ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerce | Editora Três 26/01/10 10:46 Capa Onde investir Tecnologia Jogadas eletrônicas Supercomputadores e modelos matemáticos ganham mais campo na briga pelas melhores apostas na Bovespa Carolina Matos R$ 116 milhões foi quanto a bolsa investiu em TI em 2009 para reduzir o tempo das operações e aumentar a capacidade de negociação A máxima de que tempo é dinheiro dita cada vez mais as regras do jogo no mercado financeiro, na velocidade da tecnologia. A agitação e os gritos dos operadores no pregão http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/640/imprime159712.htm Page 1 of 3 ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerce | Editora Três 26/01/10 10:46 financeiro, na velocidade da tecnologia. A agitação e os gritos dos operadores no pregão da bolsa de São Paulo cederam lugar a outro tipo de correria. É uma pressa silenciosa. Cada milésimo de segundo pode valer milhões. Corretoras, bancos e gestores de fundos buscam modelos matemáticos - os algoritmos - e computadores ultrarrápidos para lucrar com as mais sutis diferenças de preços dos ativos. As chamadas operações de alta frequência já são realidade indiscutível no Exterior e ganham mais adeptos no Brasil. Elas permitem que os traders tirem o melhor proveito da formação dos preços e ofereçam aos seus clientes, antes dos concorrentes, ordens mais vantajosas de compra e venda. Esses investidores - que podem, inclusive, ter um computador instalado dentro da própria bolsa (sistema chamado de co-location) - ganham com margens muito pequenas, mas grandes volumes. Na alta frequência, os algoritmos podem executar 5 mil ordens por segundo. Nos Estados Unidos, cerca de 70% da movimentação em bolsa já tem essa característica. A alta frequência permite perceber o melhor momento de compra ou venda antes mesmo da formação real do preço do ativo. Parece o sonho de qualquer investidor. Se estamos preparados? "Os mercados desenvolvidos operam em cima disso e, aqui, este é mais um passo no sentido da modernização", diz Felipe Miranda, analista da Empiricus Independent Research. As fórmulas matemáticas são criadas pelas instituições financeiras a partir da análise do histórico das execuções de compra e venda dos ativos e, quando surge o preço identificado como melhor opção, os algoritmos disparam um comando para efetuar a operação. A Link Investimentos possui, há dois anos, uma equipe exclusivamente voltada às operações eletrônicas com modelos matemáticos. Hoje, são 25 pessoas. A própria empresa desenvolve os algoritmos. "Acreditamos que, dessa forma, podemos atender melhor a demanda dos clientes, o que está relacionado à rentabilidade", avalia Daniel Barros, sócio-diretor da corretora. Desde 2007, a Link já investiu R$ 12 milhões em infraestrutura para operar em alta frequência e diz que essa base de negociação já pode sim ser considerada uma realidade no mercado brasileiro, ainda que a velocidade possível aqui seja menor que no mercado americano. "Já são milissegundos, algo expressivo nos padrões brasileiros", defende Barros. A Link tem 15 clientes de alta frequência, sendo dez estrangeiros. Desde março de 2009 até agora, o número de contratos operados pela empresa aumentou dez vezes. A Ágora Corretora também montou um grupo dedicado às operações eletrônicas com algoritmos, hoje com oito integrantes. E, assim como a Link, já está habilitada para operar de dentro da Bovespa no sistema de co-location: espera apenas o aval do cliente para começar. "Lá de dentro, o processo fica ainda mais rápido, pois o acesso às cotações é http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/640/imprime159712.htm Page 2 of 3 ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerce | Editora Três 26/01/10 10:46 começar. "Lá de dentro, o processo fica ainda mais rápido, pois o acesso às cotações é imediato", diz Francisco Gurgel, gestor da área de eletrônicos da Ágora. No Brasil, os modelos matemáticos começaram a se tornar mais populares em meados de 2009, quando a capacidade do Mega Bolsa - sistema de negociação da BM&FBovespa - praticamente dobrou, passando de 770 mil negócios por dia para 1,5 milhão. A participação dos investidores de alta frequência ainda é pequena, embora esteja crescendo rapidamente. Nos contratos de derivativos, subiu de 6% em outubro para 10% em novembro. Segundo André Eduardo Demarco, diretor de Operações, há 19 instituições cadastradas para operar nesses moldes. Sinal de que há muito espaço para crescer. A BM&FBovespa está investindo pesado em infraestrutura de transferência de dados. Em 2009, foram R$ 116 milhões em toda a área de tecnologia da informação. Hoje, a bolsa é capaz de realizar operações a uma velocidade média de 15 milissegundos e a expectativa é reduzir esse tempo em 2010. A instituição estuda diminuir tarifas no mercado de ações para operadores de alta frequência. No segmento de derivativos, já está em vigor um desconto de 70% das taxas (emolumentos). http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/640/imprime159712.htm Page 3 of 3