PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RS (PUCRS) XVII Congresso da FLAPAG Potencialidades vinculares Problema formulado A Pertença, ocupação de um lugar na Estrutura Vincular, fomenta ou inibe vida do grupo? Hipótese de trabalho A Pertença fomenta e inibe a vida do grupo. Prof. Dr. Nedio Seminotti e Profa. Mestre Cassandra Cardoso Vincularidade e complexidade Propomos que a pertença concebida segundo o princípio dialógico da complexidade (Morin) e da lógica do Dois (Berenstein e Puget): Seja concebida como processo ou relação da vida do grupo e como sua organizadora; Seja vista como incremento e desestimulo às singularidades e pluralidades grupais; E como uma multiplicidade e unidade mutantes que, retro-ativamente, são produtos e produtores de sujeitos. Vincularidade e Pertença O vínculo é inconsciente se dá a conhecer ao sujeito, e ao outro, pelo sentimento de pertença; A estrutura vincular liga os sujeitos em uma relação de presença que produzem emergências ou acontecimentos; Esta estrutura institui os sujeitos do vínculo; A pertença dada pela ocupação de um lugar na estrutura precisa ser justificado pelos sujeitos e pelos outros (Berenstein e Puget). A dialógica da complexidade As lógicas concebidas pela dialógica são antagônicas, contraditórias, concorrentes e inclusivas; As lógicas produzidas no grupo não são binárias, lineares e excludentes; Dialogam as lógicas (dialógica) dos processos e das organizações dos indivíduos/sujeitos, dos subgrupos do grupo e do contexto do qual faz parte o grupo (E. Morin). Vincularidade e complexidade O grupo, segundo a PCV, configura um mundo interno (relações de objeto) e um mundo vincular entre sujeitos/indivíduos (objetos reais); Os vínculos entre indivíduo/sujeito geram outros indivíduos/sujeitos; Há representações e estranhezas provocadas pela apresentação do outro sujeito/indivíduo; Os participantes do grupo respondem às representações do sujeito/individuo com representações e apresentado-se. Processo Do latim procedere - Pro + ceder - ir para frente avançar (Aurélio); Conjunto seqüencial e peculiar de ações que objetivam uma meta (senso-comum); Opõe-se à noção de polaridade, na qual há movimento que evita o choque e o conflito entre oposições e polaridades (dialética). Processo e organização do grupo No grupo, processo significa mudança e, de outro lado, a matriz indica a permanência (Ponciano Ribeiro); Processo surge da tensão entre serialização (solipsismo) e organização (Lapassade); Há uma relação de tensão entre o processo e a organização grupo (dialógicas e lógicas impositivas). Processo e organização do grupo Para Anzieu e Kaës, as fantasias e representações são organizadores psíquicos do grupo; Há outros organizadores: tarefa, papéis, comunicações, subgrupos, normas socioculturais e institucionais etc.; Seguindo nossa linha de raciocínio, as fantasias e as representações são processo e organização do grupo. Processo e organização do grupo Processo do grupo: imaterial, são as relações e a “coisa” (aquilo que não pode ser nomeado); As palavras e discursos, segundo certos pressupostos, nomeiam os processos e os organizam (regulam e dão sentido ao conjunto); As palavras geram outras coisas que suscitam outras palavras e processos/relações/coisas ...; Desde a dialógica surge o discurso do sujeito e o sujeito do discurso. Processo e organização do grupo Desde a complexidade compreende-se o processo e a organização numa relação dialógica, recursiva (produtos são efeitos que são produtos) e retroativa (o efeito age sobre a causa e viceversa); Há interações e inter-retroações que geram novos processos e organizações imponderável e impensáveis; PCV e Complexidade Não há apenas uma dualidade de objetos em interação, mas um multiplicidade deles (o grupo como unidade e multiplicidade); Os processos são produtos e produtores dos organizadores que geram processos ... ; A ética do “Um” que provém de uma lógica e a ética do “Dois” que tem a intenção de contemplar as multiplicidades lógicas e éticas (Berenstein); Dialógica (Morin) A pertença: processo e organização O vínculo é uma zona de encontro entre sujeitos (Berenstein e Puget); É uma terceira dimensão instituída por e entre sujeitos que os acolhe e os sujeita; A estrutura vincular só pode ser conhecida pelo sujeitos através da pertença; A pertença significa e designa um lugar a ser ocupado pelo sujeito na estrutura vincular do conjunto. A pertença: processo e organização Significa dizer, desde a dialógica ou lógica do “Dois”, que os sujeitos produzem os vínculos e que os vínculos produzem os sujeitos; São, portanto, os vínculos dos sujeitos e os sujeitos dos vínculos; Os indivíduos/sujeitos do vínculo expressam seu sentimento de pertença ao empregar a 1ª pessoa do plural. Inibições vinculares Pertencer ao grupo significa aceitar imposição de uns mais poderosos (coordenador, terapeuta e outros) sobre outros menos poderosos; Significa fazer inscrições de pertencimento na lógica única e aceitação do que é instituído (lógica/ética do “Um”; Aceitar ações de imposição independentemente do desejo do sujeito; Conviver com a predominância da identificação. Inibições vinculares Há linearidades das relações causais; As mesmas causas que geram os mesmos efeitos; Relações de representações mais marcantes do que as de apresentação; Predomínio de relações de objetos internos sobre os vinculares. Potencialidades vinculares Conjugar o nós (pertencer) indica na superfície que os indivíduos/sujeitos estão ligados ao outros; Ao dizer nós os indivíduos/sujeitos constituem um grupo método de produção de processos, organizações, sujeitos, produtos demandados e gratificações. O grupo como método/caminho é um dispositivo de potências. Potencialidades vinculares A multiplicidade de pertenças e de lógicas/éticas institui um método/caminho que multiplica as compreensões e alternativas de solução de problemas; Multiplica os poderes e os recursos singulares e as pluralidades/diversidades; Multiplica os sujeitos e gratifica os indivíduos. Potencialidades vinculares Gera sujeitos e produtos; Multiplica as causas e os efeitos; Fomenta processos e organizações e as relações com estrutura; As causas dos processos provém da organização, da estrutura e dos emergentes; E há recursividade. Potencialidades e inibições vinculares Ao preponderar a lógica do “Um”, tende à redução da vida do grupo; Na lógica/ética do “Dois” ou múltipla (dialógica) tende a fomentar a vida do grupo; Uma e outra podem ser desejáveis em tempos diferentes para que o grupo se mantenha com vida, produza e gratifique. WWW.PUCRS.BR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA GRUPO DE PESQUISA: “Processos e Organizações dos Pequenos Grupos” www.pucrs.br.psico/pos/pequenosgrupos [email protected] [email protected]