UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE BIOLOGIA DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA CURSO DE ZOOTECNIA ANATOMIA DOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO II Regente: Professora Dra Ana Cristina Pacheco de Araújo Colaboradores: Professor Dr. Althen Teixeira Filho Professora Dra Ana Luisa Valente PELOTAS, 2010 2 SUMÁRIO 1) Introdução.............................................................................................................. 03 2) Anatomia do Sistema Nervoso.............................................................................. 04 3) Esplancnologia Geral dos Mamíferos: 3.1) Cavidades Corporais.......................................................................................... 17 3.2) Anatomia Comparada do Sistema Respiratório.............................................. 20 3.3) Anatomia Comparada do Sistema Circulatório e Linfático........................... 25 3.4) Anatomia Comparada do Sistema Digestório ................................................. 31 3.4.1) Estômago Unicavitário (Eqüino e Suíno)....................................................... 33 3.4.2) Estômago Pluricavitário (Ruminante)........................................................... 36 3.4.3) Intestino Eqüino e Suíno................................................................................. 39 3.4.4) Intestino Ruminantes...................................................................................... 41 3.4.5) Glândulas Anexas do Sistema Digestório...................................................... 42 3.5) Anatomia Comparada do Sistema Urinário.................................................... 45 3.6) Anatomia Comparada do Sistema Reprodutor Masculino............................ 48 3.7) Anatomia Comparada do Sistema Reprodutor Feminino............................. 53 4) Aves: 4.1) Anatomia do Sistema Digestório...................................................................... 60 4.2) Anatomia do Sistema Respiratório.................................................................. 64 4.3) Anatomia do Sistema Genital Masculino........................................................ 67 4.4) Anatomia do Sistema Genital Feminino.......................................................... 69 Bibliografia consultada............................................................................................ 70 3 1) INTRODUÇÃO A anatomia é um ramo do conhecimento que estuda a forma, a disposição e a estrutura dos componentes dos seres vivos. O termo de origem grega significa “cortar fora, dissecar”, por isso que um cadáver é o meio mais tradicional de estudá-la, além de ser primordial. Nesta disciplina estudaremos a anatomia macroscópica, pois as estruturas poderão ser observadas a olho nu, e através da anatomia sistemática. Esta anatomia sistemática estuda os grupos de órgãos que estejam estreitamente relacionadas em suas atividades no corpo. A anatomia sistemática está dividida nas seguintes partes: - Osteologia: estuda os ossos que compõem o esqueleto. - Sindesmologia: estuda as articulações. - Miologia: estuda os músculos. - Neurologia: estuda o sistema nervoso: central e periférico. - Angiologia: estuda o coração e vasos (artérias, veia e linfático). - Esplancnologia: estuda as vísceras que compõem os sistemas localizados dentro do corpo. Ex: sistema digestório, respiratório, genital, tegumentar... - Estesiologia: estuda os órgãos do sentido, como olho e orelha. Termos anatômicos gerais que indicam a posição (local) e direção das partes do corpo dos animais. CRANIAL E CAUDAL: indica a direção ou a maior aproximação da cabeça ou cauda. DORSAL E VENTRAL: indica a direção próxima ao dorso ou ventre (abdomem). LATERAL E MEDIAL: estrutura distante ou afastada do plano mediano. ROSTRAL: na direção próxima ao focinho, usado somente na cabeça. PROXIMAL E DISTAL: próximo a raiz ou origem principal, utilizado em membros. PARIETAL E VISCERAL: parietal se refere a face da estrutura que está em direção a parede da cavidade, visceral se refere a face que está voltada para outra víscera. CORTICAL E MEDULAR: cortical é a camada mais externa e medular é a camada mais interna e têm relação com órgãos como os rins. INTERNO E EXTERNO, SUPERFICIL E PROFUNDO: tem o significado do termo. Nos membros: abaixo do carpo: dorsal e palmar; abaixo do tarso: dorsal e plantar. CONSTITUIÇÃO GERAL: O corpo dos vertebrados tem como unidade anátomo-funcional a célula. Um conjunto de células da mesma natureza forma um tecido. A união de tecidos diferentes forma um órgão. Diversos órgãos reunidos podem formar um sistema ou aparelho. Desenho esquemático mostrando os planos anatômicos. Fonte 3. 4 2) ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso compreende o encéfalo, medula espinhal e os nervos periféricos. Estes por sua vez conectam as várias partes do corpo ao encéfalo ou à medula espinhal. O sistema nervoso está constituído por dois tipos de substâncias: branca e cinzenta. SUBSTÂNCIA CINZENTA: formada, em sua maior parte, por corpos de neurônios, é o local onde se encontram os “comandos” do sistema nervoso central, ou seja, executam as atividades vitais. SUBSTÂNCIA BRANCA: formada, principalmente, por axônios de neurônios, constitui as vias de comunicação das diversas áreas de comando. Neurônio: é a unidade básica do sistema nervoso. É responsável pela produção e transmissão dos estímulos elétricos. Um neurônio unipolar apresenta dendritos que chegam ao corpo celular, onde se encontra o núcleo celular, trazendo os impulsos, esses são transmitidos ao axônio que por sinapses passam a informação ao próximo neurônio ou a um órgão efetor (músculo). neurônio Cel. de Schwann Fibra mielínica (nervos) dendritos Axônio (fibra nervosa) Corte transversal da medula espinhal torácica Corno dorsal Corno lateral Corno ventral Cadeia latero-vertebral simpática Encéfalo sistema nervoso – plano geral Medula espinhal Cadeia latero-vertebral simpática 5 Encéfalo ... Sistema Nervoso Central (SNC) Medula espinhal Meninges: Duramáter, Aracnóide e Piamáter Periférico (SNP) Nervos cranianos Nervos espinhais com seus gânglios raquidianos Sistema nervoso autônomo: simpático Parassimpático Fonte 6 SISTEMA NERVOSO CENTRAL Encéfalo É à parte do SNC situado dentro da cavidade craniana, sua forma e tamanho adaptam-se perfeitamente ao interior da cavidade. Divisão anatômica 6 8 2 9 4 6 5 10 3 1 7 Vista lateral esquerda do encéfalo, imaginária. Mielencéfalo – medula oblonga (1) + primitivo Rombencéfalo (IV ventrículo) Cerebelo (2) Metencéfalo Ponte (3) Tecto mesencefálico - colículos Encéfalo Mesencéfalo (Aqueduto) rostral (4) caudal Pedúnculos cerebrais (5) Diencéfalo (III ventr.) Tálamo (6) Epitálamo (corpo pineal) Hipotálamo: hipófise (7) Prosencéfalo + evoluído Telencéfalo (Ventr. Lateral) Hemisférios cerebrais (8) Hipocampo (9) Rinencéfalo (10) 1) Rombencéfalo: cavidade IV ventrículo Mielencéfalo: MEDULA OBLONGA Apresenta-se como uma continuação direta da extremidade cranial da medula espinhal. É o centro da respiração e é responsável pela aprendizagem da atividade motora, ou seja, movimentos repetitivos tornam-se cada vez mais precisos e rápidos quanto maior for à repetição. Face ventral pirâmide e corpo trapezóide ajudam na parte motora e auditiva, respectivamente. Face dorsal apresenta-se quase inteiramente coberta pelo cerebelo 7 Metencéfalo: PONTE E CEREBELO PONTE: suas fibras transversais formam a via nervosa que une os hemisférios cerebrais aos hemisférios cerebelares. Só está presente nos mamíferos. CEREBELO: está dorsalmente a medula oblonga, forma o teto do IV ventrículo e está preso pelos pedúnculos cerebelares. O cerebelo supervisiona e regula todos os movimentos voluntários; determinando a extensão dos movimentos pela coordenação dos músculos envolvidos nestes movimentos. Supervisiona e influencia os movimentos involuntários que são necessários para restabelecer e manter o equilíbrio. Ainda mantém o tônus muscular normal. 5 4 1 3 2 5 2 1 1) 2) 3) 4) 5) 6) cerebelo medula oblonga pirâmide corpo trapezóide ponte medula espinhal 6 6 2) Mesencéfalo: canal aqueduto cerebral (comunica III com o IV ventrículo) Conecta o rombencéfalo com o cérebro anterior e está recoberto dorsalmente pelos hemisférios cerebrais. Dividem-se em tecto mesencefálico (colículos) e pedúnculos cerebrais. TECTO MESENCEFÁLICO: são quatro eminências arredondadas, situadas abaixo da porção caudal dos hemisférios cerebrais. Os colículos rostrais estão relacionados com a visão. Ex: o salto de ataque de um felino a uma presa, o salto do goleiro para pegar uma bola no ar (golpe de vista). Os colículos caudais estão relacionados com a audição. Ex: saltar instintivamente para longe de um estrondo, saltar para trás quando ouve barulho de freada de carro. Dependendo dos hábitos de cada animal, os colículos serão mais ou menos desenvolvidos. Ex: na toupeira, que vive em túneis escuros e não utiliza muito a visão, os colículos rostrais são atrofiados ou pequenos e os caudais são normais. No cão, em que a audição é muito desenvolvida, os colículos caudais são muito desenvolvidos enquanto os rostrais são normais. PEDÚNCULOS CEREBRAIS: representam a parte basal do mesencéfalo e em seu interior existe uma substância chamada de substância negra. Essa por sua vez reage à ação da dopamina (neurotransmissor, percussor da adrenalina e noradrenalina e é um estimulante do SNC) que, quando não atua sobre essa área, poderá ocasionar o “Mal de Parkinson”. 8 3 3 4 2 2 1 1 4 5 1) pedúnculos cerebrais 2) oculomotor (III par) 3) colículo rostral 4) colículo caudal 5) assoalho do IV ventrículo Nas vistas ventral e dorsal (sem cerebelo) do encéfalo do eqüino. 3) Prosencéfalo: Diencéfalo (cavidade III ventrículo) Telencéfalo (cavidade ventrículo lateral) Diencéfalo: 1) TÁLAMO: se localiza dorsalmente aos pedúnculos cerebrais, tem formato ovóide, na sua fusão temos a aderência intertalâmica (que ao redor dessa, encontramos um espaço circular, com formato de anel, que é o III ventrículo), é formado por vários núcleos de neurônios, é uma estação de reorganização dos estímulos vindos da periferia (dor, temperatura, tato e pressão, menos o olfato), tem ligação direta com o córtex cerebral e uma lesão (ou necrose) poderá levar a perda da sensação de dor do corpo do lado oposto. 2) EPITÁLAMO: PINEAL OU CORPO PINEAL OU GLÂNDULA PINEAL: fica dorsal ao tálamo, tem formato ovóide nos animais domésticos e coloração escura, é um órgão endócrino, cuja principal função é a secreção de melatonina. Essa por sua vez tem papel importante no ritmo circadiano (ritmo diário do corpo em 24hs, hora de acordar, dormir, comer... quando ficamos acordados toda noite desregulamos esse ritmo) e na indução do sono. Também controla o cio (estro), o crescimento de pêlos e penas, a muda das mesmas e a postura dos ovos. Com isso tem papel importante no ciclo reprodutivo sazonal de animais. É o “terceiro olho” ou olho primitivo na rã e em alguns répteis. 3) HIPOTÁLAMO: HIPÓFISE OU GLÂNDULA PITUITÁRIA: é uma glândula bastante desenvolvida, situada ao nível do hipotálamo e está em conexão com o mesmo por meio de um pequeno tubo de substância nervosa, chamado infundíbulo. É o centro principal do comando visceral, responsável pelas funções ditas animais como fome, sede e sexo. 9 A 11 12 13 6 5 12 7 1 8 9 4 10 14 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) cerebelo medula oblonga ponte pedúnculos cerebrais tecto mesencefálico glândula pineal aderência intertalâmica 2 3 8) aqueduto cerebral (mesencefálico) 9) III ventrículo 10) corpo mamilar 11) hemisférios cerebrais 12) corpo caloso 13) septo pelúcido 14) quiasma óptico B A: vista medial do encéfalo do eqüino B: vista ventral também de eqüino evidenciando a hipófise. 10 Telencéfalo: É a região mais desenvolvida do prosencéfalo e ocupa a maior parte da cavidade craniana. Compreende os dois hemisférios cerebrais, incluindo o córtex cerebral, os núcleos da base e o rinencéfalo. O córtex cerebral é o local em que os movimentos voluntários são iniciados, sensações tornam-se conscientes e funções superiores, semelhantes ao raciocínio e planejamento, são interpretadas. Profundamente ao córtex está um agregado de substância cinzenta denominados de núcleos da base, que são importantes na iniciação e na manutenção da atividade motora normal. HEMISFÉRIOS CEREBRAIS: são duas grandes massas de substância nervosa que ocupam a maior parte da cavidade craniana. Externamente observamos a presença de saliências (giros ou circunvoluções) e depressões (sulcos), que variam de número conforme a espécie (neopálio). Os hemisférios cerebrais estão separados pela fissura longitudinal e afastando-os com cuidado, observa-se uma massa branca, o corpo caloso, que faz a fusão entre eles. Rinencéfalo ou porção olfatória do cérebro: é a parte mais antiga dos hemisférios cerebrais, está relacionado basicamente com o olfato. Hipocampo: é uma circunvolução ao redor do tálamo e forma a parte caudal do assoalho do ventrículo lateral. É responsável pelo olfato e memória. 1) hipocampo 2) ventrículo lateral 1 2 Vista medial do encéfalo do eqüino. 1 3 4 2 4 3 2 1 Vista dorsal do encéfalo de ovino com secção frontal, passando pelo interior dos ventrículos laterais: 1) córtex cerebral 2) hipocampo 3) ventrículos laterais (plexo corióide) 4) corpo caloso 11 Meninges São membranas que envolvem todo o SNC (encéfalo e medula espinhal), formando um estojo de proteção traumática para o frágil tecido nervoso central. Também tem função de evitar infecções, pois contém anticorpos. Existem três meninges, as quais denominamos da mais externa para a mais interna de Duramáter, Aracnóide e Pia-máter. DURA-MÁTER: é a mais externa das meninges, apresenta uma cor clara, é bastante espessa e vascularizada. Acha-se aplicada diretamente contra os ossos que formam a cavidade craniana e canal vertebral. É constituída de uma lâmina externa e outra interna, que estão bem unidas dentro da cavidade craniana. Ao nível do canal vertebral estas membranas se separam deixando um espaço entre elas, chamado espaço epidural ou extradural, sendo preenchido por tecido adiposo e vasos sanguíneos. ARACNÓIDE: membrana fina e delicada constituída de filamentos que se assemelham à teia de aranha. Está entre a dura-máter e a pia-máter. PIA-MÁTER: adere diretamente ao sistema nervoso central, colocando-se dentro das depressões e sulcos. Líquido cérebro-espinhal ou líquor: É formado pelos plexos corióides (emaranhado de vasos sanguíneos cobertos pela pia-máter) localizados no IV ventrículo, III ventrículo e ventrículos laterais a partir do sangue. Constitui-se de um filtrado sanguíneo com grande quantidade de anticorpos para defesa do organismo. Este líquido circula no IV ventrículo, aqueduto cerebral, III ventrículo, ventrículos laterais e no canal central da medula. Irrigação encefálica O encéfalo tem como fonte de suprimento sanguíneo as artérias carótidas internas (fonte principal) e vertebrais (fonte secundária) nos animais de produção, como eqüinos, ruminantes e suínos. As artérias carótidas internas chegam à base do encéfalo através do forame lacero, na altura da hipófise. Fonte 10 e figuras acima fonte 6. 12 Medula Espinhal É uma estrutura alongada, mais ou menos cilíndrica, com achatamentos dorso ventral e algumas variações de forma e tamanho. Começa no nível do forame magno e está em conexão direta com a medula oblonga, rostralmente e se estende até a metade da região sacral. As variações mais importantes são os espessamentos (intumescências) das partes que dão origem aos nervos que suprem os membros torácicos e pélvicos, e o afilamento final caudal (cone medular). A intumescência cervical é o ponto de origem dos nervos que vão inervar o membro torácico, e da intumescência lombossacral partem os nervos para o membro pélvico e cavidade pélvica. A medula está dividida em 4 regiões correspondente as da coluna vertebral. É formada por 2 tipos de substâncias, branca por fora e cinzenta por dentro. Através de um corte transversal pode-se observar que a substancia cinzenta tem formato de H e á perfurada, na linha média, por um pequeno canal central. No final da medula espinhal temos uma leve dilatação chamada cone medular, da onde parte vários nervos espinhais em desnível com os espaços intervertebrais, chamado cauda eqüina. Vista dorsal de toda a medula espinhal do cão evidenciando as intumescências Corte transversal da medula espinhal, evidenciando o H medular cinzento Coluna vertebral do cão aberta dorsalmente na região sacral, evidenciando a cauda eqüina. Intumescência cervical Intumescência lombossacral Fonte 6 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO É o sistema que liga o meio externo e interno, onde os estímulos são recebidos ao sistema nervoso central e deste aos órgãos efetores (alvos). O sistema nervoso periférico é constituído por nervos e gânglios fora do sistema nervoso central, eles vinculam informações sensitivas para o encéfalo e para a medula espinhal, 13 promovem movimentos de músculos e secreções das glândulas por meio de seus nervos motores. É composto pelos nervos espinhais, pelos doze pares cranianos e sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático). Nervos espinhais FORMAÇÃO DOS NERVOS ESPINHAIS: Os nervos espinhais são formados por uma raiz dorsal (sensitiva) e outra raiz ventral (motora), a partir do H medular. Após formarem o tronco saem do canal vertebral pelos orifícios intervertebrais ou vertebrais laterais, dividindo-se num ramo dorsal curto e ramo ventral longo. Nervos espinhais: Região cervical: apresenta 8 pares de nervos cervicais em todas as espécies, pois o primeiro nervo emerge entre o occipital e o atlas. Para inervar determinados locais como membros e parede abdominal, os ramos ventrais provenientes do corno ventral, se reúnem para formar plexos ou outros nervos. Ex: nervo frênico é formado pelos ramos ventrais dos dois ou três últimos nervos cervicais (C6, C7 e C8). Inerva o músculo diafragma. Fonte 6. Plexo braquial: é uma trama de nervos sensitivos e motores, que ao se anastomosarem, trocam fibras nervosas, com a função de originar novos nervos compostos por fibras provenientes de várias raízes nervosas da medula espinhal. Este é um mecanismo compensatório de defesa para paralisias totais quando da ruptura de uma raiz nervosa. Este plexo é originário dos ramos ventrais dos nervos espinhais de C5, C6, C7, C8, T1 e T2, sendo que C5 e T2 são inconstantes. Inerva o membro torácico, sendo o mais importante o nervo radial. 14 Região torácica: o número de nervos torácicos é de acordo com a espécie, e se distribuem na parede do tórax como nervos intercostais. Região lombar e sacral: plexo lombossacral: é uma trama de nervos sensitivos e motores, originados a partir dos ramos ventrais dos nervos espinhais lombares e dos dois primeiros sacrais, provenientes da medula espinhal. Inervam a musculatura dorsal do tronco, genital e membro pélvico. Mais importante: nervo ciático. N. ciático Fonte 3. Nervos cranianos: O encéfalo possui 12 pares de vias nervosas que o relacionam com órgãos periféricos sem a participação da medula espinhal, sendo chamados de nervos encefálicos ou cranianos. São representados por números romanos. Tem uma sensibilidade especial. Tem sua origem aparente no tronco encefálico, sendo o IV par (troclear) o único a sair pela face dorsal do encéfalo. Estão presentes nesse numero a partir dos anfíbios. I olfatório: capta o olfato. II óptico: capta a visão. III oculomotor: inerva as pálpebras e grande parte dos músculos do olho. IV troclear: sai dorsal e inerva também a musculatura do olho. V trigêmeo: oftálmico, maxilar (musculatura mastigatória) e mandibular. VI abducente: inerva também a musculatura do olho. VII facial: sente o gosto e inerva a musculatura mímica, face. VIII vestibulococlear: audição e equilíbrio. IX glossofaríngeo: capta também o gosto e inerva a laringe e faringe. X vago: maior de todos, indo até a cavidade abdominal, igual ao anterior. XI acessório: inerva a laringe e faringe. XII hipoglosso: língua. 15 Sistema nervoso autônomo: Também chamado de sistema nervoso visceral ou neurovegetativo. É a parte do sistema nervoso que geralmente, não esta sob o controle da consciência, inerva os músculos lisos, cardíaco (miocárdio) e algumas glândulas. Sua função principal é manter o equilíbrio do meio interno (homeostase). O sistema nervoso periférico (SNP) tem um nervo cujo corpo celular se localiza no sistema nervoso central (SNC) e seu axônio se estende sem interrupção até o esqueleto muscular, ao contrário o sistema nervoso autônomo tem dois nervos periféricos. O primeiro denomina-se nervo pré-ganglionar, que também tem seu corpo celular no SNC, mas seu axônio inerva um segundo neurônio em cadeia, chamado nervo pós-ganglionar, sendo que seu corpo celular localiza-se numa estrutura periférica denominada gânglio, que são definidos como uma coleção de corpos de células nervosas fora do SNC. O sistema nervoso autônomo está dividido em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático. SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO: Este sistema, geralmente, tem o axônio pré-ganglionar curto e um pós-ganglionar longo. O pré-ganglionar tem sua origem na medula espinhal e saem junto com as raízes ventrais (motoras) do primeiro nervo espinhal torácico (T1) até o terceiro ou quarto nervos espinhais lombares. Após sua origem, pelo orifício intervertebral juntamente com os nervos espinhais, os axônios pré-ganglionares dirigem-se para uma cadeia de gânglios para vertebrais interligados (tronco simpático), localizados próximo ao corpo das vértebras. A partir desses gânglios partem os axônios pósganglionares até os órgãos alvos (efetores). Os mediadores químicos (neurotransmissor) do simpático com os órgãos alvos são a norepinefrina e adrenalina. Atua nas situações estressantes ou fuga, provocando um aumento dos batimentos cardíacos, pressão arterial, freqüência respiratória e midríase. SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO: Tem origem em nervos cranianos e segmentos sacrais da medula espinhal, sendo por isso denominado, algumas vezes, de sistema craniossacral. Fibras da parte cranial são distribuídas por 4 nervos cranianos: oculomotor (III par), facial (VII par), glossofaríngeo (IX par) e vago (X par). Os 3 primeiros suprem fibras parassimpáticas de músculos lisos e glândulas da cabeça. O nervo vago inerva fibras parassimpáticas das vísceras do tórax e do pescoço e quase a totalidade das vísceras abdominais. A parte distal do sistema digestório e as vísceras pélvicas são inervadas por fibras parassimpáticas da parte sacral do sistema nervoso parassimpático. Estas fibras pélvicas misturam-se com nervos simpáticos para formar o plexo pélvico. O mediador químico (neurotransmissor) do parassimpático é a acetilcolina. É o sistema atuante nos processos metabólicos provocando um incremento na secreção gástrica, motilidade intestinal e relaxamento do esfíncter pilórico, sendo por isso denominado de sistema anabólico ou vegetativo. 16 Fonte 9. 17 3) ESPLANCNOLOGIA GERAL DOS MAMÍFEROS 3.1) Cavidades Corporais 3.1.1) CAVIDADE TORÁCICA É a segunda cavidade do corpo em tamanho, tem formato de cone com o ápice voltado cranialmente, apresenta-se comprimida lateralmente, é formada por quatro paredes e uma abertura cranial e internamente é revestida por uma membrana chamada pleura. Apresenta como órgãos principais os pulmões e o coração. Parede dorsal: formada pelas vértebras torácicas, ligamentos e músculos. Paredes laterais: formada por músculos (grande dorsal, intercostais externos e intercostais internos) e costelas. Parede ventral: formada pelo osso esterno, cartilagens costais e músculos (peitorais superficial e profundo e intercostais internos). Parede caudal: formada pelo músculo diafragma (porção carnosa e porção tendinosa, apresenta três aberturas: hiato aórtico, hiato esofágico e forame da veia cava caudal. Abertura cranial: formada por estruturas importantes como: artérias e veias, esôfago, traquéia e timo (faz parte do sistema linfático, órgão responsável por parte da defesa do organismo quando filhotes, involuindo quando adulto). A cavidade torácica é dividida em “espaços” que são chamados de mediastinos. Dividese em mediastino cranial, médio e caudal, sendo que o coração está localizado no mediastino médio. A irrigação da cavidade torácica é feita por ramos das artérias aorta (artérias intercostais dorsais) e torácica interna (artérias intercostais ventrais). Enquanto a drenagem é feita pelas veias ázigos (recebe a drenagem das veias intercostais dorsais) e torácica interna (recebe a drenagem das veias intercostais ventrais), sendo que ambas drenam para a veia cava cranial. Legenda: Cavidade torácica de cão aberta, evidenciando o lado esquerdo do coração, 4.1.2) CAVIDADE ABDOMINAL pulmão direito e outras estruturas importantes. Fonte 3. 18 3.1.2) CAVIDADE ABDOMINAL É a maior cavidade do corpo, está separada cranialmente da cavidade torácica pelo diafragma e se continua caudalmente pela cavidade pélvica. Tem um formato ovóide, sendo achatada lateralmente. Limites: Parede dorsal ou teto: formada pelas vértebras e músculos lombares (incluindo a parte lombar do diafragma). Paredes laterais: formada por pele, tela subcutânea, músculos: oblíquo abdominal externo, oblíquo abdominal interno e transverso do abdômen. Após a musculatura temos o peritônio, parte cranial do ílio com os músculos ilíacos (caudalmente) e as cartilagens das costelas asternais (falsas) e parte das costelas que estão caudais a inserção do músculo diafragma (cranialmente). Parede ventral ou assoalho: pele, tela subcutânea, músculos retos abdominais e a aponeurose (inserção) dos músculos oblíquos e transverso. Além da fáscia abdominal e da cartilagem xifóide. Parede cranial: diafragma A cavidade abdominal no animal adulto apresenta cinco orifícios: três no diafragma (esôfago, artéria aorta e veia cava caudal) e dois canais inguinais. Mas no feto temos todos citados anteriormente e mais a abertura umbilical com a presença de duas artérias umbilicais, veia umbilical e úraco (abertura da bexiga). Conteúdo da cavidade abdominal: órgãos digestórios, parte dos órgãos genitais internos, órgãos urinários, nervos, vasos sanguíneos, linfático (linfonodos, vasos e baço), glândulas adrenais e vestígios fetais. Desenho esquemático da vista lateral direita das cavidades torácica e abdominal do bovino. Fonte 10. Vista lateral esquerda da cavidade abdominal e parte da torácica do eqüino. Fonte 4. 19 3.1.3) CAVIDADE PÉLVICA É a menor cavidade, apresenta a entrada da pelve que vai do sacro (promontório) até as bordas craniais do púbis, sendo limitado lateralmente pelas linhas arqueadas (iliopectíneas) do ílio. Parede dorsal ou teto: é formado pelo sacro e três primeiras vértebras coccígeas. Parede lateral: formada pelo ílio e ligamento sacrotuberal. Parede ventral ou assoalho: púbis e ísquio. Parte caudal da pelve: limitado pela terceira vértebra coccígea (dorsalmente), bordas caudais do ligamento sacrotuberal e músculo semimembranoso (lateralmente) e arco isquiático (ventralmente). Entrada, assoalho e teto da cavidade pélvica do eqüino. Fonte 12. Conteúdo da cavidade pélvica do macho: Fonte 10 Conteúdo da cavidade pélvica da fêmea: Fonte 10 20 3.2) Anatomia Comparada do Sistema Respiratório O sistema respiratório é responsável pela troca de gases entre o sangue e a atmosfera, melhora a qualidade do ar que é inspirado e regula seu fluxo. O sistema respiratório é composto: narinas, cavidades nasais, faringe, laringe, traquéia e pulmões. A troca de gases ocorre nos alvéolos pulmonares (HEMATOSE), e na passagem de ar das narinas até os alvéolos este é, usualmente, purificado, umedecido e aquecido, sendo seu volume regulado pelas narinas, laringe, diafragma e os outros músculos respiratórios. Os condutos respiratórios são compostos de um epitélio pseudoestratificado ciliado e produtor de muco, com isso os cílios transportam as finas partículas de poeira, que ficam presas pelo epitélio úmido, para fora através das narinas (espirros) ou da faringe (cruzamento entre o sistema respiratório e digestório) pela deglutição. O fluxo de ar respiratório que passa através do nariz, pode passar diretamente através da boca, com exceção do eqüino (devido ao prolongamento de palato mole, com isso ocorre a grande abertura das narinas). A porção olfatória está localizada na porção caudal da cavidade nasal, onde pode registrar a presença de substâncias nocivas no ar e com isso ativa um reflexo de fechamento da passagem pela laringe. O órgão de fonação (“voz”) está contido na laringe e o som é produzido, principalmente, pelo ar expirado. coana brônquio principal faringe cav. nasal esôfago narina língua laringe traquéia pulmão Fonte 1 NARINAS Consistem externamente de pele, uma camada média de osso (suíno) ou cartilagem e uma membrana mucosa, além dos músculos nasais que regulam a abertura das narinas. Os músculos do nariz e os lábios superiores atuam juntos para dilatar as narinas, que são utilizados na respiração trabalhosa ou quando o animal está farejando. São bem desenvolvidos no eqüino e podem transformar normalmente as narinas semilunares em circulares. A convexidade dorsal da narina se dá pela presença da cartilagem alar. 21 EQUINO Narinas dilatadas BOVINO Narinas normais Cartilagem Alar SUÍNO Fonte 3 e 6. CAVIDADE NASAL A cavidade nasal se comunica rostralmente com o exterior através das narinas e caudalmente com a faringe através das coanas e o palato duro separa a cavidade oral da nasal. É dividida em porções: Porção rostral: estreita e revestida por mucosa. Porção média: é a maior e contém as conchas nasais, porção resporatória. Porção caudal: é pequena e contém as conchas etmoidais, porção olfatória. CONCHAS NASAIS: dorsal (maior de todas) e ventral. As conchas nasais dorsal e ventral dividem a cavidade nasal em meatos: dorsal, médio, ventral e comum. As conchas nasais são separadas pelo septo nasal, que fica sobre o osso vômer. VISTA ROSTROCAUDAL DA FACE DE UM EQUINO Fonte 10. 1 septo nasal 36 meato nasal dorsal 35 meato nasal médio 34 meato nasal ventral 33 meato nasal comum 38 concha nasal dorsal 37 concha nasal ventral 22 esôfago traquéia VISTA MEDIAL DIREITA DA FACE DE UM EQUINO fonte 3. 1 concha nasal dorsal 2 concha nasal ventral (porção respiratória) 3 conchas etmoidais 4 coana 5 palato duro 6 palato mole 7 faringe 8 óstio faríngeo da tuba auditiva 11 laringe FARINGE É uma cavidade músculo-membranosa comum aos sistemas digestório e respiratório. Comunica-se com a cavidade bucal, esôfago, cavidade nasal e laringe. LARINGE É um tubo músculo-cartilaginoso curto, que conecta a faringe com a traquéia e contém o órgão da fonação (cordas vocais). Sua porção rostral é fechada na deglutição para proteger a traquéia e os pulmões, caso algo passe teremos a tosse (defesa do organismo) ou pneumonia por corpo estranho. Formada por cartilagens e estas estão conectadas umas as outras no osso hióide e na traquéia pelos ligamentos e músculos, podendo ossificar com a idade. Apresenta no seu interior o órgão fonador dos mamíferos, as cordas vocais ou pregas vocais. 5 4 2 3 1 6 LARINGE DE EQUINO ÍMPARES: 1 CRICÓIDE 2 TIREÓIDE 3 EPIGLOTE PARES 4 ARITENÓIDES 5 CORNICULADAS 6 CUNEIFORMES fica na base da epiglote Fonte 12. 23 Corda ou prega Vocal Direita Fonte 4. TRAQUÉIA È um tubo cartilaginoso, não colapsável, que se continua da cartilagem cricóide da laringe até a raiz pulmonar, onde se bifurca para formar os brônquios principais (direito e esquerdo) e apresenta uma porção cervical e outra torácica. Porção cervical: no pescoço, ventral ao esôfago. Porção torácica: curta, e nos suínos e ruminantes emite um brônquio traqueal para o lobo cranial do pulmão direito. É formada por uma série de anéis cartilaginosos incompletos (exceto na galinha) dorsalmente que são fechados pelo músculo traqueal. TRAQUÉIA BRONQUIOS PRINCIPAIS BRONQUIOS LOBARES (brônquio traqueal também é considerado um) BRONQUIOS SEGMENTARES BRONQUIOLOS ALVÉOLOS (onde ocorre a troca gasosa) PULMÕES Localizados dentro da cavidade torácica e estão envoltos por uma membrana chamada pleura pulmonar de maneira individual e que se continua com o mediastino (espaço dentro da cavidade torácica onde se encontram o coração, ramos colaterais do arco aórtico, veias cavas, nervo vago e laríngeo recorrente, timo ... dividido em mediastino cranial, médio e caudal). Cada pulmão tem um formato cônico com ápice e base e o pulmão direito é maior que o esquerdo. Apresenta a face parietal com as impressões costais (quando formolizado) e a face medial com o hilo pulmonar e a impressão cardíaca. HILO PULMONAR: Brônquio principal Artéria pulmonar respectiva (direita ou esquerda) Nervos Veias pulmonares Linfático LOBOS PULMONARES: cranial, médio, caudal e acessório. 24 EQUINO: PULMÃO ESQUERDO: LOBO CRANIAL LOBO CAUDAL PULMÃO DIREITO: LOBO CRANIAL LOBO CAUDAL LOBO ACESSÓRIO SUÍNO E RUMINANTES: PULMÃO ESQUERDO: LOBO CRANIAL LOBO CAUDAL PULMÃO DIREITO: LOBO CRANIAL LOBO MÉDIO LOBO CAUDAL LOBO ACESSÓRIO Porção cranial Porção caudal Pulmão esquerdo de ruminante evidenciando o hilo pulmonar e a impressão cadíaca, face medial. Pulmão esquerdo de ruminante evidenciando as impressões costais na face lateral. Fonte 3 e 6 EQUINO RUMINANTE SUÍNO 25 3.3) Anatomia Comparada do Sistema Circulatório e Linfático Sistema Circulatório Estuda o coração, os vasos da base, suas ramificações e a circulação sanguínea propriamente dita. SISTEMA VASCULAR SANGUÍNEO Transportam nutrientes e oxigênio através do sangue para todo o organismo, sendo composto por artérias e veias. ARTÉRIAS: paredes mais espessas são relativamente rígidas e levam sangue rico em oxigênio (exceção da artéria pulmonar). VEIAS: paredes mais finas, aparentemente colapsadas e levam sangue pobre em oxigênio (exceção das veias pulmonares). ARTÉRIAS------ARTERÍOLAS-----CAPILARES------VÊNULAS-----VEIAS CORAÇÃO É um órgão muscular oco que bombeia sangue continuamente através dos vasos sanguíneos para todo o organismo. Seu tamanho é variável entre as espécies, está localizado na cavidade torácica, ocupa o mediastino médio, 60% do seu volume estão voltados mais para o lado esquerdo da cavidade e se localiza entre a terceira e sexta costelas, ficando cranialmente ao diafragma. Realiza os movimentos de sístole (contração) e diástole (dilatação) nas câmeras cardíacas em sincronia. Está dividido em dois átrios e dois ventrículos. Apresenta: BASE: apresenta as raízes dos grandes vasos que chegam e saem do coração. ÁPICE: apoiado sobre o osso esterno. FACES: Direita: sulco subsinuoso; Esquerda: sulco paraconal. BORDOS: cranial (ventrículo direito) e caudal (ventrículo esquerdo). *** sulco coronário: indica a separação entre os átrios e os ventrículos. Os sulcos são ocupados pelos vasos coronários que irrigam e drenam o coração. A cavidade cardíaca está divida por septos, que separam os átrios e os ventrículos. O coração e os vasos da base estão envoltos por uma “bolsa” fibroserosa chamada de pericádio. As camadas do coração são: Epicárdio: membrana serosa que reveste externamente o coração. Miocárdio: é o músculo cardíaco, sendo a porção contrátil do coração. Endocárdio: reveste internamente o coração, sendo também uma membrana serosa. ÁTRIO DIREITO (AD): porção mais dorsal e cranial do coração, onde chegam as veias cavas cranial (trazendo sangue pobre em oxigênio da cabeça, pescoço e membro torácico) e caudal (trazendo também sangue pobre em oxigênio da cavidade abdominal, pélvica e membro pélvico). VENTRÍCULO DIREITO (VD): óstio átrio ventricular ocupado pela valva tricúspide, estando presa aos músculos papilares. Saída da artéria pulmonar levando o sangue pobre em oxigênio para os pulmões para ocorrer a troca gasosa. ÁTRIO ESQUERDO (AE): porção mais dorsal e caudal do coração, onde chegam as veias pulmonares provenientes dos pulmões trazendo sangue rico em oxigênio, podem ser de 5 a 8. VENTRICULO ESQUERDO (VE): óstio átrio ventricular ocupado pela valva bicúspide ou mitral, também presa aos músculos papilares. Saída da artéria aorta levando o sangue rico em oxigênio para o corpo todo. Forma o ápice cardíaco. Miocárdio bem mais espesso. 26 ** Na base das artérias pulmonar e aorta temos a presença de valvas, que também não deixam o sangue refluir. Recebem o nome do próprio vaso: valva pulmonar e valva aórtica. Ambas tem formato de meia lua e são formadas por 3 cúspides. CIRCULAÇÃO DO SANGUE: Chega ao átrio direito através das veias cavas (cranial e caudal), passa para o ventrículo direito através da valva tricúspide e sai do mesmo através da artéria pulmonar para os pulmões. Após a hematose (troca gasosa) sai dos pulmões através das veias pulmonares até ao átrio esquerdo, passa para o ventrículo esquerdo através da valva bicúspide ou mitral e sai do mesmo pela artéria aorta para todo o corpo. PEQUENA CIRCULAÇÃO OU CIRCULAÇÃO PULMONAR: CORAÇÃO—PULMÕES—CORAÇÃO VD — ARTÉRIA PULMONAR — PULMÕES — VEIAS PULMONARES — AE. GRANDE CIRCULAÇÃO OU CIRCULAÇÃO SISTÊMICA: CORAÇÃO—CORPO—CORAÇÃO VE — ARTÉRIA AORTA — CORPO — VEIAS CAVAS — AD. Fonte 6 e 12 Coração do eqüino: mostrando lado direito e esquerdo abertos (figura ao lado), sendo o lado direito cranial e o esquerdo caudal. Corte na altura do sulco coronário, sendo retirados os átrios (figura abaixo), mostrando as valvas do coração: tricúspide, bicúspide, pulmonar e aórtica. 27 Lado direito do coração do eqüino Lado esquerdo do coração do eqüino Lado direito do coração do eqüino aberto, mostrando o átrio e o ventrículo internamente e a valva tricúspide Lado esquerdo do coração do eqüino aberto, mostrando o átrio e o ventrículo internamente e a valva bicúspide 28 Principais ramos colaterais da artéria aorta: 1) Artérias coronárias: fazem a irrigação própria do coração. 2) Tronco braquicefálico artéria subclávia direita e esquerda (pescoço e membro torácico) artérias carótidas comuns (direita e esquerda, indo para face – artéria carótida externa e cérebro – artéria carótida interna). 3) Artéria aorta torácica: artérias intercostais (costelas) e artéria broncoesofágica (pulmões e esôfago). 4) Artéria aorta abdominal: ramos viscerais artéria celíaca (trato digestório) artéria mesentérica cranial e caudal (intestinos) artérias renais artérias gonadais (testicular ou ovárica) 5) Ramos terminais da artéria aorta: artérias ilíacas externas (membro pélvico) artérias ilíacas internas artéria sacral mediana CIRCULAÇÃO FETAL Durante o período em que o feto permanece no interior do útero materno há a necessidade constante de oxigenação de seu sangue para que ocorra o seu desenvolvimento. Como não há funcionamento pulmonar, o oxigênio deve provir da mãe através da placenta ao cordão umbilical do feto. Este cordão umbilical é formado de uma veia umbilical, duas artérias umbilicais e o úraco (orifício presente na bexiga do feto). Pela veia umbilical circula sangue rico em oxigênio e nas artérias sangue pobre em oxigênio. Fonte 6. 29 Sistema Linfático Tem como função a defesa do organismo, é responsável pela produção de glóbulos brancos e é composto pelos linfonodos e vasos linfáticos. O liquido que extravasa ao nível dos capilares sanguíneos e difunde-se pelos espaços intersticiais das células constitui a LINFA. A linfa circula pelos vasos linfáticos e é composta basicamente por glóbulos brancos, predominando os linfócitos. Estes linfócitos são produzidos pelos linfonodos, que são pequenos nódulos que estão distribuídos por todo o corpo, existindo agrupamentos de linfonodos chamados de centros linfáticos. Toda a linfa produzida é conduzida de volta a corrente sanguínea através de dois ductos: ducto torácico e ducto traqueal. Também fazem parte do sistema linfático o baço (que será descrito junto com o sistema digestório devido a sua proximidade do mesmo) e o timo. Ducto traqueal: geralmente é um vaso par, que acompanha o trajeto da traquéia no pescoço. Origina-se nos linfonodos retrofaríngeos, que coletam a linfa da cabeça. Poderá desembocar no ducto torácico ou nas veias jugular externa correspondente, próximo a entrada do tórax. Ducto torácico: é o principal coletor de linfa, desemboca na veia cava cranial e é a continuação da cisterna do quilo, que recebe toda a linfa da cavidade pélvica, abdominal e membros pélvicos. Timo: tem importância máxima nos jovens, regredindo gradativamente, conforme o animal vai crescendo, até praticamente desaparecer. Quando desenvolvidos estendem-se desde a região cervical (ao lado da traquéia) até o pericárdio (mediastino cranial, ventralmente). É uma estrutura lobulada, semelhante a uma glândula salivar (parótida), sendo que o seu córtex produz os linfócitos T imunocompetentes que vão para a corrente sanguínea chegando aos linfonodos, onde se multiplicam originando a competência imunológica pré-natal. Principais libfonodos e linfocentros: Cabeça: linfocentro mandibular, localizado ao redor da glândula mandibular. Membro torácico: linfonodo cervical superficial, localizado cranialmente a articulação do ombro; linfocentro axilar, localizado na região axilar. Tórax: linfocentro mediastínico, na base do coração e próximo ao diafragma; linfocentro brônquico, localizado ao redor da bifurcação da traquéia. Vísceras abdominais: linfocentro mesentérico, junto ao mesentério (prega de peritônio que prende o intestino ao teto da cavidade abdominal). Pelve e membro pélvico: linfonodo poplíteo, localizado caudal ao joelho e linfonodo inguinal superficial (supramamário ou supraescrotal), localizado dorsalmente à glândula mamária ou escrotal. *** Estes linfonodos são de extrema importância para a inspeção de carnes, pois havendo o comprometimento poderá ocorrer a condenação parcial ou total da carcaça. Linfocentro brônquico e linfocentro mediastínico do eqüino. 30 Fonte 3 e 6 31 3.4) ANATOMIA COMPARADA DO SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema digestório está dividido em um sistema condutor, formado pela cavidade bucal, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso, e em órgãos acessórios como língua, dentes, glândulas salivares, fígado e pâncreas. As funções do sistema digestório, além de nutrir o organismo animal, são de apreensão do alimento, mastigação, insalivação, deglutição, digestão, absorção e expulsão da porção não absorvida dos alimentos. Tem início na cavidade bucal e término no ânus. Embriologicamente apresenta-se como um tubo e em diversos locais recebe as secreções das glândulas salivares, do fígado e pâncreas. CAVIDADE ORAL (BUCAL): limitada rostralmente pelos lábios, lateralmente pelas bochechas, dorsalmente pelo palato duro e palato mole e ventralmente pela língua. Vai dos lábios até a faringe e está subdividida em vestíbulo (espaço entre os dentes, bochechas e lábios) e cavidade oral propriamente dita. Lábios: servem como órgãos de sucção, apreensão e toque. São duas pregas musculomembranosas que circundam a abertura da boca e se unem lateralmente formando as comissuras labiais. Estas, por sua vez, são bastante amplas nos caninos e suínos, chegando aos dentes molares. Os lábios dos eqüinos, ovinos, caprinos e carnívoros são igualmente móveis enquanto que dos bovinos e suínos não possuem muita liberdade de movimento. Bochechas: constituídas pelo músculo bucinador, sendo as paredes laterais do vestíbulo da boca. Nos ruminantes temos a presença de papilas cônicas que ajudam a empurrar o alimento para trás. Na altura do terceiro molar superior (ambos os lados) chegam na bochecha os ductos da glândula salivar parótida. Gengivas: é parte da mucosa oral, formada de tecido conjuntivo fibroso denso, está unida intimamente ao periósteo dos processos alveolares (envolvendo o colo do dente) e nos ruminantes, devido a ausência de dentes incisivos superiores, encontramos o chamado pulvino dental ou almofada dental. Palato duro: forma o teto da cavidade oral, formado pelo processo palatino do maxilar com o processo palatino do osso incisivo e o osso palatino. Está dividido centralmente em dois segmentos simétricos pela rafe palatina, com rugas palatinas transversalmente. Caudalmente ao primeiro par de dentes incisivos superiores ou da almofada dental nos ruminantes temos a papila incisiva que é a abertura do órgão vomeronasal (quando sentimos o cheiro de algum alimento e com isso o gosto deste alimento na boca). Palato mole: é uma prega musculomembranosa que se continua pelo palato duro. O eqüino apresenta um palato mole excepcionalmente grande, sendo impossível a espécie respirar pela boca (como nos cães) ou vomitar pela boca (saindo o conteúdo pelas narinas). Língua: órgão muito móvel, sendo essencial para a apreensão do alimento (pastagem alta, principalmente nos ruminantes), na sucção do leite pelo filhote e na sucção de líquidos pelos carnívoros. Sustentada por músculos e pelo osso hióide. È importante para mastigação e deglutição, empurrando o bolo alimentar insalivado para a faringe. 32 Algumas espécies usam a língua para se coçar ou se limpar (felinos). Nos cães, quando estão ofegantes ocorre perda de calor através da língua, atuando na termorregulação. Apresenta papilas que são: filiformes e lenticulares (cornificação das filiformes, só presente nos ruminantes estando sobre o toro lingual) com função mecânica; fungiformes, valadas e folhadas com função gustatória. Apresenta, apenas nos ruminantes, uma elevação caudal de forma elíptica, o que se chama de toro da língua. Glândulas salivares: parótida, mandibular e sublingual. A saliva é produzida em grande quantidade de 40 a 50 litros nos eqüinos e bovinos, ajuda na formação do bolo alimentar, é também lubrificante e nos bovinos atua como substância tampão no rumem, neutralizando o ph. No eqüino a saliva contém ptialina, é uma enzima que inicia o processo de hidrólise do amido na boca. De modo geral são mais desenvolvidas nos herbívoros que nos carnívoros. Dentes: principais órgãos da mastigação. É formado por três substâncias esmalte (mais externa, é o branco do dente), dentina e cemento (mais interna). Apresentam duas dentições com dentes decíduos e permanentes. Dividem-se em incisivos, caninos, prémolares e molares. Característica principal nos ruminantes: sem dentes incisivos superiores. Fórmula dentária permanente: Ruminantes 2 (I 0/3, C 0/1, PM 3/3, M 3/3) = 32 dentes. Eqüino macho: 2 (I 3/3, C 1/1, PM 3 (4)/3, M 3/3) = 40-42 dentes Eqüino fêmea: 2 (I 3/3, C 0/0, PM 3 (4)/3, M 3/3) = 36-38 dentes Suíno: 2 (I 3/3, C 1/1, PM 4/4, M 3/3) = 44 dentes Eqüino: dentes permanentes, desenho esquemático mostrando medialmente a cavidade oral e língua. Fonte 6 e 12. 33 Bovino: dentes permanentes (sem dentes incisivos superiores) e língua evidenciando o toro lingual (b) FARINGE: é uma cavidade músculo-membranosa comum aos sistemas digestório e respiratório. Comunica-se com a cavidade bucal, esôfago, cavidade nasal (através das coanas), ouvido médio (através das aberturas faríngeas para as tubas auditivas) e laringe. Função de direcionar o ar ou o alimento. ESÔFAGO: é um tubo músculo-membranoso que conecta a faringe com o estômago, sendo dividido nas porções: cervical, torácica e abdominal (curta). Situa-se dorsal a laringe e a traquéia, ficando a esquerda da traquéia na porção cervical e termina-se no estômago (CÁRDIA), entre o rumem e o reticulo no ruminante. No bovino tem um comprimento de 90 a 105 cm. ESTÔMAGO: é um alargamento do canal alimentar em forma de saco entre o esôfago e o duodeno (primeira porção do intestino delgado), localizado caudalmente ao diafragma. O estômago dos animais domésticos difere com os hábitos nutricionais, sendo que essas diferenças não acontecem somente na parte externa e no tamanho do órgão, mas também na composição das suas camadas. Quanto a forma os carnívoros, suínos e eqüinos apresentam um estômago unicavitário, enquanto nos ruminantes é pluricavitário. 3.4.1) ESTÔMAGO UNICAVITÁRIO: EQÜINO E SUÍNO É uma dilatação saculiforme em forma de J, que recebe o bolo alimentar, insalivado do esôfago, e o estoca temporariamente. O suco gástrico, secretado pelas glândulas da parede do estômago, consiste especialmente de pepsina, renina e ácido clorídrico, iniciando assim a digestão química e enzimática do alimento. Tudo é misturado no estômago por contração da parede muscular e, gradualmente, este bolo alimentar é movido para dentro do duodeno. Está voltado para o lado esquerdo da cavidade abdominal. Devido ao formato de J apresenta uma curvatura menor e outra maior. 34 Eqüino Suíno EXTREMIDADE ESQUERDA: é a mais dorsal, tem forma de fundo de saco, está em contato com o diafragma, sendo no suíno encontramos um divertículo gástrico. EXTREMIDADE DIREITA: situada ventralmente, junto ao assoalho da cavidade abdominal, é menor e relaciona-se com o duodeno. Neste local há a presença do esfíncter piloro, sendo que no suíno encontramos uma elevação chamada toro pilórico. Orifício cárdia: situa-se na extremidade esquerda da curvatura menor e está em contato com o esôfago. A presença de uma camada de músculos circulares com fibras oblíquas internas vai formar o esfíncter cárdia, que no eqüino é bem desenvolvido e bem próximo ao esfíncter pilórico. O estômago está dividido em três porções: corpo, fundo e pilórica; e preso a estruturas e órgãos adjacentes por ligamentos (que são pregas de peritônio) como, por exemplo, diafragma, fígado, intestino, baço e pâncreas. Apresentam uma mucosa glandular e aglandular (também chamada de pró-ventricular ou esofágica), sendo que no eqüino observamos uma elevação chamada margo plicatus que divide as duas mucosas. No suíno esta elevação está ausente e a porção aglandular é bem restrita. A mucosa glandular é mais escura e apresenta três tipos de glândulas: cárdicas, fúndicas e pilóricas. A capacidade do estômago do eqüino é de oito à 15 litros, sendo que o cavalo come mais que o dobro do bovino, pois come por 16 horas e dorme 8 horas. Ao passo que o bovino come por 8 horas, rumina por mais 8 e dorme por 8 horas também. 4 3 7 5 8 9 Desenho esquemático do estômago do eqüino aberto: fonte 2 1) esôfago 2) cárdia 3) mucosa aglandular 4) margo plicatus 5) curvatura maior 6) curvatura menor 7) região das glândulas cárdicas 8) região das glândulas fúndicas 9) região das glândulas pilóricas 10) piloro 11) duodeno 35 Desenho esquemático do estômago do suíno aberto: 1) curvatura menor 2) curvatura maior 3) esôfago (cárdia) 4) divertículo gástrico 11) porção aglandular 12) região das glândulas cárdicas 13) região das glândulas fúndicas 14) região das glândulas pilóricas 15) piloro 16) toro pilórico 18) duodeno Fonte 2 Desenho esquemático do lado esquerdo de uma égua, evidenciando coração e grandes vasos, esôfago, estômago, fígado, baço e órgão da cavidade abdominal e pélvica (foi retirado todo o intestino delgado e grosso). 36 3.4.2) ESTÔMAGO PLURICAVITÁRIO: RUMINANTES Os ruminantes apresentam um estômago pluricavitário, composto de 4 compartimentos: Rumem, Reticulo, Omaso e Abomaso. Ocupam ¾ partes da cavidade abdominal e praticamente toda a metade esquerda. Os três primeiros apresentam uma mucosa aglandular, sendo também chamados de proventriculos; e o abomaso é o estômago glandular ou verdadeiro. Apresentam uma serosa, muscular, submucosa e mucosa. Rumem, reticulo e omaso realizam a digestão enzimática e mecânica dos alimentos, principalmente de celulose, por intermédio da flora bacteriana e da síntese de ácidos graxos. Ocorre a ruminação, ou seja, partículas de alimentos que foram deglutidas “grandes” (com pouca mastigação) voltam à cavidade bucal (através da regurgitação) para serem remastigadas e novamente deglutidas, e assim seguirem o processo de degradação e absorção dos nutrientes. Seqüência do alimento: BOCA – RUMEM – BOCA – RETÍCULO – OMASO - ABOMASO cranial Desenho esquemático da vista dorsal das cavidades torácica e abdominal do bovino, sendo retirada a coluna vertebral e costelas: fonte 3 1) 1ª costela 2) Coração 3) Pulmão 4) Diafragma 5) Esôfago 6) Retículo 7) Baço 8) Fígado 9) Omaso 10) Abomaso 11) Rumem 12) Duodeno 13) Intestino caudal Capacidade dos 4 compartimentos é de maior para menor: rumem, abomaso, omaso e retículo. Nos pequenos ruminantes diferem apenas no fato que o omaso tem capacidade menor que o reticulo. Capacidade relativa dos compartimentos: 37 Bovino: rumem 80%, reticulo 5%, omaso 7% e abomaso 8%. Caprino e ovino: rumem 71%, reticulo 8%, omaso 2% e abomaso 19%. *** Durante o período de crescimento do animal os compartimentos estomacais alteram em forma e em suas capacidades relativas. Estas alterações são visíveis no rumem e abomaso devido à troca gradual da alimentação, passagem da dieta de leite para vegetal. Desenhos esquemáticos dos compartimentos do estômago dos bovinos. À esquerda quando filhote, mostrando o grande abomaso e a direita o abomaso de tamanho normal quando adulto (5 e 19). Fonte 10 Rúmem (pança) Saco imenso, que ocupa maior porção da cavidade abdominal, se localiza do lado esquerdo, vai do diafragma até a entrada da cavidade pélvica e apresenta uma face parietal e outra visceral. Está dividido em dois sacos: um dorsal e outro ventral através dos sulcos longitudinais (direito e esquerdo), sulco cranial e sulco caudal. É uma câmara de fermentação com bactérias que desdobram a celulose em componentes metabólicos. O esôfago chega à junção entre o rumem e o retículo, em um orifício chamado cárdia. Internamente esses sulcos correspondem a pilares que recebem os mesmos nomes dos sulcos. A mucosa do rumem apresenta papilas grandes e cônicas. Observa-se internamente também um orifício de comunicação entre o rumem e o reticulo chamado orifício ruminorreticular. Retículo (barrete) É o compartimento mais cranial, tem formato arredondado, situa-se entre o diafragma e o rumem, é o menor dos compartimentos, funciona como uma “bomba” que envia o alimento para o rumem, através do orifício ruminorreticular, para ser misturado ou para ser remastigado e tem uma mucosa em formato de favo de mel. Apresenta ainda um sulco chamado reticular que vai do cárdia até o óstio reticuloomasal, sendo essa a primeira parte da goteira esofágica ou sulco gástrico. Este sulco conduz liquido do esôfago até o omaso. *** Em caso de ingestão de corpo estranho, este poderá ocasionar a chamada reticulite pericardite traumática, devido a sua proximidade do coração (apenas o diafragma os separam). 38 Omaso (folhoso) No bovino é um órgão esférico e nos pequenos ruminantes é menor que o retículo. Fica a direita do plano mediano. Relaciona-se: craniodorsalmente com o fígado, ventralmente com o retículo e abomaso e caudalmente com o jejuno. Internamente apresenta pregas longitudinais de tamanhos variados e um sulco omasal, que se estende do orifício reticuloomasal até o orifício omasoabomasal, compondo a segunda parte da goteira esofágica ou sulco gástrico. Este sulco gástrico conduz liquido diretamente do esôfago até o abomaso, sendo isso de extrema importância durante a amamentação. Abomaso (coagulador) É o mais distal, é o estômago verdadeiro, tem formato de saco curvo, apresenta uma mucosa glandular com glândulas cárdicas, fúndicas e pilóricas e apresenta o óstio omasoabomasal e o piloro, que se relaciona com o duodeno (primeira porção do intestino delgado). Dorsal Cr Ca Ventral Fonte 10 Cr Ca 1) rumem saco dorsal 2) rumem saco ventral 3) retículo 4) esôfago 5) abomaso 6) sulco longitudinal esquerdo 7) sulco caudal 9) sulco cranial Vista lateral esquerda 1) rumem saco dorsal 2) rumem saco ventral 3) retículo 4) omaso 5) abomaso 6) esôfago 9) sulco longitudinal direito 14) sulco caudal Vista lateral direita INTESTINO: se estende desde o orifício piloro do estômago até o ânus e está dividido em intestino delgado e intestino grosso. O intestino delgado está 39 dividido em duodeno, jejuno e íleo e o intestino grosso em ceco, cólon e reto. O tamanho do intestino varia bastante dentro das espécies e de individuo para individuo, sendo considerado ser 15xs o tamanho de um suíno, 20xs em bovinos, 25xs em pequenos ruminantes e 10xs nos eqüinos. A função do intestino é de desdobrar o alimento ingerido por ação química e enzimática e absorver nutrientes para o corpo. Essas enzimas são produzidas pelo pâncreas e fígado além das glândulas presentes na parede do intestino. A ação peristáltica (movimento involuntário dos intestinos) da parede muscular intestinal mistura o alimento com as secreções das glândulas intestinais, empurrando este distalmente e eliminando, através das fezes, resíduos indesejáveis. Em geral a digestão e absorção dos nutrientes ocorrem no intestino delgado, sendo os resíduos coletados, engrossados e estocados no intestino grosso antes de sua eliminação. Mas no eqüino a digestão e absorção dos nutrientes ocorrem no intestino grosso, no ceco. O intestino delgado está preso por uma prega de peritônio ao teto da cavidade abdominal chamada mesentério. Internamente na mucosa intestinal existem glândulas e vilosidades que aumentam o poder de absorção do intestino delgado, além de tecido linfóide cujos grupos são denominados de placas de Peyer. 3.4.3) INTESTINO EQÜINO E SUÍNO INTESTINO DELGADO Duodeno: é a primeira porção do intestino delgado, tem um metro de comprimento no eqüino e 60cm no suíno e nele chegam às enzimas produzidas pelo fígado e pâncreas através de seus condutos nas papilas duodenais maior e menor. Apresenta a flexura duodenal cranial e duodenal caudal. Jejuno: é a maior porção do intestino delgado, tem as alças intestinais em formato de leque, ocupa a porção ventral da cavidade abdominal e tem em torno de 20 metros de comprimento no eqüino e 15m no suíno. Íleo: é a porção terminal do intestino delgado. Faz a conexão com o intestino grosso, pois se termina na junção cecocólica (papila ileal), formando o orifício ileal. 1) Desenho esquemático em vista dorsal do eqüino, evidenciando: 1 esôfago, 2 estômago, 3 duodeno, 4 flexura duodenal cranial, 5 flexura duodenal caudal, 6 jejuno. 2) Vista do jejunoíleo do eqüino (abaixo), 1 jejuno e 2 ileo. Fonte 6. 1 2 40 Desenho esquemático do ceco do eqüino mostrando a chegada do íleo no ceco. Desenho esquemático cavidade abdominal suíno, duodeno. da do Fonte 12 INTESTINO GROSSO Tem cerca de 7 à 8m de comprimento no eqüino e de 4 à 5 m no suíno. Difere do intestino delgado por ter maior diâmetro e no eqüino por ter pregas e saculações e tem a função absorver água do conteúdo fecal. Ceco: no eqüino é um saco cego que tem formato de uma grande vírgula e é onde ocorre a absorção dos nutrientes. No suíno não é tão desenvolvido e se localiza do lado esquerdo da cavidade abdominal, sendo o contrário no eqüino. No eqüino apresenta a divisão de base, corpo e ápice, estando esse último voltado ventralmente, para o assoalho da cavidade abdominal. Já no suíno não têm essa divisão marcante e o seu ápice também está voltado ventralmente, mas seu restante está bem dorsal a cavidade abdominal. Cólon: Eqüino: cólon maior (semelhante ao cólon ascendente), cólon transverso e cólon menor (semelhante ao cólon descendente). Cólon maior começa no óstio cecocólico e termina no cólon transverso. Apresenta divisão em direita e esquerda e ainda flexuras. Suíno: cólon ascendente, com alças centrípetas e centrifugas, cólon transverso e cólon descendente. Reto: porção terminal do intestino grosso, estendendo-se da entrada da pelve até o ânus. Seu comprimento é de mais ou menos 30cm. A porção retroperitonial forma uma dilatação denominada de ampola do reto e termina numa projeção muscular denominada ânus. Desenho esquemático do ceco do eqüino, mostrando a chegada do íleo e a divisão em base, corpo e ápice. 41 9 8 5 7 2 4 6 6 1 3 Desenho esquemático dos intestinos do suíno. Legenda: 1) estômago 2) duodeno 3) jejuno 4) íleo 5) ceco 6) cólon ascendente (com alças centrípetas e centrifugas) 7) cólon transverso 8) cólon descendente 9) reto Desenho esquemático dos intestinos do eqüino. Legenda: fonte 10 1) estômago 2, 3, 4 e 5) duodeno 6) jejuno 7) íleo 8) base do ceco 9) corpo do ceco 10) ápice do ceco 11) cólon ventral direito 12) flexura esternal 13) cólon ventral esquerdo 14) flexura pélvica 15) cólon dorsal esquerdo 16) flexura diafragmática 17) cólon dorsal direito 18) cólon transverso 19) cólon menor (descendente) 20) reto 3.4.4) INTESTINO RUMINANTES INTESTINO DELGADO: Duodeno: tem em torno de 1 metro de comprimento, situa-se do lado direito da cavidade abdominal, apresenta uma primeira porção em formato de “S”, chamada alça sigmóide; após apresenta um segmento descendente, uma flexura caudal e um segmento ascendente. Nos ruminantes apresenta uma papila duodenal maior, onde desembocam o colédoco e o ducto pancreático principal e, mais caudalmente, uma papila duodenal menor, onde desemboca o ducto pancreático acessório. Preso por um mesentério curto, com isso tem pouca mobilidade. Jejuno: é a porção mais longa, seu mesentério é longo e constitui as alças em forma de leque. Ocupa a porção ventral da cavidade abdominal e apresenta 20 metros de comprimento nos grandes animais. Íleo: porção terminal do intestino delgado; termina na junção cecocólica do intestino grosso, formando o orifício ileocecal e tem uma parede muscular mais grossa que a do jejuno. 42 INTESTINO GROSSO: Apresenta um diâmetro um pouco maior que o intestino delgado, vai do íleo até o ânus, tem cerca de 7,5 a 8 metros de comprimento e não apresenta tênias ou saculações. Ceco: tem um comprimento de 75 cm nos bovinos e 30 cm nos pequenos ruminantes; é um fundo de saco cego, cuja extremidade caudal está voltada caudodorsalmente até a entrada da pelve. Cólon: começa a partir do orifício cecocólico; está dividido em cólon ascendente, transverso e descendente, sendo que o cólon ascendente apresenta: alça proximal, alça espiral (com giros centrípetos, uma flexura central e giros centrífugos) e alça distal. Reto: porção terminal do intestino grosso, indo desde a entrada da pelve até o ânus. Nos bovinos, principalmente, apresenta as paredes bastante distendidas, permitindo ampla área de palpação. 1) abomaso 2) duodeno descendente 3) flexura sigmóide 4) duodeno descendente 5) flexura duodenal caudal 6) duodeno ascendente 7) 8) jejuno 9) íleo 10) ceco 11) junção cecocólica 12) 13) alça proximal 14) 15)16)17) alça espiral 18) 19) alça distal 20) cólon transverso 21) cólon descendente 23) reto BOVINO 3.4.5) GLÂNDULAS ANEXAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO FÍGADO: É a maior glândula do corpo, se localiza do lado direito da cavidade abdominal (nos ruminantes, eqüino e suíno), está voltado para o diafragma e se estende ventralmente até a altura do rim direito, indo em direção ao assoalho da cavidade abdominal. Apresenta função exócrina e endócrina. Função exócrina é a secreção de bile no duodeno para a digestão dos ácidos graxos; Funções endócrinas são: reserva de glicogênio, estocagem de gordura, função hematopoiética, síntese protéica e de fatores de coagulação e tem a função de desintoxicação, pois apresenta complexos enzimáticos que transformam substâncias tóxicas em menos tóxicas e com isso mais fáceis de serem eliminadas, processo chamado de biotransformação. Tem uma coloração marrom avermelhada e é um órgão parenquimatoso (feito de sangue). É formado de lobos, mas no ruminante e eqüino é mais compacto, sendo identificado apenas um lobo direito e outro esquerdo, mas já no suíno apresenta uma lobação bem definida (logo lateral direito e esquerdo, lobo medial direito e esquerdo, lobo caudato e lobo quadrado). Apresenta a vesícula biliar para estocagem de bile nos 43 ruminantes e suínos, pois nos eqüinos esta estrutura não aparece. A face parietal apresenta impressões dos arcos costais, e na face visceral encontramos, principalmente, a impressão do omaso nos ruminantes ou do estômago nos unicavitários. Apresenta também ductos hepáticos provenientes dos lobos que se juntam formando um ducto hepático comum e este se junta com o ducto cístico (proveniente da vesícula biliar) e ambos formam o colédoco (ausente no eqüino, sendo chamado de conduto hepático comum). Ainda na face visceral observamos a cisura portal por onde entram e saem estruturas como a veia porta (traz a drenagem de todo o trato digestório), artérias hepáticas, nervos, lifático (sai) e o colédoco (sai). Está preso por ligamentos, é irrigado pela artéria hepática (ramo da artéria celíaca) e é drenado pelas veias suprahepáticas que desembocam direto na veia cava caudal. dorsal Ovino: Vista caudocranial, à esquerda 15) lobo direito, 16) lobo esquerdo, 27) vesícula biliar 23) diafragma Fígado de eqüino, mostrando as impressões gástrica e cecal Fonte 10 e 12 LE LD dorsal A ventral B A) Desenho esquemático mostrando a lobação do fígado do suíno. B) Desenho esquemático mostrando, também no suíno, a formação do colédoco. 44 PÂNCREAS: É também uma glândula mista, com secreção endócrina (insulina e glucagon que regulam o nível de glicose no sangue) e exócrina (enzimas pancreáticas que atuam na digestão dos alimentos). É extremamente friável, se localiza próximo ao duodeno (está fixado pelo mesoduodeno) e apresenta ductos pancreáticos que desembocam no duodeno. Não apresenta uma cápsula. Irrigado por ramos pancreáticos, um cranial e outro caudal, oriundos das artérias celíaca e mesentérica cranial. Desenho esquemático de eqüino em uma vista dorsal, mostrando a localização do pâncreas. Fonte 12 BAÇO: Órgão pertencente ao sistema linfático e circulatório, vulgarmente chamado de “passarinha”, é reserva de sangue, produz glóbulos brancos para defesa do organismo, tem formato curvo com uma face parietal e outra visceral, se localiza a esquerda do plano mediano e tem a coloração vermelho-azulada. É irrigado pela artéria esplênica ou lienal (ramo da artéria celíaca). É descrito no sistema digestório devido a sua proximidade. Eqüino: vírgula. Ovino: com formato triangular. Bovino: com formato alongado. Eqüino Ovino Bovino 45 3.5) ANATOMIA COMPARADA DO SISTEMA URINÁRIO Os órgãos do sistema urinário consistem dos rins, que excretam a urina, líquido que deve ser expulso diariamente e periodicamente; ureteres, bexiga e uretra que são vias que conduzem a urina até o seu armazenamento e transportam até o exterior. RINS São glândulas excretoras pares que eliminam continuamente os produtos residuais do sangue. Regulam o equilíbrio hidro-eletrolítico do organismo, mantendo assim a pressão osmótica sanguínea, além de removerem substâncias estranhas do sangue. Coloração: marrom-avermelhado, sendo irrigados pelas artérias renais (ramos direto da artéria aorta abdominal). Situação: área sublombar à direita e à esquerda do plano mediano, sendo que nos ruminantes podem ambos ficar mais para direita devido ao tamanho do rumem. Formato: grão de feijão, exceto rim direito do eqüino que é em formato de coração. Sempre com muita gordura ao seu redor, o rim direito é levemente mais cranial que o esquerdo e está envolto por uma cápsula. Organização interna do parênquima renal: cortical (1), intermediária (2) e medular (3). Além disso, apresenta uma dilatação chamada pelve renal (4 e 5), cuja urina é gotejada constantemente e também é considerada a parte dilatada do ureter (7). No hilo renal também encontramos a artéria e veia renal, tecidos linfático e nervoso. *** BOVINO: rins lobulados. Cada lóbulo apresenta uma zona cortical, intermediária e medular. Também de cada lóbulo partem cálices menores que drenam a urina para um cálice maior e desse parte o ureter, portanto os bovinos não apresentam pelve renal. É considerado um rim primitivo, pois não houve a fusão completa do córtex renal (ou zona cortical). Fonte 6. *** SUÌNO: apresenta uma fusão parcial dos lóbulos renais, sua superfície externa é lisa, mas mantém papilas individuais que eliminam a urina dentro de cálices menores. Mas já apresenta uma pelve renal e desta parte o ureter. 46 SÃO ÓRGÃOS RETROPERITONEAIS, OU SEJA, O PERITONEO RECOBRE APENAS UMA FACE DO RIM. A cão B ovino C cavalo D bovino E golfinho URETERES É um tubo estreito (1) que conduz a urina em um fluxo contínuo da pelve para a bexiga (2). Penetram na parede dorsal da bexiga em um ângulo agudo (obliquamente). A extremidade proximal do ureter divide-se em pelve renal nos eqüinos, carnívoros, ovinos e suínos ou em cálices maiores nos bovinos. BEXIGA É um órgão capaz de grande distensão e tem a capacidade de estocar grande quantidade de urina. Tem formato piriforme, se localiza dentro da cavidade pélvica 47 (quando não distendida) e os ureteres chegam a um local chamado trígono vesical onde também é localizado o meato uretral interno, início da uretra. Desenho esquemático da bexiga aberta, mostrando a chegada dos ureteres e a saída do meato uretral interno, formando o Trígono Vesical: 1) resquício do úraco (circulação fetal) 2) bexiga, mucosa 3) ureteres 5) orifício ou meato uretral interno 6) uretra URETRA Tubo muscular. Leva a urina da bexiga para o meio externo. No macho conduz tanto a urina quanto o sêmem. Bem maior no macho, toda a extensão peniana. Começa no orifício uretral interno (saída da bexiga) e termina, no macho na glande (exceto suíno que não apresenta glande, chegando à extremidade distal do pênis) e na fêmea na vagina. Apresenta também no macho a abertura das glândulas anexas do aparelho reprodutor, chamado óstio ejaculatório que se localiza em uma elevação chamada colículo seminal. 48 3.6) ANATOMIA COMPARADA DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Componentes: testículos, epidídimo, ducto deferente, uretra, glândulas genitais acessórias, bolsa testicular ou escroto, pênis e prepúcio. TESTÍCULOS São órgãos pares que produzem as células germinativas (espermatozóides) e hormônio masculino (testosterona). Estão contidos em um divertículo do abdômen chamado escroto, juntamente com o epidídimo e tem variação de tamanho. Sua posição também varia conforme a espécie: eqüino - horizontal, ruminantes - vertical e suíno oblíquo. Apresenta internamente uma rede testicular aonde chegam os túbulos seminíferos, trazendo os espermatozóides até a cabeça do epidídimo. Internamente é revestido pela túnica albugínea e externamente pela túnica vaginal visceral (prega do peritônio). Está preso a túnica vaginal parietal por um ligamento chamado de mesórquio. EPIDÍDIMO Dividido em cabeça, corpo e cauda (maior). Função de armazenar e amadurecer os espermatozóides. Continua-se pelo ducto deferente. DUCTO DEFERENTE - Passa pelo canal inguinal. - Está no funículo espermático. - Chega até a porção pélvica da uretra. - Apresenta a ampola do ducto deferente (é uma dilatação, não sendo vista no suíno). - Une-se ao ducto excretor da vesícula seminal, formando o ducto ejaculatório que se abre no óstio ejaculatório do colículo seminal. Desenho esquemático mostrando o interior do testículo, epidídimo e parte do funículo espermático: Testículo: 1) túnica albugínea 2) mediastino 3) túbulos seminíferos 4) túbulos retos 5) rede testicular Epidídimo: 6) ductos eferentes; 6’) ducto do epidídimo 8) cabeça do epidídimo 9) corpo do epidídimo 10) cauda do epidídimo Ducto deferente (7) Plexo pampiniforme (11) 49 Bexiga Ampola do ducto deferente Vesícula seminal Próstata Bulbo uretrais SÊMEM: mistura das secreções das glândulas genitais acessórias com os espermatozóides. É eliminado pelo pênis no tempo da ejaculação. As secreções das glândulas genitais acessórias são consideradas com sendo substratos ou veículo para os espermatozóides, estimulando a motilidade e facilitando sua locomoção. Fonte 6 FUNÍCULO ESPERMÁTICO: Passa pelo canal inguinal, está envolto externamente pela túnica vaginal parietal e apresenta as estruturas: - artéria testicular; -veia testicular (forma um plexo chamado pampiniforme que fica ao redor da artéria testicular e tem como objetivo diminuir a temperatura, ou seja, resfriar a artéria); - vasos linfáticos; - plexo nervoso; - fibras musculares (músculo cremáster); - ducto deferente; - túnica vaginal visceral BOLSA TESTICULAR OU ESCROTO É um divertículo da cavidade abdominal que contém o testículo, epidídimo e parte do funículo espermático. Normalmente é assimétrico, tem função de proteção e termorregulação, é pigmentado, apresenta pêlos externos e glândulas sebáceas. Dividise em camadas: 50 1 Desenho esquemático do escroto de um bovino evidenciando as camadas da bolsa testicular: 1) Pele 2) Dartos: muito aderida à pele, divide o escroto. 3) Fáscia muscular: derivada dos músculos abdominais 4) Túnica vaginal parietal: prega de peritônio GLÂNDULAS GENITAIS ACESSÓRIAS Estão agrupadas ao redor da uretra pélvica e diferem muito entre as espécies. Seu crescimento e função são influenciados pelos hormônios sexuais, ou seja, num animal castrado atrofiam. Podem ser palpadas. Estão dispostas de cranial para caudal: vesícula seminal, próstata e bulbo uretrais. Desenho esquemático da vista dorsal da cavidade pélvica, no suíno: 1 bexiga 2 vesícula seminal 3 próstata 4 ureteres 5 ducto deferente (sem ampola) 6 músculo uretral 7 e 8 bulbo uretrais 9, 10 e 11 músculos da raiz peniana Cachaço Fonte 10 Suíno castrado PÊNIS: É o órgão copulatório. Preso por músculos. Composto de tecido erétil. Dividido em: raiz, corpo e glande. Apresenta a uretra em toda sua extensão. Estrutura: musculomembranoso (B) ou fibroelástico (A) Sem ereção Ruminantes e Suíno Com ereção Eqüino e Cão (também com osso peniano) Apresenta: -corpo cavernoso - corpo esponjoso (ao redor da uretra) 51 Desenhos esquemáticos: A) pênis fibroelástico B) pênis musculomembranoso 1) túnica albugínea 2) corpo cavernoso 3) septo 4) uretra 5) corpo esponjoso 6) mus. bulboesponjoso 7) mus. retrator do pênis 8) grandes veias Glande: é uma dilatação da extremidade distal do pênis, sendo que o suíno não apresenta. No eqüino e carneiro temos o prolongamento uretral, sendo que no carneiro também é chamado de apêndice vermiforme. Prepúcio: bainha cutânea que envolve a porção livre do pênis em repouso. Flexura sigmóide ou “S” peniano: está presente no pênis do ruminante e suíno, sendo que a ereção se dá pela distensão do “S” peniano. No ruminante a localização da flexura sigmóide é pós-escrotal e no suíno é pré-escrotal. eqüino Glande Prolongamento uretral Prepúcio Carneiro Vista lateral, importante: 2 glande 3 meato uretral externo 4 apêndice vermiforme 6 corpo do pênis 7 prepúcio Vista lateral, importante: Sem glande formato de saca rolha 1 meato uretral externo 2 extremidade cranial do pênis 3 e 4 prepúcio 5 corpo do pênis Suíno Fonte 4 52 Rim direito Fonte 3 1 ureter 2 testículo 3 escroto 4 ducto deferente 5 bexiga 6 vesícula seminal 7 ampola do ducto deferente 8 próstata 9 bulbo uretrais 10 flexura sigmóide ou “S” peniano 11 prepúcio e glande 12 raiz do pênis 13 músculo retrator do pênis Vista lateral do pênis do bovino: 1) prepúcio 2) glande 3) corpo do pênis 4) “S” peniano no corpo do pênis 5) e 6) raiz do pênis, musculatura que a prende. 7) músculo retrator do pênis 53 3.7) ANATOMIA COMPARADA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO E GLÂNDULA MAMÁRIA É o sistema responsável pela produção das células germinativas femininas (óvulos) e pelo hormônio feminino (estrógeno). Além disso, protegem e alimentam (através da placenta) o feto. O cio ou estro é a manifestação sexual das fêmeas, que durante esse período, apresentam modificações no temperamento e comportamento, aceitam o macho e o trato genital está apto e em condições de receber a concepção. As fêmeas podem ser poliéstricas estacionais, ou seja, apresentam vários cios em determinadas estações do ano, exemplo égua e ovelha. Já as poliéstricas anuais apresentam vários cios durante o ano inteiro, exemplo vaca e porca. As fêmeas também podem ser unitecas (geram geralmente apenas um filhote por prenhez – vaca e égua) ou politecas (geram mais de 1 filhote por prenhez – porca, cadela e gata). O período gestacional varia conforme a espécie: égua: 11 meses; vaca: 9 meses; porca: 3 meses, 3 semanas e 3 dias; ovelha e cabra: 5 meses; cadela e gata: 2 meses. Composição: ovários, tubas uterinas, útero (2 cornos, corpo e colo – cérvix), vagina, vestíbulo da vagina e vulva. Fonte 6. 54 OVÁRIOS Vaca e Porca - São homólogos aos testículos. - Produzem os óvulos e estrógeno. - Tem formato de feijão (mais na égua e na porca tem formato de cacho de uva). - Localização: sublombar na égua e cavidade pélvica na vaca e porca. Égua - Estrutura: Zona Cortical ou Córtex: apresentam folículos em vários estágios de desenvolvimento; Zona medular: com vasos sanguíneos. Na égua essa condição se inverte e ainda apresenta a chamada fossa de ovulação. O desenvolvimento dos folículos ocorre da seguinte maneira: primários, secundários, terciários e folículo de Graaf (já se observa a diferenciação do ovócito). No momento da ruptura do folículo de Graaf, ou seja, quando temos a ovulação (liberação do ovócito para o meio “externo” para ser capturado pela tuba uterina), começa a formação do corpo lúteo que, se houver fecundação, ficará ativo e produzirá um hormônio chamado progesterona que manterá a gestação até o nascimento do filhote. Após o período gestacional ou não (caso naquele cio não houver fecundação) esse corpo lúteo começa a involuir, ou seja, regredir até se tornar o chamado corpo albicans (“cicatriz” na cortical do ovário, é visto a olho nu. Menos na égua, pois isso ocorre na zona medular). Esse corpo lúteo pode ser palpado por via retal na vaca. Existem folículos de Graaf que involuem (ficam atrésicos) sem ter ovulado. E caso haja ovulação, mas sem fecundação, esses ovócitos são reabsorvidos pelo útero. O ovócito é capturado pela tuba uterina (tem um tropismo positivo) e é fecundado pelo espermatozóide no terço proximal da mesma. Após, esse zigoto é transportado para o útero onde ocorrerá a nidação, ou seja, a fixação deste feto em desenvolvimento na parede do útero e formação dos envoltórios fetais (placenta). O ovário está preso por dois ligamentos: próprio (vai do ovário até o corno do útero) e mesovário (que faz parte do ligamento largo do útero). 55 TUBAS UTERINAS É um tubo muscular estreito que leva os óvulos do ovário para o útero. No seu terço proximal é onde ocorre a fecundação, portanto o espermatozóide tem de chegar até aí. Apresenta: infundíbulo (com fimbrias que captam o óvulo para o seu interior e apresenta o óstio abdominal da tuba uterina), ampola e ístimo (onde está o óstio uterino da tuba uterina, sua comunicação com o corno do útero). Está preso pelo mesossalpinge que faz parte do ligamento largo do útero. Desenho esquemático dos órgãos reprodutores da égua: 1 ovário 2 tuba uterina 2” infundíbulo com óstio abdominal da tuba uterina. 3 corno do útero com óstio uterino da tuba uterina. 4 ligamento largo do útero Fonte 12 ÚTERO Órgão muscular, fica dentro da cavidade abdominal, se relaciona dorsalmente com o reto e ventralmente com a bexiga, recebe o óvulo já fecundado, é onde o embrião se desenvolve e apresenta: 2 cornos, corpo e colo ou cérvix. Está preso ao teto da cavidade abdominal pelo mesométrio, que faz parte do ligamento largo do útero. LIGAMENTO LARGO DO ÚTERO: MESOVÁRIO MESOSSALPINGE MESOMÉTRIO Apresenta as seguintes camadas: PERIMÉTRIO (serosa, mais externa) MIOMÉTRIO (muscular, intermediária) ENDOMÉTRIO (mucosa, mais interna) No endométrio dos ruminantes temos as carúnculas, que são projeções do próprio endométrio e servem para fixar a placenta. Na placenta há a formação dos cotilédones que se grudam as carúnculas formando o placentoma. 56 Vista dorsal dos órgãos genitais da égua: 1 ovário 2 tuba uterina 3 corno do útero 4 ligamento largo do útero 5 corpo do útero 6 colo do útero 7 cérvix 8 bexiga 9 vagina 10 meato uretral externo 11 vestíbulo 12 clitóris 13 lábios vulvares Fonte 6 Desenho esquemático mostrando um útero gravídico de vaca: 1 ílio 2 reto 3 ânus 4 útero 5 colo do útero com cérvix 6 vagina 7 vestíbulo 8 bexiga 9 uretra 10 divertículo suburetral 11 vulva 57 Vista dorsal de útero da porca com cornos uterinos bem torneados; não apresenta a projeção cérvix., mas um canal cervical apenas: 1) e 3) corno do útero 2) corpo do útero 4) e 13) tuba uterina 5) mesovário 6) e 15) mesométrio 7) meato ou orifício uretral interno 8) clitóris na vulva 9) vestíbulo da vagina 10) vagina 11) canal cervical 12) mesossalpinge 14) ovário com o ligamento próprio do ovário. VAGINA É um tubo, tem a projeção da cérvix no seu interior e está dentro da cavidade pélvica. Vai da cérvix até o orifício uretral externo. VESTÍBULO DA VAGINA Vai do orifício uretral externo até a vulva, apresentam glândulas chamadas de vestibulares que produzem muco e este tem substâncias odoríficas que atraem o macho. VULVA É a porção terminal do genital feminino, apresenta 2 lábios e 2 comissuras (dorsal e ventral), sendo que na comissura ventral está o clitóris. 58 GLÂNDULAS MAMÁRIAS (faz parte do sistema tegumentar) É uma glândula sudorífera exócrina modificada tubuloalveolar composta, que surge somente nos mamíferos. A glândula mamaria dos ruminantes e da égua é conhecida como úbere, havendo o desenvolvimento somente das glândulas inguinais (já na espécie humana, como nos antropóides, as glândulas peitorais que se desenvolvem). O leite é a secreção característica desta glândula e serve para alimentação do recém nascido, até mais ou menos 4 meses de vida, transmitindo anticorpos (gamaglobulina), sendo o primeiro leite chamado colostro. Na porca como na cadela e gata temos glândulas mamarias espalhadas por toda a região ventral, incluindo tórax, abdome e região inguinal. As mamas são separadas medianamente pelo sulco intermamário. Apresenta duas porções: Corpo: parte mais desenvolvida onde ocorre a produção do leite, formado pelo parênquima glandular. Este parênquima é formado por lobos que apresentam no seu interior um ducto lactífero. Estes ductos convergem para a teta, formando uma dilatação chamada seio. Neste seio teremos uma dilatação na glândula propriamente dita, chamada de cisterna da glândula na porção dorsal e cisterna da teta na porção ventral. Teta: apresenta uma dilatação chamada de cisterna da teta; apresenta um orifício, que é rodeado por um esfíncter que fecha o conduto, chamado óstio ou orifício da teta; a comunicação entre a cisterna da teta e o orifício é chamada de ducto papilar. Fixando a glândula mamaria na cavidade abdominal temos o ligamento suspensório do úbere, que é um cordão fibroso derivado das aponeuroses dos músculos abdominais. * Glândula mamária dos suínos: são 10 a 12 glândulas distribuídas em fila como torácicas, abdominais e inguinais, com uma teta cada. Cada teta com 2 ou 3 ductos papilares. * Úbere da vaca: é constituído por duas glândulas mamárias fixadas na parede ventral da região inguinal. Cada uma com duas tetas e um ducto papilar por teta. As glândulas mamárias, cada uma de suas tetas, formam os quartos de úbere (quarto cranial direito e esquerdo e quarto caudal direito e esquerdo). Casos de mastite (inflamação da glândula mamária) são bastante comuns em vacas, geralmente causados pelo manejo inadequado na ordenha. * Úbere da égua: é constituído por duas glândulas, sendo que cada glândula apresenta uma papila mamária pequena, com dois ou três ductos papilares. 59 Cisterna da glândula SEIO LACTÍFERO Cisterna da teta Ducto papilar ** A principal artéria para o úbere da vaca é a artéria pudenda externa. Ela atravessa o anel inguinal e dirige-se caudalmente para a base do úbere, formando uma flexura sigmóide, uma proteção contra estreitamentos quando o úbere está cheio. Logo depois, bifurca-se em uma artéria mamária cranial dirigida ventrocranialmente e uma artéria mamária caudal menor que se dirige para a parte caudal do úbere. Essas duas artérias se anastomosam com a artéria que surge cranialmente, a artéria epigástrica superficial caudal, a qual está em continuação com a artéria epigástrica superficial cranial. Caudalmente, projeta-se também para o úbere o ramo labial ventral da artéria pudenda interna. ** A veia epigástrica cranial superficial evidencia-se nas vacas de leite, por meio da pele, na parede ventral do abdome. A drenagem também pode ocorrer no sentido caudal através da veia mamária caudal, da veia labial ventral e da veia pudenda interna. O principal fluxo do sistema venoso se dá através da veia pudenda externa. A anastomose da veia epigástrica superficial caudal com a veia epigástrica superficial cranial forma a veia do leite, que aumenta seu diâmetro durante a primeira lactação. Fonte 1. 60 4) AVES: 4.1) ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema digestório das aves difere consideravelmente dos mamíferos, pois consta de um conduto alimentício e de órgãos acessórios. Os órgãos do aparelho digestório são: orofaringe (cavidade bucal e faringe), esôfago (com papo ou inglúvio), estômago (proventrículo e moela), intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), intestino grosso (dois cecos, reto e cloaca) e os órgãos acessórios: língua, fígado, pâncreas e baço. Boca Cloaca Moela OROFARINGE As aves não possuem palato mole, ou seja, não apresentam nenhuma divisão nítida entre a boca e a faringe. Portanto a orofaringe representa a cavidade combinada que se estende do bico até o esôfago. A orofaringe apresenta: teto, formado pelo palato duro; assoalho, formado pela mandíbula, língua e elevação laríngea (laringe cranial). Tem como função coletar alimento e água. Nota-se ausência de lábios, bochechas e dentes (nos patos e gansos temos estruturas serrilhadas na borda do bico, tanto na parte superior como inferior). No teto da orofaringe encontramos duas fendas: a mais rostral e longa é a fenda das coanas, sendo a comunicação da orofaringe com a cavidade nasal; e outra mais caudal que é a fenda das tubas auditivas (ou também chamada de infundibular), sendo a comunicação da orofaringe com o ouvido médio. Caudal a laringe cranial temos a abertura do esôfago e numerosas papilas mecânicas estão espalhadas em fileiras na orofaringe, tendo como função ajudar na apreensão do alimento e deglutição. Cada ave tem um bico diferente, conforme o seu tipo de alimentação, sendo uma estrutura muito usada pelas aves de rapina para matar a sua caça. Fonte 7 61 5 4 2 1 3 Figura 1: mostrando os diferentes tipos de bico Figura 2: mostrando a orofaringe de uma galinha aberta: 1) fenda das coanas; 2) fenda infundibular; 3) língua; 4) laringe cranial; 5) entrada do esôfago ESÔFAGO Consta de um tubo muscular qua se estende desde a orofaringe até o proventrículo, no lado direito do pescoço e é passível de grande distensão. Na entrada do tórax apresenta um divertículo chamado de inglúvio, sendo conhecido popularmente de papo, que tem a função de armazenar alimento (muito importante na ave selvagem, pois nem sempre encontra alimento à disposição). Está dividido em esôfago cervical, entre a orofaringe e o inglúvio e no esôfago torácico (bem mais curto), entre o inglúvio e proventrículo. 1 1 3 4 8 9 6 7 2 Desenho esquemático de um galo evidenciando o trato digestório do esôfago até a moela: 1) esôfago cervical 2) inglúvio ou papo 3) esôfago torácico 4) proventrículo 5) moela 6) baço 7) coração 8) testículo 9) cloaca 5 ESTÔMAGO Apresenta dois compartimentos chamados proventrículo ou estômago químico e moela ou estômago mecânico. 62 Proventrículo: é um órgão tubular alongado e com paredes grossas. É a porção glandular do estômago, onde são secretados sucos digestivos como pepsina e ácido clorídrico. Moela: é a porção muscular do estômago, sendo um disco muscular denso e grosso com dois orifícios pequenos (um se abre na porção proventricular e outro no duodeno – também chamado de piloro). Tem função de triturar os alimentos e digerir as proteínas. Apresenta uma mucosa revestida por uma membrana densa e amarelada, chamada de estrato córneo. Orifício de comunicação entre o proventriculo e a moela INTESTINO DELGADO Situado mais a direita do plano mediano, é composto de duodeno, jejuno e íleo, indo do duodeno até a inserção dos cecos. O duodeno tem formato de alça e entre essas encontramos o pâncreas. O jejuno é a porção média e nele encontramos resquícios fetais como o divertículo de Meckel. O íleo é a porção final e termina-se no intestino grosso, no reto. INTESTINO GROSSO É formado por dois cecos, reto e cloaca. Os cecos são sacos cegos, com 20 cm de comprimento e colocam-se de cada lado do íleo. Os pombos apresentam cecos bem curtos e os psitacídeos não apresentam. O final do cólon é chamado de reto e termina-se na cloaca. CLOACA: é uma abertura comum dos sistemas digestório, urinário e genital. Caracteriza as aves por não ter bexiga, assim como os répteis. Quando as aves defecam sai junto a urina, sendo a porção branca do excremento. É aí também que ocorre a fecundação, ou seja, o ovo é “galado” e por onde saem os ovos. Está dividida em coproceo (onde chega o reto), uroceo (onde chegam os ureteres) e proctoceo (onde estão os órgãos genitais). Órgãos acessórios: Língua: estreita, de formato triangular e situa-se no assoalho da boca. 63 Fígado: órgão bastante desenvolvido, é de coloração vermelho escuro, está dividido em dois lobos e também apresenta vesícula biliar. Pâncreas: é uma glândula alongada e está situado entre as porções do duodeno. Baço: é um órgão arredondado, coloração arroxeada, situado entre o proventrículo e a moela e é triangular no pato e ganso, oval no pombo e alongado no periquito australiano. FÍGADO 1 2 3 PÂNCREAS BAÇO Desenho esquemático da cloaca do galo aberta: 1) Reto (região do coproceo) 2) chegada dos ureteres, oriundos dos rins (região do uroceo) 3) falo – órgão genital masculino (região do proctoceo) 64 4.2) ANATOMIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Compreende as narinas, cavidades nasais, orofaringe (já descrita no sistema digestório), laringe cranial, traquéia, laringe caudal, brônquios, pulmões e sacos aéreos. NARINAS São orifícios ovais e estreitos situados na base da parte superior do bico e são cobertas por uma aba córnea chamada opérculo. CAVIDADES NASAIS São curtas e estritas, apresentando três cornetos (rostral, médio e caudal) e se comunica com o meio externo através das narinas e com a orofaringe através de uma fenda chamada fenda das coanas (já falado no sistema digestório). LARINGE CRANIAL Situa-se no inicio da traquéia, é formada por cartilagens e apresenta uma fenda medial chamada glote que não é protegida por uma epiglote. TRAQUÉIA É um tubo longo, formado por anéis cartilaginosos completos e conecta a laringe cranial com a laringe caudal. Bifurca-se em dois brônquios principais. LARINGE CAUDAL OU SIRINGE Localiza-se na porção final da traquéia e é formada parcialmente pelos brônquios. É o órgão fonador das aves, ou seja, a variação do canto assim como a fala do papagaio é devido à presença deste órgão. PULMÕES Relativamente pequenos e esponjosos, não são lobados, têm coloração rosada e não são expansivos como nos mamíferos. São voltados para as costelas e ficam em contato com os órgãos abdominais, pois nas aves o músculo diafragma não é desenvolvido. Com isso as aves não respiram expandindo os pulmões no vôo, mas sim através da entrada de ar forçada pelas narinas, que é regulada pelo opérculo. A traquéia se divide em dois brônquios principais, que chegam até os sacos aéreos abdominais e no caminho se subdividem em brônquios secundários, que penetram nos outros sacos aéreos. Esses brônquios secundários também se subdividem em vários parabrônquios. E nestes observamos a formação dos capilares aéreos, onde ocorre a troca gasosa, sendo homólogos aos alvéolos dos mamíferos. SACOS AÉREOS Formações peculiares nas aves, de paredes delgadas, constituídos de uma membrana mucosa recoberta externamente por uma serosa, e divertículos destes sacos penetram em vários ossos, podendo chegar até músculos. Nos galináceos são em número de oito, sendo um saco cervical, um clavicular, dois torácicos craniais, dois torácicos caudais e dois abdominais. Os ossos pneumáticos se conectam com o aparelho respiratório através dos sacos aéreos, tornando-se assim mais leves para o vôo, equilíbrio e natação. Os sacos aéreos estão intimamente relacionados com os órgãos internos e funcionam como foles, movimentando o ar através de um pulmão amplamente passivo. 65 Desenhos esquemáticos mostrando as narinas e a cavidade nasal direita aberta com suas conchas nasais. 1 3 3 3 1 2 2 A 2 B Figura A: Vista ventral da região cervical de uma ave, mostrando: 1) laringe cranial, 2) esôfago, 3) traquéia Figura B: Vista ventral da cavidade toracoabdominal aberta, mostrando: 1) laringe caudal ou siringe, 2) pulmões 3) músculo laringeotraqueal 66 1 Trato respiratório inferior de uma ave, evidenciando: 1) traquéia 2) siringe 3) pulmões 2 3 3 Desenho esquemático mostrando a divisão dos brônquios, sacos aéreos e pulmão direito: 1) brônquio prinipal 2) vaso pulmonar 3, 4 e 5) brônquios secundários 6) parabrônquio 7) pulmão 8) impressões costais 9) saco aéreo cervical 10 e 10’) saco aéreo clavicular 11) saco aéreo torácico cranial 12) saco aéreo torácico caudal 13) saco aéreo abdominal 67 4.3) ANATOMIA DO SISTEMA GENITAL MASCULINO Formado por testículo, epidídimo, ducto deferente e falo (corresponde ao pênis dos mamíferos). TESTÍCULOS São intracavitários, estão próximo ao lobo cranial do rim, parecem grãos de feijão e são de coloração amarelada. A castração, para induzir a engorda, poderá ser feita através de uma incisão junto à última costela. EPIDÍDIMO É rudimentar e se relaciona medialmente com o testículo. DUCTO DEFERENTE É um tubo flexuoso, que se origina no epidídimo e dirige-se caudalmente até a cloaca, onde vai abrir-se lateralmente ao ureter no uroceo. FALO Considerado nos galináceos e perus um falo não protraível (sem exposição). É composto por um pequeno corpo fálico medial e por um par de corpos fálicos laterais maiores. Estes corpos aumentam no estado intumescente e, juntos formam um sulco que recebe o ejaculado dos ductos deferentes. Durante a cópula a cloaca é evertida e o falo é pressionado contra a mucosa cloacal da fêmea (ocorre uma justa posição de órgãos, chamado “beijo cloacal”), com isso o ovo será “galado”. Nas aves aquáticas como gansos e patos, o falo é protraível e tem capacidade de penetração, com cerca de 5 cm de comprimento. Além disso, tem formato de cone fino e apresenta um sulco espiralado que conduz o sêmem até a extremidade. *** Pintos de um dia apresentam uma protuberância genital minúscula, com uma diferença, no macho é arredondado e na fêmea tem formato cônico. Com isso, para se fazer a sexagem dos animais, é necessário um bom tempo de treinamento. Rim esquerdo Testículo esquerdo 68 Frango Galo Ductos deferentes esquerdo e direito Ureter esquerdo coproceo uroceo Proctoceo Canal deferente Corpo fálico lateral esquerdo Corpo fálico lateral direito Corpo fálico medial Desenho esquemático do falo do galo intumescido e com a cloaca evertida, onde observamos a chegada dos ductos deferentes ao uroceo, juntamente com os ureteres e o falo na região do proctoceo. 69 4.4) ANATOMIA DO SISTEMA GENITAL FEMININO O embrião da galinha em desenvolvimento apresenta dois ovários e dois ovidutos. Entretanto logo após a eclosão o ovário e o oviduto direitos atrofiam e os do lado esquerdo iniciam o desenvolvimento. É composto por: ovário e oviduto. OVÁRIO Consiste de uma massa esponjosa que contém óvulos em vários estágios de desenvolvimento, com isso assemelha-se a um cacho de uva. Esses óvulos correspondem às gemas. OVIDUTO Consta de um tubo flexuoso que se estende desde o ovário até a cloaca. Este conduto musculoso se inicia por um funil que capta o óvulo amadurecido (gema) e o conduz até a cloaca, passando por várias fases onde são formadas a clara, membrana da casca e casca. É constituído de cinco partes: Infundíbulo: porção dilatada do oviduto que recebe o óvulo e produz o chalázio, permanecendo neste local por 15 minutos. Magno: é a parte do oviduto mais longa e espiralada, é onde se forma a clara, permanecendo aí por 3 horas. Istmo: porção estreita e curta após o magno, é onde se forma a membrana da casca, permanecendo por uma hora. Útero: é homologo ao órgão dos mamíferos. Neste local ocorre a formação da casca assim como o pigmento colorido dos ovos, permanecendo aí por 20 horas. Vagina: segmento estreito que desemboca no uroceo, produz um muco que impermeabiliza a casca e que veda as paredes porosas da casca evitando a entrada de agentes contaminantes. Cloaca do galo Cloaca da galinha 70 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1) ASHDOWN, R,R.; STANLEY, D. Atlas colorido de anatomia veterinária. Os ruminantes. São Paulo: Manole, 1987. 2) BUDRAS, K.D.; SACK, W.O.; ROCK, S. Anatomy of the horse. An ilustrated text. 2. ed. London: Mosby-wolfe, 1994. 135p. 3) DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 813p. 4) FRANDSON, R.D.; WILKE, L.W.; FAILS, A.D. Anatomia e fisiologia dos animais de fazenda. 6. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 454p. 5) KONIG, H.E.; LIEBICH, H.G. Anatomia dos animais domésticos. Texto e atlas colorido. Aparelho locomotor. v. 1, Porto Alegre: Artmed, 2002. 291p. 6) KONIG, H.E.; LIEBICH, H.G. Anatomia dos animais domésticos. Texto e atlas colorido. Órgãos e sistemas. v. 2, Porto Alegre: Artmed, 2004. 399p. 7) NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. Anatomy of the domestic birds. Berlin: Paul Parey, 1977. 202p. 8) NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. The viscera of the domestic mammals. Berlin: Paul Parey, 1979. 2. ed. 401p. 9) PASQUINI, C.; SPURGEON, T. Anatomy of domestic animals. Systemic and regional approach. 5. ed. Dallas: Sudz, 1992. 651p. 10) POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. São Paulo: Manole, 1987. 3v. 11) SCHWARZE, E. Compendio de anatomia veterinária: anatomia das aves. Espanha: Acribia, v. 5. 1970. 212p. 12) SISSON, S.; GROSSMAN, J. D. Anatomia de los animales domesticos. Barcelona: Savat, 1977. 952p. ** Polígrafo da Anatomia dos Animais Domésticos do Departamento de Morfologia, Curso de Zootecnia de Universidade Federal de Santa Maria, 2005. **Polígrafo de Neuroanatomia da Anatomia dos Animais Domésticos I do Professor Doutor Rui Campos da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.