UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HIPOA
ATUAL SITUAÇÃO DA BRUCELOSE DE BOVINOS ABATIDOS
EM CASTANHAL-PA BASEADO NOS DADOS ESTATÍSTICOS
DO SERVIÇO DE INSPEÇÃO ESTADUAL-SIE.
Claudemir de Araújo silva
Francisco Danilo de Aguiar Oliveira
Gilson Ferreira de Araújo
Belém, jan. 2009
11
Claudemir de Araújo silva
Francisco Danilo de Aguiar Oliveira
Gilson Ferreira de Araújo
Alunos do curso de pós-graduação em HIPOA da UCB
ATUAL SITUAÇÃO DA BRUCELOSE DE BOVINOS ABATIDOS
EM CASTANHAL-PA BASEADO NOS DADOS ESTATÍSTICOS
DO SERVIÇO DE INSPEÇÃO ESTADUAL-SIE.
Trabalho apresentado ao curso de pós-graduação
em HIPOA da UCB como requisito para conclusão do
curso de Especialização Lato sensu em Higiene e
Inspeção
de
produtos
de
origem
animal,
sob
orientação do professor MSc. Samuel Carvalho de
Aragão.
Belém, jan. 2009
12
ATUAL SITUAÇÃO DA BRUCELOSE DE BOVINOS ABATIDOS
EM CASTANHAL-PA BASEADO NOS DADOS ESTATÍSTICOS
DO SERVIÇO DE INSPEÇÃO ESTADUAL-SIE.
Elaborado por Gilson Ferreira de Araújo, Francisco Danilo de Aguiar Oliveira e
Claudemir de Araújo Silva alunos do Curso de Higiene e Inspeção de Produtos de
Origem animal da UCB
Foi analisado e aprovado com
grau: ..............................
__________________________________
Professor Orientador
Presidente
Belém, jan. 2009
13
AGRADECIMENTOS
À Deus por iluminar e guiar nossos caminhos...
Ao MSc Samuel Carvalho de Aragão, orientador
deste trabalho, que mostrou ser um grande amigo por sua
atenção, apoio, confiança, amizade e paciência a nós,
durante a realização deste trabalho.
À Universidade de Castelo Branco e ao instituto
QUALITTAS por oferecer este curso de Pós-graduação.
Ao coordenador deste curso e presidente do
Sindicato dos Médicos veterinários do Pará Manoel Pereira
pela dedicação e incentivo e a sua assitente administrativo
Lourdes Rocha pelos auxílios prestados na mediada do
possível.
Aos colegas de Pós-graduação, em especial ao
Medico Veterinário Marco Braga pelas informações e
sugestões valiosas.
À Marineide Rocha pelas informações fundamentais
e disposição a ajudar sempre que necessário.
E a todos que direta e indiretamente contribuíram
para a realização deste estudo.
14
RESUMO
A brucelose é uma doença infecciosa de grande impacto para a cadeia produtiva da pecuária
bovina no Brasil e no mundo, pois além de determinar sérios prejuízos ao sistema produtivo, constitui
uma importante zoonose. As bursites, Lesões Sugestivas de Brucelose (LSB), apresentam exudatos que
tem sido referencial para o diagnóstico da brucelose em bovídeos abatidos. Objetivando verificar a taxa
de animais com LSB abatidos no município de castanhal-Pará, foram analisados os mapas de inspeção
post mortem dos bovinos de dois abatedouros-frigoríficos sob o SIE nos anos de 2007 e 2008. De
acordo com os dados levantados em ambos os estabelecimentos o número de animais positivos nos 12
meses de estudo foi de 121 (0,1%), deste total 116 (96%) eram fêmeas e 5 (4%) machos de 121.140
Bovinos abatidos. A aplicação do teste de Student (t), não demonstrou diferença significativa entre os
períodos de mais ou menos chuva (P=0,05). O frigorífico B deteve o maior índice de carcaças
condenadas com 77 (0,1%) de 74.397 bovinos abatidos; o frigorífico A registrou 44 (0,09%) condenações
de 46.743 carcaças inspecionadas. A região Sul/Sudeste detem a maior prevalência de animais com
LSB, apresentando 51 (42%) casos, seguida da região Nordeste, com 42 (35%) e região Sudoeste com
28 (23%) casos. As cidades de Novo Repartimento (sudeste), Anapu e Pacajá (sudoeste), foram as que
mais apresentaram condenações, apresentando respectivamente 32 (26,44%), 14 (11,5%) e 11 (9,09%),
aminais com LSB, sendo que os três municípios estão bastante próximos um do outro. Neste estudo
verificou-se que o número de animais abatidos de 2006 a 2008 nos frigoríficos A e B cresceu
gradualmente e a taxa de prevalência da brucelose se manteve em 0,1%. Assim entende-se que estes
resultados são reflexos das medidas tomadas pelo Programa Nacional de Controle e Erradicação da
Brucelose e Tuberculose (PNCEBT).
PALAVRAS – CHAVE: brucelose, Castanhal, bovino.
15
ABSTRACT
The Brucellosis is an infectious disease of major impact on the productive chain of bovine
livestock in Brazil and worldwide, as well as serious damage to determine the production system, is an
important zoonosis. The bursitis, lesions suggestive of Brucellosis (LSB), which has been present
exudatos reference for diagnosis of brucellosis in cattle slaughtered. Aiming to check the rate of animals
slaughtered in the city of LSB Castanhal-Pará, were analyzed maps of post mortem inspection of cattle
for slaughter, two refrigerators under the EIS in the years 2007 and 2008. According to data collected in
both sites the number of positive animals in the 12 months of study was 121 (0.1%) of total 116 (96%)
were females and 5 (4%) males of 121,140 cattle slaughtered . The test of Student (t), showed no
significant difference between periods of more or less rain (P = 0.05). The refrigerator B held the highest
rate of condemned carcasses with 77 (0.1%) of 74,397 cattle slaughtered, the refrigerator The registered
44 (0.09%) convictions of 46,743 carcasses inspected. The region South / Southeast holds the highest
prevalence of animals with LSB, giving 51 (42%) cases, followed by the Northeast, with 42 (35%) and
South West region with 28 (23%) cases. The cities of New Repartimento (southeast), and Anapu Pacajá
(southwest) were presented to more convictions, showing respectively 32 (26.44%), 14 (11.5%) and 11
(9.09%), amines with LSB, and the three cities are very close to each other. This study found that the
number of animals slaughtered from 2006 to 2008 A and B in refrigerators grew gradually and the rate of
prevalence of brucellosis has remained at 0.1%. Thus it is understood that these results are
consequences of the measures taken by the National Program for Control and Eradication of Brucellosis
and Tuberculosis.
WORDS - KEY: brucellosis, Castanhal, bovine.
16
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 - comparação entre as proporções de machos e fêmeas que apresentaram LSB, nos
dois frigoríficos estudados...................................................................................................25
Figura 02 - Análise do abatedouro-frigorífico com o maior e menor número de LSB, no período de
12 meses de registro.............................................................................................................26
Figura 03 - Prevalência das LSB em bovinos abatidos no frigorífico A, segundo as suas
procedências.......................................................................................................................28
Figura 04 - Prevalência das LSB em bovinos abatidos no frigorífico B segundo as suas
procedências.........................................................................................................................29
Gráfico 01 - Demonstração dos municipios que apresentaram a maior procedência de animais
positivos em ambos os frígoríficos estudados...............................................................30
Figura 05 - Mapa do estado do Pará ilustrando a região Sudoeste e sudeste (NR), com as cidades
que apresentaram a maior prevalência de positividade....................................................31
17
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - análise comparativa das condenações de caraças bovinas ocorridas entre julho de
2007 e junho de 2008 e suas prevalências nos frigoríficos estudados............................23
Tabela 02 - Total de carcaças condenadas e sua distribuição de acordo com o período do ano e
sexo nos estabelecimentos A e B.......................................................................................25
Tabela 03 - Distrubuição de frequencia das LSB em bovinos abatidos nos frigoríficos A e B,
segundo as regiões e municipios de orígem....................................................................27
18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1
dc .......................................................................................................................Depois de Cristo
2
et al........................................................................................................................Colaboradores
3
MAPA........................................................Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
4
PNCEBT.............Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose
5
ADEPARÁ................................................Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará
6
EUA....................................................................................................Estados Unidos da América
7
RFX.....................................................................................Reação de Fixação do Complemento
8
Me..........................................................................................................................Mercapto Etanol
9
AAT .........................................................................................Antígeno acidificado Tamponado
10 SER....................................................................................................Sistema Retículo Endotelial
11 NR....................................................................................................................Novo Repartimento
12 SIE..................................................................................................Serviço de Inspeção Estadual
13 2007/2.....................................................................................Segundo semestre do ano de 2007
14 2008/1.....................................................................................Primeiro semestre do ano de 2008
15 LSB............................................................................................Lesões Sugestivas de Brucelose
16 P...................................................................................................................Probabilidade de erro
17 B........................................................................................................................................Brucellas
19
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................11
2. OBJETIVOS...........................................................................................13
2.1. OBJETIVO GERAL.....................................................................13
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................13
3.REVISÃO DE LITERATURA...................................................................14
3.1. HISTÓRICO................................................................................14
3.2. A DOENÇA ................................................................................15
3.3. O AGENTE.................................................................................16
3.4. TRANSMISSÃO E PATOGENIA................................................16
3.5. SINAIS CLÍNICOS...................................................................17
3.5.1. NOS ANIMAIS................................................................17
3.5.2. NOS HUMANOS............................................................17
3.6. DIAGNÓSTICO..........................................................................18
3.6.1. DIAGNÓSTICO DE BURSITE E BRUCELOSE.............20
3.7. CONTROLE E PROFILAXIA.............................................20
4. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................22
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................23
6. CONCLUSÃO.........................................................................................32
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................33
20
1 – INTRODUÇÃO
A Brucelose é uma zoonose de evolução crônica, que acomete animais em todo
o mundo, causada pela bactéria do gênero Brucella, compromete especialmente os
sistemas reprodutivo e locomotor dos animais, ocasionando o abortamento no terço
final da gestação (ALMEIDA et al., 2007) sendo de distribuição mundial, responsável
por consideráveis perdas econômicas na população bovina (RIET CORREA et al,2002)
e risco a saúde humana (FAVERO et al.,2008)
No Brasil as perdas animais de carne e leite foram estimadas pelo Ministerio da
Agricultura em 100 milhões de dólares, no abate as perdas são representadas por
rejeição e condenação da carcaça (Brasil, 2001), que é feita por observação
macroscópica de Lesões Sugestivas de Brucelose (bursite, higroma articulares e
orquite) (VERONESE, 1991), nas quais são isoladas brucellas vivas, representando
risco a saúde do consumidor, trabalhadores, contaminação de carcaças, órgãos e meio
ambiente do abate (LANGENEGGER et al., 1975.)
As bursites são lesões compatíveis com infecções localizadas causadas por
brucellas em bovinos e outros animais e cujos exudatos tem sido apontado como um
referencial para o diagnóstico da brucelose em bovídeos abatidos. Nos machos e
fêmeas, podem surgir higromas e bursite interescapular que tem sido bastante
encontrada em matadouros (LANGENEGGER et al., 1975; RIBEIRO et al., 2003).
Quando a brucelose é introduzida em um rebanho pode ter uma disseminação
considerável e com freqüência, muito rápido pela progressiva intensificação da
produção leiteira e de corte, assim como pela concentração das criações bovinas
(BEER, 1998). Isso pode levar a grandes perdas por abortos, infertilidade, mortalidade
perinatal, retenção de placenta, infecões genitais secundárias e queda na produção
leiteira, sempre quando não forem tomadas as medidas apropriadas (Al Diri et al.,
1992)
No Brasil a doença tem considerável importância econômica e sanitária,
ocorrendo em todas as regiões, com prevalênica que oscila em torno de 2,5 a 18,7%
(Brasil, 1998). Devido ao impacto econômico e zoonótico da doença houve uma
necessidade definitiva do estabelecimento de programas de controle, prevenção e
diagnóstico para que se pudesse controlar a doença, uma vez que o tratamento não é
21
11
permitido pela legislação brasileira (Oliveira, et al., 2008). Isso motivou a implantação
de um programa nacional de controle e erradicação da brucelose juntamente com a
tuberculose (Brasil, 2006).
Apesar das muitas informações sobre bruceloses, são poucos os estudos
referentes à distribuição da doença em diferentes matadouros-frigoríficos sob inspeção
estadual e federal no estado do Pará. Assim este trabalho objetiva verificar a atual
situação da brucelose em dois abatedouros-frigoríficos na cidade de castanhal-Pará,
através da analise dos mapas de inspeção post mortem, com o intuito de buscar
incentivar novas pesquisas nessa área e divulgar as informações presentes sobre
brucelose, visto que essa enfermidade constitui um grande problema em saúde pública.
22
12
2 – OBJETIVOS
2.1- GERAL:
Verificar a ocorrência de brucelose em bovinos abatidos na cidade de castanhal-Pa, tendo como
base os mapas de inspeção post-mortem do Serviço de Inspeção Estadual – SIE, no ano de 2007/2 e
2008/1.
2.2- ESPECÍFICO:
•
Comparar entre machos e fêmeas o percentual de animais positivos.
•
Verificar o período de maior ocorrência da doença.
•
Identificar o frigorífico com o maior índice de lesões sugestivas de Brucelose.
•
Mapear a procedência dos animais abatidos.
•
Comparar os dados de prevalência após a implantação do PNCEBT
23
13
3 - REVISÃO DE LITERATURA
3.1- HISTÓRICO
David Bruce, em 1887, foi o primeiro a isolar e caracterizar o microorganismo responsável pela
brucelose, até então conhecida como febre de malta, que se espalhava entre os soldados ingleses na
ilha de Malta. A princípio o microorganismo foi denominado Micrococcus melitensis, entretento, Berhard
Bang, em 1895, isolou pequenos cocobacilus Gran-negativos de tecidos provenientes de um caso de
aborto de e os denominou de Bacillus abortus. Com o estudo desses dois microorganismos, verificou-se
o grande parentesco entre eles e decidiu-se homenagera o descobridor desse gênero, denominando-os
de Brucella (MEYER, 1990).
Segundo CORBEL (1997) em 1905 pesquisadores demonstraram a presença de B. melitensis
em leite de cabra, e outros estudos demonstraram que esse microorganismo foram encontrado em
lesões ósseas típicas de brucelose em esqueleto de pessoas mortas durante a primeira erupção
vulcânica do Monte vesúvio, nas antiga cidade romana de Herculaneum, em agosto de 79 d.C. Durante o
império Romano, cabras e carneiros eram os principais animais domésticos e o leite era utilizado para
fabricação de queijo , principal ingrediente da cozinha romana, era
a principal fonte da infecção
conhecida como Febre de Malta.
No Brasil, a brucelose foi detectada primeiramente por Gonçalves Carneiro em 1913 que
verificou um caso em humano (VERONEZI, 1976, apud POESTER et al 2002). Em 1922 foi realizado o
primeiro estudo de brucelose bovina em 1922 através de pesquisas epidemiológicas e exame
microscópico de tecidos de fetos abortados, realizados por Tineciro Icibaci (BRASIL, 1988).
Desde sua descoberta a brucelose continuou sendo uma doença cosmopolita que tem como
fatores de risco, além da ingestão de alimentos contaminados, o contato com animais e o exercício de
atividades que envolvem o contato com eles (ALMEIDA, ET AL., 2007).
Conforme STOCCO (1993) um número pequeno de países tem sido capaz de erradicar a
brucelose bovina através de sistemas sofisticados de Vigilância Sanitária. Assim é considerada
erradicada no Japão, Israel, Dinamarca, Canadá, Suíça, Ex-Iugoslávia, República Tcheco-Eslováquia,
Finlândia, Holanda, Noruega, Suécia, Bélgica, Ex República Federal da Alemanha, Áustria, Hungria e
Romênia. Entretanto, países desenvolvidos como EUA, França, Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia
e Irlanda ainda não conseguiram erradicá-la totalmente.
No Brasil, a brucelose ocorre de maneira endêmica em todo o território nacional, principalmente
a brucelose bovina por ser esta espécie animal, a mais difundida, e de maior interesse econômico de
maior destaque (ALMEIDA et al, 2007).
Em 1993 RIET CORREA et al., 2001 avaliaram a prevalência de brucelose bovina nas diferentes
regiões brasileira e observaram que: na região Norte a prevalência foi de 8,45%; Nordeste 4,53%;
Centro-Oeste 2,69%; Sudeste 1,51% e Sul 1,19%.
Na região Norte do Brasil, os rebanhos apresentam taxa de prevalência para brucelose cerca de
cinco vezes maior que a média Nacional (BRASIL, 1997) sendo a doença observada em vários
14
24
municípios paraense, inclusive na região metropolitana de Belém, durante o abate de animais para o
consumo (COSTA, 1999).
3.2 - A DOENÇA
A brucelose também conhecida como febre de Malta, é uma doença infecciosa causada pelas
bactérias do gênero Brucella. Essas bactérias são principalmente transmitidas entre animais, e causa
brucelose em muitos vertebrados diferentes como carneiro, bode, gado, cervo, porco, cachorro, etc. Os
humanos são infectados ao entrar em contato com animais, ou produtos animais contaminados com
essas bactérias. (FAVERO et al., 2008 ), sendo assim, uma zoonose de distribuição mundial (BRASIL,
2001).
São encontradas seis espécies de Brucellas, definidas pelas características bioquímicas,
sorológicas e sensibilidade a bacteriófagos que são: B. abortus; B. suis; B melitensis;B. canis; B.
neotomae; B. ovis (RIET CORRÊA et al., 2001). O grau de patogenicidade das espécies para o homem
obedece a seguinte ordem B. melitensis, B. suis, B. abortus e B. ovis. A B. ovis e B. neotomae são
consideradas não patogênicas à espécie humana (Carvalho e Mathias, 1984).
Segundo BEER (1988) a disseminação da brucelose pode ter uma freqüência muito rápida pela
progressiva intensificação da produção leiteira e de corte, assim como, pela concentração das criações
bovinas, sempre que não sejam tomadas as medidas apropriadas de proteção e de combate. A entrada
do agente em criações não infectadas é produzida em primeiro lugar, pela estabulação das fêmeas
gestantes infectadas, ainda sem manifestações clínicas. Também é possível mediante a compra de
vacas clinicamente sadias, mas já infectadas, que abortaram ou pariram um feto morto anteriormente
com relação à saúde humana, a doença é importante porque o agente pode causar a febre ondulante no
homem com a possibilidade da infecção ocorrer pela ingestão do leite contaminado, então é necessário
que seja pasteurizado.
De acordo com MAFRA (2000) As regiões onde existe uma maior prevalência desta doença são
normalmente localidades rurais, onde a contaminação de animais não é ainda controlada ocorrendo,
consequentemente, a transmissão e a infecção ao Homem. A infecção ocorre em bovinos de todas as
idades, porém persiste mais comumente em animais sexualmente maduros (BLOOD e RODOSTIT
1983).
De acordo com POESTER, (2002) além da possível contaminação dos consumidores de
produtos de origem animal, a brucelose pode causar até 20% de perda da produtividade em rebanhos
bovinos e tornar a carne, o leite e seus derivados vulneráveis a barreiras sanitárias no mercado
internacional, provocando prejuízos de 32 milhões de dólares ao ano para a economia brasileira.
As perdas econômicas somadas ao fato de se tratar de uma zoonose amplamente distribuída
tornam obrigatória à adoção de medidas de erradicação e controle da doença no animal hospedeiro, já
que a prevenção da brucelose em seres humanos depende até o momento do controle realizado na
espécie animal, uma vez que não existe vacinação para o controle dessa enfermidade no homem
(ALMEIDA et al, 2007).
25
15
3.3 - O AGENTE
A doença é causada por bactérias do gênero Brucella, que são pequenos cocobacilus, Grannegativos, intracelular facultativos, sem motilidade, sem flagelos, que não secretam toxinas, não são
capazes de encapsular nem de esporular. Essas bactérias são muito resistente ás intempéries
ambientais e podem sobreviver a grandes períodos no meio ambiente. Seu crescimento é aeróbico, mas
algumas espécies necessitam de uma atmosfera de 5 a 10% de CO2, a temperatura ótima de
crescimento é de 37°C (ALMEIDA et al, 2007).
Os antígenos principais das brucellas são denominados A de abortus; M de melitensis; a B. suis
possui ambos os antígenos; B. ovis e B. canis não têm esses antígenos de parede. (CORREA;
CORREA, 1992).
Atualmente, a taxonomia do gênero brucella vem sendo revista e novas espécies vêm sendo
descobertas, mas classicamente o gênero se divide em seis espécies, com base em características
metabólicas e bioquímicas. Essas espécies apresentam preferência por diferentes hospedeiros. São B.
abortus, isoladas de bovinos; B. melitensis, isolada de caprinos; B. ovis, isolada de ovinos; B. suis,
isolada de suínos; B. canis, isolada de canino; B. neotomae, que foi isolada de um rato do deserto norte
americano. Recentemente foi proposto a inclusão de duais novas espécies : B. cetaceae e B. pinnipeds,
isoladas de mamíferos marinhos, setaceans e pinnipeds, respectivamente (ALMEIDA et al, 2006)
Segundo Corbel, (1997) apenas três espécies apresentam risco de infecção ao homem: B.
abortus; B.suis; B. melitensis, sendo que a mais patogênica ao homem é B. melitensis e a mais difundida
mundialmente é B. abortus, sendo essa a maior responsável pela infecção em bovinos e bubalinos. .
3.4 - TRANSMISSÃO E PATOGENIA
A transmissão se faz por contaminação direta pelo contato com fetos abortados, placentas e
descargas uterinas. A Brucella abortus penetra no organismo pela mucosa oral nasofaringe, conjuntival
ou genital e pele intacta (RIET-CORREA, 1998).
A infecção congênita pode ocorrer em bezerros recém-nascidos como resultado de uma infecção
uterina e a enfermidade pode persistir em uma pequena proporção de bezerros, que podem apresentar
resultados negativos até que ocorra o primeiro parto ou aborto. Nas vacas adultas não grávidas, a
infecção localiza-se no úbere, e no útero se ocorrer prenhês, se infecta nas fases de bacteremia
periódicas originárias do úbere. Os úberes infectados são clinicamente normais, mas são importantes
como fonte de reinfecção uterina, como fonte de infecção para bezerros que ingere o leite. O eritritol,
uma substância encontrada no útero gravídico, é capaz de estimular o crescimento de Brucella abortus,
ocorre naturalmente em grande concentração na placenta e fluídos fetais e é provável responsável pela
localização da infecção nesses tecidos. O aborto ocorre no terço final da gestação. (BLOOD e
RADOSTIT 1983).
A transmissão ao Homem pode dever-se ao contacto com animais doentes - como, por exemplo,
no transporte de recém nascidos infectados que nasceram no campo podendo haver uma transmissão
26
16
através da pele, ao levar as mãos aos olhos (tecidos conjuntivos); ingestão de carne, leite e queijo
contaminados, que não sofreram pasteurização; manipulação dos produtos animais como a lã, o leite,
queijo (MAFRA, 2000) acidentes em laboratório também pode atuar como modo de transmissão, não há
transmissão de pessoa a pessoa (REVISTA VETERINÁRIA IN FOCO, 2003).
Após invadir o corpo, os microorganismos passam para o sangue e são carreados para vários
órgãos e tecidos onde eles se multiplicam livremente (WINKLER, 1982). Após a invasão inicial no
organismo, a localização ocorre inicialmente nos linfonodos que drenam a área e, então há a
disseminação para outros tecidos linfóides, incluindo lifonodos esplênicos, mamários e ilíacos (BLOOD e
RADOSTIT 1983).
A multiplicação deste agente ocorre principalmente nos órgãos ricos em elementos do SRE,
útero grávido, testículos e vesículas seminais e glândulas mamárias. Das estruturas ditas acima as que
têm maior importância na disseminação do agente ao possibilitarem a sua excreção são, no caso das
fêmeas, os corrimentos vaginais, líquido amniótico e leite; nos machos, o sêmen (LOUZÃ, 1993).
A Brucella abortus é um microorganismo que se abriga dentro da célula. É provável que essa
localização seja um importante fator para sua sobrevivência no hospedeiro e pode ser uma explicação
para os títulos transitórios que ocorrem em alguns animais após episódios isolados de bacteremia e para
a ausência de títulos em animais com infecção latente (BLOOD e RADOSTIT 1983).
3.5 - SÍNAIS CLÍNICOS
3.5.1- NOS ANIMAIS
Nos animais a brucelose pode se manifestar de diversas maneiras de acordo com o hospedeiro,
nos bubalinos e bovinos a manifestação clínica principal é o aborto, que se dá em volta do sétimo mês
de gestação, outros sinais clínicos predominantes nesses animais são nascimento de bezerros
prematuros, esterilidade e baixa produção de leite (CORRÊA e CORRÊA, 1992).
De acordo com BRASIL (2006) os animais infectados apresentam uma placentite necrótica, com
retenção de placenta. Depois do primeiro abortamento, são mais comuns a presença de natimortos e o
nascimento de bezerros fracos.
Nos touros a infecção se localiza nos testículos, vesículas seminais e na próstata. A doença
manifesta-se por orquite, que acarreta baixa de libido e infertilidade. Os testículos podem apresentar,
também, degeneração, aderência e fribrose. Às vezes podem ser observados higromas e artrites (RIETCORREA et al, 1998).
Em geral os sinais desaparecem e os animais tornam-se perigosas fontes de infecção para o
rebanho (ALMEIDA et al, 2007).
3.5.2- NOS HUMANOS
A brucelose humana é considerada uma doença ocupacional, afetando determinados grupos
profissionais com maior intensidade, representando consideráveis riscos à saúde pública (OPS, 1974).
17
27
Foi estimado por Araj et al., (1996) a ocorrência anual de 500 mil novos casos de brucelose humana, dos
quais apenas cerca de 4% são notificados, suspeitando-se que a grande maioria dos casos não é
detectada.
Geralmente o período de incubação da brucelose no ser humano é de uma a três semanas. É
uma doença septicémica manifestando-se por febre contínua, intermitente ou irregular. Tal como em
outras doenças febris o doente apresenta intensa sudorese e temperatura elevada, uma sensação de
fraqueza de modo que qualquer exercício físico provoca rapidamente o cansaço. A febre pode ser de tal
modo irregular que a temperatura de um doente pode ser normal de manhã e subir até aos 40ºC ao meio
dia. Outros sintomas são insônia, impotência sexual, anorexia, dores articulares. A doença pode
prevalecer durante semanas, meses ou anos (ACHA E SZYFRES, 1986).
Complicações ósteo-articulares podem estar presente em cerca de 20 a 60% dos pacientes,
sendo a articulação sacroilíaca a mais atingida. Orquite e epididimite têm sido relatadas, também, pode
ocorrer endocardite bacteriana. Em geral os pacientes se recuperam, sendo para isso, importante o
diagnóstico e tratamento precoces. Recidivas ocorrem, com manifestações parciais ou gerais do quadro
(VETERINÁRIA IN FOCO, 2003).
NETO et al., (1999) avaliarem a ocorrência de um caso de brucelose humana em um homem de
23 anos de idade com febre prolongada causada por Brucella abortus, no qual foi encontrado a presença
de abscesso esplênico, identificado através de tomografia computadorizada de abdômen. A evolução foi
favorável com a introdução apenas de antibióticos, havendo regressão completa das lesões. Segundo os
mesmos autores, atualmente os casos de brucelose humana têm sido associados à doença profissional.
As infecções por B. abortus e B. suis têm sido identificadas em homens adultos que trabalham em
indústria de abatedouros-frigoríficos. A infecção por B. melitensis está associada com o consumo de
produtos de laticínios não pasteurizados.
3.6 - DIAGNÓSTICO
O diagnóstico sorológico constitui uma das principais bases em que se apóiam os programas de
controle da brucelose. Sem o diagnóstico correto torna-se praticamente impossível realizar programas de
erradicação. Assim, a disponibilidade de métodos confiáveis para o diagnóstico é essencial em
campanhas de combate às doenças infecciosas, dentre elas a brucelose (MOLNÁR L. et al., 2002) . A
suspeita da doença está baseada fundamentalmente nos sinais clínicos, entretanto, o diagnóstico
sempre será sorológico, porque há numerosas causas de aborto, e porque os sinais de brucelose têm
similares em outras enfermidades animais (CORRÊA e CORRÊA, 1992).
Os testes sorológicos permitem a pesquisa de anticorpos no soro e leite dos animais infectados.
As técnicas internacionalmente indicadas para o diagnóstico no soro são a aglutinação rápida em placa
com antígeno acidificado, como prova de triagem, e as provas de fixação de complemento, 2mercaptoetanol e aglutinação lenta (de Wright), como provas complementares. O diagnóstico sorológico
é feito quando as fêmeas atingem a maturidade, os anticorpos vacinais (em novilhas vacinadas no
28
18
período de 3 a 8 meses) só irão interferir ocasionalmente nos levantamentos. O mesmo não se pode
dizer de animais vacinados após os 8 meses, onde os anticorpos persistirão por muito mais tempo.
Sendo assim um teste sorológico que possa distinguir anticorpos vacinais de anticorpos resultantes de
infecção com amostras patogênicas de B. abortus tem sido objetivo principal de muitas pesquisas
(CORRÊA e CORRÊA 1992).
O teste de triagem adotado na detecção da brucelose é o antígeno acidificado tamponado (AAT).
Nele, soro é misturado com o antígeno específico, que contém 8% de brucelas mortas, aguardando-se
quatro minutos para a leitura. Se a amostra for positiva, anticorpos presente no soro reagirão com o
antígeno e ocorrerá o fenômeno da aglutinação. O teste é sensível (95% de margem de acerto), de baixo
custo e prático. Animais com resultado positivo poderão submeter-se a testes mais específicos, como a
Prova de Mercaptoetanol (2-ME) ou a Reação de Fixação do Complemento (RFC), que é o teste de
referência para a doença. Estes testes são especialmente úteis para identificar animais infectados em
rebanhos crônicos, quando a brucelose é mais difícil de ser combatida (NIELSEN, 1995).
Antes de 2001, o controle da brucelose no Brasil era regido pela Portaria nº 23 e dependia,
principalmente, de iniciativas individuais. A partir de 2001 foi instituído pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e
Tuberculose – PNCEBT com o objetivo de diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde
humana e animal (BRASIL, 2006).
De acordo com BRASIL, (2006) para que um programa nacional de combate a qualquer doença
seja eficaz depende, em parte, da qualidade e da padronização dos procedimentos de diagnóstico
utilizados.
Os testes de diagnóstico indireto, para brucelose, reconhecidos como oficiais no Brasil pelo
PNCEBT são:
O teste do antígeno acidificado tamponado, que é muito sensível e de fácil execução, é o teste
de triagem realizado por médicos veterinários habilitados, por laboratórios credenciados ou por
laboratórios oficiais credenciados; os animais que reagirem ao teste de triagem poderão ser
submetidos a um teste confirmatório, o 2-Mercaptoetanol;
O 2- Mercaptoetanol é mais específico, e é executado por laboratórios credenciados ou por
laboratórios oficiais credenciados;
O teste de fixação de complemento, ou outro que o substitua, é realizado em laboratórios oficiais
credenciados para efeito de trânsito internacional, como teste confirmatório em animais
reagentes ao teste de triagem, ou para diagnóstico de casos inconclusivos ao teste do 2Mercaptoetanol;
O teste do anel em leite poderá ser utilizado para monitoramento da condição sanitária de
propriedades livres ou como ferramenta de diagnóstico em sistemas de vigilância;
epidemiológica; pode ser executado por médicos veterinários habilitados, por laboratórios
credenciados ou por laboratórios oficiais credenciados.
O diagnostico humano se baseia na suspeita clínica, mas para confirmação é necessário a
utilização de técnicas diretas, como o cultivo do microorganismo e provas indiretas, como as provas
29
19
sorológicas, dentre elas destacam- se, Rosa de Bengala, Fixação do Complemento, Provas Enzimáticas
(ELIZA), Soroaglutinação e a prova de Coombs antibrucella, o manejo é feito com antibióticos do tipo
aminoglicosideos e tetraciclinas. (ÓRTEGON e BAYONA, 2004).
3.6.1 – DIAGNÓSTICO DE BURSITE E BRUCELOSE
As bursites são lesões compatíveis com infecções localizadas causadas por brucellas em
bovinos e outros animais e cujos exudatos apresentam elevados títulos de anticorpos que, em muitos
casos, são mais altos que os títulos séricos, de modo que esse tipo de lesão tem sido apontado como
um referencial para o diagnóstico da brucelose em bovídeos abatidos e mesmo em outras espécies
acometidas de lesões semelhantes observadas no criatório (LANGENEGGER et al., 1975; RIBEIRO et
al., 2003). Nos machos e fêmeas, apesar de não ser comum podem surgir higromas que atingem grande
tamanho, e bursite interescapular que é pouco comum nesta espécie, mas tem sido encontrada em
matadouros (LANGENEGGER; SECCHIN; BATISTA, 1975).
A associação de bursites com infecção brucélica foi estabelecida por Boyd et al. (1930), que
fizeram as primeiras referências sobre a presença de Brucella spp. em higromas carpais em bovinos.
Pardi et al. (1956) e Langenegger & Bezerra (1963, 1965) associaram Brucella abortus através de
isolamento aos casos de bursites observados em bovinos abatidos, respectivamente, em Barretos, SP e
Rio de Janeiro, RJ. Langenegger & szechy (1961) e Ribeiro et al. (2003), também realizaram essa
associção isolando B. abortus em eqüinos portadores de bursite cervical, o que comprova que neste tipo
de lesão são encontrados organismos brucélicos. Da mesma forma Freitas e Oliveira (2005)
comprovaram a associação de brucella spp através do isolamento deste organismo no exudato das
bolsas serosas.
Musa et al., (1990) encontrou outros organismos exudato de bursites, entre eles nematódios
como Onchocerca sp., ainda assim, Freitas e Oliveira (2005) afirmam em seus estudos que as lesões de
origem hematogênica (bursites) tem relação sorológica com infecção brucélica.
3.7 CONTROLE E PROFILAXIA
De acordo com RIBEIRO (2000) as medidas de controle e profilaxia são realizadas pela
vacinação, o controle de trânsito e medidas higiênicas. A vacinação com Brucella abortus viva, variedade
19, representa uma ajuda valiosa no controle da brucelose. Sua principal contribuição é que ela protege
os animais sadios que vivem em um ambiente contaminado, propiciando que os doentes sejam
eliminados gradativamente. A vacinação pode não eliminar a brucelose, mas pode ser utilizada como
base de sua erradicação.
30
20
A variedade B19 da B. abortus tem baixa virulência e é incapaz de causar aborto, exceto em
uma pequena proporção de vacas vacinadas nos estágios finais da gestação, não obstante possa causar
a febre ondulante no homem. Suas duas outras desvantagens são a incapacidade de prevenir
completamente a infecção, principalmente a infecção mamária, e a persistência, em alguns animais, de
títulos após a vacinação. A idade ideal para a vacinação é entre três e oito meses (RIBEIRO, 2000).
Quanto ao controle de trânsito de animais tem- se, que em áreas que são declaradas livres de
brucelose só se deve fazer introdução de animais com testes de soro aglutinação negativo e realizar
testes anualmente. Exigir atestado negativo de brucelose na compra de animais. Recomenda-se adquirir
somente matrizes de propriedades livres e, de preferência, que tenham sido vacinadas na idade de 3-8
meses (RIBEIRO, 2000).
A doença pode ser combatida seguindo-se as normas do PNCEBT e empregando-se práticas
específicas de manejo. O controle da brucelose apoia-se basicamente em ações de vacinação massal
de fêmeas com idade entre 3 a 8 meses, e diagnóstico e sacrifício dos animais positivos. São também
muito importantes as medidas complementares, que visam diminuir a dose de desafio caso ocorra a
exposição bem como é importante o controle de trânsito para os animais de reprodução (BRASIL,
2006).
A vacinação com a B19 reduz a taxa de infecção em zonas de alta prevalência deve ser aplicada
em dose única em bezerras, preferencialmente em torno do quinto mês de idade. A vacina produz uma
resposta que aumenta a resistência à doença pela ativação de leucócitos, principalmente do tipo
macrófagos e linfóciotos T. Porém, vacinação não é 100% efetiva na prevenção da doença: protege
aproximadamente 65% dos animais vacinados à exposição contra a brucela (PAULIN, 2003).
O controle da brucelose, no homem, deve basear-se na educação sanitária. A utilização de
equipamentos de proteção individual como luvas, avental e botas de borracha nos estabelecimentos de
abate e ao lidar com fêmeas no momento da parição, deve ser rigorosamente obedecida. Fêmeas que
abortaram ou pariram devem sofrer processo de higienização, lavando-se muito bem as áreas mais
afetadas (principalmente a região do períneo). Os locais contaminados também devem ser limpos e
desinfetados com produtos apropriados. Precauções como não tomar leite não tratado ou comer
subprodutos deste leite não pasteurizado, também são muito importantes (PAULIN, 2003).
31
21
4 - MATERIAL E MÉTODOS
Todos os dados para o desenvolvimento deste trabalho foram fornecidos pela Agência de
Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARA), que detém as informações catalogadas pelo
Serviço de Inspeção Estadual – SIE.
Foram analisados os mapas de inspeção post-mortem de julho a dezembro de 2007 e de janeiro
a junho de 2008, utilizados pelo SIE durante o abate dos bovinos para a realização de um levantamento
de dados sobre Brucelose na cidade de castanhal, localizada na região nordeste do Pará. Nesta cidade
há dois matadouros-frigoríficos sob inspeção Estadual, e que por motivos legais, foi privada a razão
social destas indústrias, sendo assim, identificadas pelas letras A e B.
Para a execução deste trabalho Foi realizada a coleta das informações dos mapas de inspeção
póst mortem, onde são feitas as anotações dos casos positivos (lesões sugestivas de Brucelose-LSB),
diagnosticados pelo SIE durante o segundo período de 2007 e primeiro período de 2008. A análise
destes dados foi realizada da seguinte forma: separando o percentual de animais com LSB do total geral
abatido nos anos em questão; verificando o período que se deu o maior número de condenações de
carcaças; comparando entre machos e fêmeas o maior número de positivos; realizando o levantamento
do número de carcaças condenadas por abatedouro, bem como sua distribuição por municípios de onde
procedem os animais para o abate.
32
22
5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos mapas de inspeção post-mortem dos 2 (dois) abatedouros frigoríficos
inspecionados pelo SIE, mostraram que a quantidade total de animais abatidos nos períodos de julho a
dezembro de 2007 e janeiro a junho de 2008, corresponderam a 121.140 bovinos. Deste total, 121
(0,1%) foram registros de lesões sugestivas de brucelose (LSB), dos quais se obtiveram 116 (96%)
fêmeas e 5 (4%) machos (Tabela 01).
Tabela 01 - análise comparativa das condenações de caraças bovinas ocorridas entre julho de 2007
e junho de 2008 e suas prevalências nos frigoríficos estudados.
Espécies
Animais abatidos
Bovinos
Total carcaça
Carcaças
Carcaças
condenada
condenadas
condenadas
♀
♂
121.140
121
116
05
-
0,1%
96%
4%
Prevalência
A prevalência de LSB encontrada neste levantamento foi de 0,10% nos animais abatidos, tal
valor é semelhante ao resultado encontrado por Oliveira (2003), em um abatedouro de Belém, cuja
prevalência, também foi 0,10% de positividade. Porém inferiores aos resultados obtidos por Corrêa
(2006), que através dos mapas de inspeção post mortem realizou um levantamento dos seis
abatedouros inspecionados pelo SIE no Pará e constatou 853 (0,3%) casos de LSB de 260.925 bovinos
abatidos.
Em comparação a outros estados esses resultados continuam superiores aos encontrados nos
trabalhos realizados por Langenegger et al. (1975) e Teixeira et al. (1998), onde o primeiro confirmou
uma prevalência de 0,029% em um frigorífico do Estado do Rio de Janeiro e o segundo de 0,0029% em
um matadouro-frigorífico sob inspeção Federal nos estados de Minas Gerais e Goiás, no período de
janeiro a dezembro de 1996.
A taxa de prevalência da Brucelose sempre esteve entre as mais altas no Norte do país, o ultimo
diagnóstico da situação da doença em bovinos nessa região foi realizado pelo Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 1975 que constatou 4.1% de positividade (Brasil, 2006). Segundo
Riet-Corrêa (2001), em 1993 a prevalência da doença no Norte era 8,45%, mostrando-se bem acima da
média nacional (2,3%).
Em 1975 o MAPA notificou uma prevalência de 11,6% no estado do Pará (Paulin & Ferreira
Neto, 2002). Láu e Singh (1986) encontraram uma taxa de 5,7% na região metropolitana de Belém; 8,0%
no baixo Amazonas e 12,2% na Ilha do Marajó. No ano de 1998, a Delegacia Federal de Agricultura do
Pará informou através do seu relatório anual que foram realizados 3.412 exames pelo método de
33
23
soroaglutinação rápida e encontraram 86,1% animais reagente negativo; 1,96% suspeitos e 12%
positivos em 16 rebanhos examinados, sendo que 100% destes tiveram animais reagentes. Neste
mesmo ano foram aplicadas 35.423 doses de vacinas contra brucelose (Brasil. 1998a).
A redução gradual na prevalência de casos de LSB mostrado nos dados levantados neste
estudo, bem como nos de Corrêa em 2006 e Oliveira em 2003, possivelmente, se deu pela atuação da
ADEPARÁ e também, pela implantação e implementação do Programa Nacional de Controle e
Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) ano de 2001, pelo MAPA. Programa este que possui
como objetivos baixar a prevalência e a incidência de novos focos de Brucelose e tuberculose, assim
como criar um número de propriedades livres de Brucelose, diminuindo as perdas econômicas e o risco
à saúde pública (Brasil, 2006).
No tocante aos animais com LSB, a figura 01, mostra os dados referentes ao total de carcaças
condenadas durante 12 meses de registro nos mapas de inspeção. Pode-se constatar que o número de
casos foi maior em fêmeas com 116 (96%) animais e menor em machos que tiveram apenas 05 (4%)
carcaças condenadas, somando um total de 121 bovinos com LSB. Estes resultados estão bastante
próximos aos obtidos por Corrêa (2006) que obteve 96,36% de fêmeas e 3,63% machos e distanciam
consideravelmente dos dados divulgados por Oliveira (2003), que encontrou 77% de carcaças positivas
para fêmea e 23% de positividade para machos, porém verifica-se que o maior percentual de
condenações ocorre em carcaça de fêmeas em todas as pesquisas citadas.
A quantidade de fêmeas abatidas nesses frigoríficos foi significativamente maior que machos
(69.1%), entretanto a infecção não está proporcional aos números, mas relacionada com o sexo, pois as
fêmeas da espécie bovina são mais susceptíveis a infecção que os machos (Viana et al., 1995; Almeida
et al., 1999). A idade também tem grande influencia na infecção, já que a ocorrência é maior em fêmeas
de bovinos com idade acima de 24 meses e com no mínimo 30 meses (Ribeiro et al., 2003; poleto et al.,
2004). Langenegger (1975) e Musa et al., (1990), relataram que a maior prevalência das infecções
ocorre em vacas com idade média de 5 anos; Freitas e Oliveira (2005), concordam com esses autores
ao informar em seu trabalho que os animais com até 48 meses apresentam a maior freqüência de
infecções brucélicas.
Diante desses relatos é importante salientar que as vacas permanecem mais tempo na
propriedade do que os touros (entre 6 a 8 anos), sendo esse um dos fatores que permite um maior
número de infecções; além do que as fêmeas vacinadas corretamente perdem títulos de anticorpos entre
16 e 18 meses ( Brasil, 2006, Silva, 2005), mas permanecem protegidas em média até 7 anos (Bathker,
1984), supondo-se que após esse período as vacas tornam-se vulneráveis a novas infecções.
34
24
Machos
Fêmeas
Figura 01- comparação entre as proporções de machos e fêmeas que apresentaram LSB, nos dois
frigoríficos estudados.
Os dados da tabela 02 informam que os registros dos mapas de inspeção de ambos os
frigoríficos estudados, apresentam um maior número de animais com LSB no período de julho a
dezembro de 2007 (56,6%), considerado o menos chuvoso, Entretanto, embora as quantidades
aparentem uma menor propensão de casos em 2008 (43,8%), a aplicação do teste de Student (t), aos
dados observados nos dois períodos considerados, não demonstrou diferença significativa entre os
mesmos (P=0,05).
Tabela 02 - Total de carcaças condenadas e sua distribuição de acordo com o período do ano e sexo nos
estabelecimentos A e B.
Jul - Dez/2007
M
Jan -Jun/2008
F
M
F
Total
Estabel. A
1
26
0
17
44
Estabel. B
4
37
0
36
77
Total
5
63
0
53
121
Total M+F
68 (56,2%)
53 (43,8%)
Com relação ao período de prevalência da brucelose, acredita-se que seja constante, pois
Segundo Bishop et al., (1994), a estação do ano, o clima e a latitude não tem influência no aparecimento
da doença, o que mais influencia o aparecimento da infecção é a dose infectante, virulência da bactéria,
35
25
resistência e estado reprodutivo do animal. Os resultados deste trabalho não demonstraram,
estatisticamente, diferença de prevalência de animais positivos nos períodos estudados, mostrando que
há infecção durante todo o ano. Porém alguns autores encontraram diferença entre as épocas do ano:
Almeida et al., (1994 e 1999), registraram a maior prevalência no verão; já nos achados obtidos por
Oliveira (2003) podemos observar uma maior prevalência no inverno, uma vez que foi relatado 57,70%
nos meses de janeiro a abril e 42,30% no período de julho a dezembro.
A figura 02 ilustra a indústria com o maior índice de animais positivos, sendo esta representada
pelo frigorífico B, que teve 77 (0,1%) carcaças condenadas de 74.397 bovinos abatidos. O frigorífico A
registrou 44 (0,09%) condenações de 46.743 carcaças inspecionadas.
De um total de 121 bovinos com LSB, o estabelecimento B foi o que deteve o maior número de
animais positivos, apresentando 63% contra 37% do estabelecimento A. Esse índice manteve-se
elevado tanto no segundo período de 2007 quanto no primeiro de 2008, havendo sempre fêmeas em
maior quantidade como mostrado na tabela anterior.
Frig. A
Frig. B
Figura 02 - Análise do abatedouro-frigorífico com o maior e menor número de LSB, no período de 12 meses
de registro.
Os dados encontrados em ambos os abatedouros estudados neste trabalho estão de acordo
com os citados por Corrêa (2006) e Oliveira (2003), onde o primeiro autor relatou, através dos mapas de
inspeção dos dois abatedouros sob o SIE em castanhal, 130 (0,1%) casos positivos de 102.308 bovinos
abatidos; o segundo autor obteve em um matadouro de Belém, um total de 0,1% de 52.035 animais
abatidos. É importante salientar que este último autor empregou, para triagem, o “card test” e utilizou
como teste confirmatório a prova lenta em tubo e a do 2 – Mercaptoetanol.
No período de 12 meses (julho de 2007 a junho de 2008) de registro, 121.140 bovinos
procederam de três mesorregiões (sudeste, sudoeste e nordeste) do estado do Pará, que detem os 37
36
26
municipios de origem dos animais abatidos na cidade de castanhal. Desse total, 121 (0,1%) animais,
distribuidos entre os dois abatedouros em estudo, apresentaram LSB.
De acordo com os municípios e regiões de origem dos animais positivos, observou-se que a
região Sul/Sudeste detem a maior quantidade de animais com LSB, apresentando 51 (42%) casos. Em
seguida vem a região Nordeste, que concentra o maior número de municipios de procedência dos
animais com 42 (35%) e região Sudoeste com 28 (23%) casos (Tabela 03).
Tabela 03 - Distrubuição de frequencia das LSB em bovinos abatidos nos frigoríficos A e B, segundo as
regiões e municipios de orígem.
Região
Sudeste
Nordeste
Sudoeste
Total
Município
Novo Repartimento
Bom Jesus
Goianésia
Tucuruí
Rio Maria
Dom Elizeu
Ulionópolis
Itupiranga
Rondon
Marabá
S.J do Araguaia
Breu Branco
Sta Maria
Castanhal
Sta Isabel
Mãe do Rio
Capitão Poço
Irituia
Aurora
Acará
N. E. Piria
S.Miguel Guama
Ipixuna
Viseu
Garrafão
Sto A. Taua
Tomé-Açu
Maracanã
Igarapé-Açu
Sta Luzia
Moju
Tailândia
Capanema
Inhagapi
Pacaja
Anapu
Vitória do Xingu
Nº animais
32
5
3
2
1
1
1
1
2
1
1
1
1
4
1
9
5
3
3
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
14
11
3
121
37
27
Prevalência Total
26,44%
4,13%
2,47%
1,65%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
1,65%
0,82%
0,82%
0,82%
42%
0,82%
3,30%
0,82%
7,43%
4,13%
2,47%
2,47%
0,82%
0,82%
0,82%
1,65%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
0,82%
35%
11,57%
9,09%
2,47%
23%
100%
O índice de infecção encontrado na região sudeste (42% ), neste estudo é inferior aos resultado
obtidos por Freitas e Oliveira (2005) na mesma localizção geográfica (53,85%); porém no nordeste do
estado estes autores relataram uma taxa de 3,85% , diferindo dos resultados deste estudo que foi de
23%. Esta região deteve o maior número de cidades que abasteceram os frigoríficos em estudo, sendo a
proximidade entre estes e os municípios de procedência dos animais, o fator resoponsável pela alta
prevalência.
A figura 03 apresenta a industria A e municiopios fornecedores de animais para o abate, bem
como seus respectivos índices de carcaça com LSB. Foi observada a seguinte distribuição: Novo
Repartimento 10 (23%), Anapu 7 (16%), Pacaja 6 (13%), Goianésia 3 (7%), Capitão Poço 4 (9%) Irituia 2
(4%), Castanhal 2 (4%) e a soma de outras localidades foi de 10 (23%) animais, sendo um para cada
cidade.
Indústria A
Figura 03 - Prevalência das LSB em bovinos abatidos no frigorífico A, segundo as suas
procedências.
As cidades de Novo Repartimento (sudeste), Anapu e Pacajá (sudoeste), foram as que mais
apresentaram animais com LSB, sendo que os três municípios estão bastante próximos um do outro. A
cidade de Goianésia apresentou uma prevalência de 7% neste abatedouro, resultdo superior ao de
Oliveira (2003), que obteve 5,77% em um babatdouro da região metropolitana de Belém.
38
28
A figura 04 apresenta a industria B e municiopios fornecedores de animais para o abate, bem
como seus respectivos índices de carcaça com LSB. De acordo com os mapas de inspeção post
mortem, o município de Novo Repartimento apresentou 22 (29%) casos, seguido de Pacaja 8 (10%),
Mãe do Rio 9 (12%), Bom Jesus 5 (6%), Anapu 4 (5%), Vitória do Xingu 3 (4%), Aurora 3 (4%) Ipixuna 2
(3%), Tucurui 2 (3%) e Castanhal 2 (3%). A soma de outras localidades correspondeu a 16 (21%)
animais, cuja proporção foi de um para cada município.
A cidade de NR continuou apresentando o maior índice de animais positivos neste abatedouro,
Pacajá veio logo após Mãe do Rio (Nordeste). Estes dados informam o grau de infecção dos animais
procedentes das cidades visinhas (pacaja e NR), sendo elas as responsáveis pelo alta taxa de animais
com LSB.
Indústria B
Figura 04 - Prevalência das LSB em bovinos abatidos no frigorífico B segundo as suas procedências.
39
29
Observando o Gráfico 01 verifica-se que a cidade de Novo Repartimento, deteve o maior índice
de animais com lesões características da doênça, sendo de 32 (26,44%). Na sequencia está Pacaja e
Anapú, com 14 (11,5%) e 11 (9,09%), respectivamente; Mãe do Rio 9 (7,43%); Bom Jesus 5 (4,13%);
Capitão poço 5 (4,13%); Castanhal 4 (3,3%); Irituia, Vitória do Xingu, Goianésia e Aurora apresentaram o
mesmo número de animais positivos, 3 (2,47%). Ipixuna, Tucuruí e Rondon, também estiveram no
mesmo nível com 2 (1,65%) casos. A prevalência de casos nas demais localidades, foram inferiores a
0,1% não sendo ilustradas no gráfico.
Gráfico 01 - Demonstração dos municipios que apresentaram a maior procedência de animais positivos em
ambos os frígoríficos estudados.
Os resultados informam que as cidades de NR, Pacaja e Anapu mantiveram os altos índices de
animais positivos em ambos os abatedouro-frigoríficos, onde juntas as mesmas representaram 47,03%
do total de animais positivos. Apesar do municipio de NR estar em região diferente (sudeste), sua
localização é de fronteira com a cidade de Pacajá, que está no Sudoeste do estado (figura 05). Estes
dados sugere que as três cidades formam um “cordão” com altas taxas de positividade para brucelose
bovina.
Em relação ao nordeste do estado o município de Mãe do Rio foi o que apresentou a maior
prevalência da doênça (7,43%). A taxa de incidência em Rondon foi de 2,47%, enquanto que Oliveira
(2003) notificou 3,85% de prevalência nesta cidade; em Aurora os índices encontrados neste estudo
foram um pouco maior (2,47%) que os deste autor (1,92%).
40
30
O mapa do Pará mostra os municípios de Vitória do Xingu, Anapú, pacajá e Novo repartimento,
sendo estas as cidades do sudoeste do estado de onde procederam o maior número de vacas com LSB.
Verifica-se que o município de Novo Repartimento está localizado as proximidades da cidade de Pacajá,
que por sua vez é fronteira com Anapú cuja localização fica as proximidades de Vitória do Xingu, o qual
deteve três casos notificados neste estudo.
Figura 05 - Mapa do estado do Pará ilustrando a região Sudoeste e sudeste (NR), com as cidades que
apresentaram a maior prevalência de positividade.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Para_Meso_SudoesteParaense.svg
(Adaptado por Araújo 2008).
41
31
6 - CONCLUSÃO
A realização deste estudo no município de castanhal foi de grande significância para se ter
conhecimento do índice de positividade dos bovinos abatidos nesta cidade, bem como da procedência
destes animais. Verificou-se que o número de animais abatidos de 2006 a 2008 nos frigoríficos A e B
cresceu gradualmente e a taxa de prevalência da brucelose se manteve em 0,1%. Entende-se que estes
resultados são reflexos das medidas tomadas pelo programa nacional de erradicação da brucelose e
tuberculose.
As fêmeas representaram o maior número de abatimentos e o grupo de alta ocorrência de
positividade nos dois abatedouros pesquisados. As cidades de Novo Repartimento, Pacajá e Anapú,
foram as que mais apresentaram animais com LSB, mostrando que as regiões sudoeste e sul detêm
uma grande quantidade de animais infectados.
É preciso que haja preocupação das autoridades responsáveis pelos municípios de procedência
dos animais infectados, para ter iniciativas e evitar o risco de transmissão à população humana e animal;
deve ser estabelecido medidas sanitárias essenciais para mostrar o perigo que representa o consumo de
leite cru e infectado por Brucella abortus.
O controle da doença pode consistir na adoção de programa com especial atenção à exploração
do tipo corte, à raça Zebu e à presença do aborto.
E necessário que as cidades informem sua
população sobre educação sanitária, bem como utilizar meios de comunicação para incentivar o uso da
vacina B19 que objetiva baixar a taxa de infecção em zonas de alta prevalência, propiciando a
erradicação da doença para aumentar sanidade e lucratividade na pecuária local. Deste modo, os
projetos de extensão universitária, associados aos programas de extensão rural em parcerias com os
sindicatos e órgão do governo, precisam está integrado e participando efetivamente do cotidiano da
comunidade rural.
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Claudemir de Araújo silva Francisco Danilo de Aguiar Oliveira