1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE CASO RUBEN DARIO MAYORGA (1) ; MARIA IRLES MAYORGA (2) ; FERNANDO DANIEL MAYORGA (3) ; FRANCISCO JOSÉ TABOSA (4) . 1,2,3.UFC, FORTALEZA, CE, BRASIL; 4.CAEN/UFC, FORTALEZA, CE, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL SOCIOECONOMIA SOLIDARIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE CASO RESUMO: As favelas, Rosalina e Riacho Doce, localizadas no entorno do Grupo Têxtil Bezerra de Menezes, apresentam todas as características das comunidades carentes localizadas, em diversas áreas da cidade de Fortaleza. Daí a importância do trabalho de responsabilidade social desenvolvido pela Fundação Ana Amélia, com as crianças, em idade escolar, pertencentes as duas comunidades citadas. O objetivo geral do presente estudo é avaliar o nível de agregação de valor social do projeto desenvolvido pela Fundação Ana Amélia, com as crianças das favelas Rosalina e Riacho Doce. Criou-se um Índice de Impacto Social do Projeto – ISP, considerando um elenco de atividades desenvolvidas pela Fundação. A Fundação Ana Amélia, vem atingindo os objetivos propostos no seu projeto de responsabilidade social, atendendo crianças e adolescentes das favelas Rosalina e Riacho Doce, com reforço escolar, alimentação e educação física, criando um impacto positivo na formação da identidade e auto-estima das crianças e nas famílias das crianças assistidas pelo projeto. As ações desenvolvidas pela Fundação contribuem para a difusão, entre o empresariado e a sociedade em geral, do fato de que, o acesso da população carente a bens sociais essenciais, é imprescindível para a construção de uma sociedade mais justa e para conferir um significado mais profundo à existência da empresa na sociedade. Palavras chave: responsabilidade social, terceiro setor, marketing social. ENTERPRISE SOCIAL RESPONSIBILITY: A CASE STUDY ABSTRACT: Rosalina and Riacho Doce slums are, localized around the Têxtil Bezerra de Menezes Group, and present the whole characteristics of poor communities in Fortaleza. Because of that, the social responsibility work of Ana Amelia Foundation, with the children of the cited communities is very important. The objective of study is the evaluation of value of social aggregation levels in Rosalina e Riacho Doce communities, due to project. One Index of Social Impact – was created, considering several activities developed by the Foundation. The Ana Amelia Foundation is covering all the objectives of social responsibility 2 project, creating a positive impact in increasing identity and auto-esteem formation of children and families attended by project. Key work: social responsibility, social marketing, third sector. 3 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE CASO 1. INTRODUÇÃO No Brasil, cinqüenta e três milhões de pessoas são classificadas abaixo da linha de pobreza, com renda insuficiente para atender as necessidades básicas de alimentação, moradia, transporte e vestuário. Trinta e um por cento da população têm renda mensal inferior a R$ 80,00. A renda dos 10% mais ricos da população brasileira é 28 vezes maior que a renda dos 40% mais pobres. Na maior parte dos países, esta relação é de 5 a 10 vezes. Em 1999, o rendimento médio dos 10% mais ricos da população brasileira foi de R$ 2477,61. Já o rendimento médio dos 40% mais pobres da população atingiu R$ 125,00. O Nordeste concentra o maior índice de pobreza quando comparado com o resto do país (IBGE, 2001) O fator determinante da desigualdade social existente no país a educação, reproduzida através do sistema educacional vigente. A educação, por ser tão escassa, é supervalorizada pelo mercado de trabalho. Pequenas diferenças educacionais são transformadas em enormes diferenças de renda (CARE, 2003). Uma pessoa mais instruída ganha cerca de 15 vezes a remuneração obtida por uma pessoa sem nenhuma instrução. A maioria das crianças vem de famílias em que os pais apresentam enorme diferença educacional, e esta diferença é transmitida desde o berço. Os indicadores do IBGE (2003) alimentam uma esperança de mudança no Brasil. Os investimentos realizados na área social vislumbram variações nos seus indicadores. O percentual de crianças em idade escolar, que estão na escola, aumentou, e o trabalho infantil diminuiu. Na região Nordeste, deve-se concentrar esforços transformadores dado que o percentual de analfabetos é de 21%, enquanto que a média do Brasil é de 11% e, no Sul, o percentual é de 6% (FROTA, P. 2003). A posição no ranking de desenvolvimento humano da Organização das Nações Unidas –ONU (2000), medido pelo IDH1 (Índice de Desenvolvimento Humano), situava o Brasil, em 1975, no 81º lugar, e agora o coloca na 69ª posição num total de 162 países (NAFZIGER, E. 1984; FROTA, P. op cit.). Os países nórdicos - que têm o melhor IDH do mundo - ocupam posições de destaque basicamente por duas razões: possuem eqüidade na distribuição de renda e gastam 30% de seus orçamentos com políticas sociais (BIALSKI, S. 2004). É preciso mudanças estruturais, nas áreas da educação, saúde, moradia, política fundiária, e na geração de emprego e renda que permitam soluções duradouras para a redução da pobreza. A educação deve ser o foco principal a ser atacado pelo governo, de forma a atender as exigências do novo mercado de trabalho altamente tecnológico que não consegue mão-de-obra preparada para atender sua demanda. É, por médio da capacitação que teremos uma mão-de-obra mais eficiente e mais produtiva que se possa traduzir efetivamente em maiores salários. Diante da dimensão dos problemas sociais e da impotência do Estado em resolver unilateralmente à questão social, os cidadãos e a sociedade são chamados a compartilhar responsabilidades na solução desses problemas. Historicamente, a realização de obras e prestação de serviços coletivos, identificam-se com o Estado, e o mercado identifica-se com o setor privado. Recentemente a distinção entre público e privado vem sofrendo um processo de transformação. Orçamento participativo vem sendo implantado em alguns municípios. Novas formas de gestão pública nas cidades brasileiras são observadas. Passou-se a formar parcerias dos governos municipal e estadual com a comunidade e as empresas, que passaram a ter uma atuação de caráter social, lado a 1 Índice de Desenvolvimento Humano, que considera: renda per-capita; esperança de vida ao nascer; taxa de alfabetização da população acima de 15 anos e número de matriculas nos ensinos fundamental e médio divididas pela população em idade escolar. 4 2 lado com a política social dos governos. É o chamado Terceiro Setor , representado, pelas organizações da sociedade civil cada vez mais ativa na busca do atendimento das demandas sociais. O Terceiro Setor, representando uma nova ordem social, surge da impotência do Estado de prover serviços sociais à população. A falência do Estado, e a concepção de Estado Mínimo, na pratica do liberalismo econômico, paralisaram o Primeiro Setor, que é o próprio Estado seus recursos e fins públicos, passando a funcionar precariamente. O Segundo Setor, representado pelo setor privado e seus recursos e fins privados identifica-se com o mercado, mostrou seu impulso concentrador de renda, promovendo a desigualdade social e a exclusão social (MELO NETO & FROES, L. 2002). OTerceiro Setor cresce, como resultado da ação dos movimentos sociais, das ONG´s, das igrejas, entidades filantrópicas, das fundações e instituições sociais das empresas. O Terceiro Setor não é o Estado nem o mercado, portanto é não-governamental e não-lucrativo, inclue o trabalho voluntário, suas ações se dirigem ao interesse público. Atuam para promover a cooperação social, como agentes de desenvolvimento e transformação social em parceria com lideranças comunitárias e profissionais conceituadas em diversas áreas de atuação. O déficit social não deve ficar sob a responsabilidade única do governo, mas de toda a sociedade, inclusive da classe empresarial (SILVA L. 2003). E, somente teremos uma mudança social se levarmos em consideração o potencial que as empresas e a comunidade possuem para colaborar na virada de rumo. A idéia da co-responsabilidade social, como uma tarefa de todos, na construção de uma sociedade menos desigual, se impõe como alternativa decisiva para alcançar o desenvolvimento. A mudança de comportamento empresarial, utilizando a responsabilidade social, na diminuição da desigualdade social, é notória no âmbito nacional. No Brasil, o Terceiro Setor tem no Rio de Janeiro um de seus principais pontos de crescimento. Iniciativas como Viva Rio, campanha da Cidadania Contra a Fome, e a Miséria e pela Vida, são exemplos de ações sociais com a participação de ONG´s, fundações de grandes empresas e ações de cidadãos que desejam mudar a cidade (MELO NETO & FROES, 2003). Nesta direção, no Estado do Ceará, algumas empresas vêm trabalhando no campo da responsabilidade social. E, para fortalecer esta nova filosofia empresarial a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC, 2003) o Instituto de Ação de Responsabilidade Social, organismo que será responsável pela coordenação das ações do sistema FIEC voltada para a construção de uma nova cultura lastrada na solidariedade e responsabilidade social das empresas e a sociedade. Pode ser imprescindível o papel a ser preenchido pelo setor empresarial no desenvolvimento social da comunidade cearense. A responsabilidade social deve ser uma iniciativa a ser implantada no presente para garantir o futuro, tanto das empresas como da comunidade. Deve ser uma estratégia corporativa de importância crucial e uma ferramenta decisiva no arsenal do marketing empresarial que os clientes, de fato, quase consideram obrigatório. O Governo sozinho, em nível municipal, estadual e federal, é impotente para enfrentar o desafio da desigualdade social. A responsabilidade de diminuir a pobreza, a desigualdade na distribuição da renda e a exclusão social deve ser uma tarefa a ser abraçada por todos os setores da sociedade. Na medida que esta nova forma de comportamento social for adotada e implementada pelas empresas que buscam a cidadania empresarial, ter-se-á um importante 2 O Terceiro Setor é formado por empreendimentos que, embora tenham origem privada, trabalham com vocação pública e não tem fins lucrativos. Ou seja, o Terceiro Setor está formado pelo conjunto de atividades das organizações da sociedade civil, organizações sem fins lucrativos, criados por cidadãos, visando a prestação de serviços à população em áreas como saúde, educação, cultura, habitação, direitos civis, proteção ao meio ambiente e desenvolvimento do ser humano (R. C. FERNANDEZ, 1994; COELHO, S. 2002). 5 baluarte no desenvolvimento da sociedade brasileira. Neste sentido, é um bom sinal o crescente número de empresas que no Brasil abraçam esta causa. No Ceará, em particular, tem-se vários exemplos. Desses merece destaque o trabalho desenvolvido pela Fundação Ana Amélia, que consiste entre outras coisas, em oferecer reforço escolar, alimentação e educação física às crianças e adolescentes das favelas Rosalina e Riacho Doce. As citadas comunidades estão localizadas no entorno da Empresa e apresentam todas as características das comunidades carentes, que ocupam diversas áreas da cidade de Fortaleza. Daí a importância de avaliar, tanto o nível de agregação de valor social conseguido pelo projeto, como o comportamento individual das diversas atividades de Responsabilidade Social desenvolvido pela Fundação Ana Amélia. O presente trabalho dedicará sua atenção a este tema. 2. OBJETIVOS Objetivo geral do presente estudo, é avaliar o nível de agregação de valor social do projeto desenvolvido pela Fundação Ana Amélia, com as crianças e adolescentes das comunidades Rosalina e Riacho Doce. Especificamente pretende-se: a) determinar e analisar o desempenho do projeto da Fundação Ana Amélia no atendimento de reforço escolar de crianças carentes das comunidades Rosalina e Riacho Doce; b) verificar a relação entre objetivos e metas da Fundação e o impacto entre as crianças assistidas e suas famílias; c) determinar e analisar, o impacto do projeto, na criação de hábitos saudáveis determinantes da redução de influências negativas; d) determinar e analisar as mudanças na auto-estima das crianças devido ao reconhecimento de suas potencialidades; e) determinar e analisar o impacto no perfil nutricional das crianças das duas comunidades; f) verificar o retorno da educação física, como mediador do processo ensinoaprendizagem e socialização; g) verificar o retorno de atividades artísticas e culturais, na promoção da integração e criação de novos hábitos e comportamentos; h) avaliar o retorno do trabalho de artes manuais, na criação de emprego e renda, nas famílias assistidas pelo projeto; i) analisar o retorno, da assistência médica e odontológica, na saúde geral das crianças assistidas pelo projeto. j) analisar a eficácia do programa e a adequação dos processos e sistema de implementação do projeto; 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 O Terceiro Setor Diante da dimensão dos problemas sociais e a impossibilidade do Estado em resolvelo, os cidadãos e a sociedade são conclamados a compartilhar a responsabilidade na solução desses problemas. A importância do Terceiro Setor surge como um caminho possível no atendimento das necessidades sociais e na geração de empregos. 6 Para FERNANDEZ apud COELHO, S. (2002) pode-se dizer que o Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não governamental que dá continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e expandem seu sentido para outros domínios graças, sobretudo à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil. As idéias neoliberais, surgem como uma tentativa de reestruturar a área social, econômica e política, mediante a “reforma do estado, privatização de empresas do governo, abertura de mercados e intensificação da produtividade” (Ianni apud Menezes, 2001). O projeto de reforma do estado brasileiro surge em meados dos anos 90, e diz respeito às relações entre Estado e a sociedade civil e considera que o Estado deve se tornar o promotor e o regulador e não responsável pelo desenvolvimento econômico e social. Isto é, o Estado transfere para sociedade civil a incumbência de enfrentar e amenizar os impactos sociais (Silva, 1999). Simultaneamente, com as novas formas de ação coletivas, vêm a nova ocupação do espaço público por um elenco diversificado de atores e associações. Para a utilização de sua capacidade empresarial, financeira e administrativa, e para a execução dos empreendimentos e serviços públicos, a iniciativa privada saiu a procura de mercados alternativos, até então, mercados cativos do Estado. A cooperação entre o público e o privado traz consigo o desafio de fazer-se um novo desenho institucional que inclua as demandas dessa nova sociedade civil. Nesse novo cenário a sociedade passa a desempenhar papéis que antes eram da competência exclusiva do Estado (COSTA, M. 2003). Para PEREIRA DE SOUZA (2002), "no Estado Moderno abre-se significativo espaço para a atuação do denominado Terceiro Setor na proteção e gestão dos recursos ambientais. A criação e gestão de unidades de conservação pelo Terceiro Setor, podem representar importante ação na preservação do meio ambiente." O Terceiro Setor surge portanto como conseqüência da impotência do Estado de prover de serviços à população e cumprir seu papel plenamente. Provavelmente, o comportamento filantrópico da maioria das grandes empresas americanas, tenha essa origem. Fundações filantrópicas americanas, como a Ford, Rockfeller e Carneggie, atuam de forma independente às matrizes, e fazem um trabalho exemplar na educação, cultura e assistência social nos Estados Unidos (MELO NETO & FROES, 2002). As três fundações juntam um patrimônio que gira em torno de 170 bilhões de dólares, e investem quase um bilhão de dólares por ano na área social. Na Europa Ocidental, o Terceiro Setor movimenta em torno de 5% do PIB. Na América Latina, a média cai para 2,1% do PIB. No Brasil os investimentos do Terceiro Setor são em média de 0,5% do PIB do país, sendo assim, as empresas brasileiras que admitem suas responsabilidades sociais ainda são poucas. Hoje se estima que existem 250 mil organizações no Terceiro Setor (LIPPI, R. 1999). O Terceiro Setor não faz parte do governo mas tem clara finalidade pública. Abriga as ONG’s, entidades filantrópicas, movimentos sociais e fundações e institutos de origem empresarial. Apesar de fundações e institutos serem considerados como integrantes do Terceiro Setor, essas instituições são resultado de ações empreendidas pelas empresas. É através dessas instituições que o Setor Privado participa na promoção do desenvolvimento. Embora a participação do Terceiro Setor seja muito importante, o Estado é o maior responsável pela promoção do desenvolvimento social. Entre 1997 e 2000, somente as organizações associadas ao Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) investiram R$ 1,65 bilhão em projetos voltados para as comunidades nas quais estão inseridas (MELO NETO & FROES, 2002 e DRAIBE, S. 2003). Segundo AZEVEDO (2003) cada vez mais é compreendido que o lucro é compatível com desenvolvimento social: criam-se áreas de convergência. Uma empresa ao fazer ação 7 social esta seguramente aumentando seu lucro e se fortalecendo mais. Por outro lado, o consumidor, de acordo com sua percepção sobre o que as empresas representam para a sociedade, começa a valorizar as empresas socialmente responsáveis, passando, esse modo de agir, a ser um diferencial competitivo. A filantropia, como já foi observado da forma assistencialista e paternalista, ainda que necessária e útil, é insuficiente na transformação da realidade. É precisso de maior compromisso das empresas com o desenvolvimento social. As empresas mais avançadas fazem da responsabilidade social um fator estratégico, levando para dentro e fora da empresa, práticas socialmente responsáveis, adotando um comportamento ético no relacionamento com seus diversos públicos. No Brasil, entende-se que as organizações do Terceiro Setor podem ser parceiros e eficazes na implementação das políticas locais. A modalidade de ação de investimentos em projetos e programas sociais é a que mais cresce no Brasil. Empresas nacionais e multinacionais estão criando institutos sociais para gerenciar suas ações sociais. Umas dirigem diretamente projetos da comunidade e outras criam e desenvolvem seus próprios projetos e programas sociais. A parceria está tomando força no país, congregando recursos do governo, empresas privadas, comunidades, ONG’s e demais entidades do setor. O voluntariado também constitui uma área em expansão que reveste grande importância social. Os segmentos de atuação mais utilizados no Terceiro Setor, no que diz respeito à responsabilidade social são: educação; qualificação profissional; cultura e recreação; saúde; assistência social; moradia; meio-ambiente; alimentação e nutrição; defesa de direitos humanos; emprego e renda; reforma agrária e previdência social. No Brasil os campos comunitários que mais crescem são: a educação; a saúde; os serviços sociais e a cultura e recreação. 3.2 Marketing Social O marketing para causas sociais pode ser definido como: “uma ferramenta estratégica de marketing e de posicionamento que associa uma empresa ou marca a uma questão ou causa social relevante, em benefício mútuo. (PRINGLE, H. & THOMPSON, M. 2000).” Segundo (SEBRAE, 2004), o marketing social, envolve sobretudo, ações externas das empresas. ATUCHA apud SCHIAVO (1999) define: “Marketing social como uma ferramenta democrática e eficiente, que aplica os princípios e instrumentos do marketing de modo a criar e outorgar um maior valor à proposta social. O Marketing social redescobre o consumidor por meio do diálogo interativo, o que gera condições para que construa o processo de reflexão, participação e mudança social”. MELO NETO & FROES, (2002), argúem que o marketing social é realizado pelas empresas através de projetos ou ações sociais filantrópicas como doações de produtos fabricados pela própria empresa, ou de doações de dinheiro para entidades beneficentes. São também ações filantrópicas as doações para campanhas sociais e a concessão de bolsas para pessoas com limitados recursos financeiros. Com o amadurecimento da sociedade ocidental, há evidências de que os consumidores estão procurando novas formas de “valores de marca”. Estes ultrapassam as questões práticas do desempenho do produto, ou dos benefícios do produto, em termos racionais, e bem além dos aspectos emocionais e psicológicos associados à personalidade e à imagem da marca. Os consumidores estão questionando cada vez mais o papel das organizações na sociedade e estão procurando demonstrações de boa cidadania corporativa, com consciência das necessidades e responsabilidades de todas as partes envolvidas. Numa visão antropológica, se os consumidores sabem como uma marca funciona e como ela “pensa” e “sente”, agora estão perguntando, “no que ela acredita”. Na busca da competitividade, os profissionais de marketing terão de encontrar novas formas de agregar valor a suas marcas, visando satisfazer a demanda do consumidor emergente com expectativas por atributos de imagem “superiores”. 8 Para se levar adiante uma campanha de Marketing para Causas Sociais – MCS, é precisso haver um compromisso profundo por parte da direção da empresa com a causa (PRINGLE, H. & THOMPSON, M. (op.cit) O marketing social, ou marketing para causas sociais (MCS) pode ser definido, como um instrumento estratégico de marketing e de posicionamento que associa uma empresa ou marca a uma questão ou causa social relevante, em benefício mútuo. Um programa de marketing para Causas Sociais pode ser organizado por meio de acordos entre uma empresa e uma organização voluntária ou beneficente empenhada com uma “causa social”. A adoção de uma “causa” pode dar a uma marca um “credo” e resultar numa intenção ou percepção de compra significativamente melhor, por parte do consumidor (PRINGLE, H. & THOMPSON, M. (op.cit.) A filantropia empresarial, assistencialista e paternalista, como um ato de mecenato, ainda que necessária e importante, não é suficiente no esforço de transformar a realidade. É precisso maior comprometimento com o desenvolvimento social, através de investimentos sociais. A responsabilidade social empresarial é uma postura de gestão baseada em princípios éticos, condutas e compromissos que as empresas adotam com empregados e acionistas (público interno), fornecedores, clientes, as autoridades e a comunidade (público externo), visando o bem comum e o fortalecimento da empresa (Federação das Indústrias do Estado FIEC, 2003). A responsabilidade social deve ser um fator estratégico, internalizando práticas socialmente responsáveis para o conjunto da empresa, adotando um comportamento transparente baseado em princípios éticos no relacionamento com seus diversos públicos (AZEVEDO, F. 2003). É impossível imaginar uma mudança social, tendo como suporte o desenvolvimento humano, sem considerar o potencial que as empresas tem para colaborar com essa mudança. É importante salientar o crescimento do trabalho voluntário para causas sociais; o colapso do socialismo; a ameaça à sobrevivência de grandes contingentes populacionais, devido à degradação ambiental; o crescimento sem precedentes da violência em todas as formas e ao papel preponderante da mídia divulgando iniciativas sociais, do governo, empresas e comunidades e publicando trabalhos de pesquisa relevantes. E finalmente, a maior participação das empresas que já descobriram a importância do marketing social e seu retorno de imagem e de vendas decorrentes de investimentos em projetos sociais, ganhando o respeito e consideração de todos (MELO NETO & FROES, 2002) Para alcançar o desenvolvimento social é preciso de uma nova postura de responsabilidade social como resposta às críticas dirigidas aos empresários sobre o excesso de poder sobre os meios de comunicação de massas, principalmente a TV. Críticos acusam o sistema de marketing de criar poluição cultural. Os sentidos da população são permanentemente atingidos pela propaganda. Recentemente vem-se questionando se a orientação do marketing obedece a uma filosofia adequada dado que corresponde a uma época de deterioração ambiental, de aumento crescente das desigualdades sociais, de escalada sem precedentes da violência e corrupção, de escassez de recursos, explosão demográfica, fome e miséria e serviços sociais negligenciados. O questionamento pertinente é se as empresas, que fazem um excelente trabalho no referente à satisfação das necessidades dos consumidores, estão agindo em prol dos melhores interesses de longo prazo, dos consumidores e da comunidade. O empresariado das grandes firmas está convencido que a verdadeira “fidelização” dos clientes não pode ser comprada. Ela precisa ser conquistada pelas empresas ou marcas. O cliente precisa saber em que acreditam os responsáveis da marca que ele compra. Os investimentos destinados ao patrocínio de artes e esportes são os primeiros em muitos itens 9 da lista de prioridades dos planos de responsabilidade social das empresas, embora seja bem provável que no íntimo os clientes estejam mais interessados em investimentos em segurança, saúde, educação e questões ambientais. Os consumidores são influenciados pela “linguagem das marcas”, pela forma e como estas usam a mídia através de seus estilos de execução. Um programa de marketing para causas sociais (MCS) pode ser esquematizado por meio de alianças estratégicas entre empresas e organizações voluntárias ou beneficentes, ONG’s, comprometidas com a “causa social”. Qualquer que seja o procedimento escolhido, a adoção de uma “causa social” pode resultar numa percepção e intenção de compra sensivelmente melhor, por parte do consumidor. Hoje o cliente prefere produtos de empresas que não têm envolvimento em corrupção que são transparentes nos seus negócios, que respeitam o meio ambiente e a comunidade. O marketing para causas sociais também pode estabelecer relacionamentos importantes entre a empresa, os funcionários, os fornecedores e as instituições do governo (PRINGLE, H. & THOMPSON, op. cit.) Os consumidores passam, cada vez mais, a “descartar” as mensagens irrelevantes. Observadores de mercado perceberam que adquirir novos clientes é cada vez mais custoso, como forma de construir e aumentar participação nas vendas, devido a que esta estratégia é realizada à custa da rentabilidade da empresa. Entretanto, há uma percepção clara de que a verdadeira fidelidade precisa ser “conquistada” pelas marcas. O cliente precisa saber em que acreditam os responsáveis da marca que ele compra. Uma série de fatores combina-se para questionar e ameaçar as marcas, simultaneamente oferecendo ameaças e oportunidades: a ameaça da competição global e de mercados com produtos cada vez mais em forma de commodities, devido à competição, atrelada com a oportunidade de vincular uma nova forma de comunicação e de diferenciar a diversidade e multiplicidade existente, e de agregar novos valores desejáveis à marca por meio do marketing para causas sociais. Algumas empresas acreditam que é suficiente desenvolver um bom projeto filantrópico para serem percebidos como marcas cidadãs. Pelo contrário, marca-cidadã é a que mostra a sua cidadania de forma permanente contribuindo para sua melhoria da qualidade de vida da comunidade externa e interna (PINTO, 2001). Marcas são, em grande parte, consideradas como “promessas” das empresas para os consumidores. O objetivo da “promessa” da marca evoluiu de uma conceituação racional para uma mais emocional e finalmente para uma dimensão ética. O marketing racional tem como abordagem o marketing direto, que evoluiu da arte de vender por anúncios de vendas em revistas, jornais, ou TV, fazendo, praticamente, da propaganda uma arte. A dimensão emocional da publicidade é marcada pela tentativa “de construir e estabelecer na mente das pessoas um novo cenário de estilo de vida” associada a produtos e serviços. Entram em cena, a psicologia freudiana e junguiana, tornando-se parte do cenário do consumidor. Os profissionais de marketing passaram a se interessar no entendimento das motivações e impulsos inconscientes do consumidor no processo de criatividade das propagandas. A abordagem ética surge como resposta ao questionamento: se as empresas que fazem um excelente trabalho em referência a satisfação das necessidades de consumidores estão agindo segundo os melhores interesses de longo prazo dos consumidores e da comunidade? A ética é um fator importante na garantia da competitividade das empresas. “Ter padrões éticos significa ter bons negócios em longo prazo” (TANSSEY apud FORMENTINIE OLIVEIRA, 2003). O conceito de marketing não focaliza os conflitos potenciais entre desejos e interesses dos consumidores e o bem-estar da comunidade em longo prazo (KOTLER, 2002, p. 47). O novo foco de marketing social orienta que as empresas incluam em suas práticas de marketing considerações sociais e éticas para equilibrar conceitos aparentemente conflitantes: lucros para a empresa, satisfação das necessidades dos consumidores que viabilizam seus negócios e o interesse público. Cada vez mais os empresários compreendem a importância da inclusão do marketing social em suas estratégias de marketing. 10 Os consumidores têm o direito e a responsabilidade de se protegerem de possíveis abusos. Os ambientalistas se preocupam com o ecossistema, a poluição o esgotamento progressivo dos recursos hídricos, e outros recursos naturais não renováveis, com a perda de áreas de recreação, com o aumento da poluição do ar, e o conseqüente agravamento dos problemas de saúde. A empresa poderosa, conquistadora, agressiva, e que se impõe pela força e tamanho deixa de ser admirável. Nada disso conta se ela não souber entender o consumidor, respeitar os entornos e a localidade onde está instalada, e participar ativamente nas questões cruciais do país onde atua (CARTA CAPITAL, 2004). Hoje, a maioria das empresas reconhece de fato os direitos do consumidor e tem respondido positivamente em defesa do meio ambiente. Esta nova visão empresarial tem levado ao que hoje está sendo chamado de marketing consciente, ou seja, a forma como a empresa deve agir para melhorar, no longo prazo, o desempenho do sistema de marketing. Entre os princípios do marketing consciente, o marketing social ocupa lugar de destaque, ou seja, a empresa toma decisões tendo em consideração suas próprias exigências, os desejos e interesses do consumidor, e os interesses da comunidade em longo prazo. As empresas compreendem que ignorar esses interesses é um desserviço para os consumidores e a comunidade. E as empresas que estão atentas a isso agem proativamente, considerando os problemas sociais como oportunidades. As empresas que adotam um comportamento socialmente responsável tornam-se protagonistas de mudanças, trabalhando lado a lado com o governo e a sociedade civil. O governo, consciente da importância da participação das empresas no social, oferece incentivo fiscal, para aquelas que adotarem esse comportamento. O marketing para Causas Sociais, não é apenas um modismo passageiro. O conceito de caridade está incutido em nossa cultura, por razões religiosas, apesar da natureza cada vez mais “profana” da sociedade. Em contraposição ao conceito de caridade e filantropia que levam embutida a noção de assistencialismo, os investidores sociais privados focam sua atenção nos resultados alcançados, as transformações induzidas e a participação efetiva da comunidade no desenvolvimento da ação (FIEMG, 2004). Os custos crescentes dos programas sociais levam à necessidade de parceria pública e privada em muitas áreas tradicionalmente vistas como responsabilidade do Estado (PRINCE, H. & THOMPSON, M. op. cit.). 3.3 Responsabilidade Social Empresarial Empresas com responsabilidade social são aquelas que realizam investimentos internos e externos, visando cuidar do meio ambiente e da comunidade, dentro e fora das empresas. Uma empresa trabalha com responsabilidade social, quando decide participar diretamente de ações sociais na região em que atua, e se propõe diminuir possíveis danos ambientais decorrentes da atividade que ela desenvolve. A Responsabilidade Social Empresarial vai além do que a empresa deve fazer por obrigação legal. Executar ações em prol da comunidade não é suficiente. É necessário investir: no bem-estar dos seus funcionários e dependentes, num ambiente de trabalho saudável onde a comunicação deve ser transparente. Também é oportuno dá uma satisfação aos acionistas, assim como, manter a sinergia com os parceiros e assegurar a satisfação do consumidor (MELO NETO & FROES, 2002). Isto é, Responsabilidade Social Empresarial pode ser definida pela relação que a empresa estabelece com todos os seus públicos (stakeholders) a curto e em longo prazo. Para o Conselho de Cidadania Empresarial e Voluntários da Gerais do Sistema FIEMG (2004), os públicos de relacionamento da empresa, em geral, consistem em organizações de interesse civil - social - ambiental, além do público interno, acionistas e consumidores - clientes. Para o referido Conselho, o "investimento social privado é o repasse voluntário de recursos privados 11 de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais de interesse público" (FIEMG, 2004). Na atualidade acredita-se que a vida social e a vida individual podem ser modificadas e melhoradas pela ação voluntária da sociedade e iniciativa privada. A gestão de projetos de responsabilidade social empresarial, visando mudança, nasce como resultado de um planejamento que pretende orientar a mudança em benefício da coletividade. O que antes eram ações sociais temporárias, hoje são ações de longo prazo, que antes não faziam parte do negócio, e hoje passam a integrá-lo. Antes eram compromisso com a comunidade local, hoje são compromissos sociais mais amplos. O caráter social do negócio, que desvinculava uma ação de índole social do negócio da empresa, na atualidade o integra e faz parte de sua essência. Para o Instituto Ethos, investir em responsabilidade social é um negocio lucrativo, pois as empresas podem dividir custos com o governo no referente ao desenvolvimento sustentável local, utilizando uma rede de ações capazes de motivar o investimento social dos empresários brasileiros. Assim, a empresa interfere na comunidade, lhe oferecendo infraestrutura e o capital social, representada por funcionários e parceiros, que viabilizam seus negócios. “O investimento da empresa em ações que tragam benefícios à comunidade é uma contrapartida justa, além de reverter em ganhos para o ambiente interno e para a percepção que os clientes têm da própria empresa” (INSTITUTO ETHOS, 2000). Já para BUENO, W. (2004), "responsabilidade social não deve ser como sapato: existe um modelo e um formato para cada tipo de pé". A imprensa tem uma responsabilidade enorme ao propagar esses conceitos inadequadamente, porque, com isso, faz o jogo de firmas inescrupulosas que pretendem lançar mão dos referidos conceitos para aparentar o que não são. O conceito de responsabilidade social não pode ser pensado a partir de ações movidas por interesses estritamente comerciais e respaldado em campanhas milionárias. Slogans em campanhas publicitárias, assistencialismo disfarçado, demagogia com a miséria humana, não se constituem em indicadores de postura cidadã. A responsabilidade social exige, sobretudo, transparência e ética. Portanto, não se pode medir responsabilidade considerando somente as boas, ações dado que os traficantes, os bicheiros, os políticos corruptos, também fazem boas ações, alguns verdadeiramente respeitados na comunidade em que se inserem. Não se deve concordar com profissionais que, a pretexto de estarem fazendo o seu trabalho ("sou profissional e faço o melhor para divulgar o meu cliente"), se prestam a enganar a opinião pública. Muito menos pelo discurso cínico de empresas que se valem da relevância de um conceito para se proclamarem cidadãs. A competição internacional, exige cada vez mais, melhoria na competitividade e desempenho produtivo, tecnológico e mercadológico, das empresas. A flexibilidade na produção e a capacitação permanente dos trabalhadores, são estratégias de adaptação das empresas às novas necessidades e exigências do mercado (COSTA, M, 2003). A democratização do país, traz consigo um público cada vez mais exigente com a qualidade dos produtos e serviços que lhe são oferecidos, gerando instituições de proteção e defesa do consumidor. A sobrevivência das empresas passa portanto, pela sua capacidade de se ajustar às novas exigências de organização empresarial focalizando o fator humano e social como elementos essenciais para alcançar o sucesso. Trata-se de um novo arranjo institucional de cooperação com o poder público e a sociedade civil, que pode reforçar a concepção ampla de democracia. Apesar do conceito de empresa socialmente responsável ser relativamente novo no Brasil, esse vem sendo atrelado à idéia de perenidade das organizações. Não existirá ação social na comunidade se internamente, a empresa não tiver sob controle suas próprias atividades. Trata-se de um processo que surge das boas praticas dentro e fora da empresa. 12 A responsabilidade social interna focaliza o público-interno, seus empregados e seus dependentes. O objetivo dela é o bem-estar daqueles que colaboram efetivamente com a empresa, ganhando em contrapartida, a dedicação, o empenho, a lealdade e o aumento de produtividade. Dentre as atividades desenvolvidas pela empresa há investimentos em programas de remuneração, e participação nos resultados, assistência médica, social, odontológica, alimentar, transporte, treinamento e capacitação, financiamentos de cursos externos, visando à qualificação profissional de seus funcionários. A prática da responsabilidade externa da empresa corresponde ao exercício de ações sociais empresariais que beneficiam a comunidade. Essas ações podem ser realizadas através de doações e, ou, transferências de recursos em regime de parcerias para órgãos públicos e ONG’s, prestação de serviços sociais voltados para as áreas de educação, saúde, assistência social e meio ambiente; visando um maior retorno social, de imagem publicitária para os acionistas. O retorno social consiste nos ganhos materiais e não materiais obtidos pela empresa que dirige recursos para projetos sociais e ações em benefício da comunidade. O lucro social é expresso, nos diversos indicadores do balanço social das empresas, e o impacto do reconhecimento junto a seus funcionários, dependentes, clientes, fornecedores, distribuidores, acionistas, parceiros e até concorrentes. O gerenciamento social, uma vez definido em ações a serem implementadas pelas empresas, se faz mediante a elaboração dos planos, programas e projetos. Os planos são mais abrangentes nas ações a serem executadas que os programas e projetos. Os projetos são, portanto, desdobramentos dos programas, e esses pertencem a um único plano. Definidos os planos, programas e projetos a serem executados, esses devem ser implementados com base nos recursos disponíveis, nos prazos previstos e num esquema de gerenciamento eficiente e eficaz. A avaliação é a etapa final do ciclo de gerenciamento, e consiste na comparação dos resultados obtidos, do plano, programa ou projeto que foram executados. Mede os resultados, considerando os objetivos propostos e os resultados efetivamente alcançados após a execução do plano, programa ou projeto. As novas tendências das ações em projetos sociais exigem soluções viáveis, rápidas, com a participação da comunidade, do governo e do setor privado. Pesquisa nacional conduzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, mostrou que 59% das empresas situadas no Rio de Janeiro, tinham efetuado algum tipo de ação em favor da comunidade em 1998. Esse percentual era superado pelas empresas de São Paulo e Minas Gerais com 66 e 81% de participação, respectivamente (PELIANO, A. & BEGHIN, N. 2000). A pesquisa coordenada por NUNES, I. (2002) mostrou que somente 37,5% das empresas pesquisadas, como um todo, declararam estar realizando ações para a comunidade no Rio de Janeiro, em 2001. Entretanto, 63,2% das empresas com mais de 500 empregados, estavam realizando ações sociais para a comunidade. Nessa linha de pensamento, a Fundação Ana Amélia Bezerra de Menezes (FABM), operando na cidade de Fortaleza, leva educação e lazer para crianças carentes das favelas Rosalina e Riacho Doce, localizadas no entorno da Indústria Têxtil Bezerra de Menezes (TBM), que financia as atividades da Fundação para o atendimento de 120 crianças carentes. O projeto é resultado do espírito social que norteia a empresa atendendo crianças e adolescentes carentes em suas necessidades básicas: educação, saúde e alimentação. Além das crianças, a Fundação assiste a algumas mães dessas crianças através da prática de atividades culturais e artesanais. Segundo a coordenadora do projeto, Maria da Mota Nívea Bezerra, as atividades programadas e executadas permitem ocupar o tempo das crianças e adolescentes de forma construtiva. Entre as ações executadas pela Fundação destacam-se: 13 • Complemento educacional. O projeto pedagógico, de reforço escolar da primeira à sexta serie do ensino fundamental, tem por objetivo, auxiliar na construção do conhecimento, incentivando a livre expressão de idéias; • Refeições diárias. Café da manhã, lanche, almoço e/ou jantar; • Práticas esportivas em piscina semi-olímpica e quadra poli-esportiva com basquete, futebol de salão e handebol; • Assistência médica e odontológica. Tratamento de problemas da visão, tratamento ortodôntico e vacinação; • Biblioteca de apoio. Uma das condições estabelecidas pela Fundação para participar do projeto é que os pais da criança não trabalhem na Empresa. Outra é que a criança não repita ano. Os beneficiados devem ser oriundos de famílias realmente carentes, com rendimentos inferiores a um salário mínimo. Após a inscrição, funcionários da Fundação fazem uma visita à família proponente para verificar o local de moradia e efetivar a inscrição. A primeira condição obedece ao fato de que na Empresa os trabalhadores dispõem de refeitório, que oferece todas as refeições do dia, consultório médico - odontológico para a toda a família, creche, uma cesta básica por mês, além de convênios com farmácias, ópticas e livrarias. Na questão ambiental, a empresa esta montando um sistema interno de coleta seletiva do lixo. Segundo o diretor presidente do Grupo Têxtil Bezerra de Menezes, Ivan Rodrigues Bezerra, a Fundação pretende crescer até atender todas as crianças das comunidades atualmente assistidas (JORNAL DA FIEC, 2003). Outra idéia, a ser implementada em 2004, é a distribuição de um sopão para os moradores das duas favelas vizinhas da fábrica: Riacho Doce e Rosalina. 4. PROCEDIMENTO METODOLOGICO 4.1 Métodos Práticos para a Investigação No presente estudo utilizar-se-á dos métodos: observacional, documental, e matemático. 4.2 Técnicas de Pesquisa A coleta e o tratamento dos dados à solução do problema serão feitos através da instrumentalização e detalhamento dos métodos para a investigação a seguir: • Pesquisa de Campo. Dentro da pesquisa de campo utilizar-se-á a técnica Quantitativa e Descritiva que se refere a investigações de pesquisa empírica cuja finalidade é o delineamento ou a análise das características de fatos, avaliação de programas, ou isolamento de variáveis principais. Utilizar-se-á de entrevistas e questionários. • Pesquisa Bibliográfica. Consultar-se-á o material disponível referente à responsabilidade social, desde livros, pesquisas, jornais, revistas e trabalhos obtidos via internet. • Estudo de Caso. Estudar-se-á o projeto sobre educação e lazer para crianças carentes das favelas Rosalina e Riacho Doce, levado a cabo pela Fundação Ana Amélia Bezerra de Menezes. • Pesquisa Documental. Na pesquisa documental, a fonte estará restrita a documentos escritos ou não. questionários às famílias dos estudantes • Levantamentos. Aplicar-se-ão, assistidos. Far-se-ão também entrevistas, com as mães das crianças assistidas. 14 • Tamanho da Amostra. Entrevistar-se-á, todos os chefes de família das crianças da quinta e sexta série assistidas pelo projeto. 4.3 Área de Estudo A área de estudo para o presente trabalho considerará a Fundação Ana Amélia Bezerra de Menezes e seu trabalho educacional, alimentar e de lazer desenvolvidos com as crianças,em idade escolar das favelas Rosalina e Riacho Doce localizadas no entorno da Industria Têxtil Bezerra de Menezes, na cidade de Fortaleza. A Fundação ocupa uma área de 3.583 m2, na seguinte estrutura física: duas salas de aula, um refeitório, dois banheiros, sala de reuniões/biblioteca, recepção, sala da diretoria/coordenação, pátio coberto, quadra poli-esportiva e piscina. Os projetos desenvolvidos pela Fundação são: Pedagógico de Reforço Escolar; Pedagógico de Educação Física; Escola Amiga; Saúde Preventiva; Famílias Atuantes; Workshops de Arte e Cultura; Oficinas de Artes Manuais com as Famílias; Acompanhamento Psico-Pedagógico e Consultório Odontológico. 4.4 Fonte dos Dados Os dados utilizados no presente estudo são de origem primária e secundária. Os dados primários serão levantados através de questionários e entrevistas com as mães das crianças assistidas pelo projeto. Os dados secundários serão conseguidos utilizando varias fontes entre elas a Federação das Industrias e Comercio do Ceará - FIEC - e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 4.5 Avaliação da Atuação da Empresa em sua Dimensão Social Experiências bem-sucedidas, avaliadas e sistematizadas podem ser exemplos de responsabilidade social a serem seguidos por outras empresas e servirem de alicerce na elaboração de políticas públicas. A influência na política é a melhor maneira de conferir escala aos projetos sociais do investidor social. A avaliação deve partir dos objetivos almejados, as estratégias utilizadas, o papel dos diferentes atores no processo (incluindo a comunidade) e os resultados alcançados. No caso de programas educacionais desenvolvidos pela empresa, o processo de avaliação consiste, basicamente, em determinar em que medida os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa. Assim, a avaliação de ensino é o processo de coletar e analisar dados a fim de determinar o grau em que metas pré-estabelecidas foram atingidas, e daí orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes (ANDRIOLA, W. & McDONALD, B. 2003). Na avaliação dos resultados pretende-se detectar, o quanto e com que qualidade o programa atingiu as metas propostas, para o qual devem ser considerados três aspectos, expostos a seguir: a) Desempenho - dos “produtos” do programa, previstos em suas metas. No caso da Fundação Ana Amélia Bezerra de Menezes (FABM), atende 120 crianças carentes, meninos e meninas na faixa etária dos 6 aos 16 anos, com reforço escolar e prática esportiva da 1ª a 6ª séries do Ensino Fundamental. Devem verificar-se, também, os valores calóricos e protéicos ingeridos pelos estudantes, durante as refeições na Fundação. b) Impacto - melhorias ou mudanças efetivas que o projeto provoca na realidade sobre a qual ele intervém. No caso da FABM, mudanças no perfil educacional e nutricional dos alunos assistidos pelo projeto. 15 c) Efeitos – refere-se a outros impactos que incidem indiretamente no meio social e institucional no qual se realiza o projeto. No caso da FABM, pensando no reforço escolar e na assistência nutricional oferecida aos alunos, o efeito a ser avaliado seria a melhora no desempenho escolar dos alunos, descoberta de suas potencialidades e mudanças efetivas que o projeto provoca na família do adolescente. As atividades esportivas e recreativas promovem a socialização e melhoram as aptidões para a prática do esporte. As atividades sociais e culturais promovem a integração da comunidade. 4.6 Procedimento Metodológico para Criação do Índice do Impacto Social do Projeto Elaborar-se-á um Índice do Impacto Social do Projeto – IISP, considerando um elenco de atividades compreendidas no projeto e representativas de responsabilidade social na Fundação Ana Amélia Bezerra de Menezes, na cidade de Fortaleza. 4.7 Índice do Impacto Social do Projeto O Índice do Impacto Social do Projeto (IISP), será elaborado a partir de indicadores que expressam as mudanças efetivas que o projeto provoca nas crianças e nas famílias assistidas pelo projeto. O IISP será elaborado em duas etapas: estabelecimento dos indicadores (variáveis) que compõem o IISP, e atribuição de escores e pesos a cada indicador. Os escores assumirão valores entre 0 a 3, e os pesos, entre 1 e 10. Os pesos serão obtidos mediante um "conselho" dos profissionais mais antigos e atuantes nas diferentes áreas de trabalho da Fundação. Os escores serão obtidos mediante aplicação de questionários perante os chefes das famílias dos alunos que cursam a quinta e sexta serie. 4.8 Operacionalização dos Indicadores Definições operacionais são definições limitadas que visam ajudar o pesquisador a se aproximar dos aspectos da “realidade” conceitual. O Índice do Impacto Social do Projeto – IISP é o resultante da agregação das seguintes variáveis: a) Percentual de repetência escolar das crianças que freqüentam a FABM; b) Impacto, do trabalho desenvolvido pela FABM na relação entre crianças assistidas e suas famílias; c) Impacto, na criação de hábitos saudáveis, que contribuem para a redução de influências negativas nas crianças; d) Perfil da auto-estima das crianças atendidas pela FABM; e) Perfil nutricional das crianças atendidas pela FABM; f) Retorno da educação física, como mediador do processo ensino-aprendizagem, (no fortalecimento dos valores morais e culturais e do convívio social); g) Retorno, de atividades artísticas e culturais, na criação de novos hábitos e comportamentos e o desenvolvimento da criança enquanto indivíduo e enquanto grupo; h) Retorno, do trabalho de artes manuais, com as famílias das crianças assistidas, no emprego e renda; i) Retorno, da assistência médica e odontológica, na saúde geral das crianças; j) Eficácia do projeto e a adequação dos processos e sistemas de implementação. Assim, matematicamente, pode-se definir o IISP como: 16 n m ∑∑ E I ISP = i =1 j =1 ij Pij n n(∑ E max i .P max i ) (1) i =1 A contribuição de cada indicador no IISP da FABM será obtida da seguinte forma: n Eij.Pij ∑ i =1 Ci = n E max .P max i i ∑ i =1 (2) Onde: IISP = índice do impacto social do projeto; Pij = peso da i-ésima variável, alcançado pela j-ésima família; Pmaxi = peso máximo da i-ésima variável; Eij = escore da i-ésima variável obtido pela j-ésima família; Emaxi = escore máximo da i-ésima variável; Ci = contribuição da variável “i” no índice do impacto social do projeto; i = 1,..., n, número de famílias; j = 1,..., m, número de variáveis. A seguir apresentam-se as variáveis (indicadores) utilizadas no modelo, com seus respectivos escores, para aferição do Índice do Impacto Social do Projeto – ISP. 4.9 Definição das Variáveis (Indicadores) Utilizadas no Cálculo do Índice ao Impacto Social do Projeto. X1) Indicador de Educação Para este indicador, será considerado o grau de repetição das crianças que recebem reforço escolar: a) mais de 20% da turma reprovou....................................................... 0 b) de 10 a menos de 20% reprovou ...................................................... 1 c) de 5 a menos de 10% reprovou ........................................................ 2 d) menos de 5% reprovou..................................................................... 3 X2) Impacto, do trabalho desenvolvido pelo projeto no fortalecimento do vínculo familiar: a) melhorou pouco................................................................................ 0 b) melhorou razoavelmente.................................................................. 1 c) melhorou muito ................................................................................ 2 X3) Impacto do projeto, na criação de hábitos saudáveis, determinantes da redução de influências negativas nas crianças assistidas. a) a criança assistida cometeu algum ato de rebeldia no lar ou fora dele ................................................................................................. 0 b) nenhum ato de rebeldia foi cometido pela criança no lar ou fora dele ................................................................................................. 1 X4) Perfil da auto-estima das crianças atendidas pelo projeto. a) melhorou pouco................................................................................ 0 b) melhorou razoavelmente.................................................................. 1 c) melhorou muito ................................................................................ 2 17 X5) Aspecto nutricional das crianças atendidas pelo projeto. a) melhorou pouco................................................................................ 0 b) melhorou razoavelmente.................................................................. 1 c) melhorou muito ................................................................................ 2 X6) Retorno da educação física, como mediador do processo ensinoaprendizagem. a) influenciou pouco............................................................................. 0 b) influenciou razoavelmente ............................................................... 1 c) influenciou muito ............................................................................. 2 X7) Influência de atividades artísticas e culturais, na criação de novos hábitos e comportamentos. a) não houve mudança de hábitos e comportamentos .......................... 0 b) houve razoável mudança de hábitos e comportamentos .................. 1 c) houve grande mudança nos hábitos e comportamentos ................... 2 X8) Influência do trabalho de artes manuais, na criação de emprego e renda, nas famílias assistidas pelo projeto. a) melhorou pouco................................................................................ 0 b) melhorou razoavelmente.................................................................. 1 c) melhorou muito ................................................................................ 2 X9) Influência da assistência médica e odontológica, na saúde geral das crianças assistidas pelo projeto. a) melhorou pouco................................................................................ 0 b) melhorou razoavelmente.................................................................. 1 c) melhorou muito ................................................................................ 2 X10) Eficácia do projeto e a adequação dos sistemas de implementação. a) pouco eficaz e adequado .................................................................. 0 b) razoavelmente eficaz e adequado..................................................... 1 c) muito eficaz e adequado................................................................... 2 O valor do Índice de Responsabilidade Social do projeto, quanto mais próximo de 1, melhor o indicador de responsabilidade social do projeto como um todo, ou individualmente, para cada variável. Optou-se por estabelecer o seguinte critério: a) nível baixo do indicador social 0 < IIRS ≤ 0,5 b) nível médio do indicador social 0,5 < IIRS ≤ 0,8 c) nível alto do indicador social 0,8 < IIRS ≤ 1. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO A participação de cada variável na formação do Índice de Responsabilidade Social IIRS pode ser observada na TABELA 1. De acordo com os critérios estabelecidos, todas as variáveis (indicadores) mostraram um alto nível social de realização dado que são > 0,8, com exceção de X8 = 0,74. Em realidade poucas mães de família assistiram ao curso de artes manuais programado, conforme foi estabelecido durante a comemoração do dia das mães na Fundação. Entretanto, muitas mães de família, salientaram a importância do sub-projeto e manifestaram seu desejo de assistir se oferecido novamente. O reforço escolar, pedra mestre do projeto, permitiu que menos de 5% das crianças, ficassem reprovadas, desde o inicio das atividades. Outro fator que merece destaque, é o fortalecimento do vínculo familiar, devido à participação no projeto. A educação física contribui positivamente no aspecto da facilitação da aprendizagem, formação da identidade e 18 auto-estima, e equilíbrio emocional das crianças. Simultaneamente, a assistência médica e odontológica, e seu impacto positivo na saúde das crianças assistidas, se manifestam como outro fator relevante para o sucesso do projeto. A oportunidade de emprego e renda, através do ensino de artes manuais, criada pela Fundação, depende da iniciativa e interesse das mães. Finalmente, a eficácia do projeto, e a adequação dos sistemas de implementação, se mostram como outro grande acerto da Fundação e sua equipe de comando. TABELA 1 – Contribuição individual das variáveis na formação do IIRS. Variáveis Contribuição (Ci) X1 = Educação 1 X2 = Impacto do trabalho desenvolvido pelo projeto no fortalecimento do vínculo familiar. 0,99 X3 = Impacto do projeto, na criação de hábitos saudáveis, determinantes da redução, de influências negativas nas crianças. 0,88 X4 = Perfil da auto-estima das crianças atendidas pelo projeto. 0,92 X5 = Aspecto nutricional das crianças atendidas pelo projeto. 0,99 X6 = Retorno da educação física, como mediador do processo ensinoaprendizagem. 0,94 X7 = Influência de atividades artísticas e culturais, na criação de novos hábitos e comportamento. 0,86 X8 = Influência dos trabalhos de artes manuais, na criação de emprego e renda, nas famílias assistidas pelo projeto. 0,74 X9 = Influência da assistência médica e odontológica, na saúde geral das crianças assistidas pelo projeto. 0,94 X10 = Eficiência do projeto e a adequação dos sistemas de 0,97 implementação. Fonte: Dados da pesquisa. (Ver Tabela 1B, no Apêndice B). O IIRS = 0,91 (veja Apêndice B), mostra o alto nível do Indicador de Responsabilidade Social do Projeto, como um todo. O que de fato permite visualizar o caminho certo seguido pela Fundação Ana Amélia Bezerra de Menezes, em seu Projeto de Responsabilidade Social. 6 CONCLUSÕES E SUGESTÔES A Fundação Ana Amélia Bezerra de Menezes e Souza, vem atingindo os objetivos propostos, pelo seu Projeto de Responsabilidade Social, atendendo crianças e adolescentes carentes, das favelas Rosalina e Riacho Doce, em suas necessidades básicas de educação, saúde e alimentação, criando um impacto positivo na formação da identidade e auto-estima das crianças e nas famílias das crianças assistidas pelo Projeto. As ações desenvolvidas pela Fundação contribuem para a difusão, entre o empresariado e a sociedade em geral, do fato de que, o acesso da população pobre a bens sociais essenciais, é imprescindível para a construção de uma sociedade mais justa e para conferir um significado mais profundo à existência da empresa na sociedade. A formação de cidadãos, deve ser um objetivo básico de responsabilidade social dos empresários interessados com o investimento social privado, em projetos, visando contribuir nas transformações fundamentais da sociedade. 19 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRIOLA, W, e McDONALD, B. (org.). Avaliação fiat Lux em educação: avaliação do processo ensino-aprendizagem – avaliar para crescer. Fortaleza, UFC. 2003. p. 153-165. ASHLEY, P. et al. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo, SP. Saraiva, 2003. p. 205. AZEVEDO, F. Da filantropia empresarial ao investimento social. O Povo, Fortaleza, 11 de Out. de 2003. BANCO DO BRASIL. Balanço Social. Brasília. 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