TRATAMENTO DE PARAGENS DE FERMENTAÇÃO: Protocolo simplificado Enartis- Vinquiry CAUSAS: As principais causas das paragens de fermentação são: • Carência de elementos nutritivos (azoto e vitaminas) • Carência de oxigénio (necessário para a síntese de esteróis) • Carência de factores de sobrevivência (esteróis e ácidos gordos de cadeia longa) • Presença de inibidores (álcool, ácidos gordos de cadeia curta, ácido acético) • Aumento descontrolado da temperatura • Presença de resíduos fitossanitários (sobretudo no caso de Verões secos) • Estirpe de levedura inadequada (baixa resistência ao álcool) CONSEQUÊNCIAS Uma fermentação lenta ou parada origina dois tipos de problemas: 1. Problemas qualitativos: num mosto/vinho rico em açúcar e com baixo nível de sulfuroso as bactérias lácticas podem desenvolver-se e metabolizar os açúcares, produzindo, deste modo, elevados níveis de acidez volátil. 2. Problemas económicos: a paragem de fermentação não só provoca atrasos na produção, mas também requer intervenções extraordinárias que implicam um aumento dos custos. Por estas razões, é preferível e menos dispendioso prevenir o problema do que intervir de forma curativa. TRATAMENTO DA PARAGEM DE FERMENTAÇÃO A. TRATAMENTO DO VINHO COM PARAGEM DE FERMENTAÇÃO No caso de fermentações lentas ou paradas e na ausência de causas prováveis, é recomendado: 1. Intervir atempadamente para prevenir o desenvolvimento de bactérias indesejadas, através dos seguintes meios: a. Filtração ou trasfega b. Adição de sulfuroso até um máximo de 1 g/hL c. Adição de 30 – 40 g/hL de ENARTIS ZYM LYSO, se houver um risco de arranque da fermentação maloláctica. 2. Adicionar SUPERLÍS ou celulose a uma dose de 20 g/hL combinada com 5 g/hL de BENTOLIT SUPER. As paredes de levedura e a celulose eliminarão os ácidos gordos de cadeia curta e resíduos de pesticidas que possam estar a inibir a fermentação, enquanto que a bentonite ajudará na precipitação das borras Deixar o SUPERLÍS (ou celulose) e a bentonite actuarem durante 24 horas e removêla, de seguida, mediante trasfega ou filtração, sem se preocupar com a limpidez. Alternativamente, a celulose pode ser deixada no mosto/vinho, tendo em consideração que alguns aromas serão perdidos por adsorção pela celulose. SETEMBRO DE 2009 O vinho assim tratado deverá ser posteriormente inoculado com um pé-de-cuba de levedura preparado do modo seguinte (etapas B, C e D): B. ESCOLHA E REHIDRATAÇÃO DA LEVEDURA SECA ACTIVA: 1. Escolher uma levedura que seja tolerante a elevados teores alcoólicos e que, ao mesmo tempo, tenha um bom vigor fermentativo como a ENARTIS FERM 44 ou TOP 15. 2. Calcular a quantidade necessária de levedura para inocular o volume parado com uma dose de 20 – 40 g/hL. 3. Adicionar a levedura a um volume de água quente a 35-38 ºC, numa razão de 1:10, misturando suavemente. 4. Esperar 20 minutos, misturar novamente e passar à fase de activação da levedura. C. ACTIVAÇÃO DA LEVEDURA REHIDRATADA: O conteúdo em nutriente do mosto/vinho com paragem é certamente insuficiente para garantir um desenvolvimento adequado da levedura. Por outro lado, a levedura deve ser aclimatizada ao meio alcoólico. 1. Preparar uma solução de activação com cerca de 5% do volume total de vinho a tratar, composta por 50% de vinho com paragem e 50% de água. 2. Adicionar a solução de água/vinho a quantidade de NUTRIFERM ENERGY necessária para fornecer uma dose de 10 – 15 g/hL de vinho com paragem. 3. Adicionar mosto concentrado ou açúcar de modo a corrigir para 50 g/L (5 º Brix) o conteúdo em açúcar da solução de água/vinho. D. ARRANQUE DA FERMENTAÇÃO E ADIÇÃO FRACCIONADA DO VINHO COM PARAGEM: 1. Adicionar a levedura rehidratada à solução água/vinho. Misturar bem e manter a temperatura entre 21 – 24 ºC. Atenção: evitar os choques térmicos. Assegurar que a diferença de temperatura entre a suspensão de levedura e a solução seja inferior a 10 ºC. 2. Monitorizar o conteúdo em açúcar da solução. Atenção: não deixar que todo o açúcar seja consumido. 3. Quando o conteúdo em açúcar baixar para metade (< 2,5 ºBrix), adicionar ao pé-de-cuba uma quantidade de vinho com paragem de cerca de 20% do volume total a tratar + 25 g de NUTRIFERM ADVANCE por cada 100 L de vinho adicionado. 4. Quando o conteúdo em açúcar baixar para metade, proceder à adição de uma segunda fracção de vinho em paragem de cerca de 20% do volume total. 5. Repetir o ponto 4 (no total 5 adições de fracção de 20%) até terminar o vinho com paragem. Em cada adição assegurar que a diferença de temperatura entre a suspensão de levedura e a solução seja inferior a 10 ºC. SETEMBRO DE 2009 EXEMPLO PARA 100 hL DE MOSTO/VINHO COM PARAGEM 1. Preparar uma solução com a seguinte composição: a. 250 L de vinho com paragem (2,5% do volume total de vinho a tratar) b. 250 L de água (2,5% do volume total de vinho a tratar) c. 1 Kg de NUTRIFERM ENERGY (cerca de 10 g/hL de vinho a tratar) d. Adicionar mosto concentrado ou açúcar de modo a corrigir o conteúdo em açúcar da solução para 50 g/L ou 5ºBrix. 2. Em 40 L de água a 35-38 ºC (atenção: Não passar os 40ºC), adicionar 4 Kg de levedura (EZFERM 44 ou TOP 15, numa dose de 40 g/hL), misturando suavemente a suspensão. 3. Esperar 20 minutos, misturar e adicionar à solução preparada de acordo com o ponto 1. Atenção: Evitar os choques térmicos. Assegurar-se que a diferença de temperatura entre a suspensão de levedura e a solução seja inferior a 10 ºC. 4. Adicionar a levedura rehidratada à solução preparada como anteriormente. Misturar bem e manter a temperatura entre 21 – 24 ºC. 5. Monitorizar o conteúdo em açúcar do pé-de-cuba. Não deixar consumir a totalidade do açúcar. 6. Quando o conteúdo de açúcar for metade do inicial (< 2,5º Brix), adicionar ao pé-de-cuba: a. 20 hL de vinho com paragem (cerca de 20% do volume total de vinho com paragem) b. 500 g de NUTRIFERM ADVANCE (cerca de 25 g/hL). 7. Quando o conteúdo em açúcar desta fracção se tiver reduzido para metade, adicionar outros 20 hL de vinho com paragem (cerca de 20% do volume total). 8. Repetir a operação descrita no ponto 7 (adição dos restantes 60 hL de vinho com paragens, em fracções de 20 hL cada), até ao consumo do volume total. SETEMBRO DE 2009