Economia política da saúde: Introduzindo o debate1 The political economy of health: Introducing the debate Ana Luíza d’Ávila Viana2 , Hudson Pacífico da Silva2 & Paulo Eduardo M. Elias2 RESUM O Pro cu ra -se d iscut ir o papel do setor saúde nas economias cap italist as co nte mp orân eas, a p art ir da reto mada de alguns conceitos-chave da Economia Po lítica e de sua visão int eg rad a entre o social, o político e o econô mico, assim co mo da v isão h istó rica da con fo rmação da sociedade com base nas relações de mercado, no papel das institu içõ es, da o rg an ização social e do Est ad o, e nas relações que os padrões de desenvolvimento cap italista estabelecem co m a qu estã o da saúd e . Para esta finalidad e , entra em d iscussão duas ab ordagens teóricas: a convencional ou fo rmalista, própria da Econo mia da Saúde, e a s ubst ant iv is ta ou h istó rica que fornece elementos para d iscut ir a saúde a part ir de suas especificidad es enquanto mercadoria e bem econômico, como direito social e como espaço de acu mu laçã o de cap ita l. Conclu i-se que a segunda abo rdage m fornece um referencial teórico mais amplo, na medida que fornece catego rias an alít icas que possib ilita m d iscut ir a complexidade e a cont radiçã o entre os movimentos simu ltân eos de d es mercant ilização do acesso (saúde como direito), mercant ilização da oferta (saúd e como bem econômico) e formação do complexo industria l da saúde (saúde como esfera de acumulação de capital). PALAVR A S-C HA VE: Economia da Saúde; Mercantilização; Setor de Assistência à Saúde. ABSTRACT This paper aims at d iscussing the role of the h ealth sector in the conte mpo rar y cap italist econo mies, cons id ering some key concepts from the Political Economy and its int eg rated view of social, political and economic fields based on two theo ret ical app roaches : the con vent io nal o r fo r malist ap proach , ch aracterist ic of the Health Econo mics, and the ‘substant iv e’ or h ist o rical app ro ach , which provides elements to discuss h ealth as of its specificities as a merch and ise and economic product, as a social right, and as a space for cap ital accu mu lat io n. It is, thus concluded that the h isto rica l app ro ac h is more app rop riat e to analy ze the health sector as it offers a wider th eoret ica l referent ial, once it provides analyt ical cat eg ories which enable the d iscuss io n o f co mplexity and the co nt rad ict ion between th e simu ltaneous de-mercant ilis m of access (health as a social right), mercant ilis m of offering (healt h as an economic good), and the format io n of the health industry complex (health as a sphere to accumu lat e capital). KEYWO R DS: Health Economics; Commodification; Health Care Sector. 1 Texto elaborado para apresentação na 2ª Jornada de Economia da Saúde – Abres, realizada no município de Belo Horizonte, nos dias 30 novembro, 1º e 2 de dezembro de 2005. 2 Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. VIANA, Ana Luíza d’Ávila ; SILVA, Hudson Pacífico da & ELIAS, Paulo Eduardo M. INTRODUÇÃO latado por Castro, pois esse trecho, do nosso ponto de vista, é essencial Em ent rev ista recente, Antonio Barros de Castro, a propós ito d as controvérsias sobre o estruturalis mo , cita uma d iscussão entre dois enfo ques econômicos d ist intos – cu ja deno minação , segundo o aut o r, fo i contrabandeada da antropo log ia – os substant iv ist as e os fo rmalistas. Os substant iv istas , s egu ndo ele, têm a firme convicção de que os objetos de análise em economia possue m carac- na discussão da economia da saúde: “... (quanto a isso) vou me referir a um fato anedótico. Quando começou a ganhar corpo a onda de desregulamentação nos Estados Unidos, houve uma intensa discussão acerca da indústria aeronáutica: ela deveria, ou não, ser também desregulamentada, como muitos pretendiam? Nesse debate, os críticos da desregulamentação argumentavam que a indústria aeronáutica constitui um caso espe- zio, pela metade ou lotado. H á, então, propriedades nessa indústria que requerem regras e compromissos especiais. E o que diziam os neocláss icos? Eles, abs olutament e, não reconheciam propriedades específicas neste, ou em qualquer objeto, ou ramo de negócios. Al fred Kahn, referência obrigatória no tema, saiu-se a propósito com esta frase fantástica, no meio de um debate: ‘um avião nada mais é que custo marginal com asas’. Iss o, certamente, leva ao limite as discrepâncias entre as duas abordagens.” (CAS T R O , 2004. p.164) teríst icas fortes e próprias e podem Da mes ma fo rma, a saúde n ão estar convencidos de que o mu ndo pode ser estud ad a , do ponto de v is- econômico é u m objeto que abriga ta econô mico, dent ro do es t rit o alta indet erminação , isto é, a indetermin ação é in erent e a esse objeto. Prossegue, afirmando que a evocação nat u ra l nesse enfoque é Keynes para quem existe uma ig no rância BUSCAMOS RETOMAR campo do p ensa men to fo r malist a, pois, parafras eand o Kahn, t amb ém ALGUNS CONCEITOS DA pod eríamos d izer que u m hos p it al ECONOMIA POLÍTICA nada mais é que custo marg in al com doentes. int ranspo n íve l acerca do futuro: n ão PARA O ESTUDO DO se conhece o futuro e isso decorre do PAPEL DA SAÚDE NAS ret o mar alg uns conceitos da eco - ECONOMIAS CAPITALISTAS nomia política para o estudo do pa- próprio objeto e tal deficiência não é superáv e l med iant e técnicas estatís - pel da saúde nas econo mias cap i- ticas. As alternat ivas de escolha não t alis t as . Conco rdamos co m ESP ING estão prev iamente defin id as e isso A N D E R S E N (1999), qu an do ele diz q ue caract eriza o quadro de incerteza. Castro alerta para o fato de que existem decisões cruciais em econo mia que altera m o curso dos acontecimentos e são irreversíveis, e que a part ir delas abrem-se novos ou fecham-se velhos caminhos. Para o aut o r, a v isão alt ern at iva, típica do neo classicis mo e dos econ o mistas do mais tream, não reconhece propried ades específicas a certos objetos. Citaremos aqui um grande parágrafo, no qual se destaca um fato re- Por isso, nesse texto, b usca mos cial, merecedor de cuidados e tratamento diferenciado. Argumentavam, por exemplo, que ela é excepcionalmente capitalintensiva , além de apres ent ar notórios problemas no tocante à segurança. Com tais características, se a competição for inteiramente liberada, surgirão, entre outras cons eqüências, comportamentos predatórios entre as empresas. Se o avião vai mesmo voar, vale a pena colocar pass ageiros por uma fração do preço normal, por que o equipamento está sendo pago de qualquer maneira, esteja o vôo va- a asso ciaçã o entre econo mia e po lít ica – deriv ad a tanto da es co la mar xis t a q u ant o do p ens a men t o inst it ucio na l eu rop eu , cu jos rep resent ant es são J O SE P H S C H U M PETE R , M AX W E B E R e K A R L P OL A N Y I – p ro po rcion a a co mp reensã o mais p recisa dos fenô menos sociais, pois so mente a visão con ju nta ent re econo mia e polít ica, Estado e mercado, púb lico e privado (que fu n da men ta est a linha de p ensa ment o ) fornece os element os essenciais para empre- Econo m ia polít ica da saúde: Introdu zin do o debate ender a an ális e de u m fenô meno , aos demais bens d isp on ív eis n o Nesse ponto, já nos dep ara mos ressalv an d o ainda que o mercado mercado, u ma mercad o ria sem es - com u m grave p rob lema : em p rimei- é um espaço constitu íd o por for- pecificid ades ou materialidade es - ro lugar, co mo podemos limitar a ças colet ivas e inst it u içõ es s o ciais pecífica, e o ca min h o é est u d ar necess id ad e de estar sau dável; e em perman ente mutação . como se con fo rma m a d eman da , a dada essa limitação, co mo serão as oferta e o mercado desse bem. esco lh as de acesso, isto é, segund o Não d esco nh ecemos , ent retan to, os i mp o rt ant es apo rtes que a Se o lh armos para o conceito de quais critérios: econômicos, mo rais , econo mia da saúde (fo r ma lis t a) bem econô mico, na obra cláss ica trou xe para a melhor co mp reensão de Cláud io Nap o leon i (Cu rso d e Segundo, co mo const ru ir a cu r- d o fu n cio n amen t o d o s eto r, en - Econo mia Po lít ica), qu alqu e r co i- va da d e mand a em s aú de , se a eco - quanto produtor de bens e servi- sa que seja capaz de s at is faze r n e- nomia usa o parâmet ro da ut ilid a - ços, d est acand o -se desde os est u - cess id ad es e que pode ser to rn ad a de para a const ru ção da d eman d a dos no campo da macroeco no mia, disponível somente em quantid a - de um det ermin ad o bem e a ut ili- necessidade premente, etc.? co mo perfil do gasto público em dade tem baixo poder exp licat ivo saúde e suas relações co m o PIB e para o caso da s aúd e ? A p ró p ria os p ad rõ e s d e d es en v o lv imen t o idéia de ut ilid ade não se aplica ao econô mico, bem co mo os microe - consumo de s aúd e , mas v in cu la - conô micos, vo ltados para melh o r conhecer as formas de o rgan ização O MERCADO É UM ESPAÇO CONSTITUÍDO POR FORÇAS COLETIVAS E INSTITUIÇÕES SOCIAIS EM 1. ABORDAGEM CONVENCIONAL OU FORMALISTA: COMO A ECONOMIA DA SAÚDE É VISTA ATUALMENTE au to res , ao conceito de necessidad e .2 Terceiro, co mo não aceitar qu e e d es emp en ho das u n id ad es p ro dutoras de saúde.1 do, s eg u n do mu itos PERMANENTE MUTAÇÃO a produção (oferta) de saúde ap re senta numeros as diferenças frente à produção das demais mercado rias, inclus iv e, pela p resença de u m pro fiss ion al (médico) que represen tou, histo rica mente , a própria ofer- A abo rd ag e m co nvencio na l in i- ta, até o co meço do século XX? O cia o enfoque da econo mia da s aú - de li mit ad a é u m bem econ ô mico; caráter de essen cialid ade do consu - de pela con fig uração da oferta e de- por isso, ele se define por duas ca- mo de saúde e o fato da p rod ução manda em saúde, assumind o que racterís t icas : utilidade e disponi- ter muitas particu larid ad es , como a saúde é um bem comum, igual bilidade limit ad a. a apontada acima, sugerem a ne- 1 Há, inclusive, propostas de autores norte-americanos dentro do enfoque formalista para que os estudos p asse m a tratar da área da economia da assistência à saúde e a economia da saúde ganhe corpo (EDWARDS, 2001), de forma a apreender muitas o utras variáve is que interferem tanto na demanda da saúde (como condições de vida da população), quanto na oferta. 2 Segundo BI A S O T O (2004), a idéia de utilidade provavelmente não é aplicável a uma situação de carência como a da ausência de saúde. Vale notar, prossegue o autor, que a forma de aplicação de uma deman da por serviços e insumos de saúde é completamente distinta da dec isão de adquirir um automóvel. A segun da é a própria forma como a utilidade é medida nos estudos aplicados: a despesa realizada é tomada como uma proxy das utilidades envolvidas, sob a racionalidade de que a decisão de gasto representa linearmente o desejo do consumidor. O autor conclui que a mera interferência de utilidades e benefícios por uma representação monetária parece uma solução reducionista demais para uma questão tão complexa. VIANA, Ana Luíza d’Ávila ; SILVA, Hudson Pacífico da & ELIAS, Paulo Eduardo M. cessidade da construção de outros decorrem da idéia de que há u ma aparecimento de e xt ernalid ad es, a enfoques teóricos.3 substantividad e nessa área, ela não exist ên cia de rend imentos crescen - Quarto, e pelas razões já levan - é igual a q ualqu er área p rodut o ra, tes ou monopó lios n atu rais, a exis - tad as ant es , há u ma forma p ró pria e tanto a oferta como a demanda têm tência de incert ezas (co mport amen - de organ ização do acesso a esse co mp o rta mentos s ing u lares e não to de um consu mid o r-paciente ant e bem, pois foram criad as inst ân cias consegu em convergir is o lad ament e o risco da enfermid ade; incent ivos inst itu cion ais esp ecíficas entre a para o mercado, co mo se dá em para o asseg ura mento; seleção ad - deman da e a oferta: isto é, a saúd e outros seto res , co mo, por exemp lo , versa e risco moral; pro cessos d e confo rmo u u ma int ermed iação s in - o caso do mercado de d u ráv eis ou screen in g; d emanda indu zida pela gular entre a de man da (usuário ) e a mesmo de outros bens econômicos. oferta) e a in fo rmação assi métrica oferta (assist ên cia), e essa inter me - Qu into, e por isso mes mo, os diação não é só finan ceira, só mer- mercad os , n ess a área, fogem d e cado, como muitos apo nt am, é mais qualquer modelo abs t rato . São re- Por isso, nos textos de Econo mia que isso, pois está dentro e fora da corrent es, mesmo na lit eratu ra mais da Saúde, diz-se que o mercado e o lógica de mercado. Na verdade, é u m conven cional da economia da saú - Estado não são figu ras exclud ent es longo processo histó rico de con for- de, as observações sobre as imper- em saúde e ambos oferecem v ant a- mação do que chamamos hoje ‘sis- feições dos mercados em saúde, fru- gens e falhas específicas. Os auto- tema de saúde’. As razões desse fato to de uma série de fatores como: o res aponta m como vantagens do ou inco mp let a entre os agentes eco nômicos.4 3 No caso da economia formalista, BIA S O T O (2004) cita o diagrama de Williams (WI L L I A NS , 1987), autor que destacou o conjunto de variáveis que influenciam a de manda em saúde : a escala de utilidades da saúde, en quanto valor para os consumidores, o que envolve a percepção dos atributos da saúde e o valor da vida. O segundo conjunto de fatores que dá forma à curva de demanda por saúde é composto por elementos correlatos, como renda, educação, padrõe s de consumo, elementos morais, que acabam agindo como condicionantes externos aos ligados à assistência médica. A partir da influência desses fatores, a curva da demanda por saúde passa a tomar forma, matizada por elementos como barreiras ao acesso derivadas dos preços, as filas e as condições de referenciamento às especialidades e às intervenções complexas. Ao mesmo tempo jogam papel essencial, as formas de regulação, como o acesso aos planos de saúde e os direitos à saúde pública, e o comportamento das pessoas frente ao sistema. No campo da oferta de serviços de saúde, um amplo conjunto de fatores está por trás da curva de produção. Os custos e as alternativas de formas de assistência, a tecnologia, os insumos, os métodos de organização da produção de serviços e as condições do mercado de bens e do mercado de trabalho. A interação entre demanda e oferta, segun do o diagrama de Williams, condiciona o equilíbrio do mercado e as condições microeconômicas enfrentadas pelos agentes envolvidos. O autor ressalta que, atualmente, o novo diagrama de Edwar ds propõe superar o campo da economia da assistência à saúde e construir os elementos teóricos da economia da saúde. Segundo BI A SO T O , o intento de EDWARDS (2001), em suas palavras, conquanto extremamente louvável, não logra o alcance anunciado. O novo organograma estende o campo de ação da economia da saúde, mas a conserva na condição de mera subdisciplina da economia, usuária do mesmo arsenal de instrumentos e metodologias de que a matriz se utiliza. Conclui BI AS O T O que a reflexão sobre o instrumental analítico em economia da saúde, se levada às últimas conseqüências, deveria indicar a necessidade de novas abordagens e a estruturação de um marco teórico-conceitual próprio, distinto da matriz ofertada pela ciência econômica. Enfatiza, finalmente, o autor que ainda que se utilizem ferramentas trazidas da ciência econômica, é crucial desenvolver marcos e leis de movimento próprias da economia da saúde. 4 Ferlie et al., que estudaram a reforma do sistema inglês dos anos 1990, apontam a importância de alargar o estudo sobre os mercados, tendo em vista a ênfase das reformas na construção de mercados administrados ou paramercado s. Segundo ele, a análise sociológica dos mercados tornou-se um campo em expansão nos anos 1980. Os conceitos essencialmente sociológicos das relações sociais, da confiança, da reputação e da obrigação são vistos como centrais para a compreensão de como os mercados funcionam. Mais recentemente, a visão relacional dos mercados (FERL IE et al., 1999), aponta para novos comportamentos, nos quais, segundo Ferlie, os seguintes sin ais podem aparecer: um número relativamente pequeno de compradores e vendedores pode ficar preso a contratos de longo prazo ou compras repetidas, e as decisões de compra podem ser feitas com base em dados intangíveis (confiança, por exemplo), como também em informações tangíveis. O autor aponta ain da uma característica importante dos mercados relacionais, o valor do atributo rep utação, como bem intangível essencial, base no qual fornecedores negociam. Econo m ia polít ica da saúde: Introdu zin do o debate Estado: reduzir os custos de transa- blema de forma simples e brilhant e, ponsável pela reprodução human a, ção, pois o controle intern o é menos ao observar que, nessa concepção , pela própria existência do homem. necessário em es t rut u ras h ierárqu i- Estado e mercado deixa m de ser ins - cas em que impera a aut o ridad e; tân cias e resu lt ad os da co nstitu ição LANY I facilitar do cap italis mo enq uanto s ist e ma mercadoria fictícia, co mo ele ap ont a continuidade, estabilidade, limit a- histó rico de relações sociais e eco - ser o trab alho , a terra e o dinh eiro , ção do favoritis mo e da discrimina - nômicas e p assa m a rep resent ar al- pois não foram criad as para e pelo ção, garant ias de acesso eqü itat ivo , tern at iv as abst ratas de o rg an ização mercado, isto é, não são objetos pro- coesão social e coerência co m ou - da sociedad e. Diz ele: “... co mo o duzidos para venda no mercado, e tras polít icas púb licas. As vantagens senhor prefere, mais Estado ou mais so mente depois de um longo proces- do setor privado são: eficiência p ro - mercado? E conclui: desconfio que so histórico é que foram const itu í- dut iva, capacid ade de res p ost a às algu mas t eo rias serv iriam melho r dos e organ izados os mercados es- deman das de clientes e us u ários; como um guia de instruções para pecíficos do trabalho , do dinheiro , d a maiores as t arefas que requ ere m Pod ería mos falar, cop iando P O (1980)[194 4], que a saúde é u ma incent ivos ind iv idu ais e terra e, co mp letando , da saúd e. Al- org an izat ivos; fle xib ilidade no us o guns autores, inclusive, argu menta m de insu mos produ t ivos que permi- que outros bens, como é o caso do tem respo nder co m rapidez às mu - ar, da d iversidad e biológica e da águ a dução, às preferências dos cidad ãos PARA O CASO DA SAÚDE, e à inovação , a possib ilidade de re- TAMBÉM cados que precisam ser institucio na - danças, às novas tecnolog ias de pro- petição do êxito, a assu nção de ris cos, geração de capital e a con qu is- PODEMOS emerg ira m recentemente como novas mercado rias fictícias, gerando merlizados. Esse processo foi chamado de mercant ilização da n at u reza po r ta de econo mias de escala. São apon- FALAR DE UM BERTH A BEC KE R (2005), em artigo recen- tados como falh as do Estado, o ris - PROCESSO te sobre a A mazôn ia , em livro o rga - co moral e, no setor privado, a sele- nizado pelo I PE A (Institut o de Pesqui- ção adversa e o risco moral. sa Econômica Aplicada). Co mo v imos, essa ab o rd age m t rat a não da relação Estado/ merca do no setor saúd e, mas d iscorre so- Para o caso da saúde, ta mbé m garçons de restaurant es baratos” (BELLUZZ O , 2005. p.122). bre duas inst it u ições d isso ciadas , nas quais se explicitam argu men tos para que se faça uma esco lh a racio nal entre u m ou outro, isto é, por mais ou menos mercado, co mo podemos falar de u m p rocesso, o qual Po lanyi chama de ‘ficção’, d aí mercado rias fictícias a fo ment ar a 2. ABORDAGEM SUBSTANTIVISTA OU HISTÓRICA: ALGUMAS QUESTÕES-CHAVE A SEREM RESPONDIDAS POR ESSA LINHA DE ANÁLISE se não exist issem razões de ordem formação de u m mercado em to rn o do bem saúd e. Essas mercado rias fictícias tiveram que ser regu lad as pelo Estado, isto é, foram sub met idas à regu lação dos governos, no est rutu ra l para a con fig uração de A abo rd ag em s ubstant iv ista o u determin ad os arran jos Est ado/ mer- histórica parte do pressuposto de que cado, em u m dado período h istó ri- a saúde é u m bem/serviço d iferente co. Belluzzo, em u m capítulo do s eu dos demais por razões óbvias, ten - mentando a obra magistral de POLANYI mais recente livro, expõe esse pro- do em vista que sua presença é res- – A grande transformaçã o –, que a sentido de p rotegê -las da ação iso lada do mercado geral. Acrescenta BELLUZZO (2005), co- VIANA, Ana Luíza d’Ávila ; SILVA, Hudson Pacífico da & ELIAS, Paulo Eduardo M. trans fo rmação da terra, da mão-de- tal nessa área, ou a forte convic- 2.1. Marco ou referencial teórico de obra e do dinheiro em mercado rias ção da saúde como direito. como a saúde pode ser vista à lu z significa a subo rd in açã o da p róp ria Propomos, mais ad iant e, d is cu - da economia polít ica: co mp lexid a- substân cia da socied ade às leis de tir três questões -ch ave no campo d a de e cont rad ição entre os mov imen- mercado. Prossegue afirmando qu e Economia Po lít ica da Saúde (ou d a tos simu lt ân eos de des mercant ili- a terra (recursos nat u rais ), a mão - linha substant iv ista): a primeira tra- zação do acesso e mercant ilização de-obra (capacidad e de trab alho ) e o ta do referencial teórico da d iscip li- da oferta / p rov isão, dinheiro (poder de compra) não po- na, que, do nosso ponto de vist a, const itu ição (recente) de u m cam- dem estar sujeitos aos p rocessos im- deve partir da d is cussão central d a po de acu mu lação de cap it a l em pessoais, imp revisíveis e às vezes ca- economia política, isto é, co mo se saúd e, exp resso pela formação tastró ficos do mercado, porque são, dão os avanços das formas mercan - complexo industrial da saúde. ant es de tudo, condições de sobrevi- tis e capitalist as em todos os espa- vência hu mana , meios que permitem ços da vida social e como podem o acesso aos bens da vida. Condicio- O que diria POLANYI sobre a cria- área da saú de , nos últimos 60 an os, so à saúde e, por outro, a mercant i- de senão a acu mulação de riq ueza manente (BELLUZZ O, 2005, p.191-192). O fenômeno mais marcant e na lado, a d es mercant ilização do aces- decisões que não têm outra fin alida - çar os indivíduos na inseguran ça per- do foi o processo que gerou, por u m nar o acesso a esses meios de vida a sob a forma monetária significa lan- ao lado d a O PROCESSO DE DESMERCANTILIZAÇÃO lização da oferta / provisão e, ao mes mo t empo , criou u m en o rme DO ACESSO TEVE COMO COROLÁRIO parque in d ust rial ligado à área (re- A SAÚDE COMO DIREITO E O MOVIMENTO present ad o pelas in dúst rias de b ase química e b iotecno log ia e mecân i- ção incessant e hoje de novas merca- DE FORMAÇÃO DOS MODERNOS SISTEMAS dorias fictícias como a saúd e, o meio DE PROTEÇÃO SOCIAL E DA SAÚDE ca, eletrônica e de materiais ). O processo de desmercant iliza - ambiente, o ar, a biodiversidade etc.? ção do acesso teve como co ro lário Esta é a primeira d iferença da a saúde co mo d ireito e o mov i men - abo rd age m da economia polít ica d a to de formação dos mod ernos s is - saúde frente à linha fo r malista d a temas de proteção social e da saú - economia da saúd e: d iscutir as es- ser regu lad as as cont rad ições imp lí- de, que p assa m a respo nsab ilizar- pecificid ad es da saúde citas entre o cres cimento d es s as se pelo risco social de u m ind iv í- mes mas formas mercant is e a liber- duo adoecer. Esse risco seria de res - A segund a abo rdagem, deco rren - dade e a igu aldade entre os ho mens; ponsab ilidad e coletiva, seria cober- te da primeira, é o imp erat ivo de a segu nd a procura responde r co mo to por toda socied ad e, isto é, ga- uma an ális e h istó rica , tanto p ara os mecanis mos de finan cia mento são ran t id o pela idéia do d ireito so cial dar conta do processo acelerado d e definidos e quais imp licações eles (direito do cidadão e/ou resp ons a - mercant ilização da área, co mo pelo têm para u ma maior equ id ad e n o bilização colet iva, por isso, dever fato de que o papel da saúde, hoje, acesso à saúde e para o reforço ou a do Estado). Esse processo se in icia é co mp leta mente d istint o do que foi negação do processo de des mercan - com a fo rmação dos segu ros o cu - há 50 anos, tendo em v ista, po r tilização do acesso; a terceira envol- pacio nais e n acion ais na Eu ro pa, exemplo, a constit u içã o de u m g ran - ve a d iscussão entre desenvolvimen - no início do século XX, e se ap ri- de campo de acumu lação de capi- to econômico e social e saúde. mora depois da Segunda Guerra enq u ant o mercadoria e bem econômico. Econo m ia polít ica da saúde: Introdu zin do o debate Mundial, co m a fo rmação dos gran des siste mas n acio nais de saúde financiados por impostos públicos. A longa trajetória de constitui- “...ele será investido nesses direitos desde o primeiro suspiro: o nascimento de um cidadão implica, por parte da sociedade, o reconhecimento de uma ção dos sist ema s de proteção soci- dívida. Dívida com sua subsistência, com sua dignidade, com sua educa- al nos países avançad os e seu apo - ção, co m seu trabalho, co m sua velhi- geu no período 1945- 75 – q uand o ce.” (B ELLU Z ZO , 2005. p.65) a econo mia parece ter sido do ma da pela socied ade e pelo Estado, no sentido de que fo i dada u ma fin alidade ao prog resso material, co mo , por exemp lo, o b em-estar ind iv idu al e co letivo – fo i objeto de anális e A saú de, co mo se sabe, foi peça chave na constru ção dos mod ernos sist emas de proteção social, pois o adoecimento e a velh ice são e foram os dois principais problemas das lidade da s ocied ad e , do co let ivo , e ob rigaçã o do Es tado , é o lo n g o mo v imento de des mercant ili zação do acesso à s aúd e , e u m dos temas cent rais de d is cuss ão da eco nomia política da saúde. Em resu mo, os sist e mas de p ro teção social exprimiram uma equação em que a política influía co m força na economia, pois foram os mov imentos e lut as dos trabalhad o res e da classe média, em g ran des part idos de mass a, que fo mentara m de nu merosas pes qu is as realizad as essa responsabilizaçã o coletiva pelo por cient ist as sociais eu rop eus d e bem-estar dos cidadãos. diferentes escolas e segu ndo meto dologias diversas.5 Segundo BELL UZZ O , o século XX fo i, Ou t ro p ro cesso , em s en t id o ESSE PROCESSO DE MERCANTILIZAÇÃO oposto, foi o da mercant ilização da oferta. A mes ma se in icia co m o as - sem dúvida, palco de uma b atalh a DA OFERTA TEVE DIFERENTES ETAPAS, que, entre mortos e feridos, deixou o SENDO QUE O ASSALARIAMENTO DOS bretudo dos méd icos, no in ício do saldo positivo da conquista dos di- PROFISSION AIS É FENÔMENO MAIS ANTIGO, século XX, pass an do pela con fo r- reitos sociais e essa conqu ista deter- salaria mento dos pro fiss io nais , so- mação das e mp res as méd icas, e minou que o reconhecimento do in - E A EMERGÊNCIA DAS OPERADORAS termin a na formação das op erad o- divíduo como cidadão não mais de- DE PLANOS E SEGUROS, MAIS NOVO ras de p lanos e segu ros de s aú d e, pendia de sua inserção e posição no que p ass a m a realiza r u ma int er- circuito mercant il. A h istó ria do sé- med iação de n atu reza financeira, no culo XIX e XX pode ser contada , co mo setor. Esse processo de mercant ili- diz acert ada ment e o aut or, pela re- ca madas mais pobres: co mo g aran - zação da o ferta teve d iferent es eta- sistência das camadas sociais mais tir ass istên cia à saúde em todos os pas, mu it as vezes não seqü en ciais, desproteg id as contra as forças cegas mo mentos do ciclo de vida (in fân - sendo que o assalaria men t o d os e supostamente i mp essoais do mer- cia, idade adu lt a e velhice) e u ma pro fiss ion ais é fenô meno mais an - cado. E, nas suas p alav ras, o Esta- renda digna, qu an do o cidadão dei- tigo, e a e mergência das op erad o- do social, constru ído a ferro e fogo xa de t rab alh ar? Esses dois itens ras de planos e seguros, mais novo. pelos subalt ernos , impôs o reconhe - con figu ram u m dos prob lemas cen - cimento dos direitos dos cidad ãos, trais da proteção social. isto é, da sua autonomia desde o seu nascimento até sua morte: O processo de constitu içã o de u m campo próprio de acu mu lação d e O processo de transformar a co- capital em saúde pode ser visto pela bertura desse risco em responsabi- formação das grandes indústrias do Um resumo dessa discussão e a visão dos autores citados podem ser observados no artigo introdutório “Proteção social: introduzindo o debate de Viana e Levcovitz”, do livro Proteção social – dilemas e desafios, organizado por VIANA ; ELIAS & I BAÑEZ, 2005. 5 VIANA, Ana Luíza d’Ávila ; SILVA, Hudson Pacífico da & ELIAS, Paulo Eduardo M. setor, co nfo rmando u m co mp lexo Hoje, o estudo desse aspecto da saú- As relações entre ess as caracte - in dust ria l da saú de , sendo processo de é fu nd ament al, pois o Brasil é ríst icas / p rocessos não são simp les recente, e altament e dep endente d a mu ito d ep end en te da imp o rt ação nem lin eares . Pode-se afirmar q ue inovação tecno lóg ica e do p róp rio desses bens e sua maior auto no mia a saúde como d ireito in flu en ciou , avanço científico no campo bio mé- frente a tais interesses pode ser peça de forma in d ireta , dado o au men to dico. O grande desenvolv imento tec- chave na conso lidação do s iste ma de de man da que propiciou / est i- nológico, a revolução tecnológica dos público de saúde. mu lou, em algu ns casos, a ráp id a O Quadro 1 exemp lifica, ou me- exp ansã o da saúde co mo bem eco- atual de globalização e financeiriza- lhor, resu me esses três processos / nômico; essa mes ma exp ansão d a ção acelerada propiciara m a forma- dimensões, que não foram constitu- de mand a , ao lado do desenvo lv i- ção / consolidação desse complexo. ídos em u m mesmo mo mento h istó - mento cient ífico, por sua vez, est i- Vários autores nacionais têm cha- rico e nem de forma co mb inada , mas mu lou a fo rmação do co mp le xo mad o at en çã o p ara esse p o nt o , que hoje convivem de forma co m- ind ust ria l da saúde (produção em co mo GA D E LH A (2003) , BE R M U DE Z plexa e cont rad itó ria em u m mes - larga escala de med icamentos , po r (1995), GUIM A R Ã E S (2005) e outros. mo sistema de saúde. exemplo). Entretant o, esses proces- últimos 25 anos, ao lado da etapa sos são e foram diferent es de país QUADR O 1 – Processo complexo e contraditório da Economia Política da Saúde: saúde como direito, bem econômico e campo de acumulação de capital ou Três características/dimensões essenciais presentes hoje nas políticas de saúde a país e, mesmo hoje, es sas característ icas / p ro cessos / d imensõ es não estão igu alment e desenv o lv idos, isto é, não estão plena ment e A saúde como direito d esmercantilização do acesso sistemas de proteção social A saúde como bem econômico m ercantilização da oferta assalariam ento dos profissionais (médicos), formação de empre- sas e intermediação financeira (planos e seguros) A saúde como esfera de acumulação de capital formação do complexo industrial da saúde globalização e financeirização maduros em todos os países. Há s iste ma s nos quais não se imp lantou a saúde como direito, ao lado de um acelerado p rocesso de constituição da saúde como bem Fonte : elabo r ação própria econômico e campo de acumulação . Preten demos d iferencia r o p ro - cia de g ran des massas consu mido- Pod eríamos dizer que esse é o p io r cesso de criação do bem econô mi- ras, por um lado, e de todo um ap a- dos mund os. Há outros países em co saúde, que necessitou da forma- rato público e privado na área de ci- que os três processos foram int ens i- ção de um conjunto de ag ent es mer- ência e tecno log ia que viabilizou a ficados, co mo o caso dos europ eus , cant is , co mo os méd icos (já na s u a aplicação mass iva e cont inuada d e onde, como afirma m F RE EM A N e M O - forma liberal de p restaçã o de ser- pesquisas básicas, principalmente na RAN , viços, ou depois, enq u ant o ass ala - área de fármacos e medicamentos. ind ust rial da saúde e seus int eres - parado xal ment e, é o co mp lexo riados dos ant ig os ap arat os p rev i- Esta mos cha mando de ‘co mp le - ses que garant e m o direito à saúd e, den ciários ou d epo is ain d a, d as xa e co nt rad it ória’ porque, parado - isto é, a perman ência dos siste mas emp resas méd icas ou de siste mas xal ment e, é possível que não haja un iv ersais . Outros, ain d a, onde é públicos), do processo de formação uma oposição aut o mát ica entre es - fraca a p resença do co mplexo e de do complexo ind ust ria l da saú de. sas d imensões, co mo veremos mais seus interesses, e assim por diante. Esse segundo processo, além de ser ad iant e, nas pert inentes observações Tal convivência contraditória e mais recente, necessitou da existên- de FREEM A N & MORA N (2002). complexa é altamente dependente de Econo m ia polít ica da saúde: Introdu zin do o debate como o Estado intervé m, no sentido sões presentes (hoje) na polít ica d e mesmo razoáve l alterar este quadro tanto de regular o ciclo econô mico saúd e. Segundo os auto res , a po lí- – a saúde como direito, o que im- quanto de criar espaços de integra- tica de saúde desemp en hou u m p a- põe alguns limites às reformas. ção não mercant is, exatamente o que pel fundamenta l na reconstrução dos d isting ue o Estado liberal do in ício siste mas eu ro peus de proteção so - do século XX , do Estado dos 30 anos cial por mu ito boa razão: a v u ltos a gloriosos (1945-75). qu ant idad e de dinheiro em jogo. A Segundo BELLUZZ O (2005), nesse período do consenso keynesiano foi possível contemp la r, com sucesso, tant o as exigências da acu mu lação cap ita - tica da saú d e. A saúde é objeto de conflitos entre o provedor, o us uá - “epidemia” de reformas (denomina- rio, o pag ad or e os gov ern ant es. As ção dada por Rudolf Klein) foi gu ia - instân cias decisó rias são const itu í- da pelos fortes elos existentes ent re das por redes de inst itu ições, rep re- essas três dimensões: sentando uma complexa constelação lista quanto as pretensões dos ho mens • A dimens ão da saúde como comuns que aspirava m a u ma v ida sistema de proteção social. A in- digna e verdadeiramente livre, prote- de ato res .6 As mudanças p ro move m alteraçõ es nas relações de poder e na auto ridade d essas institu içõ es, e nos seus interesses . A reforma s ig - gida, em suas palav ras , dos riscos e nifica o mo mento de reconst ru ção atropelos period icamente p rodu zidos ATUALMENTE, O ESTADO pela engrenagem econômica. • A di men s ão p o lít ica da po lí- da au to rid ade púb lica na s aú de. ESTÁ SENDO Esse aspecto implica em reforçar o COMBATIDO POR TER DESEMPENHADO papel do Estado nos processos de AMBAS AS FUNÇÕES, DE REGULAÇÃO reforma , de modo a não permitir que semp en hado a mb as as funções, de regu lação do ciclo econômico e de DO CICLO ECONÔMICO En tret ant o, atu almen te, o Estado está sendo combatido por ter de- criação de espaços de in teg ração não mercant is, o que possib ilita q ue a convivência comp lexa e co ntrad i- nenhu m ator t en ha o domínio (h egemonia) das decisões políticas. E DE CRIAÇÃO DE ESPAÇOS DE • A d i me n s ão i n d u s t r ia l da INTEGRAÇÃO NÃO MERCANTIS saú d e. A saúde está inserid a nu m tória entre os três processos / dimen - complexo mercado constit u ído po r sões seja auto -reg u lada, isto é, re- fortes seto res in dust riais , co mo o – pri- farmacêut ico e o de equ ipa ment os gu lad a por lógicas próprias vadas – e, p ort ant o, d est itu ídas d e serção da política de saúde co mo elet roeletrôn icos , por exemp lo, qu e caráter público e coletivo. co mponent e dos sist e mas e mode - auferem elev ad as taxas de lucro n as los de proteção social propiciou a eco no mias cap it alistas. A saúde é consciência do direito à saúd e, as - aind a o setor formador / respons á - simi lada por d iferent es socied ades , vel por um imenso nú mero de em- const itu ind o u ma característ ic a d as pregos diretos e ind iretos, sendo, em socied ades modern as a p reocupação mu itos países, a maior fonte emp re - com a saúde e a procura por cuid a - gadora. Estes fatores geram confli- tam esse mesmo movimento a par- dos médicos. Para muitas socieda- tos internos e externos, resumid a - tir da identificação de três dimen- des, não parece mais possível ou até mente, pela oposição entre redução ANÁLISE DE FREEMAN E MORAN SOBRE AS TRÊS DIMENSÕES DA POLÍTICA DE SAÚDE FR EEM A N & M O R A N (2002) interp re - 6 Os médicos são os principais atores não-governamentais, e suas organizações de interesses corporativos constituíram-se em alguns países antes mesmo do evento da democracia liberal. VIANA, Ana Luíza d’Ávila ; SILVA, Hudson Pacífico da & ELIAS, Paulo Eduardo M. do gasto por imperat ivo fiscal ver- to econômico e social, co mo vere - sus exp ans ão da d eman d a , p ela mos em tópico específico. pressão das ind úst rias do setor (ex- A lógica da equ ivalência é u m mecan is mo d ifund ido em países em que o mecan is mo dos planos e se- terno, tendo em vista que a ind ús- 2.2. Fin an cia men t o da s aú d e : ló - guros é predo min ante, co mo os Es- tria ligada à saúde é alt ament e in - g ica d a eq u iv alên cia e ló g ic a d a tados Unidos, e a lógica da so lida - tern acionalizad a e g lobalizada). Re- solid aried ad e riedade é do minante nos s iste mas formar, não at en den do aos impera - Duas lógicas distintas presidem o bev eridg ian os ou u n iv ers alis tas , tivos da exp ansão da d emanda , tam- fin anciamento da saúde em diferen - como são os sist e mas de saúde da bém não parece muito viável. tes sistemas : a lógica da equivalên- Europa do Norte. cia, p resente na compra de planos e O Quadro 2 exemplifica o finan ci- Co mo afir ma m F REE MAN & M O - seguros, cujo benefício está associa- amento da saúde em diferentes siste- (2002), os s ist e mas n acio n ais do às condições de pagament o (por mas de saúde (modelo un iv ersalis - isso, equivalência entre o que eu fi- ta, assistencial ou residual, ocupa- RAN de saúde se inserem em contextos socioeconô micos e políticos espe- cional ou previdenciário e misto) para cíficos, isto é, conforma m as eco- diferentes classes de renda. É inte- nomias capit al ist as e, reciproca - ressante observar que o modelo ocu- mente, foram desenvolv idos por elas; concorrera m para a formação da democracia política e fo- pacional também funciona dentro da OS SISTEMAS NACIONAIS DE SAÚDE SE INSEREM ram também formad os por ela. Po rt an to , esse deve ser o marco teórico para as an ális es da econo mia po lítica da saú d e, isto é, en - EM CONTEXTOS lógica da solid ariedad e, mas dentro de grupos (catego rias o cupacionais e seus dependentes) fechados. São rep resentat ivos do mo delo SOCIOECONÔMICOS E assistencia l os Estados Unidos; do POLÍTICOS ESPECÍFICOS modelo ocupacional, a Europa conti- tender o processo de const itu ição nental; do modelo un iv ersalista un i- si mu lt ân eo e co mp lexo, às vezes ficado ou puro, os sistemas de saúd e cont rad it ó rio (qu and o o desen vo l- da Europa do Norte e da Inglaterra , e, vimento de u m p rocesso imp ed e fin almente , dos sistemas u niversais outro), outras vezes positivo (qu an - nancio/contribu o e o que eu recebo do um processo reforça o ou tro ), de benefícios); e a lógica da solidarie - As discussõ es no campo da eco- das três d i mensõ es (saúde co mo dade, presente nos sistemas de saúde no mia po lít ica estão focadas em direito, bem econô mico e campo de universais, finan ciados co m impos- melhor conh ece r os i mp act os d e acu mu laçã o de capital) p res ent es tos gerais. A lógica da solidariedade cada tipo de finan cia ment o na equ i- importa em socializar o financiamen- dade dos siste mas e para verificar Por último, esses três processos to do risco de adoecer entre todos os de que forma cada t ipo de fin an cia - materializam, para área da saúde, cidad ãos de uma dada co mun idade mento pode estar co n fir mando ou o conjunto de questões que envol- ou país, onde todos pagam pela pres- negando a desmercant ilizaçã o do vem a relação entre desenvolvimen- tação da assistência para todos. acesso nessa área. 7 na política de saúde. 7 mistos ou diversificados, o Brasil. No caso de FREEMAN e MORAN, as três dimensões se referem aos aspectos do direito, econômico e político, presentes na política de saúde. No caso da economia política da saúde, os três processos são da saúde como direito, bem econômico e campo de acumulação de capital. Econo m ia polít ica da saúde: Introdu zin do o debate QUADRO 2 – Financiamento da Saúde segundo diferentes sistemas e classes de renda Camadas da População Modelo Assistencial ou Residual Modelo Ocupacional ou Previdencialista Modelo Universalista Unificado Modelo Universalista Misto ou Diversificado Classes de baixa renda Fontes fiscais Sem recursos definidos Fontes fiscais e contribuições sociais gerais Fontes fiscais e contribuições sociais gerais Trabalhadores formais e classe média Pagamento direto pelos serviços Contribuições sociais sobre folha Fontes fiscais e contribuições de salários sociais gerais Contribuições sociais sobre folha de salários (compulsórias) Grupos de alta renda Pagamento direto pelos serviços Pagamento direto pelos serviços Fontes fiscais e contribuições sociais gerais Pagamento direto pelos serviços, planos privados especiais (voluntário) Fonte: Médic i A.C. Econo mia e finan ciam en to do setor saúde no Brasil: balan ço s e perspectiv as do processo de descen tr aliz ação . Faculd ad e de Saúde Públi ca da USP, 1994. O crescimento do gasto priv ado ticas assistenciais vo ltadas para os zam políticas públicas que promo- em alg uns s istema s é u m mov imento grupos de exclu ídos por renda ou vem o bem-estar coletivo. claro de mercan t ilização do acesso algum outro tipo de discrimin ação . Nesse último caso, a idéia de e de negação do direito social. Isto é, o bem-estar é fruto tanto do desenvo lv i mento é entend ida co mo desenvolv imento econômico qu ant o desenv o lv i mento econô mico e so - do desenvolviment o social. cial, e deve estar ass o ciada à me- Ident ifica r as formas at u ais de (des)mercant ilização a partir da an álise do financiamento dos sistemas é A M A RT Y A SEN , em texto recent e lhor d ist rib u ição eq ü it at iv a da ri- um exercício no campo da economia (SEN , 2004), d ivid iu as teo rias do queza e da renda, ao est abeleci- política da saúd e , e p rio ritário, no desenv o lv imento em do is g rup os : mento de u m equilíb rio reg ion al, sentido de melhor co mpreende r me- o primeiro seria const it u ído por t e- a g arant ia de s ob eran ia n acion al, canismos visíveis e invisíveis do avan- orias que trat a m do desenvo lv imen - u ma s o cied ad e civ il fo rt e e u m ço das formas mercantis, que podem to como u m processo de sacrifícios Estado democrát ico . conduzir a um quadro de inseguran- e a idéia de que qu alque r p ro cesso Segundo Furtado (1968; 1998), ça, próximo daquele que viveram os de prog resso mat eria l traz inev it a - isso dist ing ue o desen vo lv imento , trabalhadores do século XIX. velmente mais sacrifícios que bem- em sentido lato, da situ ação de sub - estar (como advogam as concep- desenvo lv i mento , po is o subdesen - ções que defendem que os interes - volvimento não é u ma etapa do de- ses dos ind iv íduos e g rupos devem senvolv imento, mas u m d esenvolv i- ser subo rd in ados aos int eress es do mento sem as característ icas v irtu - Nas sociedades cont empo rân eas, crescimento econômico), o que pode osas ap ont ad as aqui. Esse proces- o bem-estar da p opu lação é fruto de just ificar vias aut o rit árias e, no li- so se trad u z na emergên cia e ama- três tipos de polít icas pú b licas: as mite, o crescimento sem melh o rias durecimento da demo cracia, e não po lít icas de crescimento econô mico na d istribu içã o de renda e de b ene - se faz, entretanto, de forma linear. que garant e m renda e emprego; as fícios sociais. O s eg u ndo g rup o , Se o lhar mos para a h istó ria dos po lít icas sociais un iversais , que s e mais p alat áv el, seria rep res ent ad o mo d ernos s iste mas de proteção so- resp onsab ilizam pela pro moção d a pelas t eo ria s q ue ad mit e m u ma cial (no sentido de que eles mat eria - igu aldad e e qualid ad e de vida, co mo co mb in ação v irtu osa ent re des en - lizaram formas de desenvo lv imento previdência social, educação e aten- vo lv imento , lib erdades ind iv idu ais social), veremos que o pleno flores - ção à saúde; e, finalmen te, as polí- e maior igualdade social, e valori- cimento dos mesmos esteve mais DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL E SAÚDE VIANA, Ana Luíza d’Ávila ; SILVA, Hudson Pacífico da & ELIAS, Paulo Eduardo M. associado a u m tipo específico de dos ganhos de p rod ut iv idade n os indivíduos submetid os à socializa- desenvo lv imento cap it alista , o cap i- salários; o cresci mento de u m con - ção dos mercados . talismo do pós-guerra. sumo de mass as; a teoria econô - O desenvo lv imento social, po r É impo rt ante perceber que os sis- mica key n es iana que leg it ima e sua vez, pode ser visto como o g rau temas de proteção social têm d ife- modela a int erv enção púb lica; o de leg it i midade dado pela so cied a - rentes caract e ríst icas s eg und o os crescimen to da capacidade ad mi- de às necess id ad es sociais; pad rõ es de desenvo lv imento cap ita - n ist rat iv a do Estado; e o ap ro fu n - grau de leg it imid ad e (das necess i- lista: na etapa liberal, emerg ira m os damen to dos co mp ro missos d emo - dades sociais em dada so ciedad e) segu ros n acion ais e ocu pacion ais, cráticos por parte da sociedade. deter min a o quão demo crát ica ess a e foi so ment e no pós-g uerra que flo- Segundo BELLUZZ O (2005), citan- resceram, co m intens id ad e e e xten - do Bobbio, a democracia modern a são, os modelos universais. ess e sociedade é. Para mu itos au t o res , a g aran tia e a amp liação do at end i men t o Por isso, o Estado de Bem-estar das necess id ad es sociais é a ú n i- Social (Welfare State) con figu ra u m ca fo rma de co mp at ib iliza r eco no - mo mento e u m reg ime8 específico de mia de mercado, demo cracia e b em- proteção social, introdu zido a part ir estar coletivo. de polít icas sociais mais ab rang en tes para diferentes grupos sociais, de APROXIMAR BEM-ESTAR efeito sinérg ico e inco rpo rando as INDIVIDUAL DO BEM-ESTAR classes médias em exp ansão .9 Este PÚBLICO É ESSENCIAL, padrão ou regime de proteção social emerge na Europa no pós-guerra , e TENDO EM VISTA A CRESCENTE config ura uma etapa específica d e SOCIALIZAÇÃO DOS desenvolvimento capitalista, quan do RISCOS SOCIAIS o papel do Estado se alas t ra p ara Os sist emas de proteção social exprimem, por sua vez, tanto esse grau de leg it imid ade qu anto as res postas d ad as por d iferentes socieda des sobre quem proteger, q u an t a proteção oferecer e co mo o ferecer essa proteção aos cid ad ãos de u ma dada territorialid ade. Além d isso, apro xi mar bem-es - diferentes campos e ganh a m impor- tar individual do bem-estar público tân cia , nas decisões polít icas, ato res é essencial, tendo em v ista a cres- como a burocracia gov ernamental, significa , na verdade, a imp os ição cente socialização dos riscos soci- sindicatos e a grande corporação. de limit es ao do mín io do eco nô mi- ais entre grupos populacionais , re - Alg u mas cond içõ es es p eciais co, ao jogo da acu mu laçã o e d o giões e países por conta do pro ces- estão na raiz do su rg i mento do wel- en riqu eci mento priv ado para p re- so de glob alização . Nesse aspecto , fare state no pós-guerra : a expan- servar as condições de vida, o meio o papel do Estado é cada vez mais são do emprego e a incorporação ambien te , a saúde psicológica dos relevante para garant ia de renda, ‘Regime’ expressa as formas de compartilhamento dos riscos sociais pela família, mercado e Estado em diferentes momentos históricos. Observe-se que o termo será usado por OFFE (1993) para designar as considerações morais e políticas que sustentam o grau de compartilhamento dos riscos na política social. Esping-Andersen, por sua vez, utiliza esse mesmo termo para designar os difer entes arranjos entre família, mercado e Estado nos diferentes tipos de Bem-estar Social (WS). 8 9 MEL LO (1995) assin a la que essa talvez seja a principal mudan ça ocorrida nos modelos de intervenção do Estado na área social, configuran do um terceiro modelo, quan do o WS deixa de ser entendido enquanto mecanismo in stitucional voltado para os grupos mais destituído s (pós-guerra). Econo m ia polít ica da saúde: Introdu zin do o debate emprego e po lít icas sociais u n iver- in d iv idu al; do grau de leg it i mid a - Reto ma r a d is cuss ão con junt a sais, tendo em conta as limit açõ es de das necessidades sociais e d o entre desenvolvimento econômico e do mercado e mesmo de novos seto- papel do Estado co mo fin an ciado r, social é a única forma de fugir, po r res (ONG s, OSCIP s etc.) para amplia- regu lado r e art icu lado r de u m con - um lado, das amarras do econo mi- ção da ext ens ão da proteção social junto de po lít icas. O Quadro 3 re- cismo, o pensamento do minante atual tanto na área de saúde quanto junto sume essas q ues tõ es, cu jas respos - na área da economia, que natu rali- aos demais setores componentes da tas permitem caracteriza r os tipos za o mov imento de avanço das nor- área social. / vias de d esenvo lv imento social em mas da mercant ilização e da concor- determinad o país. rência em todas as esferas da v id a, Dessa forma, os ru mos do desenvo lv imento social dependem do Certa mente , as qu es tõ es aq u i segu nd o Bellu zzo, co mo crit érios de elen cadas são prelimin ares e não do min antes da int eg ração e do reco- qu estõ es e d esafios, isto é, da v in - esgota m todos os aspectos envolv i- nheciment o social. Por outro, das vi- culação entre bem-estar público e dos com o desenvolvimento social. sões seletivas e reducionistas da po- en frent a mento desse conjunto QUADRO 3 – Questões que definem determinada via de desenvolvimento social lítica social, neste caso entendidas apenas como combate à pobreza. Aqui cabe uma nota para o caso 1. Qual o grau de legitimidade que as necessidades sociais possuem? 2. Quais são as maiores dificuldades (financeiras, organizacionais e administrativas, recursos humanos, políticas, tecnológicas etc.) para que o Estado melhor atenda a essas mesmas necessidades? 3. Qual o grau de articulação presente entre as políticas responsáveis pelas condições de bem-estar da população e que medidas são prioritárias para o incremento desse grau de articulação? bras ileiro , d ad as as especificid ades das inter-relaçõ es entre o desenvo lvimento econômico e social em nos so país, mu ito bem ret rat ad o no artigo de AM É LIA C O H N (2005). Em nos - 4. Qual o impacto das atuações setoriais para a melhora das condições de vida e saúde? so caso, o aspecto tardio da implan tação do SUS (ver a definição de VIPor isso, a melhora das condi- (2002) para o uso do termo ‘t ar- comb ina m e são regu ladas as t rês ANA ções de saúde não depende ap en as di mensões / p rocessos – do direito , dio’) – tardio, in clus ive, no sent ido do êxito das po lít icas de s aúd e, econômica e po lít ica – d is cu t id os de ter sido imp lant ado na derroca - mas també m da fo rma co mo est ão nesse texto. da do projeto n acion al d esenvo lv i- A etapa at ual do cap italis mo , ao men t ista , ao término de seu período dissocia r desenvolv imento econô mi- de apogeu, isto é, em u m período garant ia de condições mín i mas de co de desenvolvimento social, isto de crise, com subseq üent e adoção bem-es tar para a po pu laçã o co mo é, ao deixar de ver, por exemplo, o de po lít icas de cunho liberal no pla- um todo. Isto é, co mo se co mb ina gasto social co mo co mponente im- no econô mic o (co n fig u ran do 1 5 desenvo lv i mento econômico e soci- po rt ante da d emand a ag regada e anos de polít icas liberais, u m tem- al. A forma, o tipo dessa combina - como fator central na garant ia d o po de ‘hegemonia liberal’, na expres- ção é o b alizad or das est rat ég ias direito social, no sentido da plen a são de Brasílio Sallu m Jún ior) –, de ext ensão da proteção social em auto no mia do homem, coloca novos natu ral mente , impõe limites bastan - saú de . E a inter-relaçã o entre de- desafios para as po lít icas seto riais , te sérios para a efetiva i mp lant ação senvo lv i ment o econômico e s ocial ao mes mo tempo que int ro du z li mi- de po lít icas mais un iv ersalistas, re- nada mais é do que a trad ução , p ara tes sérios para a sobrev ivên cia de d ist rib ut iv ist as e ig ualit árias . Esse o setor saúde, das formas como se algumas políticas públicas. processo, de emergência de políti- sendo condu zid as as d iferentes po líticas públicas resp onsáveis pela VIANA, Ana Luíza d’Ávila ; SILVA, Hudson Pacífico da & ELIAS, Paulo Eduardo M. cas un iv ersais , difere rad icalmente C A STR O , A . B. En t rev ist a. Pesqu is a e ma s an it ária . In : L IM A , N. T.; GER S- das e xp eriên cias eu rop éias , n as Debate, São Paulo, vol. 15, n. 2(26), C HM AN, quais a const ru ção dos sist emas de p. 163-175, 2004. (orgs). Saúde e Democracia – h is - proteção social esteve associad a a C O H N , A . O SUS e o Direito à Saúd e: tória e persp ect ivas do SUS. Rio ab rang ent es projetos de desenvolvi- un iv ersalização e focalização n as de Janeiro: Fiocruz, OPAS, 2005. mento – o crescimento econômico do po lít icas de s aú de . In: LIMA N. T., M E L O , M. A. Crise do Mundo do t ra- pós-g uerra – e o p leno flo rescimen - G E R SC H M A N S., EDLER F. C., SUÁRE Z J. balho e proteção social. São Pau lo to de um modelo de gestão integ ra - M. (orgs). Saúde e Democracia – em Perspect iv a, São Paulo, v.9, n.4, do público (ver V IA N A , 2002, p ara Histó ria e p ersp ect ivas do SUS. Rio p.40-46. 1995. definição desse modelo). de Janeiro: Fiocruz, OPAS, 2005. Dessa forma , o SUS carece de u ma int eg ração co m po lít icas d e crescimento e desenv o lv imento , e isso tem imp licado um perfil específico de imp lantação dessa polít i- OFFE , C. Politica Sociale, So lidariet à EDWARDS, R. T. Parad ig ms and th e e Stato Nazionale : In: FERRERA , M . research prog ra mmes : Is it time to (ed), Stato Sociale e Mercato Mon- move fro m h ealth care economics to h ealt h eco no mics. e de um planejamento estratég ic o no plano federal são as conseq üên cias diale. Itália: Giovanni Agnelli, 1993. [S.l.]: Healt h Economics, 2001. ca. Cert amente, a ausência de u ma política de invest imentos para o SUS S.; EDLE R, F.C.; SU ÁRE Z, J. M . P OLA N Y I , K. A g rande t ransfo rmação . Rio de Janeiro : Campus, 1980. E S PIN G -A N D E RSE N , G. Social foundat ion of post ind ustria l economies. Oxford: Oxford University Press, 1999. mais graves desse fato, isto é, d a FERLIE , E. & co labo rado res. A nov a aus ên cia de int eg ração entre a polí- ad min is t raçã o púb lica em ação . tica econômica e a política social. Brasília, DF: UnB; ENAP, 1999. [Do original The Great Trans fo rmat ion . Rinehart Company, 1944]. SEN , A . Teo rías del Desarro llo a Princip ios del Sig lo X XI. Dispon ível em www.iadb .o rg/et ica . Acesso em 01/09/20 04. FRE EM A N , R. & M O R A N , M. A saúde na REFERÊNCIAS Europa. In: NE GR I , B.; V IAN A A. L. d’Á. (orgs). O SUS em dez anos de desafio. BEC KE R , B. A mazônia : Desenvolvimento e So beran ia. In: Brasil – o estado de uma nação. Brasília: IPEA, 2005. B EL L UZ Z O , L. G. de M. Ensaios sob re São Paulo: Sobravime, Cealag, 2002. FUR TA DO , C. O Cap italis mo Global. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. V IA NA , A. L. d’Á .; E LIA S , P. E. & IBANEZ, N. Proteção Social – Dilemas e desafios. São Paulo: Hucitec, 2005. V IA N A , A . L. d ’Á. & co ls. Estado e regu la ção da saúd e. In: Brasil. Ministério da Saúde. Regulação e Saú - F U RT A D O , C. Sub desen vo lv i men to e de. Rio de Janeiro: ANS/M S, 2002. o cap italis mo no sécu lo XX. São Es t ag n açã o na A mérica Lat in a . Paulo: Editora Unesp, 2005. Rio de Janeiro : Civ ilização Bras i- W ILL IA M S , A . (ed.). Health and eco- BER M U DEZ , J. A. L . Indústria Farmacêu- leira, 2 edição, 1968 . nomics. Macmillan Press, Basing - tica, Estado e Sociedade. Crítica da G A DEL H A , C. A. G; Q U E NT AL , C. & FIALHO , política de med icamentos no Brasil. B. C. Saúde e inovação : u ma abo r- São Paulo: Hucitec; Sobravime, 1995. dagem s istêmic a das in dúst rias d e B IAS OT O , G. Economia da saúde: con- saúde . Cadernos de Saúde Púb lica, ceitos, abrangência e formas de inser- Rio de Janeiro, v.19, p.47-59. 2003. ção no caso brasileiro . Campinas, SP: G U IM A R Ã E S , R. Ciência, tecn o lo g ia e Unicamp, 2004. (mimeo). inovação : um parado xo na refor- stoke, 1987.