1 UNESP – CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA CURSO DE AGRONOMIA – DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA e ZOOTECNIA DISCIPLINA: ANATOMIA E FISIOLOGIA ANIMAL INTRODUÇÃO À ANATOMIA E FISIOLOGIA ANIMAL 1. Introdução A anatomia é o estudo da forma e da estrutura do corpo, pré-requisito indispensável para o estudo da fisiologia dos órgãos. O termo anatomia significa (anatome = cortar em partes, cortar separando) refere-se ao estudo da estrutura e das relações entre estas estruturas) e foi usado pelos primeiros anatomistas durante a dissecação de cadáveres. A fisiologia (physis + lógos + ia) lida com as funções das partes do corpo, isto é, como elas trabalham. Ao contrário da anatomia que se preocupa primeiramente com a estrutura, a fisiologia é o estudo da integração das funções do corpo e das funções de todas as suas partes (células, tecidos, órgãos e sistemas). A função não deve ser separada completamente da estrutura, por isso nesta disciplina estuda-se a anatomia e a fisiologia do corpo do animal em conjunto. A mera descrição de uma estrutura é de pouco valor sem a informação sobre a sua ação e da mesma forma é impossível entender a função sem o conhecimento básico da estrutura envolvida (Frandson e Spurgeon, 1992). A ciência da anatomia tornou-se tão extensa que foi dividida em vários ramos especializados e de acordo com o Dorland’s Medical Dictionary existem 30 subdivisões. Assim, a anatomia macroscópica estuda a forma e relações das estruturas do corpo a olho nu, enquanto na anatomia microscópica o estudo de tecidos é denominado histologia e o das células citologia ambas com a ajuda de um microscópio. Anatomia comparativa, por sua vez, é o estudo de estruturas de várias espécies de animais, especialmente para aquelas características que auxiliam na classificação. Embriologia é o estudo do desenvolvimento anatômico, desde o período da concepção até o parto. O mais recente desenvolvimento no estudo da anatomia é a citologia ultraestrutural que utiliza o microscópio eletrônico para visualizar partes de tecidos ou células. A anatomia macroscópica que estuda a forma e relações das estruturas do corpo a olho nu, pode ser estudada de duas formas: 1. Anatomia sistemática ou descritiva, que estuda os vários sistemas separadamente e 2. Anatomia topográfica ou cirúrgica, que estuda todas as estruturas de uma região e suas relações entre si. Aqui o interesse é para a anatomia sistemática e no estudo de cada sistema é acrescentado o sufixo “logia” que significa “ramo do conhecimento ou ciência” a palavra raiz referindo-se ao sistema, conforme a tabela 1. Tabela 1. Nomenclatura para anatomia sistemática. Sistema Nome do estudo Sistema tegumentar Dermatologia Sistema esquelético Osteologia Sistema articular Artrologia Sistema muscular Miologia Sistema digestório Esplancnologia Sistema respiratório Esplancnologia Sistema urinário Esplancnologia Sistemas reprodutores Esplancnologia Sistema circulatório Angiologia Sistema endócrino Endocrinologia Sistema nervoso Neurologia principais estruturas Pele Ossos Articulações Músculos Estômago e intestinos Pulmões e passagens aéreas Rins. Bexiga Testículos e ovários. Coração e vasos sanguíneos Glândulas sem ductos. Encéfalo, medula espinhal. 2 2. Organização geral O corpo é composto de níveis complexos e crescentes de organização estrutural. O nível químico inclui os átomos e moléculas necessárias para manter a vida. As substâncias químicas são constituídas de átomos, a menor unidade de matéria, e alguns deles, como o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O), o nitrogênio (N), o cálcio (Ca), o potássio (K) e o sódio (Na) são essenciais para a manutenção da vida. Os átomos combinam-se para formar moléculas; dois ou mais átomos unidos. Exemplos familiares de moléculas são: água, proteínas, carboidratos, lipídeos e ácidos nucléicos. O nível celular consiste de células que são as unidades básicas estruturais e funcionais do corpo. O nível tecidual combina células similares e substâncias próximas em grupos que trabalham juntas. O nível de órgãos organiza diferentes tipos de tecidos - geralmente em formas conhecidas - para realizar funções especiais. O nível de sistema consiste de diferentes tipos de órgãos arranjado para realizar funções complexas. O nível de organismo, o mais elevado dos níveis e onde todas as estruturas dos níveis anteriores trabalham como um ser vivo e funcional (Grindel et al, 1997). 2.1 Células Todos os seres vivos, sejam plantas ou animais, são construídos a partir de unidades pequenas chamadas células (Frandson e Spurgeon, 1992). O organismo humano ou do animal tem origem a partir de uma célula única, o óvulo fertilizado, que se divide em outras duas, as quais por sua vez resultam em outras quatro, e assim por diante prosseguem as repetidas divisões celulares, aumentando o número de unidades no embrião em desenvolvimento. Se a multiplicação celular fosse um único evento, o resultado final seria a formação de uma massa esférica de células idênticas. Todavia outros processos ocorrem simultaneamente e fazem com que as células do embrião se tornem alteradas e dispostas em uma variedade de configurações. A diferenciação celular é um processo onde células idênticas durante os estágios iniciais de desenvolvimento sofrem não somente alterações anatômicas, mas também adquirem propriedades funcionais especializadas, como ocorre nas células nervosas ao conduzirem sinais elétricos. Outros processos no desenvolvimento embrionário incluem a migração celular para novas localizações e a adesão seletiva de vários tipos de células. Desta maneira, as células do organismo tornam-se arranjadas em várias combinações, para formar uma hierarquia de estruturas organizadas. As células diferenciadas de um mesmo tipo são organizadas em tecidos, enquanto diferentes tecidos são combinado para formar órgãos, os quais se reúnem para constituir os sistemas de órgãos. Aproximadamente 200 espécies distintas de células podem ser identificadas no organismo humano. Muitas delas, no entanto, realizam funções gerais semelhantes: por exemplo, as células musculares esqueléticas, as cardíacas e as lisas, apesar de distintas umas das outras, todas tem a habilidade especial para gerar forças. Conseqüentemente, estes três tipos de células compreendem juntamente uma categoria funcional especializada – o músculo. Na dependência do tipo de função geral que desempenham, ou em alguns casos por suas origens embrionárias, quatro categorias de células diferenciadas são reconhecidas, tendo cada uma delas um número de variações relacionadas a um tema comum 1- células musculares, 2- células nervosa, 3- células epiteliais, e 4 - células do tecido conjuntivo. As células musculares geram forças e produzem movimento. Elas podem estar unidas aos ossos e produzir movimento dos membros ou do tronco, ou podem circundar cavidades e de tal modo que sua contração expulsa os conteúdos das mesmas, como no caso do coração ou da eliminação de urina da bexiga. As células musculares são também encontradas em muitos órgãos tubulares dos organismos, e sua contração modifica os diâmetros dos mesmos, como no caso das células musculares lisas que circundam os vasos sanguíneos. As células nervosas têm a habilidade de iniciar sinais elétricos e de propagá-los ao longo de seu processo, que se prolongam de uma a outra área do organismo. O sinal elétrico pode iniciar um segundo sinal em outra célula nervosa e, desta maneira, passar informação de uma para outra célula nervosa, ou pode dar inicio a secreção em célula glandular ou a contração em uma célula muscular. Assim, as células nervosas fornecem um dos principais meios de controle da atividade de outras células. As células epiteliais estão localizadas nas superfícies que revestem o organismo ou órgãos individuais, ou nas paredes de diversas estruturas tubulares e ocas no interior do corpo. Estas células constituem os limites entre compartimento e funcionam como barreiras seletivas que regulam a permuta 3 de moléculas através destas superfícies. Por exemplo, as células epiteliais na superfície da pele formam uma barreira que impede que a maioria das substâncias do meio externo penetrem no organismo; os revestimentos epiteliais dos pulmões, do trato gastrintestinal e do rim regulam a troca de moléculas entre o sangue e o ambiente. A célula do tecido conjuntivo, como sugere sua denominação, tem como principal função unir, sustentar e apoiar as estruturas do organismo. Alguns tipos de células do tecido conjuntivo formam uma frouxa malha de células e fibras subjacentes da maioria das camadas epiteliais, mas outros tipos tão diversos, como os das células que armazenam gorduras (células adiposas), as dos ossos, as vermelhas e brancas do sangue também pertencem a esta categoria. Muitas das células do tecido conjuntivo secretam no fluido que as circundam moléculas que formam uma matriz, que consiste em vários tipos de fibras embebidas em uma substância fundamental. Esta matriz pode variar em consistência, desde um gel semifluido até um sólido cristalino da estrutura óssea. As fibras extracelulares formadas por estas células incluem os tendões e ligamentos inelásticos que unem ossos entre si ou com os músculos, como também a fibras de elastina, semelhantes a tiras de borracha, que conferem as propriedades elásticas encontradas em vários órgãos. Elementos do tecido conjuntivo são encontrados distribuídos em todos os órgãos do organismo, muitas vezes sob a forma de uma fina rede de fibras, que proporciona a matriz de sustentação na qual se apóiam outros tipos de células. 2.2 Tecidos As maiorias das células diferenciadas no organismo são organizadas em grupos celulares do mesmo tipo. Tais agregados de células similares formam unidades multicelulares, que são conhecidas como tecidos. Corresponde às quatro categorias gerais dos tipos de células diferenciadas, existem quatro classes gerais de tecidos: 1- tecido muscular, 2- tecido nervoso, 3- tecido epitelial 4 – tecido conjuntivo. Deve-se notar que o termo “tecido” é empregado comumente para denotar a estrutura celular geral de qualquer órgão, com, por exemplo, tecido renal, tecido pulmonar, e outros, cada um dos quais é em realidade constituído de todos o quatro tipos especializados de células. De forma simplificada tem-se: Tecido Função Epitelial Revestimento Conjuntivo Preenchimento Muscular Movimentação Nervoso Integração 2.3 Órgãos Os órgãos são compostos de quatro classes de tecidos arranjados em lâminas, tubos, camadas, feixes, tiras etc. Por exemplo, o intestino é um órgão tubular longo e oco cuja superfície interna é revestida com uma camada de células epiteliais. Subjacente e ligada a estas células, há uma fina camada de material extracelular protéico conhecido como membrana basal, abaixo desta há uma camada de tecido conjuntivo através do qual passam os vasos sanguíneos e os feixes de fibras nervosas. As glândulas formadas pela invaginação da camada epitelial superficial estão também localizadas nesta lâmina de tecido conjuntivo e estão ligadas através de dutos com a superfície luminal do trato intestinal. Circundando a camada de tecido conjuntivo, há uma de células muscular, lisa cuja atividade contrátil confere ao órgão forças para mover os conteúdos luminais ao longo do tubo digestivo. Finalmente, circundando todo órgão há tecido conjuntivo, que o fixa ao outras estruturas. Muitos órgãos são compostos de grande número de subunidades similares, sendo a função total dos mesmos o resultado da somatória das contribuições feita por cada uma delas. Por exemplo, os rins consistem em dois milhões de unidades funcionais similares conhecidas como nefro. Cada nefro é um tufo de capilares e um tubo contorcido de células epiteliais circundada por uma camada de tecido conjuntivo que encerra os vasos sanguíneos e nervos. A urina é formada pelo movimento de moléculas através dos capilares e células epiteliais. O volume total de urina excretada pelos rins é a soma das quantidades formada por cada um dos nefros. 2.3.1 Origem embriológica 4 Quanto à origem, os órgãos podem ser classificados em homólogos ou análogos. Diz-se que dois órgãos são homólogos quando possuem a mesma origem embriológica, mas diferentes funções, como, por exemplo, os membros superiores do homem e as asas dos pássaros. A analogia, por sua vez, acontece quando dois órgãos têm funções semelhantes e diferentes origens embriológicas, como ocorre com os pulmões humanos e as guelras dos peixes. 2.4 Sistemas de órgãos O sistema de órgãos é uma coleção de órgãos que juntamente servem a uma função global. Por exemplo, os rins, a bexiga e os tubos que os unem, mais aquele que da bexiga se orienta ao exterior, constituem o sistema urinário (Fig.1). Figura 1. Níveis de organização estrutural do corpo humano. Os sistemas de órgãos são: tegumentar, músculo-esquelético, respiratório, circulatório, digestório, reprodutor, urinário, endócrino, nervoso. Tegumentar - Componentes: Pele (cútis) e suas estruturas derivadas ou anexos cutâneos, como pêlo, unhas e glândulas sebáceas e sudoríparas. 5 Função: Auxilia a regular a temperatura corporal, protege o corpo, elimina resíduos, auxilia na produção de vitamina D, recebe certos estímulos tais como temperatura, pressão e dor. Esquelético - Componentes: Todos os ossos do corpo, suas cartilagens associadas e articulações. Função: Sustenta e protege o corpo, auxilia nos movimentos corporais, aloja células que produzem as células sanguíneas, armazena minerais. Muscular - Componentes: Refere-se ao tecido muscular esquelético, em geral fixado a ossos (outros tecidos musculares são o liso e o cardíaco). Função: Participa na execução de movimentos, mantém a postura, produz calor. Respiratório - Componentes: Pulmões e vias aéreas associadas, como a faringe, a laringe, a traquéia e os brônquios, que comunicam os pulmões. Função: Fornece oxigênio, elimina dióxido de carbono, auxilia a regular o equilíbrio ácido-básico do corpo, auxilia na produção de sons da voz. Cardiovascular - Componentes: coração e vasos sanguíneos. Função: Distribui oxigênio e nutrientes às células, transporta dióxido de carbono e resíduos das células, auxilia na manutenção do equilíbrio ácido-básico do corpo, protege contra doenças, previne hemorragias pela formação de coágulos sanguíneos, auxilia na regulação da temperatura corporal. Digestório - Componentes: Boca, esôfago, estômago e intestinos. Um tubo longo chamado de trato gastrintestinal e seus órgãos acessórios, tais como glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas. Função: Degrada e absorve alimentos para utilização pelas células, elimina resíduos sólidos e outros. Reprodutor - Componentes: Órgãos (testículos e ovários) que produzem células reprodutivas (espermatozóides e óvulos) e outros órgãos que transportam, armazenam e nutrem células reprodutivas (vagina, tubas uterinas, útero, ducto deferente, uretra, pênis). Função: Reproduz o organismo e produz hormônios que regulam o metabolismo. Urinário - Componentes: Rins, ureteres, bexiga urinária e uretra que, em conjunto, produzem, armazenam e eliminam a urina. Função: Regula o volume e a composição química do sangue, elimina resíduos, regula o equilíbrio e o volume de fluidos e de eletrólitos, auxilia na manutenção do equilíbrio ácido-básico do corpo, secreta um hormônio que auxilia na regulação da produção de células sanguíneas vermelhas. Endócrino - Componentes: Todas as glândulas e tecidos que produzem hormônios que são mensageiros químicos reguladores das funções do corpo. São exemplos de glândulas endócrinas: hipófise, tireóide, timo, adrenais, pâncreas, testículos, ovários. Função: Regula as atividades do corpo por meio de hormônios transportados principalmente pelo sangue no sistema cardiovascular, aos órgãos-alvo. Nervoso - Componentes: Encéfalo, medula espinhal, nervos, gânglios e terminações nervosas. Função: Regula as atividades corporais por meio de impulsos nervosos, detectando mudanças no ambiente, interpretando-as e respondendo às mesmas, causando contrações musculares ou secreções glandulares. 2.5 Aparelhos A unidade fundamental do corpo é a célula. A união de diversas células de mesma função dá origem aos tecidos. A união de diversos tecidos origina os órgãos, que por sua vez originam os sistemas. Embora o corpo seja o resultado da integração de todos os sistemas, há alguns sistemas que, devido às relações mais intimas no desenvolvimento (embriologia), na situação (topográfica), na função (fisiologia), e devido a fatores didáticos, podem ser associados ou agrupados, caso em que recebem o nome de aparelho. Os aparelhos, grupos de dois ou mais sistemas, são os seguintes: 6 1. 2. 3. 4. 5. 6. Aparelho ósteo-articular (sistema esquelético, sistema articular). Aparelho locomotor (sistema esquelético, sistema articular, sistema muscular). Aparelho da nutrição (sistema respiratório, sistema digestório, sistema endócrino). Aparelho urogenital (sistema urinário, sistema genital masculino/feminino). Aparelho reprodutor (sistema genital feminino/masculino, sistema tegumentar “mamas”). Aparelho neuro-endócrino (sistema nervoso, sistema endócrino). 3. Cavidades do Corpo. Cavidades do corpo são os espaços do corpo que contêm os órgãos internos. As cavidades ajudam a proteger, isolar e sustentar os órgãos internos. As duas principais cavidades do corpo: dorsal e ventral podem ser visualizadas abaixo (Fig. 2). Figura 2. Cavidades do corpo humano. A cavidade dorsal está localizada próxima à superfície posterior ou dorsal do corpo. Ela é composta por uma cavidade craniana, formada pelos ossos cranianos e contém o encéfalo e suas membranas (chamadas de meninges), e por um canal vertebral que é formado pelas vértebras (ossos individuais) da coluna vertebral e contém a medula espinhal e suas membranas (também chamadas de meninges), bem como o começo (raízes) dos nervos espinhais. A cavidade ventral do corpo está localizada na porção anterior ou ventral (frontal) do corpo e contém órgãos coletivamente chamados de vísceras. Como a dorsal, a cavidade ventral do corpo tem duas subdivisões principais - uma porção superior, chamada de cavidade torácica, e uma porção inferior, chamada de cavidade abdominopélvica. O diafragma (diaphragma = partição ou parede), uma camada muscular em forma de domo e importante músculo da respiração divide a cavidade ventral do corpo em cavidades torácica e abdominopélvica. A cavidade torácica contém duas cavidades pleurais em torno de cada pulmão, e a cavidade pericárdica (peri = em volta; cardi = coração), espaço em torno do coração. O mediastino (medias = meio; stare = parar, estar), na cavidade torácica, contém uma massa de tecidos entre os pulmões que se estende do osso esterno à coluna vertebral. O mediastino inclui todas as estruturas na cavidade torácica, exceto os próprios pulmões. Entre as estruturas localizadas no mediastino estão o coração, o timo, o esôfago, a traquéia e muitos grandes vasos sanguíneos, como a aorta. A 7 cavidade abdominopélvica, como o nome sugere, está dividida em duas porções, embora nenhuma estrutura específica as separem. A porção superior, a cavidade abdominal, contém o estômago, o baço, o fígado, a vesícula biliar, o pâncreas, o intestino delgado e a maior parte do intestino grosso. A porção inferior, a cavidade pélvica, contém a bexiga urinária, porções do intestino grosso e os órgãos genitais internos. A cavidade pélvica está localizada entre dois planos imaginários, que estão indicados pelas linhas tracejadas da Figura 2. Um resumo das cavidades do corpo está abaixo. 1. Dorsal RESUMO DAS CAVIDADES DO CORPO 1.1. Formada pelos ossos cranianos e contém o encéfalo e seus Craniana revestimentos. 1.2 Formada pela coluna vertebral e contém a medula espinhal e Vertebral o início dos nervos espinhais. 2. Ventral 2.1. Torácica Cavidade torácica, separada da cavidade abdominal pelo diafragma. 2.1.1. Pleural 2.1.2. Pericárdica 2.1.3 Mediastino 2.2 Abdominopélvica Contém os pulmões Contém o coração Região entre os pulmões desde o esterno ate a coluna vertebral e contém o coração, o timo, o esôfago, a traquéia, os brônquios, grandes vasos sanguíneos e linfáticos. Subdividida em cavidades abdominal e pélvica. 2.2.1 Abdominal 2.2.2 Pélvica Contém o estômago, o baço, o fígado, a vesícula biliar, o pâncreas, o intestino, delgado, e a maior parte do intestino grosso. Contém a bexiga urinaria as porções do intestino grosso, e os órgãos genitais internos femininos e masculinos. 4. Termos de relação anatômica A Anatomia, como ciência, tem sua linguagem própria (Fig. 3 e 4) e, ao conjunto de termos empregados para indicar o descrever as partes do organismo, dá-se o nome de Nomenclatura Anatômica. Os termos de relação anatômica são: Inferior ou caudal: mais próximo dos pés; Superior ou cranial: mais próximo da cabeça; Anterior ou ventral: mais próximo do ventre; Posterior ou dorsal: mais próximo do dorso; Proximal: mais próximo do ponto de origem; Distal: mais afastado do ponto de origem; Medial: mais próximo do plano sagital mediano; 8 Lateral: mais afastado do plano sagital mediano; Superficial: mais próximo da pele; Profundo: mais afastado da pele; Homolateral ou ipsilateral: do mesmo lado do corpo; Contra-lateral: do lado oposto do corpo; Holotopia: localização geral de um órgão no organismo. Ex: o fígado está localizado no abdome. Sintopia: relação de vizinhança. Ex: o estômago está abaixo do diafragma, à direita do baço e a esquerda do fígado; Esqueletopia: relação com esqueleto. Ex: coração atrás do esterno e da terceira, quarta e quinta costelas; Idiotopia: relação entre as partes de um mesmo órgão. Ex: ventrículo esquerdo adiante e abaixo do átrio esquerdo 9 Figura 3 Vista anterior do corpo humano com nomes comuns e termos anatômicos. 10 Figura 4. Vista posterior do corpo humano com nomes comuns e termos anatômicos. 11 5. Termos e planos direcionais anatômicos De acordo com a posição bipedal ou quadrupedal utilizam-se termos direcionais anatômicos diferentes (fig.5) Figura 5 Termos de direção para o ser humano (bípede) e animais domésticos quadrúpedes. Na posição anatômica, o corpo humano está ereto e olhando para frente, com os braços abaixados de cada lado, com as palmas das mãos para frente e pode ser dividido por três eixos imaginários: 1. o eixo vertical ou longitudinal que une a cabeça aos pés. 2. o eixo de profundidade ou ântero-posterior, que une o ventre ao dorso. 3. o eixo de largura ou transversal, que une o lado direito ao lado esquerdo. No momento em que um eixo projeta-se sobre o outro têm-se um plano. Existem três planos principais (Fig.6): 1. O plano sagital mediano, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do eixo longitudinal na linha mediana, dividindo o corpo em duas metades aparentemente simétricas a direita e a esquerda, denominadas antímeros direito e esquerdo; 2. o plano transversal ou horizontal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do eixo antero-posterior. Divide-o em duas metades: superior e inferior Uma série sucessiva de planos transversais divide o corpo em segmentos denominados metâmeros; 3. o plano frontal ou coronal, formado pelo deslocamento do eixo transversal ou de largura ao longo do eixo longitudinal, dividindo o corpo em porções anterior e posterior (frente e atrás) chamadas de paquímeros. 12 Figura 6. Eixos e planos do corpo humano Os três planos do corpo do animal podem ser vistos também no corpo do animal quadrúpede. (Fig.7) Figura 7. Termos direcionais e planos no corpo ao animal. As áreas tracejadas e escuras são o carpo (membro torácico) e o tarso (membro pélvico) O plano geral de construção do corpo animal obedece as seguintes características fundamentais de construção de um vertebrado: antimeria e metameria, além da paquimeria e estratificação Antimeria - O corpo animal apresenta-se formado por metade direita e esquerda, em 13 referência ao plano sagital mediano.As metades, denominadas antímeros, são semelhantes ou simétricas morfológica e funcionalmente, donde dizer-se haver uma simetria bilateral no corpo animal. Porém, na realidade, não há uma simetria perfeita porque não existe correspondência exata de todos os órgãos. Nota-se assim, uma assimetria que surge secundariamente, pois no início do desenvolvimento e mais evidente a simetria bilateral, e só com o desenvolver do individuo é que em grande parte, esta se perde. Assim, as hemifaces de um mesmo indivíduo não são idênticas; há uma diferença de altura dos ombros; o comprimento dos membros não é exatamente igual à direita é a esquerda. Os órgãos profundos possuem assimetrias evidentes: o coração encontra-se deslocado para a esquerda; o fígado quase todo está a direita e o baço pertence ao antímero esquerdo; o rim direito está em nível inferior ao esquerdo (nos animais é inverso). Todos êsses exemplos de assimetria morfológica. O predomínio no uso do membro superior direito, no homem, que constitui o destrismo, na maioria dos indivíduos, é um exemplo de assimetria-funcional. Metameria - o tronco acha-se dividido em segmentos semelhantes, que se dispõem cm série longitudinal, denominadas metâmeros, limitados por planos transversais. Também a metameria é mais evidente nas primeiras fases do desenvolvimento do que no adulto. As vertebras são exemplos de órgãos metaméricos. Paquimeria - O segmento axial do corpo animal, ou tronco, é construído, esquematicamente, por dois tubos, um ventral, maior, visceral, e outro dorsal, neural. Todas as partes que limitam ou são contidas nesses tubos pertencem aos correspondentes segmentos ventral - paquímero ventral - ou dorsal paquímero dorsal. Os dois tubos e os respectivos órgãos são envolvidos por uma capa comum que é o manto cutâneo ou tegumentar. Estratificação - O corpo animal é construído em camadas. Assim, os músculos formam camadas concêntricas ou sobrepostas, e os constituintes da pele, dos vasos, das vísceras, dispõem-se em camadas sucessivas. Um órgão próximo da pele, encontrando-se fora da lâmina conetiva de contenção ou envoltura dos músculos é superficial (veias superficiais); estando, situado dentro dessa lâmina diz-se que o profundo (osso).