homólogo antigenicamente ao vírus NCP residente (RADODOSTITS et al., 2002; POTGIETER,
2004). O vírus CP deriva, provavelmente, do vírus NCP residente no bovino PI por rearranjo do
seu genoma, porém sua origem pode ser de fontes externas, como ocorrem em surtos associados
à vacinação (POTGIETER, 2004). O evento mutacional responsável pela mudança do biotipo NCP
para o biotipo CP não afeta a antigenicidade. Os bovinos acometidos não respondem
sorologicamente ao vírus CP homólogo (RADOSTITS et al., 2002; POTGIETER, 2004). A infecção
por um vírus CP heterólogo antigenicamente resulta em doença das mucosas atípica, podendo
vários meses mais tarde não responder sorologicamente ao vírus citopático heterólogo
(BROWNLIE, 1990; RADOSTITS et al., 2002). O período de incubação pode variar de 98 a 138
dias (BROWNLIE, 1990). Permanece incerto quando o biótipo CP resultante de sua infecção
homóloga resultou de mutação ou recombinação (BROWNLIE, 1990).
A doença das mucosas segue um curso agudo e crônico. O último pode continuar por até
18 meses. Os fatores que influenciam o curso da doença não são conhecidos e se existe uma
relação entre o início precoce ou tardio da doença das mucosas e a duração dos sinais clínicos,
essa ainda não foi determinada (PORTGIETER, 2004).
7.3- IMUDEPRESSÃO
Existem evidências de que as infecções pós-natais pelo BVDV dos bovinos possam
causar imunodepressão e estimular o desenvolvimento de outras doenças infecciosas e ser o fator
crucial na patogenia das doenças de etiologia múltipla, como pneumonias e enterites
(POTGIETER, 1995; RADOSTITS et al., 2002), contudo, essa evidência é controversa e devem-se
levar em conta os mecanismos imunes dos bovinos PI comparados aos animais com infecção
primária (RADOSTITS et al., 2002).
O vírus tem uma afinidade por células de defesa e a conseqüência da infecção é a
destruição de algumas dessas células e o prejuízo funcional das células sobreviventes, sendo esta
última à causa mais importante da imunodepressão induzida por vírus (POTGIETER, 2004). Os
linfócitos e macrófagos constituem um importante alvo para a replicação do BVDV (POTGIETER,
1995). A destruição linfóide resulta em variados graus de depleção linfóide em bovinos infectados
(POTGIETER, 1995; RADOSTITS et al., 2002; POTGIETER, 2004), mesmo nos que permanecem
clinicamente saudáveis (POTGIETER, 1995). Leucopenia transitória ocorre na maioria dos bovinos
infectados pelo BVDV (POTGIETER, 2004), e neutropenia não é incomum (POTGIETER, 1995;
RADOSTITS et al., 2002).
Bovinos PI têm uma baixa proporção de linfócitos B circulantes, mas o número absoluto de
linfócitos permanece relativamente normal (POTGIETER, 2004). As infecções pós-natais
primárias, entretanto, causam redução transitória no número absoluto dos linfócitos B e linfócitos
T, bem como na porcentagem de linfócitos T (RADOSTITS et al., 2002; POTGIETER, 2004).
A infecção intercorrente pelo BVDV tem o potencial de exacerbar a patogenicidade de
outros patógenos ou mudar o caráter da doença causada por esses patógenos. Infecções
concomitantes de BVDV e BHV-1 em bovinos resultam em doença clínica severa afetando o trato
respiratório, tecido ocular e trato alimentar, e muitas vezes, a infecção oportunista por Mannheimia
(Pasteurella) haemolytica aparentemente favorece a severidade das lesões no trato respiratório
(POTGIETER, 1995; POTGIETER, 2004). Existe a hipótese de que o BVDV subclínico pode ser
um importante contribuinte para a incidência de doença severa do trato respiratório (POTGIETER,
2004).
O BVDV pode contribuir para a patogenia das doenças do trato respiratório como agente
primário ou através da imunodepressão (LONERAGAN et al., 2005). Nos surtos de doença
respiratória nos bezerros e bovinos adultos causados por múltiplas infecções virais, o BVDV é
frequentemente o agente viral mais constante, o que pode indicar que o vírus é um importante
patógeno contribuitório na doença respiratória dos bovinos (RADODTITS et al., 2002;
POTGIETER, 2004). O BVDV pode agir sinergicamente com outros patógenos respiratórios
(RADOSTITS et al., 2002; LONERAGAN et al., 2005) para facilitar a colonização bacteriana do
trato respiratório inferior (LONERAGAN et al., 2005), mas a participação do BVDV em infecções
sinérgicas não é freqüentemente reconhecida devido à ausência de lesões clássicas da doença
das mucosas (POTGIETER, 2004). Contudo, também é possível que o vírus possa estar
coincidentemente presente em alguns animais e não ter efeito adverso. Portanto, a presença do
vírus nos tecidos do trato respiratório dos bovinos acometidos com pneumonia é difícil de
interpretar. Observações a campo sugerem que a introdução da infecção pelo BVDV em um
rebanho suscetível, pode estar relacionada com uma incidência aumentada de pneumonia viral e
bacteriana nos bezerros, que pode se manter por até dois anos (RADOSTITS et al., 2002).
Outras doenças infecciosas que o BVDV pode exacerbar incluem a actinomicose,
estomatite papular, enterite por Salmonella sp, infecção por Escherichia coli, babesiose,
helmintose aguda, metrite e mastite (POTGIETER, 1995; POTGIETER, 2004).
8-SINAIS CLÍNICOS
A manifestação dos sinais clínicos após a infecção pelo BVDV é complexa e depende de
múltiplos fatores: agente, hospedeiro e ambiente (BOLIN et al., 2002). Os fatores do hospedeiro
que podem influenciar os sinais clínicos da infecção incluem o quanto o hospedeiro é
imunocompetente ou imunotolerante ao BVDV, estado imune (passivo pelos anticorpos colostrais
ou ativo pela exposição ao BVDV ou vacinação), gestação nas fêmeas, idade gestacional do feto
no momento da infecção, nível de estresse ambiental no momento da infecção e concorrência com
outros patógenos (RADODTITS et al., 2002; BOLIN et al., 2004).
Tradicionalmente, as manifestações da infecção pelo BVDV são apresentadas em três
categorias: infecção pós-natal ou BVD, infecção fetal e doença das mucosas (BIELEFELDTOHMANN, 1995; POTGIETER, 2004).
8.1-INFECÇÃO PÓS-NATAL PRIMÁRIA
8.1.1-Infecção subclínica
Esta é a conseqüência mais comum de infecção primária pós-natal pelo BVDV em bovinos
(POTGIETER, 2004). A maioria das infecções (70 a 90%) em bovinos adultos suscetíveis são
subclínicas (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004). Uma observação mais cuidadosa pode revelar
leucopenia, pirexia e, em algumas vacas, diminuição da produção de leite. Bovinos que
apresentam infecção subclínica ou doença discreta podem estar virêmicos em quatro a quinze
dias após a infecção e desenvolver anticorpos séricos contra o BVDV em duas a quatro semanas
após a exposição (POTGIETER, 2004).
8.1.2-Diarréia viral bovina (BVD)
A BVD se refere à infecção aguda em bovinos soronegativos e imunocompetentes
(BAKER, 1987). A mortalidade é relativamente negligenciada, mas mais que 8% tem sido
relatadas, enquanto que a morbidade fica em torno de 30 a 90% (POTGIETER, 2004).
Afeta geralmente animais de seis meses a dois anos. Os sinais clínicos podem ser
evidentes por cinco a sete dias e incluem febre transitória, leucopenia, depressão, anorexia,
descarga óculo-nasal, salivação, ocasionalmente erosões e ulcerações orais, diarréia aquosa de
severidade variada e, em vacas, diminuição da produção de leite (BAKER, 1987; POTGIETER,
2004).
8.1.3-Diarréia viral bovina severa ou síndrome hemorrágica
A doença é caracterizada por um súbito quadro de depressão, pirexia, leucopenia,
trombocitopenia, diarréia, descarga nasal, salivação, úlceras orais e diminuição da produção de
leite. Posteriormente a doença é caracterizada por diarréia sanguinolenta, hemorragias petequiais
e equimóticas difusas (POTGIETER, 2004).
O grau de morbidade é superior a 40% e de mortalidade é de 10 a 25%. Surtos são
frequentemente associados à introdução de bovinos ao rebanho ou programas de vacinação
inadequados (POTGIETER, 2004). Na maior parte desses casos tem sido isolado o BVDV do tipo
2 (BOLIN et al., 2004; POTGIETER, 2004).
8.2-INFECÇÃO UTERINA (CONGÊNITA)
8.2.1-Infertilidade e aborto
Inseminação artificial com sêmen contaminado ou monta natural com um touro infectado
com BVDV pode causar baixas taxas de prenhez em conseqüência do baixo grau de concepção,
morte embrionária ou fetal, desenvolvimento embrionário prejudicado (LARSSON et al., 1994;
GROOMS, 2004; POTGIETER, 2004) e retenção de placenta (LARSSON et al., 1994).
Infecção fetal nos primeiros trinta dias de gestação pode diminuir as taxas de gestação e
gerar perdas embrionárias (STOKSTAD et al., 2002). Por outro lado, a infecção fetal nos cinqüenta
a cem dias de gestação possivelmente causa morte fetal e subseqüente expulsão ou mumificação
fetal dias ou meses após a infecção. As taxas de aborto variam e geralmente são baixas e abortos
tardios são raros (POTGIETER, 2004).
8.2.2-Defeitos congênitos
Defeitos congênitos ocorrem em fetos infectados entre os cem e cento e cinqüenta dias de
gestação (BAKER, 1987; STOKSTAD et al., 2002; GROOMS, 2004; POTGIETER, 2004). O vírus
atua no sistema nervoso central e tecido ocular em particular (GROOMS, 2004; POTGIETER,
2004).
Bovinos com hipoplasia cerebelar ou outra anomalia cerebral tem dificuldade de
movimentação, de permanecer em estação, afastando os membros, e apresentam tremores
(SCHILD et al., 2001; POTGIETER, 2004). Catarata, cegueira e opacidade da córnea podem
ocorrer nesses bovinos (POTGIETER, 2004).
8.2.3-Bovinos persistentemente infectados
Se a infecção ocorre entre os 30 e 120 dias de gestação, o vírus pode atravessar a
placenta, infectar o feto e induzir uma infecção persistente. Os anticorpos maternos não
atravessam a placenta bovina, e devido ao feto ainda não ter estabelecido uma imunocompetência
contra o BVDV, ele não tem defesa contra o vírus (STOKSTAD et al., 2002).
8.3-DOENÇA DAS MUCOSAS (DM)
Duas formas de doença das mucosas têm sido descritas: forma aguda e forma crônica
(POTGIETER, 2004). Geralmente a doença é esporádica e ocorre entre seis e vinte e cinco meses
de idade e é fatal em aproximadamente 100% dos casos (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004).
A DM aguda é caracterizada por pirexia, depressão, fraqueza, anorexia, taquicardia,
diarréia líquida profusa, que pode ser hemorrágica, desidratação, acidose e emaciação. O exame
cuidadoso da cavidade oral pode revelar lesões erosivas envolvendo os lábios, margens
gengivais, língua, comissuras labiais e parte posterior do palato duro (BAKER, 1987; POTGIETER,
2004). Lesões semelhantes podem ocorrer no focinho, cavidade bucal, mucosa vulvar e pele dos
tetos (POTGIETER, 2004). Salivação e secreção ocular mucopurulenta de severidade variada são
sinais clínicos comuns (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004). Eventualmente ocorre edema de
córnea (POTGIETER, 2004). A diarréia se desenvolve dois ou três dias após o início dos sinais
clínicos, porém em casos hiperagudos o animal pode morrer antes. As fezes são aquosas e
frequentemente fétidas e podem conter restos necróticos, sangue e fibrina (BAKER, 1987;
POTGIETER, 2004).
O curso da DM aguda varia aproximadamente de dois a vinte e um dias. Leucopenia
manifestada por neutropenia e por linfopenia pode estar evidente nos primeiros estágios da
doença. Infecções secundárias são comuns nesses animais. Existe um relato de ocorrência de
diabete melito em bovino com DM (POTGIETER, 2004).
Os sinais clínicos da DM crônica são similares àqueles observados na forma aguda, mas
são menos severos e o curso é prolongado (mais de dezoito meses) (POTGIETER, 2004). A
doença é caracterizada por inapetência, anorexia, amaciação progressiva, diarréia contínua ou
intermitente e secreção óculo-nasal. Lesões de pele são comuns em bovinos cronicamente
infectados e são caracterizadas por áreas de alopecia e hiperqueratose ou eczema na região do
pescoço (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004). Erosões crônicas frequentemente são encontradas
na boca e envolvendo a pele (BAKER, 1987), incluindo as áreas perineal, vulvar e prepucial,
junção pele e chifre, fenda interdigital e cascos. Claudicação crônica pode se desenvolver como
resultado de laminite ou necrose interdigital (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004). Anemias,
neutropenia e linfopenia usualmente estão presentes. Infecções secundárias são comuns
(POTGIETER, 2004). Os bovinos afetados morrem pela debilidade (BAKER, 1987; POTGIETER,
2004).
9-PATOLOGIA
O BVDV tem sido associado com patologia em inúmeros sistemas incluindo o respiratório,
hematológico, imunológico, neurológico e reprodutivo (GROOMS, 2004).
Os achados de necropsia e histologia variam de acordo com o curso e evolução da
doença (RADOSTITS et al., 2002). As lesões são resultados da interação de fatores como o
biótipo do vírus, o genótipo hospedeiro, idade, estado imune do animal no momento da infecção,
da resposta imune induzida, e infecções intercorrentes ou outros fatores estressantes
(BIELEFELDT-OHMANN, 1995).
9.1-INFECÇÃO PRIMÁRIA APÓS NASCIMENTO
É difícil diferenciar entre as alterações patológicas induzidas pela infecção após o
nascimento ou as das produzidas pela doença das mucosas (POTGIETER, 2004).
A infecção pós-natal aguda pode ser subclínica, leve ou severa. As lesões patológicas são
basicamente as mesmas, porém o grau de manifestação varia de acordo com cada animal
(POTGIETER, 2004).
A principal lesão macroscópica desta forma de BVDV é uma enterite acompanhada de
edema e hemorragias petequiais ou equimóticas especialmente no íleo distal e cólon proximal
(WILHELMSEN et al., 1990; POTGIETER, 2004). Erosões simples ou múltiplas na mucosa oral e
esofágica estão invariavelmente presentes (POTGIETER, 2004). As lesões que ocorrem no tecido
linfóide são semelhantes àquelas descritas na doença das mucosas, como o aumento de volume e
edema nos linfonodos mesentéricos (WILHELMSEN et al., 1990). Pode ocorrer linfadenite nos
linfonodos mesentéricos (POTGIETER, 2004).
O BVDV do tipo 2 causa hemorragias petequiais e equimóticas generalizadas que podem
ocorrer na esclera, conjuntiva, endocárdio, epicárdio, superfícies serosa e mucosa do trato
gastrointestinal, baço, maioria dos linfonodos, cavidade oral, musculatura esquelética e bexiga.
Osteopetrose pode estar associada às infecções naturais (POTGIETER, 2004).
As alterações histológicas normalmente são confundidas aos sistemas digestivo, linfóide e
respiratório. As lesões inflamatórias, edema da submucosa e mucosa do trato gastrointestinal
manifestam-se pela dilatação dos vasos linfáticos da submucosa e pela separação das fibras do
músculo liso da camada interna da túnica muscular (POTGIETER, 2004). Linfocitólise folicular nos
nódulos linfóides da mucosa intestinal e nos linfonodos mesentéricos é comum e depleção linfóide
no parênquima do baço também pode ocorrer. As hemorragias petequiais, quando presentes,
ocorrem nas áreas foliculares e paracortical e sua patogenia continua incerta (WILHELMSEN et
al., 1990; POTGIETER, 2004).
Infecções pelo BVDV do tipo 2 tem resultado em broncopneumonia multifocal, atrofia da
medula óssea vermelha e necrose e erosões na membrana mucosa do trato gastrointestinal
(POTGIETER, 2004).
9.2-INFECÇÃO UTERINA (CONGÊNITA)
Infecções fetais no primeiro trimestre de gestação resultam em morte embrionária ou fetal
seguida de absorção, mumificação ou aborto com expulsão ocorrendo em qualquer momento ou
alguns meses depois (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; POTGIETER, 2004). A presença de
anticorpos em fetos, como em neonatos não lactentes, indica que ocorreu infecção intra-uterina,
mas seu significado diagnóstico, com referência ao abortamento, não está claro. O isolamento do
vírus do feto ou a demonstração do antígeno viral dentro dos tecidos fetais são sugestivas de um
diagnóstico de abortamento pestiviral (RADOSTITS et al., 2002). Embora se pensasse que o
BVDV tivesse efeito no desenvolvimento embriológico, notou-se que mudanças inflamatórias do
útero seguidas da infecção pelo BVDV resultam em ambiente incompatível ao desenvolvimento
fetal (GROOMS, 2004).
As lesões associadas com abortamento pelo BVDV consistem principalmente de reações
inflamatórias necrosantes (POTGIETER, 2004) presentes na pálpebra fetal, pulmão e miocárdio
(RADOSTITS et al., 2002), mas não são características e raramente são observadas devido à
autólise fetal. Difíceis de serem observadas até mesmo em fetos não autolisados. O principal
achado é a depleção do timo (POTGIETER, 2004).
Lesões macroscópicas incluem aumento de tamanho do baço, linfonodos e fígado. Os
achados histológicos se caracterizam por infiltrado mononuclear, principalmente histiocitário, na
região periportal do fígado, no miocárdio, baço e linfonodos (POTGIETER, 2004).
As lesões teratogênicas reconhecidas como possíveis conseqüências de infecção intrauterina incluem a hipoplasia cerebelar (BAKER, 1987; BIELEFELDT-OHMANN, 1995; SCHILD et
al., 2001; POTGIETER, 2004), desmielinização da medula espinhal, hidranecefalia, porencefalia e
hidroencefalia (BAKER, 1987; BIELEFELDT-OHMANN, 1995; WOHRMANN et al, 1992;
POTGIETER, 2004), catarata, degeneração e displasia retinais, corioretinopatia e hipoplasia,
atrofia e neurite dos nervos ópticos (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; RADOSTITS et al., 2002;
GROOMS, 2004; POTGIETER, 2004). Outros defeitos congênitos causados pelo vírus são o
bragnatismo, hipotricose, artogripose, retardo do crescimento e hipoplasia pulmonar e do timo
(BIELEFELDT-OHMANN, 1995; POTGIETER, 2004) e alopecia parcial (KENDRICK, 1971).
O exame histológico indica que as lesões teratogênicas estão associadas ao retardos do
desenvolvimento, alterações degenerativas e processos inflamatórios (POTGIETER, 2004). A
hipoplasia cerebelar é caracterizada por redução da camada molecular e número de células da
camada granular e da redução e substituição das células de Purkinje (BIELEFELDT-OHMANN,
1995; GROOMS, 2004; SCHILD et al., 2001; POTGIETER, 2004). Em casos tardios,
remanescentes de processos inflamatórios, UM infiltrado leucocitário, ainda pode ser evidente
(BIELEFELDT-OHMANN, 1995). Em outros casos, a desmielinização parece ser o achado mais
evidente (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; POTGIETER, 2004).
A hipoplasia ou atrofia de timo tem chamado muita atenção e existem especulações
quanto ao efeito imunodepressivo significativo do BVDV. Embora o BVDV esteja presente no timo
no nascimento, nem sempre resulta em hipoplasia. O retardo do crescimento, mais
freqüentemente notado em bovinos PI tem implicação importante com relação à síndrome do
novilho fraco (BIELEFELDT-OHMANN, 1995).
9.3-INFECÇÃO PERSISTENTE
Bovinos PI podem apresentar malformações como retardo no crescimento devido à
infecção uterina. Entretanto, muitos desses bovinos não demonstram lesões macroscópicas e tem
aparência normal (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004). Alguns animais podem apresentar
evidências histológicas da infecção (BIELEFELDT-OHMANN, 1995) como nefrite intersticial
mononuclear, hepatite portal mononuclear discreta, necrose focal e infiltrado mononuclear no
epitélio do esôfago e da língua (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; POTGIETER, 2004), encefalite
mononuclear e hiperplasia linfóide peribronquiolar (POTGIETER, 2004).
Em animais com retardo no crescimento, alterações macroscópicas e histológicas da pele
podem estar presentes. Macroscopicamente abservam-se lesões erosivas superficiais com
escamação interdigitais e em volta de orifícios. Histologicamente, as lesões podem variar de leve
atenuação de pregas e infiltrado discreto mononuclear na derme, a mudanças mais pronunciadas
como paraqueratose e hiperqueratose (BIELEFELDT-OHMANN, 1995).
9.4-DOENÇA DAS MUCOSAS (DM)
A DM é caracterizada por lesões necróticas de severidade variada, principalmente no trato
digestivo, tegumentar e linfóide (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004). As manifestações clínicas e
achados patológicos da doença das mucosas podem ser extremamente variados, embora isso
ocorra mais em grau do que em tipo (BIELEFELDT-OHMANN, 1995). A debilidade, emaciação e
infecções secundárias são comumente associadas com a forma crônica (POTGIETER, 2004). O
exame macroscópico revela apenas diferenças sutis entre as formas aguda e crônica da doença
das mucosas e, histologicamente, existe similaridade entre o tipo de lesão, porém com distribuição
diferente. Portanto a diferenciação entre as duas formas apenas pelos exames macroscópicos e
histológicos é difícil (CARMAN et al., 1998).
As alterações macroscópicas da DM aguda usualmente incluem erosões ou ulcerações
superficiais características em mucosas ou epitélio do focinho, lábios, cavidade oral e cavidade
nasal (BAKER, 1987; BIELEFELDT-OHMANN, 1995; RADOSTITS et al., 2002; POTGIETER,
2004) e em menor extensão na faringe e laringe (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; RADOSTITS et
al., 2002). No esôfago, essas erosões são lineares e mais comuns no terço superior (BARKER et
al., 1993) e estendem-se na direção das pregas da mucosa esofágica (BIELEFELDT-OHMANN,
1995; RADOSTITS et al., 2002). Lesões erosivas podem estar presentes nos pilares do rúmen,
retículo e abomaso (RADOSTITS et al., 2002; POTIGIETER, 2004). Edema e hemorragias na
submucosa podem estar associados às erosões no abomaso (BAKER, 1987; RADOSTITS et al.,
2002; POTGIETER, 2004).
As lesões intestinais têm natureza e extensão variadas e podem aparecer como enterite
catarral,
hemorrágica,
fibrino-necrótica
e/ou
ulcerativa
(BIELEFELDT-OHMANN,
1995;
POTGIETER, 2004). No intestino delgado as lesões macroscópicas estão frequentemente
limitadas à mucosa sobre as placas de Peyer e não são encontradas alterações distintas na
mucosa adjacente (LIEBLER-TENORIO, 2000), frequentemente parecendo normal exceto pela
congestão, flacidez e edema irregulares ou difusos em alguns casos (BIELEFELDT-OHMANN,
1995; RADOSTITS et al., 2002). As placas de Peyer podem estar severamente aprofundadas em
relação à mucosa e freqüentemente recobertas por fibrina e sangue coagulado (LIEBLERTENORIO, 2000; RADOSTITS et al., 2002). O tecido linfóide pode estar com a aparência nodular
(LIEBLER-TENORIO, 2000), necrótica, hemorrágica (BAKER, 1987; BIELEFELDT-OHMANN,
1995; POTGIETER, 2004). Essas lesões são características e comparadas somente com as
encontradas na peste bovina e na febre catarral maligna. No intestino grosso, a mucosa pode
estar congesta (RADOSTITS et al., 2002) e com erosões no cólon proximal (BIELEFELDT-
OHMANN, 1995). Outras alterações linfóides incluem atrofia do timo e aumento dos linfonodos
periféricos (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; POTGIETER, 2004).
As lesões de forma superaguda da DM são similares as lesões de forma aguda e
geralmente não é possível diferenciar entre as duas formas com base nos achados macroscópicos
e histopatológicos. Pode haver ausência de lesões entéricas macroscópicas, especialmente nos
animais que morrem dentro de 24 horas após o início dos sinais clínicos e nos bezerros com
menos de seis meses de idade. Nesses casos superagudos, pneumonia pode ser a lesão mais
evidente. Os casos nos quais há hemorragia disseminada atribuível a trombocitopenia também
podem ser uma forma de infecção superaguda (RADOSTITS et al., 2002).
Classicamente os achados da DM crônica e as lesões do trato digestivo superior são
geralmente menores e mais discretas que as encontradas na forma aguda da doença (LIEBLERTENORIO, 2000; POTGIETER, 2004). Podem ocorrer jejunite, ileíte e colite ulcerativas (LIEBLERTENORIO, 2000). As lesões da pele, entretanto, são características da doença crônica. Essas se
apresentam como erosões, eczemas ou hiperqueratose e estão mais proeminentes nas regiões do
períneo, pescoço, fissura interdigital e banda coronária. Pode ocorrer infecção bacteriana
secundária nas lesões. As lesões eczematosas são caracterizadas por hiperqueratose,
paraqueratose, hipotricose e alopecia (POTGIETER, 2004).
Histologicamente, as lesões do trato digestivo superior são representadas pela perda das
células epiteliais no estrato basal e espinhoso e infiltrado de macrófagos e linfócitos no epitélio e
lâmina própria (LIEBLER-TENORIO, 2000; POTGIETER, 2004), sendo este um dos primeiros
eventos do epitélio queratinizado (POTGIETER, 2004), seguido de hemorragia e necrose celular
resultando em focos de necrose circunscrita no estrato espinhoso cobertos pelo estrato córneo
intacto (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; RADOSTITS et al., 2002; POTGIETER, 2004). As erosões
se desenvolvem quando a integridade do estrato córneo é partida (POTGIETER, 2004).
Ulcerações e erosões ocorrem no abomaso e são comuns nos bovinos na forma aguda e crônica
(LIEBLER-TENORIO, 2000). Podem ocorrer degeneração e necrose do epitélio das criptas
resultando em acúmulo de restos celulares (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; POTGIETER, 2004),
essas podem ficar ocluídas e dilatadas com achatamento do epitélio e desaparecimento de
microvilosidades (BIELEFELDT-OHMANN, 1995). Em alguns casos, ou em algumas áreas do
intestino, pode ocorrer metaplasia de células mucóides, acompanhada de produção excessiva e
acúmulo de muco (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; POTGIETER, 2004) e infiltrado mononuclear,
predominantemente histiocitário, na lâmina própria (POTIGIETER, 2004), epitélio das criptas,
vilosidades e tecido linfóide (BIELEFELDT-OHMANN, 1995; POTGIETER, 2004).
Na DM aguda, apoptose de células do córtex do timo pode ocorrer de forma acentuada. A
presença de macrófagos no córtex pode ocorrer. Nos casos crônicos da DM há alteração
estrutural do timo e atrofia do córtex (POTGIETER, 2004). Nas placas de Peyer ocorre depleção
acentuada das células mononucleares e alteração da arquitetura normal da doença aguda
(LIEBLER-TENORIO, 2000; POTGIETER, 2004). Nos casos crônicos, ocorre atrofia do tecido
linfóide folicular, hemorragia e, frequentemente, subdesenvolvimento do epitélio das criptas
(BIELEFELDT-OHMANN, 1995; RADOSTITS et al, 2002; POTGIETER, 2004). Outras alterações
incluem edema nas camadas subepiteliais, hiperemia e diapedese (BIELEFELDT-OHMANN,
1995). Alterações nos linfonodos incluem depleção linfóide da periferia e dos folículos primários e
secundários. No baço a depleção linfóide ocorre em torno da bainha periarteriolar linfóide
(POTGIETER, 2004) e pode ser observado variado grau de necrose dos centros germinativos
(BAKER, 1987), o que pode ocorrer também nos linfonodos (BAKER, 1987; POTGIETER, 2004).
10-DIAGNÓSTICO
O diagnóstico clínico da doença das mucosas é geralmente feito com base na presença
de achados clínicos e patológicos característicos (RADOSTITS et al., 2002). Vários são os
exames laboratoriais que auxiliam no diagnóstico definitivo, como o isolamento ou detecção de
antígenos virais e/ou a demonstração da resposta sorológica ao vírus (RADOSTITS et al., 2002;
SALIKI et al., 2004). O material a ser remetido depende da história clínica e do rebanho, se houver
ou não a suspeita de infecções persistentes ou agudas, e a história de vacinação, necessária para
interpretar a sorologia (RADOSTITS et al., 2002). Mas podem-se enviar ao laboratório fragmentos
congelados de baço ou de gânglios mesentéricos, colhidos com assepsia e remetidos em frascos
esterilizados e acondicionados em isopor com gelo, além do soro de animais convalescentes em
isopor com gelo e segmentos das lesões ulcerativas do trato digestivo fixados em solução de
formol (SANTOS et al., 1983), além de sangue com anticoagulante, fetos e envoltórios fetais
(placenta e placentomas) (FLORES, 2003).
10.1-ISOLAMENTO VIRAL
O isolamento viral é um método confiável para o diagnóstico das infecções pelo BVDV. O
vírus cresce em muitas linhas celulares de várias espécies animais. Entretanto, apenas três linhas
são amplamente utilizadas no diagnóstico laboratorial para o isolamento do BVDV: BT, Btest e
MDBK (SALIKI et al., 2004).
As cepas do vírus podem ser caracterizadas in vitro como biótipos CP ou NCP
(RADOSTITS et al., 2002). As cepas citopáticas causam alterações celulares in vitro
características, evidentes nas culturas celulares inoculadas dentro de 48 horas, sendo essa a
forma mais isolada a campo (RADOSTITS et al. 2002; SILIKI et al., 2004).
No animal vivo, a melhor amostra para isolamento do BVDV é o sangue total
(RADOSTITS et al., 2002; SALIKI et al., 2004). Podem ser utilizadas também a camada
leucocitária ou soro do sangue para culturas celulares (RADOSTITS et al., 2002). À necropsia, as
melhores amostras são os órgãos linfóides, como baço, placas de Peyer do intestino delgado,
linfonodos mesentéricos e timo (SALIKI et al., 2004).
10.2-DETECÇÃO DO ANTÍGENO
Como os métodos de isolamento viral requerem um período prolongado de tempo, os
métodos de diagnóstico alternativos, como a imunohistoquímica, estão ganhando importância, por
serem mais baratos, rápidos e sensíveis para o diagnóstico de BVDV (HAINES et al., 1992;
BASZLER et al., 1995; SALIKI et al., 2004).
10.2.1-Imunoistoquímica (IHQ)
O antígeno do BVDV pode ser rapidamente identificado nas amostras teciduais, utilizando
métodos imunoistoquímicos (RADOSTITS et al., 2002). Um anticorpo monoclonal 15C5, que reage
com a proteína E0 (gp48), demonstrou reagir amplamente com a maioria das cepas do BVDV,
podendo ser usado para detectar o antígeno do BVDV nos tecido fixados em formalina a 10%,
embebidos em parafina, o que possui amplas aplicações diagnósticas e de pesquisa (RADOSTITS
et al., 2002; LERTORA et al., 2002; LERTORA et al., 2003; BRODERSEN, 2004; SALIKI et al.,
2004). O gene que codifica E0 do BVDV tem uma alta seqüência homóloga entre os pestivírus e,
adicionalmente, o E0 é adequado para sistemas de detecção, nos quais uma grande variedade de
isolamentos pode ser detectada (BRODERSEN, 2004).
A IHQ é uma ferramenta de detecção sensível e específica dos antígenos do BVDV em
bovinos afetados (BRODERSEN, 2004). A pele dos animais PI é um dos tecidos na qual o BVDV
pode ser consistentemente identificado pela IHQ, é uma amostra acessível (NJAA et al., 2000;
LERTORA et al., 2002; BRODERSEN, 2004) e tem resultado numa técnica capaz de testar
bovinos jovens sem interferência de anticorpos colostrais (NJAA et al., 2000; LERTORA et al.,
2002; BRODERSEN, 2004). Outra técnica também estudada é a IHQ dos bulbos pilosos com
resultado positivo (LERTORA et al., 2002).
A técnica é capaz de diferenciar bovinos PI dos bovinos não PI, previamente
diagnosticados pelos métodos ELISA, PCR e isolamento viral (LERTORA et al., 2002; LERTORA
et al., 2003). Estudos demonstram algumas vantagens da técnica de IHQ frente às demais, como
a estabilidade das amostras fixadas em formalina em comparação ao sangue, evitando falsos
negativos por autólise, permite diferenciar bovinos PI de bovinos com infecção aguda com uma só
amostra e permite analisar bezerros neonatos já que os anticorpos colostrais não interferem na
técnica (GROOMS et al., 2002; LERTORA et al., 2003; BRODERSEN, 2004).
Na maioria dos casos, animais com infecção aguda não demonstram uma quantidade
significativa de antígeno em tecido cutâneo (NJAA et al., 2000; BRODERSEN, 2004; SALIKI et al.,
2004) e a marcação positiva da IHQ, quando ocorre, é discreta (NJAA et al., 2000). A presença de
antígeno na biópsia de pele é um forte indicativo que o BVDV estava no rebanho por um tempo
significativo, evidenciado pela presença de um animal PI (SALIKI et al., 2004), possibilitando a
oportunidade de estudo de fatores epidemiológicos frente à presença de animais PI no rebanho
(LONERAGAN et al., 2005).
10.2.2-ELISA
O teste de ELISA é capaz de detectar, com rapidez e precisão, os antígenos específicos
para o pestivírus nos leucócitos sanguíneos periféricos, nos coágulos sanguíneos e amostras
teciduais dos bovinos PI. Demonstra boa concordância com os procedimentos de isolamento viral
convencionais, sendo adequado para testes de atestado e diagnóstico de rotina (RADOSTITS et
al., 2002). As técnicas de anticorpo monoclonal também são usadas para detectar o antígeno viral
no sistema nervoso central dos bovinos PI (SCHMITZ, 2006).
Os kits comerciais são usuais na detecção de animais PI, e não são confiáveis no
diagnóstico de infecção aguda por BVDV (SALIKI et al., 2004). O teste de ELISA é usado em
amostras de leite, para mensurar a prevalência das vacas positivas ao anticorpo contra BVDV nos
rebanhos leiteiros (RADOSTITS et al., 2002).
O teste de ELISA pode ser aplicado também em cortes de orelha não fixadas em formalina
(SALIKI et al., 2004; CORNISH, 2005).
10.3-DETECÇÃO DOS ÁCIDOS NUCLÉICOS
Em geral os ácidos nucléicos virais podem ser detectados diretamente de amostras
animais ou podem ser amplificados por PCR (SALIKI et al., 2004). Os métodos de detecção dos
ácidos nucléicos do RNA do genoma viral apresentam vantagens sobre o isolamento viral por falta
de interferência potencial com anticorpo neutralizante bem como sua sensibilidade e
especificidade (RADOSTITS et al., 2002).
10.3.1 – PCR
A técnica de PCR é capaz de detectar pequenas quantidades de ácido nucléico viral de
amostras de sangue e tecidos, incluindo material conservado. Fatores, como custo, perícia
técnica, equipamento e automatização e métodos de extração do RNA, são consideradas
desvantagens em comparação com métodos padrões de isolamento viral (RADOSTITS et al.,
2002). O PCR é um método muito sensível (RADOSTITS et al., 2002; BRODERSEN, 2004), mas é
sujeito a falsos positivos devido a contaminações das amostras no momento da coleta ou no
laboratório (BRODERSEN, 2004). Ensaio de amplificação por PCR é usado em amostras
volumosas de leite, para identificar rebanhos leiteiros com infecção pelo BVDV (RADOSTITS et
al., 2002), e é também efetivo na detecção de bovinos PI (BRODERSEN, 2004).
10.4-SOROLOGIA
As técnicas sorológicas são usadas para detectar e mensurar os anticorpos. O teste de
neutralização sérica (NS) é o teste padrão para determinar a ocorrência de um título para o BVDV
(RADOSTITS et al., 2002). O título de anticorpos pode variar muito entre os laboratórios conforme
a cepa viral e as células utilizadas no teste (RADOSTITS et al., 2002; SALIKI et al., 2004).
Após a infecção aguda, o anticorpo sérico é primeiramente detectável em duas a três
semanas, e os níveis de picos do anticorpo acorrem oito a dez semanas mais tarde. Após
vacinação bem sucedida, os títulos NS ficam altos por muitos meses (RADOSTITS et al., 2002).
Os animais PI saem soronegativos, exceto se tiverem anticorpo colostral nas primeiras
semanas após nascimento. Os anticorpos geralmente não são detectáveis no soro da maioria dos
bovinos com doença da mucosa. A tolerância imune específica do vírus persistente também não
será rompida pelo vírus citopático, se ele for antigenicamente similar ou idêntico ao vírus
persistente, resultado da doença das mucosas fatal. Os bovinos PI expostos a outros isolamentos
do vírus citopáticos que não induzem imediatamente a doença das mucosas podem produzir
anticorpos neutralizantes séricos altamente específicos (RADOSTITS et al., 2002).
O soro pré-colostral dos bezerros infectados in vitro como fetos imunocompetentes podem
ter anticorpos neutralizantes específicos para o vírus, e sua demonstração é significativa para
diagnóstico de infecção passada. Um teste de neutralização sérica com uma incubação curta de
três dias é atualmente disponível, sendo um progresso sobre o teste de cinco dias (RADOSTITS et
al., 2002).
Deve-se tomar cuidado com interpretação dos resultados na ausência do histórico.
Quando corretamente aplicado, o teste sorológico pode ser utilizado para testar a eficácia da
vacina, avaliar a confiança do protocolo de vacinação, conferir o estado do rebanho frente à
exposição do BVDV e associar o BVDV com sinais clínicos (SALIKI et al., 2004).
10.5-BIOPSIA DE ORELHA
A detecção de PI através da biopsia de orelha é uma técnica recentemente desenvolvida
nos Estados Unidos e amplamente utilizada. É um exame altamente específico e é mais sensível
que o isolamento viral a partir do sangue total. O diagnóstico consiste em imunoistoquímica em
cortes histológicos de orelha. Para tanto, um fragmento de 0,5 cm é suficiente. A biopsia pode ser
realizada com uma tesoura desinfetada. Após, recomenda-se aplicar um produto para prevenção
de miíases. O material deve ser devidamente identificado, acondicionado em saco plástico
(preferencialmente) e refrigerado. (http://www.ufrgs.br/patologia/biopsia_orelha_bvd.pdf).
11-DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O BVDV deve ser diferenciado de etiologias que causam diarréia, erosões e/ou ulcerações
no trato gastrointestinal, falha reprodutiva, teratologia, doenças de pele, subdesenvolvimento e
doença respiratória. As causas desses incluem diversos agentes infecciosos, parasitos e toxinas.
As mais freqüentes são a febre catarral maligna, doença da língua azul (embora não exista relato
de doença clínica no Brasil), rinotraqueíte infecciosa bovina, salmonelose, febre aftosa, coccidiose
e helmintoses (POTGIETER, 2004), como também, estomatite papulosa, diarréias de inverno de
etiologia desconhecida, infecções por adenovírus, peste bovina (BEER, 1999), septicemia
hemorrágica, nariz vermelho e envenenamento (BAILEY, 1987).
A prevalência e epidemiologia dessas doenças em diferentes países devem ser levadas
em conta no diagnóstico. Por exemplo, a febre aftosa ocorre em alguns países, como no Brasil,
porém geralmente é caracterizada por baixa mortalidade, ausência se diarréia e rápida
disseminação. Febre catarral maligna normalmente está associada com vasculite generalizada,
alta mortalidade (BARKER et al., 1993) e está presente mais em certos ungulados, como por
exemplo, ovelhas (POTGIETER, 2004).
12-PROGNÓSTICO
É reservado, pois ao início do surto não é possível avaliar a morbidade (CORREA et al.,
1992) e, quando existem lesões das mucosas e desidratação é desfavorável (BEER, 1999), pois a
evolução é rápida e causa alta letalidade (CORREA et al., 1992).
O amplo aspecto de moléstias clínicas, e sua natureza freqüentemente insidiosa podem
provar que estas baixas estimativas de moléstia clínica são demasiadamente conservadoras
dadas às novas técnicas diagnósticas virais atualmente a disposição do clínico. Ocorrem surtos
acasionais de BVDV em populações suscetíveis isoladas, que afetam até 40% do rebanho, com
taxas de casos fatais de até 50%. Isto pode ser a conseqüência de nova cepa viral introduzida na
população, ou a rebanhos verdadeiramente não anteriormente atingidos pelo vírus, geralmente
rebanhos fechados e isolados (SMITH, 1993).
13-TRATAMENTO
Não existe tratamento especifico para esta doença (BLOOD et al., 1991). Os bovinos com
uma doença clínica suave associada a uma BVDV aguda não requerem nenhuma terapia
específica, mas devem receber alimento e água frescos e não ser sujeitos a nenhum estresse
exógeno, transporte ou vacinação. Os bovinos com problemas específicos (tais com diarréia)
podem exigir fluidoterapia oral ou intravenosa se uma diarréia prolongada, junto com anorexia
relativa ou absoluta, causarem desidratação. Não se deve sujeitar os animais clinicamente
doentes (ou seja, aos animais com febre, depressão, diarréia e desidratação) a nenhum estresse
estranho e eles podem-se beneficiar de antibióticos bactericidas profiláticos para minimizar o
potencial de infecção bacteriana oportunistas (como a pneumonia). Os bezerros com BVDV aguda
são mais prováveis de exigir fluidos e eletrólitos suplementares (REBHUN, 2000).
Aos bovinos com evidências clínicas de sangramento devido a trombocitopenia, às
transfusões de sangue completo fresco podem beneficiar. Geralmente 4 litros de sangue fresco
completo coletados de um doador são adequados, a menos que uma perda sangüínea tenha
causado risco de vida. Não se deve submeter tais bovinos a procedimentos cirúrgicos, injeções
parenterais ou lotação, e se deve controlar a população de insetos para evitar lesões múltiplas que
possam originar um sangramento clínico (REBHUN, 2000).
Os corticosteróides e as DAINE são contra indicados nos bovinos que sofrem de BVDV
aguda, pois ambas as categorias de droga predispõem à erosão e ulceração do trato digestivo. Os
animais que ingerirem alimento e água podem ser tratados com doses criteriosas de aspirina
como antipirético, mas mesmo a aspirina reduz as prostaglandinas citoprotetoras no trato
gastrointestinal e nos rins, num certo grau (REBHUN, 2000).
.
14-CONTROLE E PROFILAXIA
Em muitos países, usa-se o fato de que a elevada prevalência da infecção se manifesta
mais pelos testes sorológicos que pela doença clínica, para justificar a ausência de medidas
profiláticas (RODOSTITS et al., 1986), mas para o sucesso no controle e prevenção da BVDV é
importante e identificação imediata do vírus, bem como a eliminação dos animais
persistentemente virêmicos e imunização dos reprodutores antes que atinjam a idade reprodutiva
(BLOOD et al., 1991).
O controle da BVDV consiste de alguns pontos importantes, dentre eles: diagnóstico
definitivo da doença, terapia médica específica e medicina preventiva (manejo e vacinação)
(REBHUN, 2000), além de controle rígido de trânsito de animais na fazenda, da qualidade do
sêmen utilizado na fazenda (livre de patógenos) e monitoramento por sorodiagnóstico (DEL FAVA
et al., 2003).
O controle da infecção pelo BVD pode ser efetuado com ou sem vacinação (FLORES
2003).
14.1-CONTROLE COM VACINAÇÃO
Indicado para rebanhos com alta rotatividade de animais, rebanhos com sorologia positiva,
com histórico de doença clínica ou reprodutiva compatível e com confirmação virológica de BVDV.
Também é indicado para propriedades de terminação de novilhos, onde novilhos de várias
procedências são colocados juntos. Rebanhos leiteiros com constante anexação de animais, troca
de reprodutores, etc. Também podem ser aconselhados a fazer vacinação (FLORES, 2003).
No Brasil, todas as vacinas para o BVDV disponíveis atualmente são inativadas, com
adjuvante oleoso ou hidróxido de alumínio. Geralmente, essas vacinas são associadas a vacinas
para outros agentes infecciosos como o herpesvírus bovino-1, vírus da Parainfluenza-3 e vírus
respiratório sincicial (BRSV). Vacinas inativadas geralmente induzem resposta sorológica
moderada e de curta duração. Por isso, para uma resposta adequada são aconselhadas
revacinações periódicas (FLORES, 2003).
A vacinação deve seguir o esquema indicado pelos fabricantes. Geralmente, os bezerros
são vacinados aos 4-6 meses e revacinados 30 a 40 dias após. Alguns animais podem ainda
possuir anticorpos maternos nessa idade. Assim, é recomendada uma revacinação aos 8-12
meses. Revacinações a cada 6-12 meses devem ser realizadas para manutenção da imunidade.
Não há um esquema ideal, porém, um mínimo de uma dose anual é necessária. No caso das
fêmeas, recomenda-se revacinação previamente à temporada de monta (2-3 semanas antes da
cobertura) (FLORES, 2003).
As vacinas oleosas devem requerer menor número de revacinações, porém, não há
dados sobre o esquema de vacinação a utilizar. Para aumentar a amplitude antigênica da
imunização, recomenda-se utilizar vacinas com cepas regionais ou a rotação de vacinas
produzidas a partir de diferentes cepas (BOLIN, 1995). Do ponto de vista prático, poder-se-ia fazer
a primovacinação com uma determinada vacina e revacinações com vacinas de outros fabricantes
(FLORES, 2003).
Vacinas produzidas com cepas tipo I em geral induzem proteção parcial ou incompleta
contra cepas de BVDV-II. No Brasil, atualmente só uma vacina contém o BVDV-II, embora existam
cepas de BVDV-II circulando na população bovina. Recentemente, alguns laboratórios estão
tentando licenciar vacinas contendo os dois genótipos (BVDV-I e II) no país (FLORES 2003).
Como regra geral, as vacinas contra o BVDV podem induzir boa proteção contra a doença
clínica, mas são usualmente ineficazes em proteger os fetos de infecção transplacentária
(FLORES 2003). Em recente estudo realizado no Setor de Virologia da UFSM, foram testadas três
vacinas comerciais contra o BVDV. Todas elas induziram títulos baixos a moderados de
anticorpos, e em apenas uma parcela dos animais. Os títulos foram menores e menos freqüentes
contra o BVDV-II. Esses resultados questionam sobre a eficácia dessas vacinas. Da mesma
forma, nenhuma dessas vacinas foi capaz de proteger fetos ovinos frente à inoculação
experimental (SILVA, 2003).
Embora ainda não estejam licenciadas no Brasil, as vacinas com vírus vivo modificado são
mais eficazes na indução de proteção. No SV/UFSM, foi desenvolvida uma vacina experimental
com cepas brasileiras de BVDV-I e BVDV-II. Essa vacina induziu títulos altos de anticorpos em
todos os animais vacinados e foi capaz de proteger os fetos de infecção transplacentária.
Portanto, a tendência é a de que as vacinas com vírus vivo modificado, há décadas em uso nos
Estados Unidos, eventualmente venham a ser licenciadas no Brasil (FLORES 2003).
Enfatizando novamente: controle com vacinação deve ser usado em rebanhos em que
haja risco real de introdução do agente, ou em que o agente já tenha se manifestado. Nesses
casos, deve-se seguir estritamente as instruções do fabricante em relação à dose, via de
aplicação e intervalos para revacinações (FLORES 2003).
14.2-CONTROLE SEM VACINAÇÃO
É indicado para rebanhos fechados, sem o ingresso freqüente de animais. Rebanhos
extensivos de gado de corte geralmente enquadram-se nessa categoria. Também indicado para
rebanhos cujos parâmetros reprodutivos e clínicos não registrem eventos sugestivos da infecção
pelo BVDV. Rebanhos com sorologia negativa, e cujo ingresso de animais seja raro ou eventual
também não correm grande risco de introdução do agente. Nesses casos, pode-se utilizar o
controle sem vacinação, que objetiva manter o status negativo do rebanho. Nesses rebanhos (sem
animais PI, sem sorologia, sem sinais clínicos e reprodutivos sugestivos do BVDV) e que se
deseje evitar a introdução da infecção sem vacinação, recomenda-se testar para vírus todo e
qualquer animal antes de ingressar na propriedade. Através dessa medida, pode-se manter
rebanhos livres da infecção, pois a principal forma de introdução da infecção é através de animais
infectados (na fase aguda ou persistente). Vacas prenhes e bezerros devem ser especialmente
testados, pois representam importantes formas de introdução de vírus nos rebanhos (FLORES,
2003).
Em rebanhos suspeitos de possuírem animais PI, ou com histórico de casos clínicos
suspeitos de BVDV, o controle baseia-se na detecção e eliminação dos animais infectados
persistentes (PI). Diversos métodos têm sido descritos para identificação dos animais PI, entre
eles o mais utilizado é o isolamento do vírus em cultivo celular. Considera-se o animal
persistentemente infectado quando se obtém o isolamento viral a partir de duas coletas de sangue
separadas, no mínimo, por três semanas. Para isso, deve-se enviar sangue com anticoagulante
para o diagnóstico. Uma vez identificados esses animais devem ser descartados, pois são as
fontes de infecção. Deve-se suspeitar da existência de animais PI em rebanhos cujos problemas
reprodutivos e clínicos compatíveis com o BVDV sejam freqüentes e após a confirmação
laboratorial. Nesses rebanhos, todos os animais com idade entre seis meses e dois anos devem
ser testados para a presença de vírus. Outras técnicas, como PCR, ELISA de captura, e
imunohistoquímica em biópsias de pele estão sendo desenvolvidas para facilitar e baratear a
identificação de animais infectados persistentemente (FLORES, 2003).
Em resumo, o controle da infecção baseia-se na vacinação (nos casos recomendados),
procurando-se manter níveis altos de anticorpos; em medidas de prevenção para impedir a
entrada de animais infectados em rebanhos livres; e na identificação e remoção de animais PI (em
rebanhos que possuam esses animais). Em qualquer caso, a decisão de vacinar ou não deve ser
muito criteriosa, devido ao custo e à eficácia questionável das vacinas. Em grande parte dos
casos, um bom controle sem vacinação pode manter a propriedade livre da infecção (FLORES,
2003).
15-RELAÇÃO COM O HOMEM
Não foi constatado até o momento nenhum caso na espécie humana, já que este é
resistente ao vírus (MAYR et al., 1988).
16-PREVALÊNCIA DA BVDV NO BRASIL
No Brasil, inquéritos soroepidemiológicos revelaram que a BVDV está difundida
(RICHTZEINHAIN et al., 1999). A situação epidemiológica atual da infecção no país ainda é muito
pouco conhecida. Isso se deve, em parte, ao pequeno número de laboratórios que realiza o
diagnóstico da infecção. Informações de veterinários de campo indicam que é provável que ocorra
um maior número de casos sem diagnóstico, especialmente da forma reprodutiva (FLORES,
2003).
Na Bahia, Ribeiro et al. (1987) detectaram, em uma amostragem de 1.618 soros, 237
(14,64%) soropositivos. Castro et al. (1993), após realização da soroneutralização para BVD em
288 soros bovinos, oriundos do Estado do Pernambuco, obtiveram uma prevalência de 72,6 %.
Em São Paulo, Langoni et al. (1995) estudaram a ocorrência de BVD em 184 soros bovinos, pelo
método de ensaio imunoenzimático, e encontraram 39,5% das amostras positivas. Amostras de
soro de 67 matrizes nelore colhida, aleatoriamente, em uma propriedade localizada no Pantanal
mato grossense, foram testadas para a presença de anticorpos soroneutralizantes para BVDV,
mostrando 43,6% de reações positivas (Pellegrin et al., 1996). Foram estudadas 102 amostras de
soros bovinos, provenientes do Estado do Sergipe, através da soroneutralização de screening,
encontrando-se uma prevalência entre 58,23% e 71,18% (Melo et al., 1997). No Rio Grande do
Sul, Krahl et al. (1997) pesquisaram anticorpos para BVD em 1.823 soros bovinos pela técnica de
soroneutralização, encontrando 23,4% de amostras soropositivas, sendo que, das 265
propriedades examinadas, 171 (64,53%) apresentaram animais reagentes. Em Minas Gerais,
Figueiredo et al. (1997) avaliaram, também pela soroneutralização, a prevalência de anticorpos
contra o BVD em 287 soros bovinos de diversas regiões colhidos em matadouro, encontrando
soropositividade entre 61,47% e 75,13% das amostras. Richtzeinhain (1997) analisou, através do
mesmo método, 2.448 amostras provenientes de 56 propriedades em diversos Estados e
encontrou prevalência de 65% em Minas Gerais, 84% no Mato Grosso do Sul, 67% no Paraná,
71% no Rio de Janeiro, 73% no Rio Grande do Sul e 78% em São Paulo, sendo que em todas as
fazendas havia pelo menos um animal soropositivo. No entorno de Goiânia, Guimarães et al
(2000) estudaram a ocorrência da BVDV em 207 amostras de soro bovino pelo método ensaio
imunoenzimático e encontraram 47,83% das amostras positivas, e as mesmas amostras foram
submetidas a analise através da soroneutralização onde foram encontradas 52,17% de
positividade.
17-CONCLUSÃO
As decisões de manejo sanitário a serem implantadas pelos técnicos devem ser baseadas
na observação dos fatores de risco. Ao serem aplicados corretamente os conceitos básicos de
epidemiologia e prevenção de doenças, será possível atingir o objetivo proposto, quer seja
controle ou erradicação. Entretanto, nem sempre a biosseguridade é uma conduta bem recebida
pelos pecuaristas e por técnicos do setor, pois prevê um sistema de produção fechado. Necessita
ser esclarecido que a biossegurança prevê a adoção de um conjunto de medidas e seus
benefícios já foram comprovados não somente para atingir a erradicação, mas também para
manter a propriedade livre da doença em populações animais. Outro ponto a ser comentado é a
dificuldade em se calcular o custo - beneficio de um programa sanitário, pois o mesmo exige um
controle integrado de todas as variáveis que possam estar interferindo na saúde dos animais e,
consequentemente, na produtividade.
18- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
ANEXO 1
FOTOS
DIARRÉIA VIRAL BOVINA
Fig. 1- Diarréia crônica sanguinolenta
Fig. 2- Diarréia aquosa em arco. Subdesenvolvimento
Fig. 3- Omaso. Área de erosão na mucosa.
Fig. 4- Intestino grosso. Fissuras multifocais na
Mucosa intestinal.
Fig. 5- Intestino delgado. Presença de exsudato
fibrinonecrótico aderido às Placas de
Peyer.
Fig. 6- Intestino delgado. Evidenciação da placa
de Peyer.
Fig. 7- Membro posterior direito com pododermatite.
Fissuras na banda coronária (seta).
Fig. 8- Cérebro de feto bovino. Cavidade
cística na substância branca (seta)
(porencefalia).
Fig. 9- Tecido cutâneo (orelha). Marcação positiva
(vermelha) nas células epiteliais dos
folículos pilosos e células endoteliais. IHQ
Fig. 10- Cérebro bovino. Córtex cerebral. Marcação positiva acentuada no citoplasma de neurônios (A).
Controle negativo (B). IHQ.
Fig. 11- Cérebro bovino. Córtex cerebral. Marcação positiva (vermelha) acentuada difusa no citoplasma
de neurônios (células piramidais) (A). Controle negativo (B). IHQ.
Fig. 12- Cerebelo bovino. Marcação positiva multifocal moderada no citoplasma de neurônios da camada
granular e das células de Purkinje (A). Controle negativo (B). IHQ
Fig. 13- Rim bovino. Marcação positiva multifocal acentuada no túbulos medulares retos da zona medular (A).
controle negativo (B). IHQ.
Fig. 14- Córtex cerebral de feto bovino. Marcação
positiva para BVDV nas células endoteliais
(setas). IHQ.
Fig. 16- Timo de feto bovino. Marcação positiva
acentuada para BVDV. IHQ.
Fig. 15- Intestino delgado. Marcação positiva vermelha
no ápice de enterócitos das criptas intestinais
E nas células mononucleares da lâmina própria.
(IHQ).
Fig. 17- Intestino delgado. Enterite mista difusa
acentuada com depósito de fibrina na
mucosa. Necrose de epitélio de cripta. HE.
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DIARRÉIA VIRAL BOVINA Ana Carolina Lima de Oliveira