Fátima Fernandes, Michele Cannatà e Teresa Novais, em seu nome pessoal e de muitos colegas amigos, expressam público pesar pelo falecimento de Nunes de Almeida (1924-2014) no passado dia 30 de Maio com 90 anos. Membro honorário da Ordem do Arquitectos foi, com João Archer e Rogério Ramos, fundador da prática da Arquitectura no gabinete de projeto da Hidroeléctrica do Douro, influenciando determinantemente as obras do chamado Moderno Escondido e por essa via a arquitectura portuguesa. Nunes de Almeida que perseguirá eternamente a abstracção, é autor de uma obra que prima pela ausência de qualquer excesso de matéria e incorpora na sua estrutura física o campo expandido da arte, Autor dos projectos da central térmica de Setúbal, Sines Pego, Alto de Mira, Tunes, das subestações de Sines, Fernão Ferro, e da termoeléctrica RSU em Valor Sul, talvez sejam, no entanto, as obras que realiza no Douro Internacional, como são os casos dos projectos das Casas dos Engenheiros e a Capela de Picote, as suas obras mais emblemáticas. Há poucos meses, mantivemos com Nunes de Almeida uma longa conversa que durou vários dias, para tentar entender o ambiente de trabalho do gabinete de projectos da Hidroeléctrica do Douro, posteriormente EDP, onde durante toda a sua vida exerceu a profissão de arquitecto, e as preocupações que então perseguia. E no final, usando palavras de Manoel de Barros, o poeta que começou a ler quando projectava as obras do Douro Internacional, desfez todas as nossas dúvidas: “Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas. E me encantei.” 1 1 BARROS, Manoel de: Ensaios fotográficos. Editora Record, Rio de Janeiro, 2000. Manuel Nunes de Almeida. Porto 2014 (Arquivo C&F) Manuel Nunes de Almeida. Picote em 1957. (Arquivo C&F) Capela de Picote (1957) Projecto iniciado no âmbito do C.O.D.A. (Concurso de Obtenção do Diploma de Arquiteto ) de Manuel Nunes de Almeida na ESBAP (Escola Superior de Belas Artes do Porto). Fot. Alvão. (Arquivo C&F) Capela de Picote. Fot. Luís Fereira Alves. (Arquivo C&F)