RELATÓRIO DE PESQUISA: ADJUNTOS E COMPLEMETOS NOMINAIS EM
SNs COMPLEXOS
ALUNA: JULIANA DINIZ
ORIENTADORA: MÁRCIA CANÇADO
IC- CNPq 2006/2007
1. INTRODUÇÃO
Observe os sintagmas nominais (SNs) abaixo:
(1) A menina de saia azul
(2) A lata de biscoitos açucarados
(3) A folha de papel reciclado
(4) O menino de tórax definido
(5) A moça de educação fina
(6) A vela de pavio curto
Nota-se que tais SNs são constituídos de um determinante, um nome (núcleo) e de um
sintagma preposicionado - formado por uma preposição ‘de’, um nome e um adjetivoatuando como adjunto desse. Veja:
(7)
SN
SP
Det.
A
nome
menina
núcleo
prep.
[de
nome
olhos
adjunto
adjetivo
azuis]
1
Embora todos os dados acima apresentem tal estrutura, ao excluir o sintagma
adjetival que compõe esses mesmos exemplos, nota-se que enquanto alguns SNs continuam
a ser gramaticais, outros não são aceitos pelos falantes. Observe:
(8) A menina de saia
(9) A lata de biscoito
(10) A folha de papel
(11) *O menino de tórax
(Ontem, eu vi uma menina de saia na festa)
(Pegue a lata de biscoito!)
(Você pode me dar uma folha de papel?)
(O menino de tórax chegou.)
(12) *A menina de educação (A menina de educação foi ao baile.)
(l3) *A vela de pavio
(Compre uma vela de pavio!)
Com base nessa constatação, este trabalho tem como principal objetivo determinar,
através de um levantamento de dados, quais são as propriedades semânticas que licenciam
ou não a ocorrência de determinado adjetivo na função sintática de adjunto adnominal ou
de complemento nominal dentro de um SN do tipo:
(14) a . O índio de cara pintada
b. *O índio de cara
2
(15) a. A menina de vestido rosa
b. *A menina de vestido
No intuito de obter uma explicação plausível e coerente para a diferença entre adjuntos
adnominais e complementos nominais, são levantadas as seguintes perguntas:
a) Quais seriam as propriedades ou os fatores que barram ou possibilitam a ocorrência
de sintagmas nominais complexos? b) Quando o nome que compõe o SPrep exige
ou não um complemento, como um adjetivo? c) Qual a relação que se estabelece
entre a sintaxe e a semântica lexical no que concerne à produtividade ou não de
determinado sintagma nominal complexo?
Assim, a partir da elaboração de uma classificação para os dados em análise com base na
teoria dos papéis temáticos, pretende-se, como um objetivo mais específico, estabelecer as
diferentes ocorrências de complementos e adjuntos nos dados em análise e, como um
objetivo mais geral, fazer uma descrição dos SNs complexos do Português brasileiro.
2. A ANÁLISE DA GT
Em uma análise das gramáticas tradicionais sobre a questão dos complementos
nominais e dos adjuntos adnominais, percebe-se que existe um certo consenso entre os
gramáticos no que concerne à definição dessas funções sintáticas. A seguir, é apresentado
um breve esboço das idéias de Cunha, Bechara e Cegalla sobre o assunto.
Segundo Cunha (1992), "o complemento nominal consiste no alvo para o qual tende
um sentimento, disposição ou movimento, e exerce o papel de completar o sentido do nome
ao qual se refere. Já o adjunto adnominal é o termo de valor adjetivo que serve para
especificar ou delimitar o significado de um substantivo, independentemente da função
deste. De acordo com o gramático, enquanto o complemento pode ser um substantivo, um
pronome, uma palavra/expressão substantivada ou uma oração completiva nominal; o
adjunto pode ser expresso por adjetivo, locução adjetiva, artigo (definido ou não), pronome
adjetivo, numeral ou oração adjetiva".
Cegalla e Bechara apresentam o complemento nominal como “o termo
complementar exigido pela significação incompleta de certos substantivos, adjetivos e
3
advérbios, e vem sempre regido de preposição”; e o adjunto adnominal como “a palavra
que determina ou caracteriza os substantivos. Podendo, este, ser expresso por adjetivos,
artigos, pronomes adjetivos, numerais, locuções ou expressões adjetivas iniciadas pela
preposição ‘de’ e que indicam qualidade, posse, origem, fim ou outra especificação”.
Assim, enquanto a sentença (16) apresenta três complementos nominais, a sentença
(17) é formada por dois adjuntos adnominais. Veja:
(16) Você deveria ter fé em Deus, gosto pela arte e respeito às leis,
(17) Os meus dois vasos de flores vermelhas quebraram.
2.1 A GT e os dados do PB
Embora se possa observar nas gramáticas tradicionais uma tentativa de determinar
quais são as situações em que se tem um adjunto ou um complemento, quando os dados
apresentados em (1) são analisados, constata-se que a abordagem das gramáticas não se
apresenta de forma suficiente nem satisfatória para explicar tais sintagmas. Veja os
exemplos:
(18) A menina de peruca azul
(19) O balde de plástico resistente
(20) O garoto de cabelo comprido
(21) O peixe de água doce
Adotando a idéia de gramaticalidade e a definição dos gramáticos, segundo a qual o
complemento consiste no termo exigido pela significação incompleta de um nome,
enquanto o adjunto corresponde à palavra que caracteriza ou determina um nome saturado,
os adjetivos azul e resistente são classificados como adjuntos adnominais, enquanto
comprido e doce são classificados como complementos nominais. Contudo, embora tal
definição se aplique a esses dados, os gramáticos, ao assumirem que o complemento
nominal vem sempre regido de preposição e ao agruparem os adjetivos como adjuntos,
acabam por contradizer essa classificação. Veja:
4
(22) O peixe de água doce
No SPrep em (22), o adjetivo doce é exigido pela significação incompleta do nome água .
Portanto, segundo parte das definições da GT, doce se classifica como um complemento e
não, como um adjunto. Entretanto, seguindo outra parte das definições, o adjetivo não vem
regido de preposição, como definem os gramáticos. Além disso, uma outra questão se
coloca quando se analisa a definição dada por Cunha aos complementos e aos adjuntos:
será que definir complemento nominal como o alvo para o qual tende um sentimento,
disposição ou movimento é uma forma eficaz de diferenciar complementos de adjuntos?
Será que em SNs complexos, como os apresentados de (1) a (13) e de (18) a (22), o
complemento não poderia ser, assim como os adjuntos, termos de valor adjetivo que
servem para especificar ou delimitar o significado de um substantivo?
Assim, tendo em vista essas contradições e essas questões, esta pesquisa se justifica,
uma vez que, através dela, embora não se pretenda esgotar o assunto sobre complementos e
adjuntos, possa ser possível obter alguma informação nova sobre a classificação dessas
funções sintáticas.
3. QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA
O pressuposto teórico a partir do qual esta pesquisa se desenvolve consiste na idéia
de que existem restrições de propriedades semânticas que licenciam um adjetivo a ser
classificado como complemento nominal ou como adjunto adnominal dentro de
determinado sintagma. Como conseqüência da adoção de tal hipótese, e trabalhando dentro
de uma perspectiva de interface sintaxe/semântica lexical, este projeto visa estabelecer as
propriedades semânticas que restringem essa seleção na estrutura sintática tomada como
referência.
Como embasamento teórico para desenvolver este trabalho, foram adotadas a
proposta de Cançado (2005) sobre complementos e adjuntos e estudos sobre decomposição
lexical.
5
De acordo com Cançado, os argumentos de um verbo, ou de qualquer outro
predicador, são todos os argumentos acarretados lexicalmente por este. Independentemente
se alguns desses argumentos se projetam na sintaxe em posição de complemento ou
adjunto.Usando a idéia de acarretamento lexical de Dowty (1989), Cançado assume que o
“acarretamento lexical de um predicador é o grupo de todas as coisas que se pode concluir
sobre X somente por saber que a sentença X predicador Y é verdadeira”. Dentro desse
contexto, os papéis temáticos são vistos como uma função atribuída a determinado
argumento, a partir da relação desse argumento com seu predicador. “O papel temático de
um determinado argumento é a interseção de um conjunto de acarretamentos atribuídos a
vários predicadores da língua” (Cançado). Como conseqüência da adoção de tal idéia, o
verbo comprar, por exemplo, acarreta lexicalmente para sua estrutura semântica, um
comprador (desencadeador com controle), uma coisa comprada (objeto afetado), por um
determinado valor (valor) e de alguém (alvo):
(23) COMPRAR: {desencadeador/controle;objeto afetado;alvo;valor}
Assim, os argumentos de um predicador são associados a grupos de propriedades
semânticas acarretadas lexicalmente por esse predicador, sendo essas propriedades o seu
papel temático.
Segundo Pietroforte e Lopes, a cada entrada lexical, ou lexema, deve corresponder
pelo menos um semema, ou seja, um conjunto de traços distintivos próprios do conteúdo,
os semas. Dessa forma, a partir de uma descrição, denominada de análise componencial ou
sêmica, podem-se explicitar quais são os traços comuns a diferentes lexemas e os traços
que são específicos de cada um e que os diferenciam dos demais. O quadro a seguir mostra
isso de forma mais clara. Veja:
6
Para cobrir Com Com copa Com abas Com abas Com pala De material
a cabeça
copa alta
largas
sobre
flexível
os olhos
boné
+
+
-
-
-
+
+
gorro
+
+
-
-
-
-
+
cartola
+
+
+
+
-
-
+
sombreiro +
+
-
+
+
-
+
Como pode ser observado pela categorização acima, os lexemas boné, gorro,
cartola e sombreiro se distinguem por apresentarem um ou mais semas diferentes em
relação aos outros do campo lexical dos chapéus. Dentro desse contexto, quando se faz a
análise componencial de um único termo, como por exemplo boné, nota-se que todo boné,
por definição, tem como semas: cobrir a cabeça, ter copa e pala e ser de material flexível.
Como conseqüência disso, e como fica claro ao término desta pesquisa, um sintagma
nominal complexo exige um complemento (no caso, um adjetivo) se os semas designados
pelo Sprep fizerem parte, necessariamente, do núcleo do SN. Por outro lado, se o sema
designado pelo Sprep não fizer, necessariamente, parte do núcleo sintagmático, o mesmo
será aceito com ou sem a presença de um adjetivo, sendo este, portanto, um adjunto
adnominal.
4. A ANÁLISE DOS DADOS
A seguir, com base na teoria dos papéis temáticos, apresento uma classificação1 dos
dados a partir de propriedades de natureza semântica2. Em virtude de os dados em análise
se constituírem de dois sintagmas nominais (ver exemplo (7)), ao me referir ao primeiro
desses, utilizo a letra ‘y’, e para designar o segundo, utilizo a letra ‘x’.
1
Embora os dados tenham sido arrolados em grupos específicos, cabe ressalvar que alguns desses podem
transitar de uma classe a outra. Como exemplo disso, menciono os dados ‘A lata de lixo’ e ‘O álbum de foto’,
para os quais a preposição de além de poder determinar uma relação de finalidade (lata para lixo, álbum para
fotos), pode também indicar conteúdo (lata com lixo, álbum com fotos).
2
A distinção ser animado e inanimado não foi colocada em evidência por não ser relevante a esta análise.
7
4.1 Objeto de referência e finalidade
Nos
dados
que
compõem
este
grupo,
a
preposição
de
especifica
a
função/praticidade/utilidade do “objeto” designado por y. O fator que me motivou a definir
a propriedade semântica de finalidade consiste na própria intuição dos falantes, que ao
serem interrogados sobre o que seria, por exemplo, um pano de prato ou uma tábua de
carne, respondiam se tratar, respectivamente, de um pano para enxugar prato e de uma
tábua usada para bater carne. Como se pode observar, a partir desses dois exemplos, o
falante, ao explicar o dado, realiza, mesmo que inconscientemente, um processo de
substituição da preposição de pela preposição para seguida de um verbo. Veja:
(24) a. A toalha de rosto
b. A toalha para enxugar o rosto
(25) a. A lixa de unha
b. A lixa para fazer unha
(26) a. A luva de boxe
b. A luva para lutar boxe
(27) a. A academia de dança
b. A academia para se aprender a dançar
Além disso, ao analisar os dados que compõem este grupo, observa-se que sempre
que a finalidade atribuída pela preposição a y estiver especificando este, sem ser a única
possível, o SPrep não pedirá complementos e, portanto, qualquer adjetivo posposto ao
mesmo será um adjunto adnominal. A fim de tornar esta questão mais clara, observe os
dados abaixo. Como se pode notar, ao excluir o sintagma adjetival que compõe os mesmos,
os sintagmas nominais (y) continuam a ser gramaticais. Sendo assim o adjetivo um adjunto
de x:
(28) a. A toalha de rosto felpuda
b. A toalha de rosto
(29) a. A lixa de unha
b. A lixa de unha gasta
(30) a. A luva de boxe tailandês
b. A luva de boxe
(31) a. A academia de dança folclórica
b. A academia de dança
8
De forma contrária, dentro do grupo de finalidade, existem sintagmas nominais
complexos que só ocorrem na língua se houver um adjetivo ou outro termo que
complemente o Sprep. Com base nesse fato, chega-se a conclusão de que x exige um
complemento toda vez que a finalidade atribuída pela preposição a y for acarretada
semanticamente por este. Veja3:
(32) a. A escola de ensino superior
b. *A escola de ensino
(33) a. O livro de leitura fácil
b. *O livro de leitura
Sintetizando o que foi exposto, o adjetivo se configura como um adjunto se a
finalidade atribuída pela preposição a y não for necessariamente acarretada por este.
Havendo possibilidade de permuta de x. Ex:
(34) a. A toalha de rosto
b. A toalha de banho
Caso contrário, se a finalidade atribuída pela preposição a y for necessariamente intrínseca
a este, o adjetivo é exigido por x, sendo, portanto, um complemento nominal. Ex:
(35) *A escola de ensino
4.2 Origem:
Neste grupo classificatório, estão os sintagmas nominais em que o Sprep especifica
a origem do elemento ao qual y se refere. Veja:
(36) a. O leite de vaca
b. O leite que é de vaca
(37) a. A carne de boi
b. A carne que é de boi
Quando se analisam os casos em que o adjetivo se apresenta como um adjunto
3
O dado ‘o lápis de cor’ foi classificado dentro deste grupo de finalidade, devido à diferença que existe entre
lápis para colorir e lápis para escrever e ao fato de todo lápis ter, necessariamente, uma cor. Assim, o que faz
com que o lápis seja designado ‘de cor’ é o fato de o mesmo ser usado para colorir.
9
adnominal de x e como um complemento nominal deste, constata-se que toda vez que y se
origina necessariamente do elemento designado em x, o SN é gramatical com ou sem
adjetivo, sendo este um adjunto; já nos casos em que a origem designada por x for a única
possível para y, o adjetivo é exigido pela significação incompleta do SN e se configura
como um complemento. Observe:
(38) a. O leite de vaca coalhado
b. O leite de vaca
(39) a. A carne de boi sadio
b. A carne de boi
(40) a. A madeira de árvore velha
b. *A madeira de árvore
(41) a. O filho de mãe solteira
b. *O filho de mãe
Como pode ser notado pela análise dos dados acima, se houver possibilidade de permuta do
elemento em x, o SN é aceito sem necessidade de complemento. Caso contrário, se x for
necessariamente a única origem de y, o dado só é gramatical se houver um adjetivo o
complementando:
(42) a. O leite de vaca
b. O leite de cabra
(43) a. *A madeira de árvore
4.3 Locativo:
Neste grupo, se encontram os sintagmas nominais nos quais a preposição indica o lugar
no espaço em que se encontra o objeto designado por y:
(44) a. O relógio de parede
b. O relógio que fica na parede
(45) a. A casa de esquina
b. A casa que fica na esquina
(46) a. O móvel de canto
b. O móvel que fica no canto
Em relação às posições argumentais, observa-se que sempre que x explicita um dos
possíveis lugares nos quais o elemento designado por y possa se encontrar, não há
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necessidade de complemento e, conseqüentemente, o adjetivo exerce a função de adjunto
adnominal:
(47) a. O relógio de parede moderno
b. O relógio de parede
(48) a. A casa de esquina movimentada
b. A casa de esquina
(49) a. O livro de cabeceira preferido
b. O livro de cabeceira
Por outro lado, nos casos em que x indica o lugar em que o elemento representado por y
necessariamente se encontra, o adjetivo é exigido por x, sendo um complemento deste:
(50) a. O peixe de água doce
b. *O peixe de água
(51) a. O soldado de país nazista
b. *O soldado de país
(52) a. O padre de igreja
b. *O padre de igreja luterana
Dessa forma, conclui-se que o adjetivo é um adjunto adnominal nos casos em que
há possibilidade de mudança do lugar indicado por x em relação a y; e é um complemento
nominal se isso não for passível de ocorrer:
(53) a. O relógio de parede
b. O relógio de pulso
(54) a. *O peixe de água
4.4 Materialidade
Nesta classe, estão arrolados os dados em que a preposição, ao especificar y, atribui
a este a idéia de matéria ou de composição (essência):
(55) a. A garrafa de vidro
b. A garrafa que é feita de vidro
(56) a. O lenço de pano
b. O lenço que é feito de pano
(57) a. O chapéu de palha
b. O chapéu que é feito de palha
11
(58) a. A bala de chocolate
b. A bala que é feita de chocolate
Ao analisar os dados que fazem parte deste grupo, observa-se uma situação
semelhante a dos dados apresentados em 4.1, em 4.2 e em 4.3. Toda vez que o SPrep
especifica y indicando um dos possíveis materiais dos quais o elemento designado por este
possa ser produzido, não há necessidade de complemento, e o adjetivo, portanto, é um
adjunto adnominal:
(59) a. A garrafa de vidro transparente
b. A garrafa de vidro
(60) a.O chapéu de palha caipira
b. O chapéu de palha
(61) a. A bala de chocolate amargo
b. A bala de chocolate
Caso contrário, quando x é acarretado necessariamente por y, é exigido um complemento:
(62) a. O penacho de penas coloridas
b. *O penacho de penas
(63) a. A chuva de água cristalina
b. *A chuva de água4
(64) a. O copo de material descartável
b. *O copo de material
Dessa forma, o adjetivo é um complemento se a materialidade atribuída pela preposição a y
for necessariamente acarretada por este; e é um adjunto se Y não necessariamente for
produzido pelo material indicado por x. Observe:
(65) a. A garrafa de vidro (transparente)
b. A garrafa de plástico (resistente)
(66) a. *O penacho de penas (coloridas)
4
Ao se analisar dados como A chuva de água e A chuva de gelo, observa-se que enquanto o primeiro é
agramatical sem um complemento, pois se há chuva, necessariamente, é de água (significado canônico); o
segundo é gramatical com ou sem um adjetivo, pois se há chuva, esta não é necessariamente de gelo
(lembrando que o gelo é apenas um dos estados físicos da água).
12
4.5 Conteúdo/ relação todo-parte
Nesta classe, se encontram os dados compostos por um SPrep que designa um
elemento que é parte ou que está contido no objeto ao qual y faz referência:
(67) a. A cadeira de rodas
b. A cadeira que tem rodas
(68) a.O doce de calda
b. O doce que tem calda
(69) a. A menina de batom
b. A menina que tem/usa batom
(70) a. O rapaz de barba
b. O rapaz que tem/usa barba
Retomando a idéia de Pietroforte e Lopes sobre análise sêmica, ao analisar os dados
que fazem parte deste grupo, nota-se que nos casos em que x é um sema (propriedade
caracterizadora) de y, este é aceito com ou sem a presença de um adjetivo. Sendo o
adjetivo, portanto, um adjunto adnominal de x. A fim de ilustrar e de elucidar essa
conclusão, veja uma das definições apresentadas em um dicionário de português para os
lexemas cadeira e menina.
Minidicionário da língua portuguesa. Aurélio Ferreira. 3ª, 1993:
CADEIRA, s.f. Assento com costas, para uma pessoa.
MENINA, s.f. Criança do sexo feminino.
Como pode-se constatar, o lexema cadeira tem como um dos semas ser um assento,
e o lexema menina tem como um dos semas ser criança. Como conseqüência disso, os itens
lexicais cadeira e menina apresentam também como semas as propriedades que se aplicam
para assento e para criança, respectivamente. Assim, tendo em vista também a noção de
assento e de criança, as tabelas abaixo apresentam uma análise sêmica dos nomes em
estudo.
13
Cadeira
Para assentar Com pernas
Com encosto Com estofado De madeira
+
+
- /+
+/-
Com bigode
Ser racional
Ter
+
Ser do sexo Com pernas
feminino
Menina
+
pouca
idade
+
-
+
+
Transportando essa análise para os dados em estudo e para a distinção entre
complementos e adjuntos, observa-se que se o elemento designado por x não for
necessariamente um sema de y, não há necessidade de um complemento e, portanto, o
adjetivo se constitui em um adjunto adnominal. Veja:
(71) a. A cadeira de rodas velhas
b. A cadeira de rodas
(72) a. O doce de calda enjoativa
b. O doce de calda
(73) a. A menina de batom cintilante
b. A menina de batom
(74) a. O rapaz de barba feita
b. O rapaz de barba
Por outro lado, nos casos5 em que x é necessariamente um sema do lexema y, para que o SN
seja gramatical, faz-se necessário um adjetivo. Sendo este, portanto, um complemento
nominal:
(75) a. O leão de juba exuberante
b. *O leão de juba
(76) a. A bicicleta de pneu furado
b. *A bicicleta de pneu
(77) a. A planta de raiz axial
b.*A planta de raiz
5
Durante a etapa em os dados foram conferidos com falantes de diferentes níveis sócio-culturais, os
sintagmas A lagartixa de rabo e A barata de asas apresentaram algumas divergências quanto à
gramaticalidade. Enquanto para aqueles que tinham um conhecimento prévio sobre as características inerentes
a cada um desses seres, tais dados foram admitidos como agramaticais; para os que não tinham conhecimento
de que toda lagartixa e toda barata têm, respectivamente, rabo e asas, esses sintagmas foram tomados como
gramaticais, sem haver, assim, necessidade de complemento.
14
(78) a. A mulher de língua afiada
b. *A mulher de língua
4.6 Relação parte-todo
Ao contrário do grupo anterior, nesta classe estão arrolados os dados formados por um y
que expressa um elemento que é parte de x, ou, em outras palavras, que está contido em x:
(79) a. O fio de cabelo
b. O fio que é do cabelo.
(80) a. A ponta de lápis
b. A ponta que é do lápis
(81) a. O palito de picolé
b. O palito que é do picolé
(82) a. A corda de violão
b. A corda que é do violão
Após a formação do corpus, pôde-se observar a ocorrência de uma situação impar em
relação aos dados que constituem este grupo: Não foram encontrados exemplos de
sintagmas nominais complexos que exigissem um complemento para serem gramaticais.
Sendo, portanto, o adjetivo em todos os casos um adjunto adnominal de x:
(83) a. O fio de cabelo castanho
b. O fio de cabelo.
(84) a. A ponta de lápis grossa
b. A ponta de lápis
(85) a. O palito de picolé premiado
b. O palito de picolé
(86) a. A corda de violão arrebentada
b. A corda de violão
4.7 Característica de eventualidade
Neste grupo, estão incorporados os sintagmas nominais complexos nos quais o
SPrep se relaciona a uma ação, um estado ou a um processo:
(87) a. *O bebê de choro
b. O bebê que chora
15
(88) a. *A menina de educação
b. A menina educada
(89) a. *O homem de passos
b. O homem que dá passos
Como pode-se notar pela análise dos dados acima, todos os dados que fazem parte
desse grupo são gramaticais com ou sem a presença de um adjetivo, o qual se configura,
portanto, como um adjunto adnominal.
(90) a. *O bebê de choro
b. * O bebê de choro triste
(91) a. *A menina de educação
b. A menina de educação refinada
(92) a. *O homem de passos
b. O homem de passos firmes
(93) a. *O alarme de barulho
b. *O alarme de barulho (agudo)
Assim, nos dados em que o núcleo do Sprep pode ser substituído por um verbo ou por um
outro termo, como um adjetivo, que dá idéia de ação, de estado ou de processo, o SN não é
produtivo, uma vez que já existe um adjetivo, um verbo ou uma outra palavra
correspondente no léxico. Ex:
(94) a. *A menina de educação
b. A menina educada.
4.8 Expressões idiomáticas
Em virtude de todo falante da língua, por questões pragmáticas, assumir uma
interpretação específica para as seguintes expressões, as mesmas foram arroladas
separadamente e não se constituíram em objeto de análise.
(95) A menina de família
(96) A menina de princípios
(97) O bebê de proveta
(98) O filho de adoção
(99) A menina de barriga
(100) O samba de raiz
(101) O cachorro de raça
16
(102) A roupa de marca
(103) A cantiga de roda
(104) A moda de viola
(105) O pé de página
4.9 Outras observações
Embora neste estudo, nomes coletivos- como manada, boiada, bando e quadrilha- não
sejam enfocados, caso se desejasse dar uma atenção especial a esses, os mesmos seriam
agrupados na classe “relação todo/parte”. Sendo que, se houvesse possibilidade de os
mesmos designarem mais de um grupo de seres ou objetos, o SPrep não pediria
complemento e, portanto, o adjetivo seria um adjunto de x:
(106) a. O bando de pássaros (azuis)
b. O bando de pivetes (perigosos)
Caso contrário, se os nomes coletivos que compõem os sintagmas só puderem designar um
grupo especifico, o SN para ser aceito pelo falante deve, obrigatoriamente, ser composto
por um adjetivo, o que indica que de fato por trás dos dados em questão existem
propriedades semânticas- próprias do léxico- que barram ou não a ocorrência de certa
estrutura sintática. Veja:
(107)*O cardume de peixes
(108)*A constelação de estrelas
4.10 Conclusões
Neste trabalho, propus que existe um conjunto de propriedades semânticas que
licenciam ou não a ocorrência de certo sintagma nominal complexo. Como conseqüência da
adoção de tal hipótese, os SNs coletados foram arrolados em grupos classificatórios de
acordo com os papéis temáticos atribuídos pela preposição de a y e a x. Trabalhei com a
classificação dos dados com base nos papéis temáticos de finalidade, origem, locativo,
17
conteúdo, materialidade, parte-todo e de característica de eventualidade. Além disso, foram
apresentadas a titulo de esclarecimento expressões idiomáticas, embora não tenham se
constituído em objeto de análise.
Através de uma análise dos dados e da comparação dos resultados obtidos em cada
classe, assumo como conclusão que o adjetivo é um adjunto adnominal nos casos em que x
não é necessariamente acarretado pela significação de y:
(109) a. A toalha de rosto felpuda
b. A toalha de rosto
(110) a. O leite de vaca coalhado
b. O leite de vaca
(111) a. O relógio de parede moderno
b. O relógio de parede
(112) a. A garrafa de vidro transparente
b. A garrafa de vidro
(113) a. A cadeira de rodas velhas
b. A cadeira de rodas
(114) a. O fio de cabelo castanho
b. O fio de cabelo.
Além disso, assumo que o adjetivo é um complemento nominal sempre que x for acarretado
semanticamente por y:
(115) a. A escola de ensino superior
b. *A escola de ensino
(116) a. A madeira de árvore velha
b. *A madeira de árvore
(117) a. O peixe de água doce
b. *O peixe de água
(118) a. O penacho de penas coloridas
b. *O penacho de penas
(119) a. O leão de juba exuberante
b. *O leão de juba
(120) a. *O bebê de choro
b. O bebê que chora
Em decorrência de as propriedades que diferenciam adjuntos adnominais de
complementos nominais em SNs complexos serem de natureza semântica, apresento
18
brevemente o esboço de uma árvore X-barra no qual se observa o sintagma adjetival na
posição de adjunto adnominal (121) e
na posição de
(121)
complemento nominal (122):
(122)
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna,
2004.
CANÇADO, Márcia. Argumentos: Complementos e Adjuntos. Manuscrito apresentado na
Oficina de Semântica – NUPES/POSLIN. Maio de 2005/UFMG e na Pós-graduação
em Lingüística/USP. Junho de 2005.
CEGALLA, Domingos P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 20. ed. São Paulo:
Nacional, 1979.
19
CUNHA, Celso F. da. Gramática da língua portuguesa. 8.ed. Rio de Janeiro: FENAME,
1992
FERREIRA, Aurélio B. de H. Minidicionário da língua portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1993.
FIORIN, José Luiz. Introdução à Lingüística: Objetos teóricos. Princípios de análise. 2 ed.
São Paulo: Contexto, 2003.
6. APÊNDICE
CORPUS
Finalidade
(1) O pano de prato (rasgado)
(2) A lixa de unha (gasta)
(3) A toalha de rosto (felpuda)
(4) O relógio de brinquedo (quebrado)
(5) A fôrma de bolo (resistente)
(6) A tábua de carne (pesada)
(7) A caixa de som (potente)
(8) O celular de cartão (avançado)
(9) O médico de doenças (cardíacas)
(10) A meia de tênis (furada)
(11) O marcador de livro (novo)
(12) O pente de cabelo (crespo)
(13) O prendedor de cabelo (cheio)
(14) A luva de boxe (tailandês)
(15) A caixa de presente (amarela)
(16) A lata de lixo (enferrujada)
(17) A tinta de cabelo (vencida)
(18) O álbum de foto (3/4)
(19) O álbum de figurinha (infantil)
(20) O avião de carga (pesada)
(21) A academia de dança (folclórica)
(22) A capa de celular (furada)
(23) O grampeador de papel (quebrado)
(24) A rua de lazer (comunitária)
(25) A bula de remédio (controlado)
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(26) A bala de revólver (perdida)
(27) A clínica de tratamento (dentário)
(28) O caderno de estudo (literário)
(29) O xampu de cabelo (liso)
(30) A torneira de água (potável)
(31) O lápis de cor (verde)
(32) A faixa de pedestre (nova)
(33) *A escola de ensino (superior)
Materialidade:
(34) A garrafa de vidro (transparente)
(35) A folha de papel (pardo)
(36) O lenço de papel/ de pano (florido)
(37) O chapéu de palha (caipira)
(38) A cadeira de madeira (escura)
(39) A roupa de couro (original)
(40) A blusa de lã (grossa)
(41) A bolsa de pano (rasgada)
(42) A luva de pelica (finíssima)
(43) A piscina de azulejo (azul)
(44) O disco de vinil (arranhado)
(45) A rua de pedra (sabão)
(46) O pão de sal (duro)
(47) O caldo de mandioca (apimentado)
(48) O dente de leite (quebrado)
(49) A televisão de plasma (moderna)
(50) O urso de pelúcia (macia)
(51) O copo de plástico (branco)
(52) A bandeira de pano (brasileira)
(53) A folha de papel (reciclado)
(54) O cinto de couro (largo)
(55) O cinto de corrente (prateada)
(56) O relógio de plástico (vagabundo)
(57) A caneta de pena (lilás)
(58) O jarro de cristal (trincado)
(59) Os óculos de grau (forte)
(60) O colar de ouro (puro)
(61) O campo de areia (movediça)
(62) A chuva de gelo (barulhenta)
(63) A poça de água (suja)
(64) A bala de chocolate (amargo)
(65) A sopa de macarrão (fino)
(66) *O pão de fermento (mofado)
(67) *O telhado de telha (nova)
(68) *A chuva de água (cristalina)
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(69) *A lâmpada de vidro (fosco)
(70) *O penacho de penas (coloridas)
(71) *O copo de material (descartável)
(72) *A bala de açúcar (mascavo)
(73) *A lata de metal (pesado)
Conteúdo/ relação todo-parte
(74) A cadeira de rodas (velha)
(75) A blusa de manga (comprida)
(76) O celular de antena (ultrapassado)
(77) A taça de sorvete (pequena)
(78) O brinco de pressão (novo)
(79) A panela de pressão (preta)
(80) A unha de esmalte (chamativo)
(81) O caderno de receita (rasgado)
(82) O prato de comida (típica)
(83) O sapato de bico (fino)
(84) O telefone de fio (curto)
(85) O pacote de balas (macias)
(86) A lata de biscoitos (açucarados)
(87) O sapato de salto (alto)
(88) A bota de cadarço (listrado)
(89) A bota de cano (longo)
(90) O quadro de pintura (moderna)
(91) A escada de corrimão (firme)
(92) O relógio de corrente (larga)
(93) A vasilha de tampa (amassada)
(94) O caderno de arame (azul)
(95) O balão de gás (hélio)
(96) O anel de pedra (rara)
(97) O doce de calda (enjoativa)
(98) O relógio de bateria (fraca)
(99) A fruta de semente (escura)
(100) A árvore de fruta (cítrica)
(101) O cesto de frutas (variadas)
(102) O novelo de lã (branca)
(103) O jardim de flores (comuns)
(104) O pente de ovos (podres)
(105) A boca de batom (rosa)
(106) O livro de poesia (autografado)
(107) O livro de geometria (espacial)
(108) O disco de música (erudita)
(109) A panela de feijão (cozido)
(110) A verdura de folha (larga)
(111) A cadeira de estofado (duro)
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(154)
(155)
(156)
(157)
(158)
O rapaz de chapéu (antigo)
O senhor de óculos (frágeis)
O brinco de argola (prateada)
A mulher de brinco (marrom)
A menina de colar (barato)
A menina de batom (cintilante)
O homem de bigode (nojento)
A menina de peruca (azul)
O pirulito de coração (grande)
O rapaz de barba (feita)
O homem de cavanhaque (atraente)
A menina de roupa (bonita)
A água de gás (contaminada)
*O garoto de cabelo (comprido)
*A cadeira de perna (curta)
*A garrafa de gargalo (estreito)
*A vela de pavio (curto)
*O piano de teclas (quebradas)
*O violão de cordas (arrebentadas)
*A xícara de asas (quadradas)
*O avião de asas (diferentes)
*O dedo de unha (enfaixada)
*A luva de dedos (coloridos)
*A panela de tampa (amassada)
*O carro de motor (potente)
*O cinto de fivela (dourada)
*A bicicleta de pneu (furado)
*O navio de proa (verde)
*A carroça de rodas (grandes)
*Os óculos de lente (escura)
*A televisão de canal (aberto)
*O caderno de capa (grossa)
*A caneta de tinta (vermelha)
*O lápis de ponta (quebrada)
*A laranja de casca (grossa)
*O pé de dedos (tortos)
*O refrigerante de gás (volátil)
*O chapéu de abas (largas)
*O picolé de palito (comprido)
*A bandeira de mastro (colorido)
*A roupa de tecido (florido)
*A rua de passeio (largo)
*O ginásio de piso (antiderrapante)
*A casa de parede (mofada)
*O anel de aro (fino)
*A escada de degrau (alto)
*A mexerica de gomo (seco)
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(159)
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(161)
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(195)
(196)
(197)
(198)
(199)
(200)
(201)
(202)
(203)
*A jaula de grades (fortes)
*O menino de barriga (esbelta)
*O homem de dentes (brancos)
*O homem de corpo (atraente)
*O homem de físico (exuberante)
*A mulher de língua (afiada)
*A mulher de coração (bom)
*A mulher de alma (generosa)
*O rapaz de mente (aberta)
*A mulher de sentimentos (nobres)
*A mulher de pressão (alta)
*A mulher de voz (grave)
*O índio de cara (pintada)
*A menina de veias (altas)
*A mulher de pernas (grossas)
*O rapaz de sangue (raro)
*O homem de pele (áspera)
*O homem de rosto (bonito)
*A planta de raiz (axial)
*A planta de caule (torcido)
*A árvore de galho (seco)
*O leão de juba (exuberante)
*O galo de crista (rosa)
*O cachorro de patas (machucadas)
*O gato de rabo (cortado)
*A lagartixa de rabo (branco)
*A barata de asas (curtas)
*O garoto de gestos (obscenos)
*A senhora de manias (irritantes)
*A criança de hábitos (estranhos)
*O menino de letra (ilegível)
*O dicionário de palavras (indígenas)
*A estrela de brilho (fosco)
*A rua de esquina (perigosa)
*A pirâmide de base (larga)
*O perfume de cheiro (suave)
*O tapete de cor (neutra)
*A banana de tamanho (pequeno)
*A piscina de volume (médio)
*A piscina de fundo (azul)
*O picolé de sabor (artificial)
*O pirulito de formato (diferente)
*O homem de pinta (charmosa)
*O homem de doença (contagiosa)
*O abajur de lâmpada (azul) (agramatical segundo o léxico atual)
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Relação parte-todo
(204)
(205)
(206)
(207)
(208)
(209)
(210)
(211)
O fio de cabelo (castanho)
A folha de caderno (amarela)
A folha de árvore (seca)
O raio de sol (forte)
A ponta de lápis (grossa)
O palito de picolé (premiado)
A corda de violão (arrebentada)
A capa de caderno (colorida)
Origem
(212)
(213)
(214)
(215)
O leite de vaca (coalhado)
A carne de boi (sadio)
*A madeira de árvore (velha)
*O filho de mãe (solteira)
Locativo
(216)
(217)
(218)
(219)
(220)
(221)
(222)
O relógio de parede (moderno)
O relógio de pulso (digital)
A casa de esquina (colonial)
O móvel de canto (rústico)
O livro de cabeceira (preferido)
O rato de esgoto
*O peixe de água (doce)
Característica de eventualidade
(223)
(224)
(225)
(226)
(227)
(228)
(229)
(230)
(231)
*O bebê de choro (triste)
*A menina de educação (refinada)
*O homem de passos (firmes)
*O garoto de papo (desagradável)
*O bailarino de dança (espanhola)
*O garoto de sorriso (bonito)
*A bruxa de magias (fajutas)
*A mulher de vida (fácil)
*O alarme de barulho (agudo)
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Expressões idiomáticas
(232)
(233)
(234)
(235)
(236)
(237)
(238)
(239)
(240)
(241)
(242)
A menina de família
A menina de princípios
O bebê de proveta
O filho de adoção
A menina de barriga
O samba de raiz
O cachorro de raça
A roupa de marca
A cantiga de roda
A moda de viola
O pé de página
26
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