RABISCOS RIZOMÁTICOS DE CONCEITOS SOBRE ALEGRIA NA ESCOLA PRODUZIDOS POR JOVENS GRADUANDOS DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ Mayara Danyelle Rodrigues de Oliveira (bolsista do PIBIC/CNPq), Shara Jane Holanda Costa Adad (Orientadora do Departamento de Fundamentos da Educação e PPGEd- UFPI) Introdução O presente trabalho trata da pesquisa realizada sobre os conceitos dos jovens graduandos de pedagogia da Universidade Federal do Piauí sobre alegria na escola. Para tanto, teve como objetivo geral analisar os conceitos produzidos por jovens graduandos de pedagogia sobre a alegria na escola em oficinas sociopoéticas. E os objetivos específicos foram: Identificar o que pensam os jovens graduandos de pedagogia sobre a alegria na escola; Conhecer os problemas que mobilizam os copesquisadores em torno da alegria na escola; Perceber o que potencializa o corpo dos jovens graduandos de pedagogia com a alegria na escola. O trabalho foi fundamentado nos estudos de Adad (2010, 2011), Alves (2001), Bakhtin (1993), Gleizer (1993), Gauthier (1999), Larossa (2010), Snyders (1993), Spinoza (2013), dentre outros que me deram suporte para fundamentar a pesquisa e analisar os dados necessários para a sua conclusão. Metodologia A metodologia utilizada na pesquisa foi a Sociopoética que é uma arquitetura conceitual que foge do pensamento único e assim, prolifera a multiplicidade tornando as singularidades possíveis. Desterritorializando conceitos, afetos e razão e com isso, produzindo confetos (conceitos+afetos) tornando os co-pesquisadores filósofos. (GAUTHIER, 1999; ADAD, 2011; PETIT, 2002). Iniciei na pesquisa de campo a partir da negociação como os jovens graduandos de pedagogia que formaram o grupo-pesquisador composto por sete jovens graduandos de pedagogia. Assim, no processo de uma pesquisa Sociopoética facilitei a oficina de produção dos dados realizada por meio da técnica dos rabiscos rizomáticos da alegria na escola. Após essa produção, realizei análise em busca dos confetos produzidos pelos jovens para o tema gerador “O que é alegria na escola”. Para as impressões a respeito da vivência nas oficinas e os conceitos dos jovens sobre alegria na escola utilizei o diário de campo. Dados não verbais, contudo, cujo registro não se poderia restringir ao diário de campo, foi documentado visualmente com detalhes pela fotografia. Resultados e discussões Neste tópico, trago os principais confetos sobre alegria na escola presentes no pensamento do grupo-pesquisador. O primeiro é o confeto Alegria na escola luz que é uma luz porque pessoas que tiveram vida difícil e se reconhecem como pessoa errante, que erra na vida por rebeldia, desacata aos pais e tem a capacidade de se reconhecer como errante tem humildade de dizer, errei, mas está procurando progredir. Este confeto traz a problemática do erro de jovens que por rebeldia erram e reconhecem erro, por isso a luz. Este conceito é complementar ao confeto andar em círculos da alegria na escola que tem a ver com a alegria da vida de jovens que não quis progredir, que não quis estudar porque quis curtir a vida, não quis curtir os estudos. As portas se abrem e não se sabe aproveitar de uma maneira séria, racional e sem emoção. Algo a pensar porque os copesquisadores mostraram-se perturbados com a ambiguidade do confeto Rabisco a alegria na escola que é a alegria vivida pelos jovens ao mesmo tempo no andar em círculos e no modo linear, procurando, encontrando e não encontrando a alegria na escola. Por isso Rabisco a alegria na escola é a alegria não linear, tem horas que é conturbada, tem horas que é linear e anda em círculos procurando e não vai encontrar, mas se seguir em frente vai encontrar. Estes confetos mostram problemáticas referentes a ações juvenis que são tomadas como ações rebeldes, inconseqüentes, sem racionalidade. Mas será que estas ações não estão justamente problematizando o mundo adulto, útil e envolvido com uma racionalidade técnica, eficiente ao sistema produtivo? Outro problema da alegria, encontrado no pensamento dos discentes, envolve o confeto Empecilho criança desinteressada na ponte, que é uma barreira que os jovens discentes devem passar, segurando pelas beiradas da ponte, não caminhando pela ponte, mas pendurado na ponte porque o problema está no centro e não se consegue sair porque tem o sistema prendendo e não tem como passar por cima, nem por baixo, nem pelos lados. Para os futuros pedagogos, o problema é o desinteresse das crianças e o que pode o corpo é pensar a solução ao redor deste problema que é levando um sorriso, contando histórias na frente, rindo com as crianças. Desse modo, ao mesmo tempo em que as crianças são o problema da alegria na escola por serem desinteressadas elas são a alegria na escola também. Por isso ao mesmo tempo em que o problema está no meio, a solução também está ao redor desse problema. Outro problema que merece destaque no pensamento grupo envolve o confeto Não-alegria na escola- que é o bullying que imprime ao corpo o ficar calado porque sofreu, não vai ser uma pessoa feliz. Assim, a não-alegria pode se restringir gerando outros problemas como o bullying homofobia social - que são brincadeiras que atingem a auto-estima do aluno e acontece quando ele sai do fundamental, muda de prédio e declina porque sofre bullying. O aluno cai total de nota e passa o ensino fundamental todinho em baixo até oitava série quando reprova.. Conclusão Ao conhecer os conceitos dos jovens graduandos de pedagogia sobre alegria na escola fui levada a pensar sobre a ressignificação da minha prática pedagógica de estudante de pedagogia, assim pude perceber o riso e a alegria como dispositivo criador e libertador para a minha formação docente. Com isso, ao realizar esta pesquisa resgatei uma alegria que existe em mim, fazendo-me pensar nas minhas afetações dentro e fora da escola, me permitindo compreender a força da alegria na vida dos jovens. Neste sentido, entendi que os problemas em relação à alegria na escola devem ser vistos em sua heterogeneidade, logo é preciso destacar que a escola como instituição formativa dentro da nossa sociedade deve estimular as diferentes maneiras de aquisição da aprendizagem contribuindo assim para que o espaço escolar seja um espaço promotor de vida, alegrias e aprendizagens significativas aos educandos e educadores percebendo as possibilidades do corpo dos jovens. Referências ADAD, Shara Jane Holanda Costa. Juventudes, cultura de paz e sociopoética: abraçando a vida como obra de arte. In: VASCONCELOS JÚNIOR, Raimundo Elmo de Paula et all. Cultura, Educação, Espaço e Tempo. Fortaleza: Edições UFC, 2011. ADAD, Shara Jane Holanda Costa. Ver de ouvir: a experiência sensível do corpo lesma para o historiador da educação. Educação em debate. Revista do programa de pós-graduação em educação brasileira – FACED/UFC. Volume 1, Nº59, Ano 32. Fortaleza/CE, 2010. ALVES, Rubem. 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