PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA - 3º TRIMESTRE 2014 PROFa. GICÉLIA NOME Nº 7 ANO --~ Faça primeiro a parte A da prova. Espere a leitura do texto junto com a professora. ~ Leia o texto e todos os enunciados com calma, atenção. Releia quantas vezes for necessário, se considerar algum trecho confuso ou complicado. ~ Não se esqueça de elaborar respostas completas, com introdução e boa contextualização. ~ Cuidado com deslizes ortográficos, de pontuação e acentuação. Reler suas respostas pode evitar descontos indesejados. ~ Boa Prova! 0 A. Questões gerais sobre o conteúdo estudado 01. (0,5) Classifique os termos destacados em adjunto adnominal ou predicativo. "Atualmente, alguns paleontólogos - cientistas que estudam fósseis de animais e vegetais - estão analisando fezes de bichos que Já desapareceram da Terra há milhões de anos. Claro que, depois de tanto tempo, esses excrementos ficaram petrificados e, nesse estado, recebem o charmoso nome de coprólitos. " 02. (0,5) Se você encontrou apenas um Predicativo do Sujeito na questão Então explique como fez para diferenciá-Io dos adjuntos adnominais. 03. (0,5) Retire do trecho os adjuntos adverbiais que acrescentam 04. (0.9) Complete parênteses. adnominais as lacunas com adjuntos • ________ meninas • ________ botas anterior, circunstância que pertençam deve estar acertando. de tempo. às classes gramaticais entre dormiram. (artigo - adjetivo) não me servem mais. (pronome possessivo - locução adjetiva) bo I0 • demonstrativo • _ foi devorado por _______ . (pronome - locução adjetiva - pronome indefinido) soldados deixaram o país hoje. (numeral cardinal - adjetivo) 1 05. (0,8) Classifique como gradação, antítese ou pleonasmo semântico os recursos de estilo usados nos trechos a seguir. Grife-os. Observe também que um item apresenta dois recursos. a) Você se preocupa com o passado; eu, com o futuro. b) As nossas praias, que antes eram limpas, de águas alvas, agora estão poluídas, de águas turvas. c) Toquei-a com minhas próprias mãos. d) Ande, corra, voe em busca de seus ideais. e) Homens de vida amarga fazem o branco e doce açúcar. f) Uma palavra, um gesto, um olhar bastava para despertar suspeitas. g) "Logo percebeu que, se por um lado as dificuldades dificultam, por outro facilitam muito a sua vida". 06. (0,8) Reescreva o trecho a seguir, eliminando os pleonasmosviciosos: Havia uma enorme árvore no pátio, mas o tronco era oco por dentro. Seus galhos repetiam o mesmo movimento ao sabor do vento e a presença de um ninho de João-de-barro foi para nós uma surpresa inesperada. Todos queriam subir lá em cima para observá-Io. 07. (0,5) "O velho, engasgado de ódio, chegou a perder a tonalidade cadavérica e ficar levemente ruborizado, respondendo com voz rouca". Assinale a alternativa que apresenta, na sequência, as funções sintáticas dos termos destacados. ( ) PS, Adjunto Adverbial, Adjunto Adnominal, Adjunto Adnominal. ( ) Adjunto Adnominal, Adjunto Adverbial, PS, Adjunto Adverbial. ( ) Adjunto Adnominal, Adjunto Adnominal, PS, Adjunto Adverbial. ( ) PS, Adjunto Adverbial, PS, Adjunto Adverbial. 2 ---- ------ NOME B. Texto, interpretação Nº 7° ANO __ e linguagem. A vontade do falecido Stanislaw Ponte Preta Seu Irineu Boaventura não era tão bem-aventurado assim, pois sua saúde não era lá para que se diga. Pelo contrário, seu Irineu ultimamente já tava curvando a espinha, tendo merecido, por parte dos vizinhos mais irreverentes, o significativo apelido de "Pé-na-cova". Se digo significativo é porque seu Irineu Boaventura realmente já dava a impressão de que, muito brevemente, iria comer capim pela raiz, isto é, iam plantar ele e botar um jardinzinho em cima. Se havia expectativa quanto ao passamento do seu Irineu? Havia sim. O velho tinha os seus guardados. Não eram bens imóveis, pois seu Irineu conhecia de sobra Altamirando, seu sobrinho, e sabia que, se comprasse terreno, o nefando parente se instalaria nele sem a menor cerimônia. De mais a mais, o velho era antigão: não comprava o que não precisava e nem dava dinheiro por papel pintado. Dessa forma, não possuía bens imóveis nem ações [...]. A erva dele era viva. Tudo guardado em pacotinhos, num cofrão verde que ele tinha no escritório. Nessa erva a parentada botava olho grande [...] principalmente depois que o velho começou a ficar com aquela cor de uma bonita tonalidade cadavérica. O sobrinho, embora mais mau-caráter do que o resto da família, foi o que teve a atitude mais leal, porque, numa tarde em que seu Irineu tossia muito, perguntou assim de supetão: - Titio, se o senhor puser o bloco na rua, pra quem é que fica o seu dinheiro, heim? O velho, engasgado de ódio, chegou a perder a tonalidade cadavérica e ficar levemente ruborizado, respondendo com voz rouca: - Na hora que eu morrer, você vai ver, seu cretino. Alguns dias depois, deu-se o evento. Seu Irineu pisou no prego e esvaziou. Apanhou um resfriado, do resfriado passou à pneumonia, da pneumonia passou ao estado de coma e do estado de coma não passou mais. Levou pau e foi reprovado. [...] - Bota titio na mesa da sala de visitas - aconselhou Altamirando; e começou o velório. Tudo que era parente com razoáveis esperanças de herança foi velar o morto. Mesmo parentes desesperançados compareceram ao ato fúnebre, porque estas coisas vocês sabem como são: velho rico, solteirão, rende sempre um dinheirão. Horas antes do enterro, abriram o cofrão verde onde havia sessenta milhões em cruzeiros, vinte em pacotinhos de "Tiradentes" e quarenta em pacotinhos de "Santos Dumont": - O velho tinha menos dinheiro do que eu pensava - disse alto o sobrinho. E logo adiante acrescentava baixinho: - Vai ver, gastava com mulher. Se gastava ou não, nunca se soube. Tomou-se - isto sim - conhecimento de uma carta que estava cuidadosamente colocada dentro do cofre, sobre o dinheiro. E na carta o velho dizia: "Quero ser enterrado junto com a quantia existente nesse cofre, que é tudo o que possuo e que foi ganho com o suor do meu rosto, sem ajuda de parente vagabundo nenhum". E, por baixo, a assinatura com firma reconhecida para não haver dúvida: Irineu de Carvalho Pinto Boaventura. Pra quê! Nunca se chorou tanto num velório sem se ligar pro morto. A parenta da chorava às pampas, mas não apareceu ninguém com peito para desrespeitar a vontade do falecido. Estava todo o mundo vigiandotodo o mundo,e lá foram aquelasnotas novinhasarrumadasao lado do corpo, dentro do caixão. Foi quase na hora do corpo sair. Desde o momento em que se tomou conhecimento do que a carta dizia, que Altamirando imaginava um jeito de passar o morto pra trás. Era muita sopa deixar aquele dinheiro ali pro velho gastar com minhoca. Pensou, pensou e, na hora que iam fechar o caixão, ele deu o grito de "peraí". Tirou os sessenta milhões de dentro do caixão, fez um cheque da mesma importância, jogou lá dentro e disse "fecha". - Se ele precisar, mais tarde desconta o cheque no Banco. 3 Vocabulário irreverente - característica daquele que fala o que pensa, que falta com o respeito e a consideração. passamento - falecimento, morte. nefando - abominável, detestável, malvado, perverso, degenerado. deu-se o evento - aconteceu o que se esperava. ato fúnebre - funeral, cerimônia para o sepultamento. cruzeiro - moeda que circulou no Brasil em períodos anteriores. Tiradentes - nota de 10.000 cruzeiros Santos Dumont - nota de 5.000 cruzeiros Leia a seguir outra versão da história "A vontade do falecido": Era um senhor rico que estava para morrer. Todos os parentes esperavam sua morte impacientes e com a esperança de se tornarem herdeiros daquele homem. Finalmente o velhinho morreu, e seu testamento foi aberto no mesmo dia do enterro. Todos aguardavam a leitura do inventário com a maior expectativa. Até que o advogado leu o texto: "Quero que meu dinheiro seja enterrado comigo". Os parentes ficaram chateados, mas resolveram cumprir a vontade do velhinho. Colocaram o dinheiro em pacotes e puseram sobre o velho dentro do caixão. Um dos sobrinhos do falecido, inconformado com a história, resolveu preencher um cheque e trocar pelo dinheiro dizendo o seguinte: - Vou deixar o cheque e levar o pacote, se ele precisar do dinheiro, ele desconta o cheque no banco. 08. (0,5) O conteúdo dos dois textos é o mesmo, mas a forma de contar é bastante diferente. Comente as diferenças que você notou entre as duas versões. 09. (0,5) a) b) c) d) Assinale a alternativa adequada com relação ao tipo de acontecimento no texto desta prova. São maravilhosos, surreais, mas acreditamos neles porque o narrador é onisciente. São alegóricos, pois representam situações por meio de personagens reais e têm explicação no final. São naturais, pois podem ocorrer no mundo real, sem causar estranheza. São estranhos, pois no final há uma explicação para eles: o tio era egoísta. 10. (0,5) Releia: Seu Irineu Boaventura não era tão bem-aventurado assim [...] Leia a seguir os significados da palavra bem-aventurado, conforme o dicionário: bem.-a.ven.tu.ra.do adj. 1. Muito feliz. 2. Diz-se daquele que, depois da morte, desfruta da felicidade celestial; beato; beatificado. [...] Mimdicionário Luft. São Paulo: Ática, 2000. a) Comqual desses sentidos o autor empregou a palavra bem-aventurado no trecho acima? b) O autor brinca com a semelhança entre as palavras Boaventura e bem-aventurado. Espera-se que uma pessoa com o nome de Boaventura tenha sorte, alegria, no entanto o texto afirma que ele não era tão bem-aventurado assim. Explique a razão. 4 NOME. Nº 7° ANO __ 11. (0,5) Observe que o narrador não brinca apenas com o nome de seu Irineu. É possível verificar uma relação entre o nome do sobrinho, Altamirando, e uma de suas características. Veja: alta + mirando. Alguns dos significados da palavra mirar são "aspirar a, desejar, ter em vista". Vamos inverter agora a ordem das palavras: alta mirando --)o mirando alto a) O que significa mirar alto? b) Qual a relação entre esse nome e um dos comportamentos do sobrinho de seu Irineu Boaventura? 12. (0,7) Agora compare os termos destacados nas frases abaixo: • Seu Irineu Boaventura realmente já dava a impressão de que, muito brevemente, iria morrer. • "[ ...] seu Irineu Boaventura realmente já dava a impressão de que, muito brevemente, iria comer capim pela raiz [ ...] • • Ele tinha dinheiro vivo. "A erva dele era viva." • • Seus familiares choravam muito. "A parentada chorava às pampas [...]" a) As expressões destacadas em cada dupla têm o mesmo significado. No entanto se percebe uma diferença no efeito que causam. Qual das frases em cada dupla sugere intenção de provocar o riso? b) "Comer capim pela raiz" e "erva" foram usadas no sentido conotativo ou denotativo? Explique. c) Explique por que no texto" A vontade do falecido" é mais adequado o emprego da palavra parentada, um termo depreciativo, desagradável, para referir-se a parentes, do que o emprego da palavra familiares. 13. (0,3) Assinale a alternativa correta: a) ( ) O autor de "A vontade do falecido" pretende comover seus leitores contando sobre a infelicidade de um senhor solteiro que vivia cercado por familiares interesseiros. b) ( ) O autor de "A vontade do falecido" pretende contar, em tom de piada, a história de um velho solteiro cercado por parentes interessados em sua herança. 5 14. Stanislaw Ponte Preta, assim como Adriana Falcão em Luna Clara & Apoio Onze, brincou com a linguagem. Ele usou recursos criativos para despertar interesse, salientar a malvadez do sobrinho e a ganância dos parentes de um velho solteirão. a) (0,3) Apresente um trecho onde o autor brincou fazendo rimas. b) (0,3) Agora encontre e transcreva um trecho em que o narrador faz pergunta e resposta ao leitor. c) (0,3) Observe: "Apanhou um resfriado, do resfriado passou à pneumonia, da pneumonia passou ao estado de coma e do estado de coma não passou mais. Levou pau e foi reprovado". Nota-se que o quadro do Sr. Boaventura se agravou, pela ideia de gradação presente no trecho. Faça a lista dessa gradação d) (0,5) Escolha cinco trechos ou palavras que são típicas da oralidade (termos mais comuns na fala) e copie-as abaixo. 15. (0,4) Reescreva a oração abaixo, eliminando os adjuntos adnominais: • Todos os parentes ambiciosos do velho queriam aquela atraente fortuna. 16. (0,7) Classifique os adjuntos adverbiais destacados: a) "Tomou-se conhecimento de uma carta que estava cuidadosamente colocada dentro do cofre, sobre o dinheiro." b) Nunca se chorou tanto num velório. c) A parentada chorava às pampas. d) Alguns dias depois, deu-se o evento. 6