Universidade Presbiteriana Mackenzie
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E PRIMEIROS SOCORROS: O
CONHECIMENTO DE ALUNOS E PROFESSORES
Camila de Sousa Lacerda (IC) e Ronê Paiano (Orientador)
Apoio: PIBIC Mackenzie
Resumo
Todas as pessoas, de qualquer idade, em qualquer ambiente e nas mais diversas situações estão
sujeitas a se acidentarem ou sofrerem um mal súbito. As conseqüências, em qualquer uma destas
situações são diretamente proporcionais a gravidade do ocorrido e à qualidade e presteza no pronto
atendimento. O objetivo deste trabalho foi analisar o conhecimento que alunos do ensino médio e
seus professores possuem sobre os primeiros socorros. A amostra foi composta por 45 alunos do
primeiro ao terceiro ano do ensino médio, 35 de escola privadas e 10 de escolas públicas, com idade
entre 14 e 18 anos, sendo 23 meninas e 22 meninos. E 4 professores de educação física que tiveram
a disciplina de primeiros socorros na faculdade, com idade entre 27 e 55 anos, sendo 2 mulheres e 2
homens. Como instrumento de coleta, foi entregue um questionário com perguntas abertas e
fechadas relacionadas à higiene e socorros de urgência, adaptado de Pergola e Araújo (2008).
Conclui-se que os professores possuem os conhecimentos necessários para situações de
emergência. Os alunos por sua vez possuem algum conhecimento sobre esse conteúdo, mas falta
para eles uma formação concreta e conhecimento adequado para agir de maneira correta e segura
em situações de emergência. Não basta apenas o professor saber como agir em situações de
emergência, ele deve passar esse conhecimento para os alunos, deve-se também ter uma formação
continuada e treinamento ou cursos atuais, para assim poder executar e ensinar os procedimentos
corretos e de maneira sistematizada.
Palavras-chave: educação física, ensino médio, primeiros socorros
Abstract
All persons of any age, in any environment and in different situations are liable to suffer an accident or
sudden illness. The consequences, in any of these situations are directly proportional to the
seriousness of the situation and the quality and timeliness in the emergency room. The aim of this
study was the knowledge that high school students and their teachers are on first aid. The sample
consisted of 45 students from first to third year of high school, 35 schools and 10 private schools, aged
between 14 and 18 years, 23 girls and 22 boys. And 4 physical education teachers who had the first
aid course in college, aged between 27 and 55 years, two women and two men. As an instrument
collection, was given a questionnaire with open and closed questions related to hygiene and
emergency aid, adapted from Pergola and Araujo (2008). It is concluded that teachers have the
knowledge needed for emergency situations. Students in turn have some knowledge about the
content, but lack specific training for them and appropriate knowledge to act correctly and safely in
emergency situations. It is not enough teachers know how to act in emergency situations, it must pass
this knowledge to students, must also have an ongoing education and training courses, or current, so
they can perform and teach the correct procedures and systematic way.
Key-words: physical education, secondary education, first aid
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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
INTRODUÇÂO
Todas as pessoas, de qualquer idade, em qualquer ambiente e nas mais diversas situações
estão sujeitas a se acidentarem ou sofrerem um mal súbito. As conseqüências, em qualquer
uma destas situações são diretamente proporcionais a gravidade do ocorrido e à qualidade
e presteza no pronto atendimento.
Embora a cidade de São Paulo disponha de um sistema de atendimento pré-hospitalar
eficiente, calcado em experiências de outros países, o fator tempo é preponderante no
salvamento efetivo de vidas. Em virtude do desconhecimento de grande parte da nossa
população
dos
conhecimentos
técnicos
na
área
de
atendimento
pré-hospitalar,
costumeiramente nada é realizado entre o momento da ocorrência e a chegada da equipe
de socorro. Tal lapso temporal pode significar salvar ou não uma vida humana.
Da mesma forma, dentro do ambiente escolar, principalmente nas aulas de Educação
Física, é muito comum ocorrerem situações onde o professor de Educação Física deve
prestar o primeiro atendimento.
De modo geral, as ocorrências durante as aulas que necessitam de atendimento de
emergência são: feridas e hemorragias, corpos estranhos, picadas de animais, engasgos e
queimaduras. Sendo as mais recorrentes, de nível dérmico e ósseo e para alunos da
educação infantil, lesões na boca (dentes) e em áreas na cabeça e pescoço (BERNANDES
et al., 2007).
Porém, não basta apenas que o professor possua os conhecimentos necessários a um
pronto atendimento uma vez que nem sempre ele estará presente, quer seja na realização
de uma atividade física quer seja no dia a dia dos alunos. Acreditamos que parte deste
conhecimento técnico deve ser disseminado na escola, uma vez que no contexto do aluno e
seus familiares diversas situações podem demandar conhecimentos que quando não
adquiridos podem gerar procedimentos de urgência incorretos chegando até a agravar
alguma situação.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (Brasil, 1997) propõem que a saúde e os
primeiros socorros, sejam trabalhados de forma consciente, por meio da mediação do
professor para a construção correta de procedimentos e conceitos. Caberá, nesta
perspectiva, ao professor não apenas trabalhar com a dimensão procedimental e atitudinal,
mas também com a dimensão conceitual desenvolvendo conteúdos ligados a saúde e,
dentre eles, os primeiros socorros.
Os conteúdos relacionados aos primeiros socorros estão incluídos em uma perspectiva de
Educação Física que trate dos conteúdos da saúde, ou seja, de uma educação para a saúde
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que não apenas aparece na proposta do PCN mas que já vem sendo citado ao longo do
tempo por alguns autores, dentre eles Matos e Neira (2000) e Nahas e Corbim (1992).
A idéia de uma educação para a saúde – subsidiada recentemente
pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997) – conquistou
na nossa sociedade um valor inestimável, objetivando desenvolver a
compreensão de como se constrói a condição de saúde/doença em
cada realidade particular. (MATOS E NEIRA, 2000, p. 13)
O PCN ao selecionar e organizar os conteúdos relacionados à saúde, levou em pauta o
conteúdo de Primeiros Socorros como um tema emergente, que indica questões geradoras
da realidade social e que necessitam serem portanto problematizados, criticados, refletidos
e possivelmente encaminhados. (DARIDO, 2001).
No entanto, apenas a transmissão de informações por uma disciplina escolar, não é
suficiente. Necessitamos que todas as áreas que compõe o currículo escolar sejam capazes
de educar para a saúde formando assim novos e bons hábitos e atitudes no dia a dia da
escola, por isso, a saúde deve ser tratada como um tema transversal. O PCN+ (Brasil, 2002)
afirma que nas últimas décadas aumentou-se os estudos sobre o movimento humano e
vários autores sugerem que a ação profissional em educação física e esporte tenha como
base um corpo teórico e interdisciplinar de conhecimentos sobre o ser humano em
movimento.
Ao educar para a saúde, o professor corroborará efetivamente na formação de cidadãos,
que serão habilitados a favorecer a melhoria pessoal e social. Para outros autores deve-se
priorizar conteúdos de maneira a fazer com que “as competências propostas girem em torno
do autoconhecimento e autocuidado, assim como do desenvolvimento da consciência
sanitária em sua dimensão coletiva”. (MATOS E NEIRA, 2000, p. 13)
Portanto, os alunos deverão utilizar estes conteúdos para analisar e abordar a realidade de
forma que, com isso, possam construir uma rede de significados em torno do que se
aprende na escola e do que se vive. (DARIDO et.al, 2001)
A educação é uma forte aliada na prevenção de acidentes. “A prova que isso funciona é que
crianças estão salvando vidas e ensinado aos mais velhos lições de cidadania” (DARIDO &
JUNIOR, 2007).
Será que os professores e alunos possuem os conhecimentos necessários para atuarem
numa situação emergencial? A nossa hipótese foi a de que alunos do ensino médio não
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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
possuem os conhecimentos básicos e que os professores possuem poucos conhecimentos
oriundos da formação universitária e não disseminam e muito menos sistematizam o ensino
destes conhecimentos para alunos.
Em função disto, o objetivo deste trabalho foi analisar o conhecimento que alunos do ensino
médio e seus professores possuem sobre os primeiros socorros.
Conhecer o que alunos e professores sabem sobre primeiros socorros é fundamental para
orientar as escolhas de conteúdos que os professores de Educação Física deverão ter para
os alunos do Ensino Médio, assim como dar subsídio para programas de formação
continuada para professores de Educação Física possibilitando reduzir as conseqüências de
alguma ocorrência ou até evitar alguma fatalidade. Relatos de experiências nos alertam
sobre os alunos da sétima série de países europeus, como Espanha, que tem inseridas em
suas grades curriculares aulas de primeiros socorros e que fez com que tenham reduzido o
numero de vitimas em acidentes domésticos e clínicos, como o resgate em uma parada
cardiorrespiratória.
REVISÃO DE LITERATURA
Documentos oficiais recentes propõem a inserção dos primeiros socorros como conteúdo da
educação física escolar voltada para a saúde e não apenas como conhecimento que o
professor deve possuir para atuar numa emergência. Para que possamos refletir sobre este
aspecto devemos trazer uma definição sobre o que é saúde.
O
documento
produzido
na
Conferência Internacional
sobre
Exercício, Aptidão e Saúde, realizada no Canadá em 1988, com a
finalidade de estabelecer consenso quanto ao estado atual do
conhecimento nessa área, procurou definir saúde como condição
humana com dimensões física, social e psicológica, caracterizada
por um continuum com pólos positivos e negativos. A saúde positiva
está associada à capacidade de apreciar a vida e de resistir aos
desafios do cotidiano, e não meramente a ausência de doenças;
enquanto a saúde negativa está associada à morbidez e, no extremo,
à mortalidade. (BOUCHARD et al. 1990 apud GUEDES, 1999, p.11)
Segundo o PCN+ (2002) as aulas de Educação Física no ensino médio devem ter a
dimensão conceitual e os conhecimentos subjacentes as praticas, mesmo estando sempre
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impregnada da corporeidade do sentir e do relacionar-se. O PCN+ (2002) completa citando
que o professor de Educação Física deve incentivar trabalhos com notícias sobre temas
como lesões, padrões de beleza etc. publicadas em diversas fontes de notícia, assim os
alunos podem debater as idéias dos diferentes textos e a partir de duvidas, buscar mais
informações sobre o tema, essa é uma estratégia bastante útil nas aulas de Educação
Física.
Em uma sociedade, onde significativa proporção de pessoas adultas
contribuem substancialmente para o aumento das estatísticas
associadas às doenças crônico-degenerativas em conseqüência de
hábitos de vida não-saudáveis, principalmente no que se relaciona
com a prática de atividade física, parece existir fundamento lógico
para a modificação da orientação oferecida às aulas de educação
física para um enfoque de educação para a saúde. .(GUEDES, 1999,
p.10)
Dentre estes, prevenir acidentes é de fundamental importância para preservar a vida.
Se, por um lado, se atentar para a proporção de pessoas adultas
portadoras de algum tipo de distúrbio degenerativo ou de seqüelas
em conseqüência de estilo de vida menos saudável; e por outro, se
observar o nível de informação nesse sentido com que os jovens
encerram o período de escolarização, percebe-se que a formação
dos educandos direcionada à manutenção e à preservação da saúde
é ainda reconhecida como algo bem pouco relevante em nossa
estrutura de ensino.(GUEDES, 1999, p.10)
Stanway (1984) apud Madeira e Carvalho (2007) cita que os primeiros socorros não se
comparam ao tratamento médico, mas deve-se agir com decisões ditadas pelo bom senso e
que se apliquem no momento à pessoa acidentada. Segundo Rodrigues (1973) apud
Madeira e Carvalho (2007) é fundamental a forma correta de atendimento de urgência no
esporte, através dos recursos básicos da vida, para evitar agravamentos das lesões e outras
intercorrências graves. De acordo com Carvalho et al (2005) apud Madeira e Carvalho
(2007) os traumas ortopédicos mais ocorridos com adolescentes em um pronto socorro da
cidade de São Paulo, foram fraturas e a torção, isso porque os adolescentes são mais ativos
e imprudentes que os idosos, e seus esportes são na maioria de contato físico intenso.
5
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
Madeira e Carvalho (2007) afirmam que os professores ou técnicos responsáveis pelos
alunos devem ter noções básicas sobre as principais situações de emergência que poderão
surgir durante a prática esportiva e quais procedimentos serão mais adequados utilizar em
cada situação. Fiegel (2002) apud Madeira e Carvalho (2007) relatam que profissionais com
pouco conhecimento de primeiros socorros normalmente não fazem nada quando passam
por uma situação de emergência até que sejam obrigados a isso. Portanto o profissional de
Educação Física deverá se importar com o aprendizado e o constante treinamento sobre o
atendimento em primeiros socorros, pois nunca se sabe qual o momento em que será
obrigatório a prestação de socorros a alguém.
O Brasil e o mundo têm presenciado várias fatalidades ocorridas no
meio esportivo, mostrando assim o cuidado que devemos ter ao
submeter uma pessoa a praticar atividade esportiva, sendo ela
crianças, adolescente ou idosa. Após estes acontecimentos os
clubes e profissionais da área da saúde, tem se envolvido e se
preparado mais em relação aos atendimentos de primeiro socorros.
(MADEIRA E CARVALHO, 2007, p.2)
Numa pesquisa feita por Lorenz e Tibeau (2003) concluiu-se que o conteúdo teórico
preferido dos alunos, dentre outros, foram os Primeiros Socorros, pelo fato de ser um
conteúdo útil para a vida toda. Estes conhecimentos possuem significados que o aluno leva
para fora da escola, sendo muito importante saber como lidar com situações de “perigo” e
que são determinantes em momentos específicos. Como a adolescência é uma fase da vida
em que buscamos coisas desafiadoras e inovadoras, os autores sugerem que este assunto
deve ter despertado a curiosidade desses alunos, pois não é possível concluir que eles
possuem esses conhecimentos sobre esse conteúdo ou sabem o que significam.
MÉTODO
A pesquisa se caracterizou como uma pesquisa de campo onde temos como objetivo
analisar, registrar, observar, descrever e correlacionar fatos sem manipulá-los (GIL, 1995).
A amostra foi composta por 45 alunos do primeiro ao terceiro ano do ensino médio, com
idade entre 14 e 18 anos, sendo 23 meninas e 22 meninos. Destes 45 alunos, 35 estudam
em escolas privadas e 10 estudam em escola pública. Essa desigualdade na quantidade de
alunos deveu-se á acessibilidade e aceitação da instituição. Participaram também 4
professores de educação física que tiveram a disciplina de primeiros socorros na faculdade,
com idade entre 27 e 55 anos, sendo 2 mulheres e 2 homens.
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Para atingir os objetivos deste trabalho foi aplicado, como instrumento de coleta, um
questionário com perguntas abertas e fechadas relacionadas à higiene e socorros de
urgência, adaptado de Pergola e Araújo (2008).
O questionário com perguntas fechadas foi analisado quantitativamente e o questionário
com perguntas abertas, foi analisado com base na Análise de Conteúdo de Bardin (1977).
Para Bardin (apud Triviños 1987 p.161 e 162) existem três etapas fundamentais no trabalho
com a análise de conteúdos: a pré-analise, em que consiste na organização de matérias; a
discrição analítica, no qual o material coletado está embasado pela hipótese e as
referencias teóricas, nesta etapa é comum realizar como procedimento “a codificação, a
classificação e a categorização”; e por ultimo a fase de interpretação referencial que é
embasado nos materiais já organizados na pré-analise, em que a reflexão e a intuição são
fundamentadas nos materiais organizadas, estabelecendo as relações.
Em relação aos procedimentos éticos, após a aprovação pelo comitê de ética, os sujeitos
receberam o termo de consentimento livre e esclarecido e, somente após a leitura e
assinatura dos mesmos, no caso professores, e dos responsáveis no caso dos alunos eles
receberam o questionário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para se atingir os objetivos deste trabalho, optamos por reunir os dados de alunos e
professores com o intuito de facilitar as discussões. Na seqüência apresentaremos os
resultados das questões qualitativas e posteriormente das quantitativas.
Capacitação
Perguntamos aos professores e alunos se já tiveram algum treinamento, aula ou palestra
sobre primeiros socorros exceto o da Graduação.
Dentre os professores 3 já realizaram alguma capacitação e apenas 1 respondeu que não.
O sujeito que respondeu não foi o único que alegou não estar preparado para prestar
primeiros socorros em qualquer tipo de emergência. Isso mostra como é importante a
formação continuada, para dar segurança e reciclagem aos docentes.
Já em relação aos alunos, dos 45 alunos apenas 4 responderam positivamente. Quanto a
estarem preparados para prestar primeiros socorros em qualquer tipo de situação, 3
responderam sim, 37 responderam que não, sendo que alguns citaram que o motivo é pela
falta de instrução para o mesmo, como por exemplo a resposta do aluno abaixo.
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Aluno 5: “Não, pois não possuí nenhum tipo de treinamento sobre primeiros socorros.”
Verificamos que 5 alunos alegaram talvez estarem preparados dependendo do caso, ou em
procedimentos que acham mais básico, como o exemplo abaixo.
Aluno 12: “Só se eu estiver em perigo
Esta frase deixa claro que algumas pessoas sob pressão tendem a ter alguma ação, nem
sempre sendo correta, podendo agravar as conseqüências. Segundo Pergola e Araújo
(2008), muitas pessoas que não obtiveram treinamento adequado ajudam vítimas pelo
impulso da solidariedade de forma errada, comprometendo sua reabilitação. Portanto é de
extrema importância a formação continua sobre os primeiros socorros para haver segurança
em sua atuação.
Emergência
Quando perguntado se já tinham visto alguma pessoa desacordada necessitando de
socorro, qual era a situação e o que fez, apenas um professor respondeu que nunca viu,
dentre os que presenciaram, todos tiveram alguma ação.
Professor 2: “Acidente de Jetski, imobilização do pescoço, transporte adequado até o pronto
socorro, pois não havia resgate”
Professor 3: “foram vários casos de convulsão, onde tomei as medidas básicas de afrouxar
a roupa, deitar a criança de lado para evitar sufocamento, afastar objetos próximos para
evitar que se machuque e aguardei pois a crise não demora muito a passar. Encaminhei ao
serviço médico
Professor 4: “calma, afastei todas as pessoas próximas, perguntei se tinha algum médico
próximo, chamamos o SAMU. Desmaio.”
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As respostas dos professores mostram que eles souberam lidar com casos de emergência
que cada um presenciou da maneira precisa e adequada. Como todos participaram de
alguma formação continuada muito provavelmente este conhecimento pode ter sido
conseqüência desta formação.
A mesma pergunta foi feita para os alunos, 26 responderam que nunca presenciaram
alguém desacordado necessitando de socorro e 19 já presenciaram.
Dentre os que presenciaram, 6 alunos estavam presentes em situações de desmaio, 2
chamaram o médico,2 não citaram o que fizeram e 2 não fizeram nada, um deles completou:
Aluno 27: “...não fiz nada pois não era preparado” .
A frase acima mostra que quem não teve um conhecimento sobre como proceder em
situações de emergência, não se sente preparado para prestar auxílio, com isso ele não
evitou seqüelas e nem retardou possíveis conseqüências.
Outros 3 alunos estavam presentes em casos de convulsão, sendo que 2 chamaram ajuda e
1 demonstrando sua vontade de ajuda teve ima intervenção, porém, sem conhecimento,
como podemos observar abaixo.
Aluno 42: “segurei a cabeça, puxei a língua”
O comentário acima demonstra como algumas pessoas podem ser levadas a agirem pelo
senso comum se não possuírem uma base teórica, o que reforça ainda mais a necessidade
de capacitação e constante atualização sobre os primeiros socorros para evitar maiores
conseqüências.
Em casos de ingestão de álcool, 2 alunos presenciaram essa situação, 1 não expôs o que
fez e o outro não fez nada:
Aluno 19: “não fiz nada, não me envolvo.”
O aluno demonstrou nessa frase que pelo fato dele não saber sobre primeiros socorros não
se sentiu no dever de fazer nada,nem sequer pediu ajuda. Segundo Novaes e Novaes
(1994) não prestar auxílio a uma vítima constitui lei penal, não fazê-lo é um delito e falta de
solidariedade humana.
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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
Em situações de ataque epilético, infarto, atropelamento, pancadas na cabeça, obteve-se 1
aluno que presenciou cada caso e todos chamaram socorro. Houve 3 alunos que citaram
presenciar acidentes de um modo geral e chamaram ajuda ou já havia uma pessoa
disponível e preparada no local.
As respostas dos alunos de um modo geral demonstram que eles têm a consciência da
necessidade de pedir ajuda para alguém que está apto a prestar os primeiros socorros, mas
não têm habilidade e saberes suficientes para um auxílio imediato, caso ocorra de não haver
ninguém qualificado no local, pois acidentes podem ocorrer em qualquer local ou momento.
Conhecimento
Quando perguntado se o professor sabia verificar sinais de vida, todos os professores
responderam que sim e deram alguns exemplos que foram considerados corretos, porém a
maioria respondeu de maneira pouco específica, como o citado abaixo:
Professor 4: “Sim, pulsação, respiração.”
Professor 2: “colocar um espelho próximo ao nariz, ou a mão para verificar se há
respiração.”
Esse comentário mostra maneiras pouco técnicas de verificação de sinais vitais e também
não são todas as pessoas que possuem cotidianamente o material que ele utilizou.
Na resposta dos alunos, somente 5 alegaram não saber verificar sinais vitais, porém a
maioria que afirmou saber, respondeu de maneira vaga, apenas citando que deve-se checar
pulso, batimento cardíaco, respiração, etc. A resposta mais completa foi:
Aluno 38: “Verificar os batimentos cardíacos através do pulso, reflexo dos olhos e
temperatura do corpo.”
As respostas vagas dos alunos demonstram que eles sabem quais são os sinais vitais a
serem verificados, mas não sabem qual a maneira correta de agir.
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Ensino
Perguntamos aos professores o que eles acham necessário ensinar sobre primeiros
socorros no ensino médio e aos alunos o que eles acham importante aprender sobre
primeiros socorros. As respostas de ambos permitiram a criação de categorias que
aparecem nos quadros abaixo.
No caso do quadro de conteúdos propostos pelos professores, quadro 1, quando
determinada categoria não possui nenhum citação, significa que foi sugerida por alunos e
cortes
mobilização
hemorragia
convulsão
x
x
x
x
x
x
Total 1
2
4
1
1
0
0
0
x
x
4
afogamento
x
x
desmaio
3
x
x
queimadura
2
engasgamento
1
fratura/lesão
reanimação
auxilio geral
não por professores como o caso das hemorragia, queimaduras, desmaio e afogamento.
0
1
2
Quadro 1 Conteúdos propostos pelos professores
Em relação às propostas dos professores, todos citaram fraturas ou lesões, 1 sujeito citou
cuidados com convulsões, engasgamento e mobilizações, outros 2 sujeitos citaram a
ressuscitação cardiopulmonar, dentre eles um completou em como proceder em lesões nas
articulações e cortes e o outro em atendimento aos diabéticos. Um quarto sujeito citou ainda
o auxílio de um modo geral, cortes e fraturas. Todos alegaram possuir os conhecimentos
que acham necessário ensinar.
Os conteúdos propostos pelos professores diferenciam-se da literatura pois para Bernandes
et al, (2007) as ocorrências durante as aulas, que necessitam de atendimento de
emergência são: feridas e hemorragias, corpos estranhos, picadas de animais, engasgos e
queimaduras. Destes apenas aparecem na lista dos professores feridas (cortes) e
engasgos.
Dentre as respostas dos alunos, quadro 2, percebemos não apenas todos os itens citados
como
necessários
de serem
ensinados
pelos
professores
mas
também
outros
extremamente pertinentes.
11
desmaio
afogamento
queimadura
cortes
x
x
mobilização
x
x
hemorragia
engasgamento
x
convulsão
fratura/lesão
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
Total
reanimação
Auxilio Geral
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x
x
1
1
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
24
x
x
13
5
4
4
4
4
2
1
Quadro 2 Conteúdos propostos pelos alunos
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Dentre as respostas dos alunos 24 alunos responderam o auxílio de um modo geral, como
por exemplo:
Aluno 2: “como lidar com a situação, o que fazer para auxiliar a pessoa.”
Aluno 5: “como salvar alguém em caso de emergência.”
Aluno 21: “O que se pode e o que não se pode fazer em variados tipos de acidente.”
Outros 11 alunos citaram manobras de ressuscitação cardiopulmonar ou como lidar com
uma vítima com falta de ar; 5 alunos citaram fraturas; 4 alunos citaram como lidar com
engasgos, convulsões, hemorragias e como carregar e imobilizar a vítima; 2 alunos citaram
como proceder em casos de infartos e cortes e 1 aluno citou que gostaria de saber com lidar
com queimaduras, desmaios e afogamentos.
O PCN (2000) propõe que os conteúdos a serem desenvolvidos no decorrer das aulas são:
medidas básicas de primeiros socorros perante escoriações e contusões, convulsões,
mordidas de animais, queimaduras, desmaios, picadas de insetos, torções e fraturas,
afogamento, intoxicação, câimbras, febre, choque elétrico, sangramento nasal (epistaxe),
diarréia e vômito, acidentes de transito, normas de segurança e proteção. Darido et.al
(2006) aponta algumas outras propostas de conteúdos a serem trabalhados nas aulas
como: verificação de sinais e sintomas, análise primária e secundária, procedimentos
adequados do socorrista, ressuscitação cardiopulmonar, traumatismo na boca e nos dentes
(lábios cortados, cortes dentro da boca, dentes quebrados, arrancados ou deslocados e
corte na pele).
Para contemplar os interesses dos alunos sobre primeiros socorros precisamos reunir a
sugestão de dois autores acima o que mostra a relevância deste tema, a diversidade de
conteúdos e os interesses dos alunos, ou seja o que os alunos propuseram tem relação com
a literatura e, em alguns casos aparece de maneira mais detalhada. Fica portanto evidente o
descompasso entre o que professores imaginam como conteúdos relevantes a serem
ensinados aos alunos e o que os mesmos esperam uma vez que a lista de categorias que
as respostas dos alunos permitiu construir foi maior que a dos professores.
13
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
4.2 Quantitativas
Para que possamos analisar o conhecimento de alunos e professores sobre as perguntas
teste resultando em análise quantitativa, iremos citar cada pergunta e a alternativa correta
para posteriormente relacionar os resultados.
Questão
8
9
10
11
12
13
14
15
Pergunta
Qual é a primeira medida a ser tomada em uma situação
com vítima desacordada?
Antes de pedir ajuda você acha que deve ...
Você sabe qual o número dos serviços de emergência de
sua cidade? SAMU, Resgate e Polícia?
Quais os detalhes a serem observados em uma vítima e
que devem ser informados ao serviço de primeiros
socorros durante a ligação de solicitação de ajuda?
Por que é necessário realizar os primeiros socorros com
grande precisão e em curto intervalo de tempo?
Quando houver suspeita de quebra na coluna vertebral, o
que se deve fazer?
Como é a mobilização em bloco?
Se a vítima estiver respirando, mas estiver desacordada,
qual a posição em que deve ser colocada (ou pelo menos
a cabeça) caso não haja suspeita de quebra na coluna
vertebral?
Resposta esperada
Verificar sinais de vida e depois
chamar por socorro especializado.
Devo pedir ajuda imediatamente
SAMU 192, Resgate 193 e Polícia 190.
Se tem sinais de vida. ou
Parcialmente
correta:
Se
tem
ferimento; se o coração está batendo.
Para evitar seqüelas, garantir a
continuidade do tratamento e diminuir
o desconforto.
Parcialmente correta:para evitar a
morte.
Não mexer na vítima ou mobilizá-la em
bloco, se necessário.
Movimentação da cabeça juntamente
com o restante do corpo, de maneira
que a coluna permaneça sem
movimento.
De lado.
Quadro 3 Questões fechadas
Analisando as respostas dos professores, todos acertaram 4 questões: Questão 8, 9, 10 e
13. A 11ª questão 3 professores acertaram e um rasurou. A questão 12 houve 1 professor
que citou a opção considerada parcialmente correta e os outros 3 professores acertaram a
resposta. Na questão 15, 3 professores responderam a alternativa correta e 1 respondeu a
alternativa incorreta. Essas respostas mostram que os professore sabem como agir em
situações de emergência.
Em relação aos alunos, todos acertaram a questão 13 e mais de 35 acertaram as questões
8, 9 e 14. Como essas questões relatam os procedimentos básicos e o que fazer em casos
de lesões na coluna, os acertos que grande parte dos alunos obteve são de extrema
importância e relevância.
Na questão 10, 22 alunos acertaram os 3 números de emergência, 8 alunos acertaram 2
números, 8 alunos acertaram 1 número e 7 alunos não acertou número algum. O número
que obteve o maior acerto, 38 alunos, foi o da polícia, que em caso de emergência não é o
principal número que se deve telefonar, 29 alunos acertaram o número do Resgate e
apenas 23 acertaram o número do SAMU.
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Universidade Presbiteriana Mackenzie
Na 11ª questão, 25 alunos acertaram, 14 acertaram parcialmente, pois também são detalhes
a serem observados e avisados ao serviço de primeiros socorros, 12 rasuraram e 4 erraram.
Na questão 12, houve 25 acertos, 15 respostas parcialmente corretas e 5 rasuras. É fato a
necessidade da realização dos primeiros socorros com precisão para evitar a morte, mas os
alunos devem compreender que muito mais do que evitar a morte, os primeiros socorros
servem para evitar maiores conseqüências, e devem ser feitos de maneira precisa e correta,
mesmo que a vítima não esteja correndo risco de vida.
A questão 15 foi a que houve maior divergência nas respostas: 22 alunos acertaram, 10
responderam uma alternativa incorreta, 10 responderam outra alternativa incorreta e 3
responderam uma terceira alternativa incorreta. Essa questão relata um passo adiante em
relação aos primeiros procedimentos em caso de emergência, mas também é muito
importante, pois se mesmo após ter verificado os sinais vitais e chamado auxílio, colocar a
cabeça da vítima numa posição inadequada, pode comprometer a continuidade do
tratamento, e as respostas dos alunos mostraram que eles não saberiam a posição
adequada.
CONCLUSÃO
Conclui-se que os professores do presente estudo, por já terem tido curso de Primeiros
Socorros dentro ou fora da Graduação, possuem os conhecimentos necessários para
situações de emergência. Os alunos por sua vez possuem algum conhecimento sobre esse
conteúdo, mas falta para eles uma formação concreta e conhecimento adequado para agir
de maneira correta e segura em situações de emergência. Alguns alunos não saberiam o
que fazer nesses casos, devido essa insegurança, ou levadas pelo senso comum agiriam de
maneira inadequada causando conseqüências mais graves para a vítima. A maioria dos
alunos tem a consciência de pedir ajuda para alguém apto a prestar os Primeiros Socorros,
porém acidentes podem ocorrer em qualquer local ou momento e nem sempre haverá
alguém apto por perto.
Não basta apenas o professor saber como agir em situações de emergência, ele deve
passar esse conhecimento para os alunos, deve-se também ter uma formação continuada e
treinamento ou cursos atuais, para assim poder executar e ensinar os procedimentos
corretos e de maneira sistematizada
O resultado das propostas de conteúdos que os alunos sentem necessidade de aprender
abrange muito mais procedimentos de primeiros socorros em relação aos que os
professores citaram importantes ensinar, as sugestões dos alunos estão mais completas e
próximas do que é sugerido pela literatura.
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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
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Camila Sousa Lacerda