CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) 1ª PARTE: Língua Portuguesa PRIMEIRA CENA O rapaz que viaja à minha frente no trem não olha com bons olhos o senhor escrevendo numa caderneta. Veio de Potengi morar no Crato, hospedouse na casa do sogro com a esposa e dois filhos, vai procurar trabalho em Juazeiro, na única profissão que aprendeu: a de vaqueiro. Não parece fácil. Boa parte dos rebanhos morreu em três anos de estiagem, agravando a decadência da agricultura e da pecuária. Se não encontrar emprego, volta ao Potengi. Não, ele não bebe, em respeito aos pais da esposa, ambos evangélicos. Também não sai de casa à noite e não gosta de responder perguntas. Nem o dinheiro da passagem de volta ele possui. Um real. O jeito será fazer o percurso a pé, doze quilômetros. Nada pede ao escritor. A confissão de indigência fere seu orgulho. Recebe com dignidade os dois reais que o homem saca da carteira e, ao descer do vagão, não olha para trás. As ranhuras nos vidros das janelas são propositais? Ninguém enxerga a plenitude da miséria em torno, o lixo descendo pelas encostas, restos de mato, poças d’água e riachos que no passado eram exuberantes, e agora são indefinidos como as pinturas de Monet velho e quase cego. Nos painéis das Ninféias, uma paisagem aquática com plantas, galhos, reflexos de árvores e nuvens. Aqui, as imagens da natureza destruída assombram o senhor de barba e cabelos grisalhos. Fez o mesmo percurso entre Juazeiro e Crato, há 46 anos. Um tempo grande, o bastante para ele também sofrer mudanças e cobrirse com outras formas de lixo. Anota impressões no caderno. As frases lhe parecem falsas, vazias. Compara o lixo atirado pelos moradores nos barrancos aos rabiscos do caderno de notas. Faz calor, os vagões do trem fechado não refrigeram bem. No passado, abriamse as janelas. Escrever tornouse um pesadelo. Quais os choques permanentes do escritor? O choque de se ver confrontado com desafios simples e irrefutáveis. O vaqueiro não se rende à miséria e luta por uma profissão em declínio, por seu lugar no mundo em ruínas. O choque de entrever suas próprias camuflagens, seus truques, seus clichês. O entulho das palavras no caderno de notas, as frases de efeito, o enfadonho exercício de criar a beleza sem verdade. O choque de sentir a imensidão dos seus recursos inexplorados. O choque de ser obrigado a se perguntar por que é um escritor. O choque de descobrir que escrever é uma arte à qual é necessário consagrarse totalmente, de uma maneira monástica e absoluta. Felizmente o trem chega ao destino. As pessoas descem vagarosas. O vaqueiro ficou duas estações atrás: duro, cruel contra si mesmo, exigindo um único papel no mundo, um modo de vida autêntico naquele lugar do planeta. SEGUNDA CENA É custoso enfiar o pé 43 na bota de borracha número 40. Mas é necessário para atravessar a lama e chegar ao Jardim. Dias de chuva continuada, riachos e grotas encharcaram a terra. A cada passo um atoleiro, o corpo se desequilibra, afunda, ameaça cair. “Você tem certeza que dá para chegar?” “Chega fácil. Só hoje, fui e voltei duas vezes.” O lugar fica onde o Jardim se espalha, ganha profundidade e se presta ao banho. “A cheia veio nesse ponto?” “Choveu muito, graças a Deus.” O Jardim deságua no Carás, que deságua no Salgado, que deságua no Jaguaribe, e este no mar. É um dos rios da minha infância, onde eu nadava nos meses de férias. Tento alcançar o poço de Dona Naninha Biliu, já que é impossível chegar ao remanso que pertenceu à minha avó. Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 1 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) As matas foram derrubadas e vendidas para as olarias. Cada 100 tijolos fabricados queimaram uma ingazeira, uma cajazeira, um angico. As casas se edificam sobre cemitérios de árvores. Erguemse as paredes, abremse as janelas, o corpo se debruça num parapeito, o olhar busca lá fora, mas só enxerga o deserto. Não existem mais poços d’água cobertos de vegetação, parecendo cavernas. “Lembra que você gostava de se esconder neles?” “Lembro.” Agora as águas correm a céu aberto e quando o sol bate, secam depressa. “O sol ficou mais quente, reparou?” “Reparei.” “E você quer tomar um banho pra matar a saudade?” “Não sei se a saudade se mata ou se ela mata a gente.” Assis Gonçalves ri da conversa fiada, levanta a bermuda até as coxas, agora estamos os dois no meio da água, olhando a correnteza acima. “Ali é bom de mergulhar, não vai tomar banho?” “Não sei, dá trabalho tirar a roupa, descalçar as botas.” As águas passam ligeiras, há muito balseiro nas margens do Jardim, enganchado em arames, nas unhas de gato. Tudo o que não presta o rio foi deixando para trás. Assis Gonçalves me pergunta se a literatura serve para alguma coisa, ou se é apenas balseiro. Não quer ofenderme, é incapaz disso. Falame sobre o dia em que o genro pediu a mão de sua filha em casamento. Enquanto narra a história, enche d’água a concha das mãos e molha a cabeça, como se desejasse esfriála. Os gestos são precisos, teatrais, nenhuma energia se perde a cada movimento. Estamos cercados pelas águas. Meu avô morreu adiante e por bem pouco a enchente não carregou o seu corpo. Assis Gonçalves esfrega as nódoas dos braços, lava o rosto. Não perco nenhum dos seus gestos e gostaria de transformá los em literatura. Como é difícil, constato. “Você não vai se banhar?”, insiste. “Não”, respondo. Quando era menino, passava o dia no rio. Nadar era o que eu mais sabia fazer. Agora, vicieime em ver e pensar. Mas também sinto, sinto muito, bem mais do que quando me debatia com os braços e as pernas. Acho que a literatura é responsável por isso. Talvez. Para alguma coisa ela deve servir. RONALDO CORREIA DE BRITO. ([email protected]) 01. Através de uma leitura geral do texto é CORRETO inferir: A) Subdividido em dois grandes eixos intitulados de cenas, os fragmentos são totalmente independentes, não há qualquer relação entre eles. B) Apresentando independência de enredo, personagens, tempo e espaço, o texto estabelece uma inter relação no que se refere à reflexão do fazer artístico. C) Os textos denotam a alegria e bem estar do eu que fala. Estes sentimentos estão sintetizados nas seguintes expressões: “O choque de descobrir que escrever é uma arte à qual é necessário consagrar se totalmente, de uma maneira monástica e absoluta.” (texto 01) e “O choque de descobrir que escrever é uma arte à qual é necessário consagrarse totalmente, de uma maneira monástica e absoluta.” (texto 02) D) Intitulados por primeira e segunda cenas os textos apresentam em suas estruturas mais ação que reflexão. 02. Dado o fragmento: “O choque de se ver confrontado com desafios simples e irrefutáveis.” O termo em destaque pode ser substituído sem alterar o sentido, por: A) Irreversíveis. B) Intransferíveis. C) Escápoles. D) Evidentes. 03. ” A confissão de indigência fere seu orgulho.” O termo em destaque é: A) Um pronome remissivo e referese ao escritor. B) Um pronome remissivo e referese ao vaqueiro. Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 2 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) C) D) Um pronome predissente que se refere ao narrador. Um pronome predissente que se refere ao vaqueiro. 04. Observe o fragmento e responda corretamente: “....., o corpo se desequilibra, afunda, ameaça cair.” A) Há no trecho acima uma justaposição de ações e a supressão do sujeito na segunda e terceira orações serve de elemento coesivo para tais orações. B) Há um período composto por subordinação. C) O corpo se desequilibra é a oração principal. D) O se é índice de indeterminação do sujeito. 05. “Enquanto narra a história, enche d’água a concha das mãos e molha a cabeça, como se desejasse esfriála.” O termo em destaque é classificado como: A) Futuro do pretérito do indicativo. B) Imperativo afirmativo. C) Imperfeito do subjuntivo. D) Pretérito mais que perfeito do indicativo. Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 3 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) 2ª PARTE: Didática e Legislação 06. Para Libâneo (2013), o trabalho docente, deve ser entendido como atividade pedagógica do professor, que deverá ter como objetivos principais: Marque a opção correta. A) No Projeto PolíticoPedagógico da escola, é onde se explicitam a concepção pedagógica do corpo docente, as bases teóricas e metodológicas da filosofia pedagógica escolhida pela escola, a contextualização da escola: situação geográfica, perfil de aluno atendido, estruturas: curricular, organizacional e administrativa e a concepção de avaliação. B) Na contextualização do Projeto Politico Pedagógico da escola deve constar o relato minucioso e detalhado dos embates políticos ocorridos no seu processo de elaboração; perfil étnico, sexual e político dos corpos discente e docente; os objetivos e metas promulgados pelo sistema oficial de ensino. C) No Projeto PolíticoPedagógico da escola deve obrigatoriamente constar os discursos dos representes dos poderes executivos, e as diretrizes propostas pelas comunidades cientifica e pelas instituições religiosas para a condução administrativa e organizacional da escola. D) No Projeto PoliticoPedagógico da escola A) Assegurar aos alunos um sólido domínio dos saberes populares; Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam sua autonomia de pensamento; Ajudar os alunos a fazer escolhas e a terem capacidade de agir diante dos problemas e situações da vida real. B) Assegurar aos alunos um sólido domínio dos conhecimentos científicos; Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam sua autonomia de pensamento e capacidade de inovar nos métodos de estudos; Ajudar os alunos a fazer escolhas e a terem capacidade de agir diante dos problemas e situações da vida real. C) Dotar os alunos de competências e habilidades específicas, de acordo com as necessidade do mercado de trabalho; Criar as condições e os meios para que os alunos se adaptem às normas e regras sociais vigentes. Ajudar os alunos a fazer escolhas e a terem capacidade de agir diante dos problemas e situações da vida real. D) Assegurar aos alunos um sólido domínio dos saberes experienciais adquiridos na vida; Criar as condições e os meios para que os alunos possam ser autodidatas e a se distanciarem dos problemas e situações da vida real. devem constar os princípios e diretrizes pedagógicas adotadas pela escola, pelas associações comunitárias e pelo sindicato dos professores; os objetivos e metas dos órgãos fiscalizadores; estrutura organizacional e administrativa da escola. 08. Segundo Luckesi apud Libâneo (2013), a avaliação consiste numa apreciação qualitativa sobre dados relevantes diagnosticados a partir do processo de ensino e aprendizagem e deve servir para auxiliar o professor na tomada de decisões sobre seu trabalho docente. Com base neste pensamento, podemos interpretar que não é avaliação qualitativa: A) A tarefa didática que se realiza regularmente e de forma permanente no trabalho do professor, acompanhando passo a passo o processo de ensino aprendizagem. 07. Quanto aos aspectos fundamentais e necessários que devem compor o Projeto PolíticoPedagógico (PPP) da Escola, é correto afirmar: Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 4 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) B) A ação do professor de dar nota ao aluno, considerando o desenvolvimento do aluno numa única habilidade e através de único procedimento. C) A apreciação qualitativa dos resultados das provas, exercícios, trabalhos e respostas elaboradas pelos alunos, que permite a tomada de decisão sobre os passos seguintes dentro do processo pedagógico. D) São tarefas da avaliação: verificação, a qualificação e apreciação qualitativa dos resultados alcançados. 09. Na LDB (9.394/96), no Art. 11 estão definidas as incumbências dos municípios, dentre outras incumbências podemos destacar. Marque a opção CORRETA: A) Se constitui em responsabilidade dos municípios: organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrandoos às politicas e planos educacionais da União e dos Estados. B) Baixar normas complementares para o sistema estadual de ensino. C) Autorizar, credenciar, supervisionar os estabelecimentos do sistema de ensino dos municípios circunvizinhos. D) Oferecer a educação infantil em creches e préescola, e, com prioridade, o ensino médio profissionalizante. 10. Na LDB (9.394/96), no Art. 12, estão definidas as incumbências dos estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino. Marque a opção que não se define como responsabilidade dos estabelecimentos de ensino. A) Elaborar e executar sua proposta pedagógica. B) Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros. C) Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente. D) Assegurar que os professores façam estudos e pesquisas anuais sobre as causas da evasão nas séries finais do ensino fundamental. Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 5 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) 3ª PARTE: Conhecimentos Específicos Ah! Bruta flor do querer Ah! Bruta flor, bruta flor Texto I (Questões 11 a 25) O QUERERES Caetano Veloso Onde queres comício, flippervídeo E onde queres romance, rock'n roll Onde queres a lua, eu sou o sol E onde a pura natura, o inseticídio Onde queres mistério, eu sou a luz E onde queres um canto, o mundo inteiro Onde queres quaresma, fevereiro E onde queres coqueiro, eu sou obus Onde queres revólver, sou coqueiro E onde queres dinheiro, sou paixão Onde queres descanso, sou desejo E onde sou só desejo, queres não E onde não queres nada, nada falta E onde voas bem alto, eu sou o chão E onde pisas o chão, minha alma salta E ganha liberdade na amplidão O quereres e o estares sempre a fim Do que em mim é de mim tão desigual Fazme quererte bem, quererte mal Bem a ti, mal ao quereres assim Infinitivamente pessoal E eu querendo quererte sem ter fim E, querendote, aprender o total Do querer que há e do que não há em mim. Onde queres família, sou maluco E onde queres romântico, burguês Onde queres Leblon, sou Pernambuco E onde queres eunuco, garanhão Onde queres o sim e o não, talvez E onde vês, eu não vislumbro razão Onde o queres o lobo, eu sou o irmão E onde queres cowboy, eu sou chinês 11. Em uma leitura global do texto podemos inferir: I. Predominantemente metafórico, o eu lírico lança mão de diversos recursos literários, tais como: antítese, metonímia, hipérbatos, hipérboles, etc. II. Podese dizer que a grande temática do texto se pauta na eterna insatisfação do ser humano, que, por ser dual, vive em uma constante incompletude. III. O mecanismo de textualidade intitulado de intertextualidade é uma constante ao longo do texto. IV. Utilizandose de recursos estilísticos próprios da poesia, o eu lírico ressalta a ideia de que o homem, perdido de si mesmo e dos outros, deve conformarse, assim como nos ensinam os elementos naturais. V. A grande ideia do texto é que ele induz o homem a sair do seu estado letárgico de alienação, apontandolhe uma possibilidade de transformação do estarnomundo: o querer. Ah! Bruta flor do querer Ah! Bruta flor, bruta flor Onde queres o ato, eu sou o espírito E onde queres ternura, eu sou tesão Onde queres o livre, decassílabo E onde buscas o anjo, sou mulher Onde queres prazer, sou o que dói E onde queres tortura, mansidão Onde queres um lar, revolução E onde queres bandido, sou herói Eu queria quererte amar o amor Construirnos dulcíssima prisão Encontrar a mais justa adequação Tudo métrica e rima e nunca dor Mas a vida é real e de viés E vê só que cilada o amor me armou Eu te quero (e não queres) como sou Não te quero (e não queres) como és Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 6 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) A) B) C) D) Marque a alternativa CORRETA: Apenas I, III e V são verdadeiras. Apenas II, IV e V são verdadeiras. Apenas III, IV e V são verdadeiras. Apenas I, II e III são verdadeiras. D) Prenuncia uma preocupação estética e apresenta um rigor formal. 15. As estrofes em que aparecem informações sobre o fazer poético, são: A) A quarta e a sexta estrofes excetuando o refrão. B) A terceira e a quarta estrofes excetuando o refrão. C) A oitava e a décima estrofes incluindo o refrão. D) A quinta estrofe e a sexta incluindo o refrão. 12. Para expor sua temática textual, o eu lírico utiliza de um mecanismo em que aproxima elementos contrastivos que requerem conhecimento prévio do receptor. A este recurso denominamos: A) Ironia. B) Catacrese. C) Sinestesia. D) Antítese. 16. Dado o fragmento: “ (...) Onde queres o ato, eu sou o espírito E onde queres ternura, eu sou tesão Onde queres o livre, decassílabo (...) “ O verso em destaque apresenta um elemento coesivo (figura de sintaxe), denominado: A) Elipse. B) Anáfora. C) Catáfora. D) Hiperônimo. 13. Observe o fragmento: “Ah! Bruta flor do querer Ah! Bruta flor, bruta flor” O trecho acima separa o texto em três grandes blocos de duas estrofes de oito versos, cada. Sobre esse refrão é correto afirmar, EXCETO: A) Sugere que a flor, sendo ao mesmo tempo frágil e bela, é a própria metáfora da vida, em suas contradições de essência. B) Ressalta a ideia de que a flor, rica em simbologias em todas as civilizações, é a síntese do homem e da vida. C) Considera a importância da natureza para a humanização do homem, tornandoo, assim, mais sensível e amoroso e menos desejante. D) Conota o ser humano instável e sequioso que, fremente, ultrapassa seus próprios limites em buscas efêmeras e instantâneas. 17. “(...)Bem a ti, mal ao quereres assim Infinitivamente pessoal (...)”. O termo em destaque é formado por: A) Prefixação e sufixação. B) Derivação imprópria. C) Parassíntese. D) Anglicismo. 18. “Eu queria quererte amar o amor Construirnos dulcíssima prisão Encontrar a mais justa adequação” Sintaticamente, o termo em destaque, é: A) Adjunto adnominal restritivo. B) Predicativo do objeto. C) Sujeito simples. D) Objeto direto. 14. Sobre o título do texto: A) Apresenta um determinante dissonante do sintagma nominal, porém, o texto literário foge das regras gramaticais ao prazer do fazer artístico. B) Há uma forte carga semântica, pois, além da substantivação (do já nominal) verbo, o título apresenta uma pluralização deste, sugerindo a inconstância e volubilidade do ser. C) Apresenta prolixidade e digressão constante. 19. O quarto verso da quarta oitava apresenta uma figura de sintaxe, denominada: Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 7 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) A) B) C) D) 23. Marque a alternativa em que nem todas as palavras apresentam sufixo de grau diminutivo: A) Poemeto; maleta. B) Rapazola; bandeirola. C) Menininho; carinho. D) Lugarejo; vilarejo. Elipse. Pleonasmo. Zeugma. Polissíndeto. 20. As quarta e sexta oitavas se distinguem das demais, pois: A) Sintaticamente apresentam um período mais longo e quanto ao aspecto semântico, representam a síntese da angústia humana frente às vicissitudes da vida. B) São compostas de um maior número de elementos descritivos, sintaticamente não apresentam nenhum desvio da norma o que facilita a compreensão da mensagem. C) Apresentam uma linguagem sem arcaísmos e neologismos, fato que possibilita a fluidez da leitura e compreensão e, portanto, não comportam nenhuma figura de pensamento, de linguagem e de sintaxe. D) O único elemento divergente nestas estrofes é que elas não apresentam a figura de sintaxe – anáfora das demais do texto. 24. Marque a alternativa em que o conectivo e indica a ideia de consequência: A) Ela chegou zangada e começou a discutir. B) A professora falava e falava. C) O carro passou e os policiais viram o traficante. D) Trabalhamos nas férias e o patrão nos pagou. 25. Considere o enunciado: “O público está inquieto, é preciso, pois, cautela.” O termo em destaque pode ser substituído, sem alterar o sentido do enunciado, por: A) Mas. B) Por conseguinte. C) Porquanto. D) Não obstante. 21. A exemplo do título do texto: “O quereres”, o uso do determinante, no processo morfológico, além de substantivar, serve como indicador do gênero. Marque a alternativa em que aparece uma inadequação quanto ao gênero do substantivo: A) A crisma é uma cerimônia da Igreja Católica. B) O padre utiliza o crisma em um Sacramento religioso. C) A cozinha estava vazia, não havia uma grama de açúcar. D) A contemporaneidade não valoriza a moral. Texto II (Questões 26 a 34) A VELHA CONTRABANDISTA Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega tudo malandro velho começou a desconfiar da velhinha. Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela: Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco? 22. Marque a alternativa em que apresenta um substantivo com função de predicativo do objeto: A) Os colegas elegeramno coordenador do curso de português. B) O amante sentese feliz. C) O povo vota conscientemente. D) Os amigos a admiram muito. Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 8 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: É areia! Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás. Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se chateou: Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista. Mas no saco só tem areia! insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs: Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias? O senhor promete que não "espáia"? quis saber a velhinha. Juro respondeu o fiscal. É lambreta. Stanislaw Ponte Preta C) D) É em terceira pessoa, dá voz as personagens, mas em alguns instantes utilizase do discurso indireto, aproximase muito da oralidade. Há uma separação distinta entre a voz narrativa e a voz das personagens. O narrador restringese ao ato de narrar em detrimento de trechos descritivos. 27. O cronista inicia o texto usando a expressão “Diz que” e, mais a frente ele a repete. Ao usar essa estrutura, a intenção que se quer causar no leitor é de: A) Espanto quanto à veracidade da história. B) Surpresa quanto ao desfecho da história. C) Dúvida quanto à veracidade da história. D) Indiferença quanto ao desfecho da história. 28. Ainda sobre a estrutura do texto, é CORRETO afirmar: A) É um texto narrativo e, além de todos os outros elementos estruturais, apresenta o discurso direto quando apresenta a voz das personagens. B) Com unidade de tempo, espaço e ação, o texto apresenta uma linguagem clara e não há elementos situacionais indicadores do espaço. C) É um texto narrativo reflexivo em que o narrador se aproveita de um fato normal e corriqueiro para apresentar suas ideias e defendêlas. D) É uma narrativa recheada de expressões próprias da fala, tanto na voz dos personagens, quanto na voz narrativa. 29. Compare as seguintes sequências do texto: “A velhinha sorriu...” e “Aí quem sorriu foi o fiscal.” As intenções da velhinha e do fiscal, ao sorrirem, foram respectivamente: A) Ironizar e disfarçar. B) Disfarçar e ironizar. C) Debochar e chatear. D) Chatear e ironizar. 26. Sobre o narrador do texto, podemos afirmar: A) É em terceira pessoa observador, neutral e resumese em contar a história. B) É em terceira pessoa, interventivo, onisciente e neutral. Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 9 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) a. b. 30. Marque a alternativa CORRETA quanto ao elemento que marca o humor do texto: A) O fato de uma velha andar de lambreta. B) O contrabando realizado em lambreta. C) O fato de só haver areia no saco. D) O fiscal não ter descoberto o contrabando. 31. Associe a primeira coluna com a segunda, de modo que os termos destacados na primeira sejam substituídos por verbos da segunda. Em seguida, marque a opção CORRETA: 1. “... ordenou à velhinha que fosse em frente.” 2. “Ela montou na lambreta e foi embora...” 3. “Não dou parte, nem apreendo,...” 4. “... não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer...” ( ( ( ( ) partiu ) denuncio ) silêncio ) prosseguisse A) B) C) D) 2, 3, 4, 1. 2, 4, 3, 1. 1, 3, 4, 2. 1, 4, 3, 2. c. d. e. f. Permaneceram todos calados. Dizme, vovozinha, que carregas nesta lambreta. Este vaso é teu presente. Aquele caso não foi desvendado por ele. Temos necessidade de ajuda. Ela sorriu de covarde. ( ( ( ( ( ( ) complemento nominal. ) predicativo do sujeito. ) adjunto adnominal. ) vocativo. ) agente da passiva. ) adjunto adverbial. A) B) C) D) a; c; e; d; b; f. d; b; a; c; f; e. b; f; d; a; e; c. e; a; c. b; d; f. 34. Marque a alternativa em que apresenta o substantivo flexionado INCORRETAMENTE: A) B) C) D) Quintasfeiras. Autoelogios. Grãosduques. Batebocas. Texto III (Questões 35 a 40) A VINHA DOS ESQUECIDOS (Fragmento) Érico Veríssimo 32. Observe o fragmento do texto: “... Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista. ...” O termo em destaque apresenta uma característica própria da comunicação oral, pertence ao campo da “parole”, obedece às situações comunicativas, chamada: A) Etnoleto. B) Ecoleto. C) Diatópica. D) Dialetal. Improvisado o jantar, Zacarias sentase à porta de casa. E fica olhando a noite, simplesmente. Não quer pensar. Uma preguiça morna o imobiliza, tiralhe o ânimo. De longe, vem o som festivo de uma sanfona. Deve ser alguma dança. Mas não é para o lado das casas das mulheres. Por que não ia ver, dançar talvez? A vida gira em torno da sua casa, apagada, dolente como a toada que enche a noite. E Alice? Não pagara à mulher. Procedimento incorreto, fora dos seus hábitos. Estava fugindo ao cerco de Maria. A caboclinha vinha falar com ele na fábrica, discreta, mas assídua. E ele se deixava levar, não alimentando a conversa, não dizia nada. Mas gostaria de que ela estivesse ali ao seu lado, os dois falando como conversam à noite todo casal. 33. Preencha os parênteses da segunda coluna de acordo com o resultado da análise dos termos destacados na primeira. Marque a alternativa que corresponde ao que preencheu: Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 10 CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014 PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR) 35. É correto afirmar que com a frase “A caboclinha vinha falar com ele na fábrica...”, o narrador: A) Funde o ponto de vista e o pensamento da personagem. B) Converte a fala da personagem em discurso direto. C) Passa o foco de terceira para primeira pessoa. D) Descarta a onisciência da fala da personagem. A) B) C) D) Marque o CORRETO: Todas estão corretas. Apenas I e II estão corretas. Apenas II e III estão corretas. Apenas I e III estão corretas. 39. Escreva nos parênteses V ou F, conforme as palavras ou expressões retiradas do texto mantenham ou não relação de sinonímia entre si, e, a seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: ( ) “preguiça” – “tiralhe o ânimo” ( ) ”discreta” – “”assídua” ( ) ”Alice” – “caboclinha” 36. De acordo com o texto: I. A autoconsciência de Zacarias, acerca de seus confusos sentimentos, não lhe permite uma escolha entre Maria e Alice. II. Zacarias, ao fugir “ao cerco de Maria”, mostra seu desejo de ser fiel ao amor de Alice, com quem tem uma dívida. III. A auto avaliação de Zacarias sobre seus próprios sentimentos levao a imaginarse como par de Maria. Marque a opção CORRETA: A) Apenas I é verdadeira. B) Apenas II é verdadeira. C) Apenas III é verdadeira. D) I e II são verdadeiras. A) B) C) D) V; F; F. V; V; F. F; V; F. F; F; V. 40. A) B) C) D) Em: “... não alimentava a conversa...”, há: Metonímia. Catacrese. Sinestesia. Metáfora. 37. Observe o fragmento e responda: “A vida gira em torno da sua casa, apagada, dolente como a toada que enche a noite.” A sequência apresenta três recursos estilísticos, denominados respectivamente: A) B) C) D) Antítese, sinestesia e hipérbole. Prosopopeia, gradação e símile. Oximoro, assíndeto e metáfora. Hipálage, oximoro e hipérbole. 38. De acordo com o texto: I. No primeiro parágrafo, os termos “sentase” e “tiralhe” têm o mesmo referente. II. Em “fora de seus hábitos”, no segundo parágrafo, o termo tem Alice como referente. III. A expressão “A caboclinha”, no segundo parágrafo, referese a Maria. Comissão Executiva do Vestibular – CEV/URCA DATA: 14/09/2014 11