PUB
ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 6160 DE 27 DE ABRIL DE 2015 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
Paulo Alexandre Coelho
LICENCIATURAS
Portugal atrai cada vez mais
alunos internacionais
II Diário Económico Segunda-feira 27 Abril 2015
L I C E N C I AT U R A S
E D I TO R I A L
‘Campus’ abertos
ao mundo
Paulo Alexandre Coelho
Um em cada dez estudantes no ensino superior
português já é internacional.
Conheça as áreas
com mais emprego
PÁGINAS 2 A 4
Estudantes estrangeiros
são cada vez mais em Portugal
PÁGINA 6
Universidades portuguesas
nos ‘rankings’ mundiais
PÁGINA 8
Como financiar os seus estudos
PÁGINA 10 E 11
Guia de candidatura ao ensino
superior
PÁGINA 12
Alemão, inglês, francês e turco. Foram as línguas que
ouvi nos corredores da Nova School of Business and
Economics (NOVA SBE), a última vez que a visitei.
Surpreendido? Quase 200 estudantes alemães
escolheram esta faculdade para completar os seus
estudos. Cerca de 25% dos alunos estrangeiros (843
em dois mil) desta escola vem da economia mais forte
da Europa. Um cenário que se repete na Católica-Lisbon SBE.
Os exemplos multiplicam-se. A Universidade de Coimbra
já é a maior universidade brasileira, fora do Brasil, com
cerca de dois mil estudantes. A Universidade de Aveiro
atrai chineses, assim como o ISCTE-IUL.
Os estudantes internacionais representam 10% do total
dos alunos do ensino superior português. Vêm de todo o
lado. Brasil, Angola, mas também Espanha, Alemanha,
Irão e Turquia. As universidades portuguesas
transformaram-se em verdadeiros ‘campus’
internacionais como mostramos neste especial.
A estratégia do passa-palavra ainda é a principal arma
na internacionalização. Quem vem gosta da experiência
e depois recomenda aos amigos que estudem em
Portugal.
A aprovação do Estatuto do Estudante Internacional, no
ano passado, era a peça que faltava para afirmar cada
vez mais Portugal como destino de formação. Uma “via
verde” que facilite a atribuição dos vistos foi uma das
iniciativas desenvolvidas recentemente pelo Governo.
Mas há ainda muito a fazer para transformar o ensino
superior numa das principais indústrias exportadoras
portuguesas.
Professores, responsáveis das instituições e reitores
estão de parabéns por esta internacionalização que é
comprovada pela presença portuguesa nos principais
‘rankings’ internacionais. Mas não podemos esquecer o
papel decisivo que o antigo ministro Mariano Gago,
falecido recentemente, e a sua equipa tiveram em
desenvolver reformas que permitiram modernizar e
internacionalizar o ensino superior português.
“Toda a gente está a voltar à universidade! Valerá a
pena?” perguntava a revista “The Economist” na capa,
remetendo para um especial publicado há duas
semanas. Claro que vale a pena, conclui a revista. Em
Portugal, por exemplo, ter um diploma de ensino superior
significa duplicar o rendimento. O presidente do
Conselho Nacional de Educação, David Justino, fez as
contas e concluiu que, no fim da vida, um licenciado
conseguiu ganhar mais 1,7 milhões de euros que um
trabalhador com o 12º ano.Ter um diploma, hoje, significa
ter uma “marca” no currículo que é um passaporte para o
futuro, conclui o editor do “Times Higher Education
Supplement”. Cada vez mais, as universidades
portuguesas estão a carimbar passaportes vindos de
todo o mundo. Um trunfo que pode ajudar a economia
portuguesa a sair da eterna crise. ■
MADALENA QUEIRÓS
[email protected]
“Toda a gente está a
voltar à universidade!
Valerá a pena?”,
perguntava a revista
“The Economist”
na capa remetendo para
um especial publicado
há duas semanas.
Claro que vale a pena,
conclui a revista. Em
Portugal, por exemplo,
ter um diploma de ensino
superior significa
duplicar o rendimento.
O presidente do Conselho
Nacional de Educação,
David Justino, fez as
contas e concluiu que,
no fim da vida, um
licenciado conseguiu
ganhar mais 1,7 milhões
de euros que
um trabalhador
com o 12º ano.
Escolha um curso que goste, mas
não se esqueça da empregabilidade
Muitos jovens ainda optam por cursos sem emprego, sobretudo nas áreas de Humanidades e Ciências Sociais.
CARLA CASTRO
[email protected]
Medicina continua à frente com a empregabilidade mais elevada de todas as
áreas de formação, sem surpresa. Mas há
outras áreas, com médias de entrada
mais acessíveis, e muita empregabilidade. Desde logo, sabe-se que as empresas
em Portugal e na Europa, em geral, vão
precisar de muitos engenheiros nos próximos anos. Engenheiros para as novas
tecnologias, mas também electrotécnicos, metalomecânicos, etc. O caso particular das Tecnologias de Informação –
onde se inclui não só a Informática, mas
muitos mais cursos especializados – têm
tido muita oferta de trabalho e assim
continuará nos próximos anos. Um estudo da Comissão Europeia revela que 90%
das ofertas de emprego até 2020 serão na
área das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC). Há também o caso
da saúde que, com o envelhecimento da
população, aumento da esperança de
vida e aposta na medicina prev+entiva, é
também uma área de futuro.
Um estudo da Comissão
Europeia revela
que 90% das ofertas
de emprego até 2020
serão na área das TIC.
No extremo oposto situam-se as Humanidades e Ciências Sociais, com baixa
empregabilidade. Apesar disso, na altura
de escolher o curso, muitos jovens continuam a escolher áreas com elevadas taxas de desemprego. E aqui as mais afectadas são as habituais: Ciências Sociais,
como Sociologia, Letras, História, Filosofia, Serviço Social e Animação Socio-Cultural. Embora nunca se deve esquecer a vocação e sonho profissional de
cada um.
Cursos sem saídas e com candidatos
muito superiores às vagas
A falta de saídas profissionais, em muitos
casos, não tem afastado os candidatos.
Cursos de Informação e Jornalismo, Direito e Ciências Sociais e do Comportamento são alguns exemplos. Na primeira
fase das candidaturas deste ano lectivo,
estes cursos foram os que receberam
mais candidatos para o número de vagas.
Informação e Jornalismo - onde há escassas oportunidades de encontrar trabalho actualmente, com as quedas nas
receitas publicitárias e nas vendas dos
órgãos de comunicação social - foi a área
com o maior número de candidatos para
as vagas existente, o que demonstra uma
procura muito superior à oferta.
A seguir vem Direito - outra área que há
anos se fala que envia muitos jovens para
o desemprego ou obriga ao exercício da
actividade profissional noutras áreas que
nada têm a ver com as leis e o mundo jurídico. Ex-aequo aparece a área de Ciências Sociais e do Comportamento, onde
se incluem cursos como Sociologia, Psicologia com elevadas taxas de desemprego.
Há mais três áreas de estudo com uma
PUB
procura dos estudantes superior à oferta
de vagas, mas estas têm mais empregabilidade. Aliás, a saúde é mesmo uma das
áreas de futuro e com mais emprego,
dado o envelhecimento da população. A
conclusão é tiradas dos dados da Direcção Geral do Ensino Superior que analisam a primeira fase de candidaturas deste ano lectivo. ■
Bridget R. Caswell / NASA / Reuters
Segunda-feira 27 Abril 2015 Diário Económico III
IV Diário Económico Segunda-feira 27 Abril 2015
L I C E N C I AT U R A S
Sobram vagas
em áreas com
elevadas saídas
profissionais
Engenheiros civis no trabalho de restauro
do monumento em Washington, nos EUA.
Engenharias não preenchem todas as vagas.
Matemática justifica muitas desistências.
CARLA CASTRO
[email protected]
Alerta
do bastonário
A exigência de os
candidatos aos cursos
de engenharia terem
obrigatoriamente
de ter notas positivas
às disciplinas de Matemática
e Física limita, à partida,
o número de alunos
que podem candidatar-se,
por causa das médias
negativas nestas matérias,
defendeu Carlos Matias
Ramos. “É uma situação
responsável por alguma
quebra de alunos
para estas áreas”,
já admitiu o bastonário
da Ordem dos Engenheiros.
Hyungwon Kang / Reuters
Enquanto existem cursos com elevado nível
de desemprego que têm demasiados candidatos para o número de vagas, outros que estão
entre os que registam taxas de empregabilidade mais elevadas, continuam a ter muito
mais vagas do que candidatos. Acontece, por
exemplo, no caso das engenharias, quando as
previsões são para que Portugal e a Europa
continuem a precisar de engenheiros nos
próximos anos. As estimativas apontam para
um défice na Europa de 200 mil engenheiros
nos próximos anos. O bastonário da Ordem
dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, lembra que existe pouco mais de 3% de desemprego no sector, quando o desemprego jovem
ultrapassa os 30%.
No caso particular das Tecnologias de Informação, a empregabilidade tem se mantido
sempre alta, mesmo no período mais negro
da crise, em que só se falava em desemprego.
Hoje, as empresas de TI continuam a recrutar activamente e a instalação dos centros de
competências de muitas multinacionais em
Portugal também tem ajudado este fenómeno.
A razão para muitos alunos fugirem destes
cursos é, muitas vezes, explicada pelas dificuldades que sentem em ter boas notas a
Matemática. Isto porque o sucesso na Matemática é essencial para todos estes cursos de
engenharias. Nos próprios departamentos
técnicos das faculdades acredita-se que é
por causa da Matemática que muitos jovens
não se candidatam a certas áreas de formação.
Isso mesmo já foi também admitido pelo próprio bastonário da Ordem dos Engenheiros,
para quem a exigência de os candidatos aos
cursos de engenharia terem obrigatoriamente
de ter notas positivas às disciplinas de Matemática e Física limita, à partida, o número de
alunos que podem candidatar-se, por causa
das médias negativas nestas matérias. “É uma
situação que devemos encarar com muita seriedade. É responsável por alguma quebra de
alunos para estas áreas de engenharia”, já
disse Carlos Matias Ramos.
O caso da Engenharia Civil
No caso particular da Engenharia Civil, os alunos têm também fugido da falta de emprego,
dada a paragem na actividade de construção
que se deu em Portugal com a crise. No entanto, o bastonário da Ordem dos Engenheiros
mostrou-se já preocupado com a redução de
candidatos. Com a “fuga” dos jovens do curso
de Engenharia Civil, daqui a uns anos haverá
“uma situação de fragilidade da capacidade
produtiva do país e da disponibilidade de técnicos altamente qualificados em algumas das
áreas fundamentais para o desenvolvimento
da indústria e da produção”, avisou. E mesmo
actualmente os engenheiros civis têm encontrado emprego em obras no estrangeiro de
empresas portuguesas ou mesmo trabalhando
para empresas estrangeiras. ■
PUB
VI Diário Económico Segunda-feira 27 Abril 2015
Paulo ALexandre Coelho
L I C E N C I AT U R A S
Mais de 50% dos estudantes estrangeiros a estudar
em Portugal são oriundos dos países de expressão
oficial portuguesa.
Língua portuguesa determina escolha
dos estudantes estrangeiros
Mais de 26% dos alunos estrangeiros em Portugal são brasileiros. A União Europeia pesa cerca de 34%.
ANTÓNIO FREITAS DE SOUSA
[email protected]
A identidade linguística parece ser a grande
motivação quando a questão é a decisão dos
alunos estrangeiros em continuarem os estudos superiores em Portugal. De facto, e segundo dados do ano lectivo de 2013/14, estavam a estudar em Portugal 33.809 alunos estrangeiros, dos quais 8.911 (cerca de 26,4%)
eram brasileiros. Numerosos, mas menos que
no ano anterior (8.917, que pesavam 28,6%)
A percentagem cresce bastante mais, quando, ao Brasil, a soma agrega os restantes PALOP e Timor Leste: neste caso, os 17.604 estudantes oriundos destes países preenchem
52% do total – no ano anterior, eram 45%.
Neste agregado, e a seguir ao Brasil, Angola
surge como o segundo destino mais numeroso
de estudantes estrangeiros: no ano lectivo em
causa, eram 3.741, seguidos de perto pelos
oriundos de Cabo Verde (2.759). Os estudantes de Timor-Leste eram, neste sub-total, os
menos representados: eram apenas 278.
Países da UE com quase 35%
O agregado constituído pelos países da União
Europeia fica bastante abaixo do agregado dos
Procura no
privado recupera
No ano lectivo de 2012/13,
o número de estudantes
estrangeiros nas
universidades particulares
caiu pela primeira vez em
três anos: os 5.867 alunos
eram menos 5,8% que no
ano anterior. Inversamente,
a procura do ensino público
(25.316) aumentou 10,9%.
Mas, em 2013/14, os
privados recuperaram 14,1%
(para os 6.693 alunos), bem
acima dos 7,1% de aumento
da procura das instituições
públicas (27.116 alunos). Na
totalidade, o número
de alunos estrangeiros
cresceu 8,4% relativamente
ao ano anterior. Um número
assinalável, mas que não
chega ao crescimento
verificado no ano lectivo
de 2011/12 face ao
antecedente: 31,4%.
países de expressão oficial portuguesa: eram
11.536 representando cerca de 34,2% - apesar
de tudo uma recuperação face ao ano anterior
(9.299, pesando 29,8%). Ainda no que diz
respeito à União Europeia, a Espanha era o
país mais representado: eram 2.976 estudantes a atravessarem a muito próxima fronteira
para Portugal – sendo certo que na esmagadora maioria dos casos, as diferenças linguísticas não serão um problema complicado de
ultrapassar.
Itália (1.887) e, talvez surpreendentemente,
Polónia (1.246) eram, a seguir a Espanha, as
nacionalidades mais representadas junto dos
alunos estrangeiros nas universidades portuguesas. Só depois destes três países surgiam a
Alemanha (1.154 estudantes) e a França (721)
– sendo que Malta não tinha em 2013/14, e
como lhe é costume, qualquer estudante em
Portugal.
Fora do perímetro da União Europeia, era habitualmente a Ucrânia o país mais numerosamente representado nos ‘campus’ nacionais –
mas em 2013/14 a Turquia ultrapassou aquele
país. Em 2013/14 eram 534 os alunos oriundos
da Ucrânia, numa altura em que as tensões
com o poderoso vizinho russo ainda não haviam redundado nos confrontos junto às
fronteiras comuns, que eclodiriam pouco
tempo depois.
A Turquia estava representada em Portugal
por 590 alunos (mais 23% que no ano anterior), sendo de longe o país muçulmano mais
numeroso. Ainda no que se refere ao Islão e de
alguma forma surpreendentemente, estavam
em Portugal, em 2013/14, 305 estudantes
oriundos do Irão. Ao contrário, o vizinho Iraque tinha apenas 18 alunos no território nacional – apesar disso, o dobro dos do ano anterior.
Do ponto de vista do espectro demográfico
global, Portugal não pode queixar-se: dos
200 países que constam da listagem, não há
nenhum que, nos últimos três anos lectivos,
não esteja representado. E a lista dos que,
nesse período de tempo, enviou apenas um
estudante não é muito grande: as ilhas de
Reunião, de Santa Lúcia, de Samoa e de
Wallis, Tonga e a Somália são os únicos
exemplos. ■
PUB
VIII Diário Económico Segunda-feira 27 Abril 2015
L I C E N C I AT U R A S
Infografia: Mário Malhão | [email protected]
As universidades portuguesas
nos ‘rankings’ mundiais
Lisboa, Porto, Minho e Coimbra constam das listas das melhores instituições do mundo.
CARLA CASTRO
[email protected]
A nova Universidade de Lisboa foi a instituição portuguesa que alcançou maior reconhecimento internacional neste último ano, nos
dois ‘rankings’ mundiais de maior prestígio,
testemunhando já os ganhos com a fusão entre as universidades Clássica e Técnica.
As universidades de Lisboa e do Minho são as
duas instituições portuguesas que constam do
‘ranking’ das melhores do mundo da revista
especializada “Times Higher Education”
(THE), enquanto num outro ‘ranking’ conceituado – Academic Ranking of World Universities (ARWU), mais conhecido como
‘ranking’ de Xangai – estão a de Lisboa, Porto
e Coimbra.
A Universidade de Lisboa é, assim, a única
portuguesa que aparece nos dois ‘rankings’,
melhorando ainda a performance em relação
ao ano passado, enquanto as outras mantêm
as posições. No caso do THE, Portugal tem
vindo a reduzir a sua presença. Há três anos,
eram quatro as instituições portuguesas nesta
lista: Minho, Porto, Nova e Aveiro. Actualmente, são apenas duas: Minho e Lisboa, que
estão entre a 350ª e a 400ª posição, tendo Lisboa entrado precisamente em 2014, ano em
que o Porto saiu.
A Universidade
de Lisboa pós-fusão é, assim, a
única instituição
portuguesa
que aparece nos
dois ‘rankings’,
melhorando
a performance
em relação
ao ano passado,
enquanto as
outras mantêm
as posições.
No ‘ranking’ de Xangai, a Universidade de Lisboa sobe posições, conseguindo ficar no grupo
da 200ª à 300ª posição. A Universidade do Porto está entre a 300ª e a 400ª posição e a de
Coimbra entre a 400ª e a 500ª. Antes da fusão,
em 2013, a Clássica estava entre o 300º e a 400º
lugar. Já a Técnica estava entre a 400º e o 500º.
Americanas e britânicas ainda são
as melhores, mas Ásia ganha terreno
Em termos das melhores do mundo, Estados
Unidos e Reino Unido continuam a dominar
os ‘rankings’, preenchendo os dois países
todo o ‘top ten’, com mais lugares para as
norte-americanas.
No entanto, são as universidades asiáticas o
grande destaque destes ‘rankings’, porque são
elas que ganham terreno. A THE fala em “declínio das universidades norte-americanas”,
com quedas das instituições de primeira linha,
dando o exemplo de Chicago, que desce da 9ª
para a 11ª posição. O ano passado tinha 77 nas
200 melhores, que passaram para 74 este ano.
O Reino Unido perdeu três (de 31 para 29).
“As universidades ocidentais estão, em muitos casos, a perder terreno porque sofrem de
falta de fundos públicos vitais”, afirma Phil
Baty, editor de ‘rankings’ da THE, acrescentando mesmo que se pode começar a falar do
“aproximar de uma crise” nas instituições
norte-americanas.
Ainda assim, a melhor universidade do mundo pelo 4º ano consecutivo, segundo a THE,
continua a ser o Instituto de Tecnologia da
Califórnia (Caltech). No ‘ranking’ de Xangai,
o 1º lugar é de Harvard.
Na Times Higher Education existem três universidades britânicas no ‘top ten’: Oxford,
que aparece em terceiro, Cambridge e Imperial College de Londres, enquanto as restantes
são todas norte-americanas. No ‘ranking’ de
Xangai o domínio dos Estados Unidos é ainda
maior: nas dez primeiras, oito são norte-americanas e apenas duas britânicas: Cambridge (5º) e Oxford (9º), ex-aequo com a
norte-americana Chicago.
Estes ‘rankings’, que classificam também as
melhores por áreas de formação, servem de
barómetro para avaliação da qualidade do ensino superior no mundo, classificando as universidades segundo indicadores de desempenho como avaliação do ensino, da investigação, transferência de conhecimento, internacionalização. ■
Segunda-feira 27 Abril 2015 Diário Económico IX
Erasmus envia cada vez mais
estudantes para fora estudar
É possível fazer duas vezes Erasmus: uma para estudar e outra para estagiar.
CARLA CASTR0
Mais de sete mil alunos universitários saíram
de Portugal para estudar ou fazer um estágio
fora do seu país, segundo as últimas estatísticas conhecidas relativas ao ano de 2012/2013.
É possível ir estudar para o estrangeiro, a partir do 2º ano do curso (da licenciatura) e em
qualquer semestre durante um período que
pode ir de três a 12 meses. E é possível fazer
Erasmus duas vezes: uma vez para estudar e
outra para estagiar.
Para quem está interessado deve dirigir-se ao
gabinete Erasmus ou de Relações Internacionais da instituição que frequenta e consultar o
site do Erasmus em Portugal. Primeiro que
tudo deve tentar saber quais as universidades
que têm acordo bilateral Erasmus com a instituição que frequenta.
No “Learning Agreement” (“Acordo de Estudos”) são descritas as disciplinas que o estudante deve realizar durante a mobilidade. Se
terminar essas disciplinas com sucesso, as
mesmas serão reconhecidas pela sua instituição de origem.
Alunos da Universidade do Porto
são os que mais saem do país em Erasmus
Os 7.041 alunos portugueses que foram para
fora ao abrigo deste programa, no ano lectivo
de 2012/2013, representam um aumento de
9% em relação aos 6.484 que fizeram as malas
em 2011/2012. A Universidade do Porto foi a
instituição de ensino superior portuguesa que
mais alunos enviou para fora: 806, seguida da
Técnica (os dados são anteriores à fusão destas duas instituições), com 566, e da Nova,
com 549.
Quanto aos alunos recebidos, a maior anfitriã
é a Universidade Técnica, com 916 estudantes
de fora, estando na 16ª posição europeia. A seguir vem a Universidade do Porto, com 814, a
de Coimbra, com 775, a Nova, 707, e a Universidade de Lisboa, 552. Quanto às três líderes
do top 100 europeu são espanholas: universidades de Granada, Valência e Sevilha.
Mas não é só em Portugal que a mobilidade de
estudantes bate recordes. Também na UE
cerca de 270 mil jovens beneficiaram de bolsas da UE para estudar ou receber formação
no estrangeiro no período de 2012-2013.
Os três destinos mais populares para o total
dos estudantes Erasmus das várias nacionalidades são: Espanha, Alemanha e França.
Quanto aos países com a maior percentagem de envio para o estrangeiro de estudantes do ensino superior, proporcionalmente à
É possível
ir estudar para
o estrangeiro
a partir do
2º ano do curso
(da licenciatura),
em qualquer
semestre,
durante
um período de
três a 12 meses.
sua população diplomada, são: Luxemburgo, Liechtenstein, Finlândia, Letónia e Espanha.
Quanto à bolsa média de Erasmus, destinada a
cobrir parte dos custos de viver no estrangeiro e as despesas de deslocação, foi de 272 euros mensais em 2012/2013, mais 9 % em relação ao ano anterior. A gestão e atribuição das
bolsas são feitas pela instituição e podem depois ser complementadas por fundos nacionais, regionais ou institucionais.
O Erasmus envolve a mobilidade não só de estudantes, para estudar e estagiar, mas também de docentes, abrangendo um total de 33
países europeus: os 27 Estados-membros da
UE mais Islândia, Liechtenstein, Noruega,
Suíça e Estados candidatos à UE (por exemplo
a Turquia). ■
PUB
O Erasmus é considerado o maior programa
de mobilidade de estudantes do mundo.
Paulo Figueiredo
[email protected]
X Diário Económico Segunda-feira 27 Abril 2015
Paula Nunes
L I C E N C I AT U R A S
Saiba como financiar
o seu curso superior
Existem várias opções para os alunos com dificuldades financeiras pagarem os seus estudos.
CARLA CASTRO
[email protected]
Para os alunos cujas famílias não têm possibilidades financeiras de os manter a estudar numa
universidades, existem opções de financiamento disponíveis em Portugal, que procuram
facilitar o acesso ao ensino superior. Conheça
as opções e os passos que deve dar para aceder
a esses financiamentos. Primeiro que tudo,
perceba se pode ter acesso a uma bolsa de estudo. Se não cumprir os critérios para receber
este apoio do Estado, o passo seguinte deve ser
dirigir-se à banca. Deve visitar vários bancos e
conhecer as condições de empréstimos aos estudantes em cada um deles. E procurar saber se
o banco ainda tem ‘plafond’ para os créditos de
garantia mútua que têm condições mais vantajosas e são idênticas nos vários bancos. Saiba
ainda que as boas notas dão vantagens no
‘spread’ do crédito bancário.
1
Onde se deve dirigir primeiro
A primeira coisa a fazer é conhecer os seus direitos em relação às bolsas de estudo. Deve
dirigir-se ao gabinete de apoio social da universidade ou até mesmo ver se existem programas de apoio nas câmaras municipais.
Consulte as regras das bolsas de estudo nacio-
O montante
máximo
do crédito
de garantia
mútua é de 25
mil euros por
empréstimo
e o ‘spread’
máximo é de 1%.
A percentagem
pode baixar
para os alunos
que tenham
boas notas.
nais no ‘site’ da Direcção-Geral de Ensino Superior (DGES). Depois há instituições que disponibilizam bolsas de estudo para os alunos
com médias mais elevadas. Se não for elegível
para uma bolsa, deve dirigir-se a um banco
para conhecer a oferta em termos de crédito.
2
Quem tem direito a bolsa de estudo
Para ter acesso a uma bolsa de estudo o rendimento mensal per capita do agregado familiar
não pode ultrapassar 14 vezes o Indexante de
Apoio Social (419,22 euros) acrescido do valor
da propina máxima anualmente fixada para a
licenciatura. O aluno tem de estar inscrito no
mínimo em 30 créditos (ECTS) e o agregado
familiar não pode ter um património imobiliário superior superior em 240 vezes o valor
do indexante dos apoios sociais.
3
O que é preciso fazer
para se candidatar a uma bolsa
A candidatura à bolsa de estudo do Estado tem
de ser feita através da Internet, no site da Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES).
Pode ser pedida ao longo do ano lectivo, não
existindo prazo limite. No entanto, se o aluno
entregar a candidatura entre 25 de Junho e 30
de Setembro o estudante recebe o valor da
bolsa por inteiro. Se a bolsa for entregue depois do início do ano lectivo, o valor a atribuir
é proporcional ao calculado para os restantes
meses que completam o período de aulas.
4
Quanto é que pode receber de bolsa
O valor da bolsa base anual mínima é o valor
da propina efectivamente paga, até ao valor
da propina máxima fixada para o 1.º ciclo de
estudos do ensino superior público no ano
lectivo em causa (que é de 1.066 euros no ano
lectivo de 2014/2015). O valor da bolsa máxima corresponde a 11 vezes o indexante dos
apoios sociais acrescido do valor da propina
paga pelo estudante até ao limite da propina
máxima das licenciaturas no ensino público, o
que corresponde a 5.679,27 euros.
5
Que opções existem para alunos
que não têm direito a bolsa
Para os alunos que não são elegíveis para receber uma bolsa de estudo, existem empréstimos bancários. Por isso, o próximo passo é dirigir-se à banca.
Segunda-feira 27 Abril 2015 Diário Económico XI
Formas de financiamento
Bolsas
O primeiro passo quando se entra na
universidade é procurar saber se pode ter
acesso a uma bolsa de estudo. Primeiro que
tudo, consulte as regras das bolsas nacionais
no ‘site’ da DGES. Para ter acesso a uma
bolsa, os rendimentos anuais ‘per capita’ do
agregado familiar não podem ultrapassar 14
vezes o Indexante de Apoio Social (419,22
euros), acrescido do valor da propina máxima.
E o aluno tem de estar inscrito no mínimo em
30 créditos (ECTS) e o agregado familiar não
pode ter um património imobiliário superior
em 240 vezes o valor do indexante dos apoios
sociais. A candidatura à bolsa de estudo do
Estado tem de ser feita através da Internet,
no próprio site da DGES. O valor da bolsa
base anual mínima é o valor da propina
efectivamente paga, até ao valor da propina
máxima fixada para o 1.º ciclo de estudos do
ensino superior público no ano lectivo em
causa (que foi de 1.066 euros no ano lectivo
de 2014/2015).
Crédito de Garantia Mútua
6
Vá ao banco
Para saber qual o crédito que mais lhe interessa, deve dirigir-se a vários bancos e informar-se muito bem primeiro das condições de
crédito em cada um deles, porque os ‘spreads’
não são iguais. A não ser que o banco tenha o
crédito de garantia mútua em que as condições são semelhantes em todos os bancos.
Procure saber se este crédito de garantia mútua ainda está disponível no seu banco, porque alguns já esgotaram o ‘plafond’ para os
empréstimos do ano lectivo de 2014/2015,
que recebem da Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua (SPGM).
7
Quais as condições do crédito
de garantia mútua
O montante máximo do crédito de garantia
mútua é de 25 mil euros por empréstimo e o
‘spread’ máximo é de 1%. A percentagem
pode baixar para os alunos que tenham boas
notas. O montante é, normalmente, libertado
em tranches mensais de valor fixo.
8
Boas notas dão vantagens
No caso do crédito de garantia mútua, os alu-
Para os
que alunos
que consigam
uma média entre
14 e 16 valores
o ‘spread’
pode descer
para os 0,65%.
nos que consigam uma média entre 14 e 16 valores, o ‘spread’ dos bancos pode baixar para
os 0,65%. Se o aluno conseguir ultrapassar o
16, o ‘spread’ pode descer até aos 0,2%.
9
Informe-se sobre os ‘spreads’ de cada
banco
Se optar pelo crédito do banco que não o de
garantia mútua, saiba que os ‘spreads’ variam, por isso deve visitar várias instituições
bancárias, informar-se bem e optar pelo mais
conveniente. É preciso perder algum tempo a
procurar. O ‘spread’ médio ronda os 3% a
3,5% indexado à Euribor, a três ou seis meses.
10 Que tempo tem para pagar o empréstimo bancário
Após a conclusão do curso tem um ano para
começar a pagar o crédito, no caso do empréstimo por garantia mútua. Enquanto frequenta o curso não tem de pagar ao banco (é o
chamado período de carência). Depois de sair
da universidade tem entre seis a dez anos para
concluir o pagamento. No caso dos outros
créditos bancários o período de carência pode
variar entre os seis e os 42 meses. ■
Procure saber os bancos que têm disponível
o crédito de garantia mútua. Santander Totta,
Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos e
Montepio confirmaram ao Económico que
ainda têm ‘plafond’ para estes empréstimos.
No entanto, apesar de nalguns casos ter
havido atrasos até Março passado para
a linha de crédito estar acessível, noutros o
‘plafond’ atribuído para este ano lectivo pela
Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua
(SPGM) já está esgotado. O montante máximo
do crédito de garantia mútua é de 25 mil
euros por empréstimo e o ‘spread’ máximo é
de 1%. E esta percentagem pode baixar para
os alunos que tenham boas notas. Para os
estudantes que consigam uma média entre
14 e 16 valores pode baixar para os 0,65%.
Se o aluno conseguir ultrapassar a média
de 16, o ‘spread’ pode descer até aos 0,2%.
Após a conclusão do curso, tem um ano para
começar a pagar este crédito e entre seis
a dez anos para concluir o pagamento.
Créditos bancários
Os ‘spreads’ dos créditos bancários
para pagar a formação superior variam,
por isso os alunos devem visitar vários
bancos e informar-se bem. O ‘spread’ médio
ronda os 3% a 3,5%, mas nalguns casos é
mais elevado, é indexado à Euribor, a três ou
seis meses, e pode variar consoante as notas
obtidas pelo aluno. O período de carência
pode variar entre os seis e os 42 meses.
O crédito pode ser para estudar em Portugal
ou no estrangeiro e os montantes variam.
Alguns bancos têm créditos especiais
para pagar a formação que vão de
um montante mínimo de empréstimo a
um ‘plafond’ máximo, consoante se trata
de pagar a licenciatura, o mestrado ou
o doutoramento. Além do ‘spread’ que é
diferente de instituição para instituição,
também os montantes máximos do crédito
variam de banco para banco, assim como
os períodos de carência e os prazos para
conclusão do pagamento, após o curso.
XII Diário Económico Segunda-feira 27 Abril 2015
L I C E N C I AT U R A S
O que deve
saber antes
de se candidatar
O concurso nacional de acesso é a principal
porta de entrada nas universidades públicas.
JOANA MOURA
[email protected]
O exame final
nacional
realizado como
prova de
ingresso só é
válido para esse
efeito se a sua
classificação for
igual ou superior
à classificação
mínima fixada
para cada par
instituição/curso
pretendido.
A 1ª fase tem
um período
de candidatura
de 20 de Julho
a 7 de Agosto e a 2ª
de 7 a 18 de Setembro.
Quantas vagas existem para cada curso em cada
instituição?
As vagas de ensino superior público são colocadas a concurso nacional organizado pela
Direcção-Geral do Ensino Superior. Contudo,
devido às suas especificidades, alguns cursos
do ensino superior público têm vagas colocadas através de concursos locais, organizados
pelas próprias instituições, como é o caso do
curso superior de Teatro, cursos superiores
militares e Ciências Policiais (Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna). As vagas das instituições de ensino superior privado e da Universidade Católica Portuguesa são colocadas em concursos institucionais, organizados por cada instituição e limitadas aos cursos que ministram.
candidatura ‘online’ e apresentar o recibo do
pedido de atribuição de senha na escola secundária onde se inscrevem para os exames
nacionais, juntamente com o boletim de inscrição nos exames. O pedido de atribuição de
senha deve ser feito no portal da Internet da
DGES, de modo a que possa ser impresso, assinado e entregue na escola secundária para
certificação da sua identidade. Para os recibos
dos pedidos apresentados nas escolas, durante as inscrições para a 1ª fase dos exames nacionais, as senhas de acesso serão enviadas no
mês de Maio para o endereço de email fornecido pelo estudante. Depois deste período
preferencial, o pedido poderá ser feito até ao
final do prazo de candidatura a cada fase do
concurso.
A quantos cursos posso concorrer?
Cada estudante pode concorrer a um máximo
de seis pares instituição/curso, indicadas por
ordem de preferência.
Quais são os prazos de candidatura?
A 1ª fase tem um período de candidatura de 20
de Julho a 7 de Agosto. A 2ª fase vai de 7 a 18 de
Setembro. E, no caso de existir uma 3ª fase do
concurso nacional de acesso ao ensino superior, o prazo será de 1 a 5 de Outubro.
Como se apresenta a candidatura ao concurso
nacional?
A candidatura é apresentada através do sistema ‘online’, no portal da Direcção-Geral do
Ensino Superior. Para isso, os candidatos devem pedir uma senha de acesso ao sistema de
Paulo Figueiredo
Os estudantes com ensino secundário concluído, que tenham realizado as provas de ingresso em 2013, 2014 ou 2015 com uma classificação igual ou superior à classificação mínima exigida pela instituição/curso pretendido e
que sejam cidadãos portugueses, cidadãos de
um Estado-membro da União Europeia ou
que, não sendo, tenham autorização de residência permanente em Portugal há mais de
dois anos ininterruptos e válida até 31 de
Agosto deste ano, podem candidatar-se ao
ensino superior em Portugal. Fique a saber
tudo o que precisa de fazer neste guia de candidatura. Mas há ainda outras portas de entrada para além do concurso nacional de acesso.
Como o regime especial para quem tenha mais
de 23 anos e que terá que prestar provas nas
instituições a que se candidata. Para além de
outros regimes que pode consultar na página
da Direcção-Geral de Ensino Superior.
O que são os pré-requisitos?
São condições de natureza física, funcional ou
vocacional, com particular relevância para o
acesso a determinados cursos de ensino supe-
rior. Compete a cada instituição de ensino
decidir se a candidatura a algum dos seus cursos deve ser sujeita à aprovação de provas de
pré-requisitos. Estas provas podem ser eliminatórias ou destinar-se apenas à selecção e
seriação dos candidatos.
Qual é a classificação mínima exigida nas provas de ingresso?
As instituições de ensino superior exigem
uma classificação mínima nos exames realizados como provas de ingresso, fixada num
valor igual ou superior a 9,5 pontos, na escala
de 0 a 20. As classificações mínimas exigidas
para acesso a cada par instituição/curso são
divulgadas no Guia da Candidatura ao Ensino
Superior Público e no Guia da Candidatura ao
Ensino Superior Privado e Universidade Católica Portuguesa. O exame final nacional
realizado como prova de ingresso só é válido
para esse efeito se a sua classificação for igual
ou superior à classificação mínima fixada
para cada par instituição/curso pretendido.
Contudo, quando um exame final nacional é
utilizado simultaneamente para aprovação
num curso do secundário e como prova de
ingresso, pode permitir a obtenção de aprovação na disciplina para efeitos da conclusão
do ensino secundário. ■
Download

DE 6160 : Nacional : 1 : Página 1