Burle Max e suas praças em Recife
Palco das primeiras obras do
artista Roberto Burle Marx,
a cidade do Recife é
referencial do estudo da
arte da paisagem no Brasil.
O elemento vegetal é o
principal objeto de composição
nas três praças, nas quais ele utiliza exemplares até então
desconhecidos na criação de cenários urbanos de beleza
especial, numa proposta em que busca fugir aos padrões
europeus, até então vigentes, para criar um jardim
tropical, um jardim brasileiro.
Foi assim que Burle Marx
firmou no Recife o segundo momento
da tradição paisagística perpetuando
a obra pioneira de conde Maurício de
Nassau no século XVII e
consolidando as raízes do
paisagismo no Brasil.
Nessa abordagem ressaltam-se os aspectos artístico,
ecológico, social e educativo do projeto das praças e as
transformações no projeto original por conta da falta de
manutenção, então constatada mediante a opinião dos
usuários, entrevistas com técnicos e observações no local.
A atuação de Burle Marx no Recife amplia-se até
outras praças situadas na área central, como a Praça
Dezessete, a Praça do Entroncamento, a Praça da
República, a Praça Artur Oscar e a Praça do Derby, e no
bairro da Várzea, a Praça Pinto Damaso.
Praça de Casa Forte
De traçado geométrico originado por formas
regulares, a Praça de Casa Forte enquadra-se, segundo a
interpretação de Camillo Sitte, na categoria de "praça de
profundidade",
em relação à Igreja
de Casa Forte,
existente no
local, pois os seus
componentes estão
dispostos em direção
a sua fachada principal. Está situada
no tradicional bairro de Casa Forte conhecido no Recife
como o 'bairro verde', pela vasta cobertura vegetal que
ainda se estende pelos quintais e jardins privados, onde
ela exerce o papel de monumento e marco simbólico da
paisagem local.
Em linhas gerais, seu projeto paisagístico possui
o formalismo dos jardins franceses, pela simetria e
regularidade. A praça é constituída de dois jardins
retangulares e um quadrado, contendo uma riqueza de
espécies vegetais: plantas arbóreas brasileiras da
Amazônia, da Mata Atlântica e também plantas exóticas.
Burle Marx trabalhou a vegetação como o elemento
vertical do espaço em relação ao casario histórico,
proporcionando efeitos de verticalidade e de escala.
Procurou distribuí-las evidenciando não só a floração em
épocas diferentes do ano, mas também explorando
plantas aquáticas nos três espelhos d'água situados em
cada um dos jardins, então inspirados na proposta do Kew
Gardens de Londres (3).
No jardim central, Burle Marx utiliza plantas da
Amazônia como o pau mulato (Calycophyllum
spruceanum), o abricó de macaco (Couroupita
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De 1934 a 1937, Burle Marx dirigiu o setor de
Parques e Jardins da Diretoria de Arquitetura e
Urbanismo do Governo do Estado de Pernambuco sob a
coordenação do arquiteto Luís Nunes, quando elaborou
projetos para seus espaços públicos.
Os jardins da Praça de Casa Forte, seu primeiro
projeto de jardim público, realizado em 1935, deixam
transparecer as preocupações ecológicas e estéticas,
reunindo uma variedade de espécies vegetais
provenientes da Amazônia, da Mata Atlântica como
também plantas exóticas.
O projeto da Praça Euclides da Cunha, então
denominada "Cactário da Madalena", foi realizado no
mesmo ano, criando um outro cenário, aquele típico da
região semi-árida, onde estão presentes espécies da
caatinga.
Posteriormente em 1957, já desligado do cargo,
concebe a Praça Ministro Salgado Filho, localizada em
frente ao Aeroporto dos Guararapes, cujo desenho
abstrato expressa formas irregulares marcantes pela
variedade de espécies vegetais, riqueza de cores e
texturas.
Burle Max e suas praças em Recife
Praça de Casa Forte, nanquim sobre papel, 1935. Fonte: MARX,
Roberto Burle. Arte e paisagem.
Devido à sua capacidade de 'ler' a paisagem
local e identificar o seu caráter, Burle Marx explicita o
sentido de cada planta empregada em cada solução: o
emprego da vegetação aquática para a preservação da
fauna, a presença das palmeiras e do pau-mulato
ressaltando a verticalidade e as fileiras duplas de árvores
para marcar a linearidade do terreno. O elemento água
está presente exercendo seu poder de atração,
característico dos jardins árabes, chineses e japoneses
como elemento favorecedor de meditação e purificação
do espírito, que compõe ao lado de pedras dispostas com
regularidade, abrindo perspectivas para o olhar. Ao
projetar, subentende a condição de que a percepção
visual do usuário conduz a uma experiência do corpo de
quem participa e assiste a um espetáculo; a vivência do
jardim é uma experiência cinética mediante consciência
do plano e da disposição dos pontos de vista.
O projeto paisagístico da Praça de Casa Forte é
um exemplo marcante de expressão artística de um
jardim em consonância com os elementos construídos na
paisagem urbana. Para Burle Marx a compreensão do
urbano é fundamental para a concepção do parque ou da
praça como parte de um sistema de espaços livres com
função ecológica e estética, na relação com o espaço
edificado. Assim, resultou uma praça de paisagem
convidativa e harmônica que está em perfeito equilíbrio
com a arquitetura histórica e edificações modernas de um
bairro residencial tradicional. Portanto, em seus primeiros
trabalhos, Burle Marx já definia um tratamento plástico
compatível com as novas tendências da arquitetura no
Brasil.
Ao visitante apresenta-se uma paisagem de
profundidade e reflexão, por que não dizer um jardim
pictórico e poético. Os espelhos d'água são pontos de
atração de um jardim de traçado retilíneo seguindo a
configuração do sítio e paralelo ao casario, utilizando uma
dinâmica própria quando dispõe as plantas
acompanhando os caminhos e canteiros, além de pensar
na época de floração oferecendo um verdadeiro
espetáculo a ser apreciado no decorrer do ano. Assim, a
dinâmica da paisagem tem no elemento vegetal seu
principal estímulo.
Com uma área de 1,38 hectares, a Praça de Casa
Forte é também bastante freqüentada por pessoas de
outros bairros. Na opinião dos usuários, moradores ou não
das redondezas da praça, o problema mais grave é a falta
de manutenção dos espelhos d'água e de segurança à
noite. A maioria das pessoas questionadas tinha faixa
etária variando entre 20 e 40 anos e freqüentava a praça
há muitos anos. Como residentes do tradicional bairro de
Casa Forte, se referem à praça demonstrando uma forte
relação afetiva ressaltando-a como palco de
comemorações. A Festa da Vitória Régia promovida pela
Igreja de Casa Forte e que se realiza na praça, constitui
evento de importância social não só para o bairro, mas
para toda a Cidade, muito embora provoque sérios danos
à vegetação, principalmente a arbustiva e herbácea.
Ainda segundo os usuários, o que mais atrai é a
tranqüilidade e um certo ar bucólico proporcionado pelo
verde das plantas e pelo elemento água. Foram
identificados profissionais e pessoas ligadas à arte que
vão se inspirar observando os elementos naturais. Ao
mesmo tempo, é grande o número de praticantes de
caminhadas percorrendo sua longa extensão lateral. Na
opinião dos técnicos, o que mais impressiona na referida
praça é o grande porte das árvores, a verticalidade, e a
presença de plantas da região da Mata Atlântica e
espécies da Amazônia em zona urbana.
A Praça de Casa Forte vem sendo mantida em
parceria com o setor privado desde 1996, dentro do
Programa "Adote uma Praça", promovido pela Prefeitura
da Cidade do Recife, e foi restaurada no ano de 1998, nos
moldes do projeto original, mediante a participação de um
grupo de profissionais da Prefeitura do Recife – URB,
EMLURB e SEPLAM – e a colaboração do Laboratório da
Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco, além
da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Praça Euclides da Cunha
A Praça Euclides da Cunha ou Praça do
Internacional, antigo “Cactário da Madalena”, tinha no
projeto original, um belo jardim de cactáceas na parte
central, circundado por um caminho e por árvores de
grande porte isolando-o da intensa circulação dos veículos
do entorno. No local, que em 1934 era denominado Largo
do Viveiro, surge uma praça com vegetação da caatinga,
da região do sertão nordestino – um jardim de cactáceas –
caracterizando o verdadeiro jardim brasileiro, cujo nome
foi dado por Burle Marx homenageando o autor de “Os
Sertões”, obra literária que tanto admirava (5). Seu
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guianensis), e no lago, a vitória-régia (Victoria
amazônica). Pela observação no local, a vegetação
aquática foi a que mais sofreu ao longo do tempo dada a
falta de conservação que levou à extinção da vitóriarégia, readquirida por ocasião da intervenção de 1998. No
projeto original, consta a estátua de uma índia a se
banhar no centro do lago central, mas que nunca existiu
(4). No trecho próximo à Av. 17 de agosto, estão
dispostas as plantas americanas onde se incluem as da
Mata Atlântica como o pau-rei (Basiloxylon brasiliensis),
árvores que atingem até 28 metros e que formam uma
verdadeira cortina protetora. Próximo à Igreja, está o
jardim das plantas exóticas que formam um outro
cenário, contendo a cássia rosa (Cassia grandis), o filício
(Filicius decipiens), o resedá (Lagerstroemia indica),
entre outras espécies.
(Continuação)
Burle Max e suas praças em Recife
desenho reproduz a forma geométrica de uma elipse,
seguindo a morfologia do terreno, ainda guardando uma
certa rigidez nos caminhos que estão demarcados pela
fileira de árvores circundantes.
O jardim das cactáceas na parte central foi,
através dos tempos, descaracterizando-se pelo
crescimento espontâneo de outros tipos de vegetação
arbórea e arbustiva chegando a anular o motivo de sua
criação, onde deveriam ter sido conservados os
elementos mais significativos da região da caatinga, ou
seja, os cactos e as pedras. Os tipos vegetais mais
representativos ainda existentes são: a palma (Opuntia),
o juazeiro (Ziziphus joazeiro), o ipê roxo (Tabebuia
pentaphyla) e o pau-ferro (Caesalpina ferrea).
Substituindo as cactáceas encontram-se mangueiras
(Mangifera indica), oitizeiro (Moquilea tomentosa),
azeitoneira (Zizigium jambolanum) e outras espécies que
cresceram espontaneamente escondendo a escultura de
um vaqueiro usada no lugar do homem de tanga,
indicada pelo paisagista (6).
(Continuação)
cactáceas que foi admirado por muitos recifenses.
Também pela falta de conservação passa a ser um espaço
propício para estacionamento por ocasião das festas do
clube e como campo de pelada dos moradores de áreas
pobres das proximidades.
Na opinião dos moradores do entorno, o local
não tem segurança para permanência mais prolongada,
principalmente pela presença da massa de vegetação na
parte central que concretiza uma barreira visual
proporcionando uma sensação de medo, além da precária
iluminação. Apesar de considerarem a praça local de
passagem, muitos dos entrevistados, que têm
freqüentado a praça nos últimos cinco ou até 10 anos,
moram nas proximidades, e admiram a vegetação
diferenciada.
Planta Baixa esquemática da Praça Euclides da Cunha. Fonte: SÁ
CARNEIRO, Ana Rita; MESQUITA, Liana. Espaços livres do Recife
Praça Euclides da Cunha, nanquim sobre papel, 1935. Fonte:
MARX, Roberto Burle. Arte e paisagem.
A paisagem urbana resultante é de um
ambiente ameno proporcionado pela transparência das
árvores que se contrapõem ao espaço construído do
entorno, onde estão situados casarões tradicionais. Um
banco em forma de serpentina foi colocado
posteriormente semelhante ao que Burle Marx projetou
para o sítio histórico da Jaqueira. Apesar de sua área
reduzida de 0,63 ha, e cenário descaracterizado, a Praça
Euclides da Cunha detém uma beleza especial na
paisagem pelos princípios que regem o desenho de fácil
legibilidade, sua vegetação de grande porte circundando
o passeio externo como barreira protetora e o ritmo
exercido pelo alinhamento das árvores, pedras e plantas,
que enquadram este jardim como uma sala de recepção
do Clube Internacional ligando o bairro da Madalena ao
bairro do Derby. Tem localização privilegiada pela
proximidade ao rio Capibaribe articulando-se pela Ponte
do Derby com a Praça do Derby também projeto do
paisagista Burle Marx.
Seu estado atual mostra a necessidade de
recuperação dos caminhos de terra batida e do gramado,
que, no limite externo, formam um pequeno talude
contornado por uma mureta construída em reforma
posterior. A restauração do projeto original também
implicaria a remoção de algumas espécies vegetais e
plantio dos cactos, fazendo ressurgir o jardim das
Formando uma unidade plástica, a Praça
Ministro Salgado Filho ou Praça do Aeroporto, contendo
2,24 ha e situada no bairro do Ibura, possui um traçado de
formas irregulares presentes nos pitorescos jardins
ingleses. Seu motivo abstrato como uma busca da forma
pela forma, assemelha-se às pinturas de artistas
modernos que influenciaram Burle Marx. O projeto
paisagístico é de 1957, período posterior à época em que o
paisagista atuou na Diretoria de Arquitetura e Urbanismo.
Diferenciando-se do motivo das outras praças, a Praça
Salgado Filho tem um desenho excepcionalmente livre,
como se só as combinações de formas e cores
importassem. As manchas que surgem no plano parecem
estar num ritmo inteiramente independente da morfologia
do terreno e do entorno, como um oásis no deserto, como
uma flor que brota num canteiro e fica estampada.
Essa praça tem como ponto focal um espelho d'água de
forma irregular que parece penetrar pela vegetação
densa, variada e contínua, mostrando a combinação dos
agrupamentos vegetais que proporcionam aos visitantes
uma sensação de deleite e de interação com a natureza. É
interessante observar as mudanças de textura da forração
e da folhagem das plantas que ele utiliza neste projeto.
A vegetação com flores foi apontada como
elemento relevante pelos usuários, tais como aninga
(Montrichardia linipra) e lírio (Crinum asiaticum),
encontrados no espelho d'água. Grandes canteiros são
desprovidos de floração, mas possuem folhagem colorida
como a arca de noé (Rhoeo discolor) e a cordilinea roxa
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Praça Ministro Salgado Filho
Burle Max e suas praças em Recife
Planta Baixa esquemática da Praça Ministro Salgado Filho. Fonte:
SÁ CARNEIRO, Ana Rita; MESQUITA, Liana. Espaços livres do
Recife
Vegetação: a linguagem da paisagem
de Burle Marx
Na busca de efeitos plásticos, Burle Marx
consegue manter um diálogo entre os elementos naturais
pedra e planta e os elementos artificiais edificações,
esculturas, enaltecendo as condições ecológicas e
estéticas da natureza, assim como a busca da forma pela
forma no desenho abstrato. Isso tudo, como ele diz, é
fruto de sua curiosidade pelas coisas do mundo que o
levaram a estudar literatura, poesia, pintura, escultura,
música, arquitetura e urbanismo. Encarando o jardim
como um instrumento de educação e prazer, Burle Marx
afirma a missão pedagógica do paisagista respeitando a
natureza e o homem. É esse sentimento de totalidade, de
equilíbrio e de trabalho artístico que ele desenvolve nas
três praças analisadas, cada uma com suas características
especiais. Entende o projeto como um sistema de
correspondências e evocações entre as formas, as cores e
as relações que aprendera na pintura (7). Alia a cor, a
geometria, o conhecimento botânico às necessidades dos
usuários. De uma maneira geral, é a função contemplativa
que prevalece nas três praças, verdadeiros jardins de
sensibilidade, permanecendo, portanto, a mesma função
do momento em que foi concebida.
A Praça de Casa Forte tem detalhes marcantes
como os canteiros simétricos e lineares, contendo
exemplares de ecossistemas diversos tal qual um
laboratório de caráter educativo e artístico expondo cor,
geometria, verticalidade, escala e unidade. A Praça
Euclides da Cunha, cujo nome comunica o conteúdo
temático, ainda enaltece uma vegetação da região do
sertão pela bela floração do pau-ferro, alguns grupos de
agaváceas e que pode ser restaurada para novamente
exercer seu papel simbólico na paisagem do Recife. Um
detalhe peculiar da Praça Salgado Filho, além do traçado
sinuoso e do espelho d'água como ponto focal, é a variada
vegetação aquática que se transforma mudando o
colorido, reunindo nesse espaço de descanso uma grande
diversidade de estratos vegetais. Duas das praças foram
concebidas valorizando o elemento água bastante
representativo na construção da paisagem do Recife.
A análise dos projetos paisagísticos de Burle
Marx revela a preocupação em combinar formas e
conceber uma obra de arte dotada de cenários produzidos
pela vegetação. Ressalta a importância na conservação
dos projetos originais resultantes de reflexão
multidisciplinar, para preservar nosso legado histórico,
evidentemente adequado, quando possível, às
necessidades atuais. Percebe-se assim a necessidade de
tratar as praças projetadas por Burle Marx como jardins
históricos, verdadeiros monumentos, seguindo as
recomendações da Carta de Florença de 1981 que
ressalta: "um jardim histórico é uma composição
arquitetônica e vegetal que, do ponto de vista da história
ou da arte, apresenta, um interesse público".
Essa pesquisa realizada desponta como um
instrumento analítico dos trabalhos de Burle Marx, face ao
compromisso com a cidade do Recife, berço de sua obra
de rara beleza e reconhecimento internacional.
ESTUDO:
Ana Rita Sá Carneiro é doutora, professora da
graduação e pós-graduação do Departamento de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de
Pernambuco; coordenadora do Laboratório da Paisagem UFPE; membro do CECI – UFPE.
Ana Cláudia Pessoa é engenheira agrônoma,
arquiteta formada em 1996 com trabalho de graduação
sobre as três praças projetadas pelo paisagista Roberto
Burle Marx.
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(Cordyline terminalys). Como exemplo de vegetação
expressiva assinala-se o pau-rei (Basilxylon brasiliensis),
a sibipiruna (Caesalpinia piramidalis) e o coqueiro (Cocus
nucifera), entre outras.
Na opinião dos usuários, a Praça Salgado Filho
está, relativamente, bem conservada e proporciona certa
segurança, favorecendo a permanência dos visitantes
para a contemplação do cenário artístico cheio de
recantos agradáveis e caminhos curvos repletos de
surpresas inclusive no acesso ao espelho d'água pela
escadaria proposta. Os entrevistados sugeriram
brinquedos infantis próximos ao espelho d'água, árvores
que ofereçam sombras generosas aos bancos, podação
da vegetação aquática para evitar esconderijo de viciados
e manutenção do gramado. A maioria dos entrevistados
também freqüentava a praça há mais de 10 anos, não
como residentes, mas como visitantes de rotina pelas
atividades que exercem nas proximidades seja de taxista,
comerciante, servente ou outras profissões de nível
médio. A localização dessa praça interfere bastante no
tipo de uso pela presença do aeroporto, que está
associado a vias de fluxo pesado no entorno, além das
paradas de ônibus nas suas calçadas e de edifícios
comerciais.
A última intervenção realizada na praça ocorreu
em 1991 sob a responsabilidade da Prefeitura do Recife,
respeitando o projeto original requisitado pelo órgão ao
Escritório Roberto Burle Marx. Mesmo assim, parte da
vegetação foi substituída, dada a dificuldade de sua
disponibilidade nas sementeiras locais. Nessa ocasião,
também foi reincorporada parte da área da praça até
então utilizada como estacionamento de táxi, que passou
a funcionar como canteiro, segundo o desenho original do
paisagista.
(Continuação)
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