ROTEIRO PARA
 DIAGNÓSTICOS
E PLANOS DE
GERENCIAMENTO DE BACIAS
HIDROGRÁFICAS
Agência Nacional de Águas

Com o objetivo de desenvolver uma
estratégia que vise proteger e restaurar a
qualidade ambiental e, conseqüentemente,
os ecossistemas aquáticos, a (ANA), para
fins de planejamento, oficializa o conceito de
bacia hidrográfica baseada em pressupostos
legais.
Lei

Sendo assim, a bacia hidrográfica está expressa
conforme a Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que
institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e
preconiza em seus fundamentos que "a bacia
hidrográfica é a unidade territorial de caráter básico
e fundamental para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos”.
Fundamentação da Abordagem

Esta fundamenta-se na constatação de que muitos
problemas ambientais de qualidade e quantidade de
água serão evitados ou resolvidos de maneira eficaz
por meio de ações que focalizem a bacia
hidrográfica como um todo, incluindo as atividades
desenvolvidas em sua área de abrangência e os
atores sociais que direta e indiretamente utilizem os
recursos hídricos dentro desta unidade espacial.
Bacia Hidrográfica: Aspectos Conceituais

A bacia hidrográfica se caracteriza como a unidade
básica e fundamental do ciclo hidrológico.

Pode ser preliminarmente conceituada, como uma
área definida topograficamente, drenada por um
curso de água ou por um sistema interligado de
cursos de água tal que todos os caudais efluentes
sejam descarregados através de uma única saída, a
secção de referência da bacia (Lencastre e Franco
1984).
Limites das Bacias

O contorno desta área, ou seja, da bacia é
estabelecido pela linha de separação de águas, o
divisor de drenagem, que por sua vez, divide as
taxas de processos hidrológicos como precipitações,
vazão, percolação e outros, entre bacias vizinhas.

Os terrenos de uma bacia hidrográfica são
delimitados por dois tipos de linhas de separação de
águas: uma topográfica ou superficial e outra
freática ou subterrânea.
Linhas de Separação de Águas

A linha de separação freática é, em geral determinada pela
estrutura geológica dos terrenos, sendo muitas vezes
influenciada também pela topografia.

As áreas demarcadas por esta linha de separação dificilmente
coincidem com exatidão.

Devido à dificuldade em se determinar precisamente a
separação freática, uma vez que ela não é fixa, mudando com
as flutuações o lençol de água subterrânea, ao longo do ano;
para efeitos práticos costuma-se considerar que a área da
bacia de drenagem é determinada pela linha de separação
topográfica.
Caminho das Águas

A água que atinge uma bacia hidrográfica
pode, então, ser drenada, ser reservada em
lagos e represas e daí evaporar para a
atmosfera ou infiltrar-se, percolando o solo.
Do ponto de vista hidrológico

O solo funciona como um reservatório, cujo
volume de água armazenado pode ser
bastante variável no tempo, dependendo de
muitos fatores ligados a:
–
–
–
–
sazonalidade climática,
porosidade do solo,
natureza da rocha e
tipo de cobertura vegetal.
O Balanço das Águas no Solo




Pode ser resolvido computando-se todas as
entradas e as saídas do sistema.
A principal entrada de água no sistema é a
precipitação.
Considerando a existência de uma cobertura vegetal
sobre o solo, a água da chuva é primeiramente
interceptada pelo dossel, a água poderá também
atingir diretamente o solo ou corpos d’água.
Esta água interceptada pode então ser evaporada.
... O Balanço das Águas no Solo

Da água que chega até a superfície do solo, parte é infiltrada
(entra no perfil de solo) e parte pode escoar superficialmente.

A água infiltrada irá se redistribuir ao longo do perfil de solo.

Simultaneamente à entrada de água no solo, a água pode
estar sendo evaporada pela superfície ou retirada do solo pelas
raízes e transpirada pelas folhas do dossel.

A água pode ainda descer o perfil de solo e chegar ao lençol
freático, ou, em algumas situações, pode haver um fluxo
ascendente de água no solo.
As bacias hidrográficas

Constituem importantes reservas de água
doce, onde a disponibilidade do volume está
na dependência das correlações específicas
de:
–
–
–
cada grupo de solo associadas às
características de relevo e
geologia.
Relação Geologia-Relevo-Solo

Este sistema onde a relação geologia-relevo-solo, é
fundamental pode ser claramente visualizado através de
métodos de estudos, onde são analisados de forma interativa
todos os mecanismos que envolvam os indicadores e
parâmetros citados.

Um dos métodos mais eficaz é a metodologia de bacias, que
vem sendo usada com devida freqüência em diagnósticos do
meio físico, para a conservação e proteção de áreas, que
exijam análises preliminares de risco e impactos ambientais.
A metodologia

É o ponto de partida para a implantação de
programas de gerenciamento, planejamento
do uso, recuperação e conservação deste
uso.
A Bacia Hidrográfica: como unidade de
controle das mudanças ambientais

Qualquer ação técnica que vise aplicar e
implementar
planos
de
gestão
e
gerenciamento em bacias requer como
princípio o conhecimento de que a área de
drenagem é a unidade espacial dos estudos
hidrológicos e hidrográficos, representando
um sistema aberto dentro do qual atuam de
forma interativa, mecanismos de entrada e
saída de fluxos.
Mudanças Ambientais





Entradas e saídas de chuvas,
processos erosivos na paisagem,
alterações nas condições de umidade do terreno,
intemperismo das rochas e transferência de
sedimentos,
Exata mudanças ocorrem simultaneamente através
dos movimentos da água nas fases hidrológica e
terrestre do ciclo, resultando em efeitos positivos ou
negativos na área drenada.
Impactos

Estes efeitos podem ser identificados e
devidamente monitorados, se considerarmos
que a bacia de drenagem é a unidade
hidrogeomorfológica fundamental destes
processos (Chorley, 1962).
Processos Erosivos

Água e sedimentos quando visualizados na área de captura da
bacia evidenciam a influência direta de três processos erosivos
distintos:
1) o geomorfológico-fluvial onde são observados mecanismos
sobre morfodinâmica dos canais;
2) a incisão de canais nas encostas e superfícies elevadas;
3) a ação da gravidade na topografia; estes são processos que
podem exercer influência direta na produção de sedimentos
dentro do canal.
Indicadores de Processos de Erosão

Utilizando-se os respectivos fatores como
critérios ou parâmetros indicadores de
processos de erosão e sedimentação, é
possível observar que a correlação existente
entre canal, encostas e sedimentos,
pronuncia-se dentro das áreas drenadas,
podendo fornecer dados e informações que
possibilitem estudos e levantamentos sobre
o ambiente físico das bacias.
A forma dos canais na bacia

Canais retilíneos, por exemplo, estão
associados aos leitos de origem cristalinorochosa de alta resistência à erosão;

Canais
anastomosados,
às
planícies
sedimentares inundáveis, com a divagação
do talvegue de uma margem a outra e
pontos
de
grandes
e
pequenas
profundidades e zonas de acumulação.
Variação de Profundidades

Características como estas (forma dos
canais), refletem o papel da encosta como
produtora de sedimentos para dentro do
canal, que pode alterar os níveis de
profundidade no canal.

Esta variação de profundidades demonstra o
dinamismo dos leitos em função da variável
dos débitos.
Fluxos Baixos e Altos

Durante os fluxos baixos, os sedimentos que
constituem as soleiras são transportados
pelas águas correntes e depositados nas
depressões.

De modo inverso, no decorrer dos altos
fluxos, essas depressões são escavadas e
limpas pela correnteza, depositando-se o
material removido das soleiras.
Rios de Forma Anastomosados

Os fluxos fluviais de aspectos anastomosados,
espelham condições:
–
–
–
–

climáticas locais,
natureza do substrato,
cobertura vegetal e
gradiente.
Taxas concentradas de chuvas alternadas por
longos períodos de estiagem e intensas nevadas
com degelos rápidos proporcionam melhores
condições para o desenvolvimento deste tipo de
drenagem.
Padrão de Drenagem

É o arranjo em planta dos rios e riachos dentro de uma bacia,
este arranjo espacial, serve como critério de interpretação das
seguintes aspectos:
a) classificação dos rios e respectivas bacias;
b) morfodinâmica de canais;
c) natureza do terreno, condições topográficas disposição das
camadas e das linhas de falhamento;
d) taxas de pluviosidade;
e) tipos e modalidades de classificação de cobertura vegetal
Quanto aos indicadores gerados de
acordo com as condições pedológicas

Em solos desnudos ou com cobertura vegetal
rarefeita, as condições de escoamento superficial e
subsuperficial podem ser alteradas.

Em áreas próximas às bacias é freqüente a
existência de fazendas e o uso de formas
diversificadas de cultivo.

Em áreas agrícolas o escoamento superficial pode
ser mais acentuado, devido o remanejamento de
partes do subsolo para cima e vice-versa, através da
mecanização da agricultura.
Impactos

Isto pode gerar impactos como a diminuição da
espessura do topo do solo, o empobrecimento das
áreas agrícolas e diminuição nos teores de matéria
orgânica.

Aumentos nas taxas de escoamento superficial
podem por sua vez, ocasionar aumentos nos fluxos
de água tanto nas áreas drenadas como dentro dos
canais fluviais, além de proporcionarem condições
favoráveis para a elevação das taxas de produção
de sedimentos nas bacias diante de chuvas
constantes.
Quanto aos indicadores gerados de acordo com
as condições do escoamento subsuperficial

O escoamento subsuperficial deve ser
analisado como uma componente básica
para a identificação de alterações ou
modificações nas bacias, pois o volume de
águas que atinge os canais, representa o
escoamento fluvial que é determinado pelas
águas superficiais e subterrâneas.
Quanto aos indicadores gerados de acordo
com as condições do gradiente das encostas

O gradiente das encostas também merece destaque no estudo
de bacias.

Em terrenos declivosos, o fluxo lateral subsuperficial, pode
formar canais por onde a água escoa preferencialmente.

Estes canais podem escoar água somente durante um evento
de chuva ou durante algum tempo depois, cessa o escoamento
tão logo a água infiltre no solo (curso influente).

Outros canais, por sua vez, permanecem constantemente
escoando água (curso efluente) a menos que, por algum
motivo, o nível do lençol freático venha a baixar fazendo que o
canal fique acima da zona de saturação.
A aplicação metodológica para os planos de
Gerenciamento das Bacias Hidrográficas.
Delimitação e setorização da bacia:

As delimitações das bacias podem ser obtidas
através de informações cartográficas em escalas de
1:50. 000 e 1:20. 000 preferencialmente, fechandose a área pelos interflúvios, representados nas
cartas topográficas por curvas de nível.
Delimitação das bacias por curvas de nível

As bacias podem ser desmembradas em um
número
qualquer
de
sub-bacias,
dependendo do ponto de saída considerado
ao longo do seu eixo-tronco ou canal coletor.

As sub-bacias são subdivisões que devem
estabelecer conexões com a área maior,
conforme exemplificado abaixo:
Componentes da Bacia Hidrográfica





Área de drenagem.
Comprimento da bacia
Forma da bacia
Densidade dos rios
Densidade de drenagem
Componentes da bacia hidrográfica

Área de drenagem – Quanto maior for a área da
bacia, maior será a sua capacidade de coletar a
precipitação, portanto, maior será o volume de água
infiltrado ou escoado superficialmente.

É possível delimitar a área e calcular seu tamanho
com auxílio de planímetros, pesagem de papel
uniforme devidamente recortado, substituição de
escalas numéricas em papel milimetrado.
Comprimento da Bacia

Considerado como a maior distância medida
em linha reta, entre a foz e determinado
ponto situado ao longo do perímetro.
Forma da bacia

Figuras geométricas como o retângulo, o
círculo e o triângulo, podem ser utilizadas
para
o
reconhecimento
de
cheias
excepcionais.
Densidade dos rios

Método utilizado para identificar a freqüência
ou quantidade dos rios ou cursos de água
em uma determinada bacia.

Pode ser visualizado
hierarquização
por
métodos
de
Densidade de drenagem

A densidade de drenagem correlaciona o
comprimento
total
dos
canais
de
escoamento com a área da bacia
hidrográfica.

O comprimento dos canais pode ser obtido
utilizando-se
instrumentos
como
o
curvímetro.
Dados de Precipitação:

As entradas de chuvas na bacia são fatores de extrema
importância no ciclo hidrológico.

A exemplo, podemos citar que o volume de água precipitado
nestas áreas, associado ao regime sazonal exerce influência
direta no controle das cheias ou vazantes.

Logo a necessidade de mensuração destes dados é um fator
importante para o manejo e controle das alterações ambientais.

A mensuração de taxas pluviométricas poderá ser realizada
através de aparelhos como os pluviômetros ou pluviógrafos,
podendo ser estimada em unidades de profundidade,
geralmente em milímetros.
Características Pedológicas:

As características físicas e químicas dos grupos de
solos existentes nas bacias podem fornecer um
banco de dados de imensurável valor, através deste
estudo é possível identificar o potencial erosivo da
área e propor medidas rápidas de mitigação e
controle deste risco.

Grupos distintos de solos quando associados às
características específicas de relevo e geologia
local, assumem comportamentos visualizados em
uma abordagem sistêmica em que se encontram
sobrepostos os elementos geologia-relevo-solo.
Dinâmica Geomorfológica

Guerra (2001) ressalta que no estudo de bacias de
drenagem devemos sempre incluir uma “noção de
dinamismo, por causa das modificações que
ocorrem nas linhas divisórias de água sob o efeito
dos agentes erosivos, alargando ou diminuindo a
área da bacia”.

Indicações com esta permitem a verificação e
análise pormenorizada dos critérios ou parâmetros
do solo responsáveis pelo potencial erosivo e
futuras modificações na evolução das paisagens.
Parâmetros de Erodibilidade...

Para melhor identificação dos parâmetros de
erodibilidade é necessário realizar a coleta de
amostras de solos e submetê-las à análises
laboratoriais, estas análises devem determinar os
seguintes aspectos:
–
–
–
–
–
–
Densidade aparente e densidade real,
Porosidade e textura,
Estrutura e consistência,
Cor do solo,
Acidez e alcalinidade,
Identificação de argilas (raio x) e outros.
... Parâmetros de Erodibilidade...

Além destes aspectos, as condições de drenagem e
escoamento superficial merecem ser devidamente
estudados, para o reconhecimento destas condições
são utilizados aparelhos conhecidos como
infiltrômetros que possibilitam o entendimento da
variação das taxas de infiltração em função da
textura, da compactação do solo e da umidade
antecedente.
... Parâmetros de Erodibilidade...

As formas erosivas como ravinas e
voçorocas,
devem
ser
cadastradas,
devidamente balizadas com bússolas, onde
são retirados as distâncias e os ângulos para
a identificação de direção do avanço do
processo erosivo, estas medidas servirão
para monitoramentos futuros e manejo dos
ambientes impactados.
Interpretações Cartográficas e
Geração de Mapas Temáticos:










Mapa Geológico,
Mapa hipsométrico,
Mapa geomorfológico,
Mapa pedológico,
Mapa de declividade,
Mapa de cobertura vegetal,
Mapa de ocupação,
Mapa de uso de solo,
Mapa de drenagem,
Mapa de risco erosivo.
Contribuições das Informações
Cartográficas

Certamente as contribuições que as
informações cartográficas oferecem são
criteriosamente trabalhadas para compor
bancos de informações, que futuramente
irão subsidiar a gestão dos recursos hídricos
nas bacias hidrográficas, favorecendo as
atividades econômicas de sustentabilidade
ambiental dos grupos sociais dentro desta
unidade espacial.
Considerações

Esta metodologia proporciona aos planos de
gerenciamento, uma forma de diagnóstico
efetiva e adequada para fins de preservação
e proteção ambiental.

Os diversos ramos de estudo, auxiliam a
elucidação das questões ligadas aos
problemas de impactos ambientais,
... Considerações

A Geomorfologia, por exemplo, possibilitará
diagnósticos e prognósticos sobre o risco
erosivo identificado em áreas afetadas.

A Climatologia, fornecerá dados sobre as
alterações microclimáticas locais.
Considerações

A Biogeografia identificará o potencial biótico
da área quanto a flora e fauna, através de
inventários biogeográficos.

E
a
Cartografia,
providenciará
mapeamento completo da área.
o
Bibliografia Usada
Albuquerque, Adorea R.; Guerra, Antonio J. T. A
CONTRIBUIÇÃO METODOLÓGICA DA GEOGRAFIA FÍSICA
NOS DIAGNÓSTICOS E PLANOS DE GERENCIAMENTO DE
BACIAS HIDROGRÁFICAS – GBH, In. X SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA. USP, São
Paulo. 2005
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roteiro paradiagnosticos