Introdução à Administração de Produção Jorge Muniz Junior Introdução à Administração de Produção Este capítulo aborda aspectos referentes à Administração de Produção, seu histórico, conceitos básicos, a função produção e como ela é tratada hoje no país. Evolução histórica de Administração da Produção No passado profissionais habilidosos se organizaram para produção de certos bens para atender encomendas de clientes específicos. Esses profissionais (ferreiros, alfaiates, carpinteiros) dominavam todo o processo produtivo, desde o levantamento das necessidades dos clientes, compra de material, treinamento de funcionários até a entrega definitiva do produto encomendado. Esse profissional foi denominado de artesão. Fatores mercadológicos (demanda de clientes por produtos) e tecnológicos (máquina a vapor, padronização de componentes) se consolidaram na Revolução Industrial, que impulsionou a produção de produtos em grande quantidade e com preços reduzidos. Com isso a figura do artesão foi substituída por outro tipo de perfil de mão de obra, em que os operários se especializavam em parte do processo produtivo e, com isso, obtinha-se maior produtividade e eficiência, ou seja, obtinham-se mais resultados (quantidade) com os mesmos recursos. No fim do século XIX, as ideias de Frederick W. Taylor, pai da Administração, começaram a popularizar uma série de princípios e técnicas que orientaram as indústrias a identificar melhores métodos de trabalho para se obter maior produtividade e menor custo na produção. Por meio de seus princípios, consolidados na Administração Científica, popularizaram-se o estudo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução à Administração de Produção das tarefas, a seleção e o treinamento de trabalhadores e a busca pela eficiência operacional. No início do século XX, Henry Ford incorporou esses princípios e o da linha de montagem para a produção de veículos. Nesse momento nasce o conceito de produção em massa, caracterizado por grandes volumes de produtos extremamente padronizados. A área de Administração Industrial é profissionalizada, com a Administração Científica, e desenvolvem-se técnicas para o tratamento dos tempos e métodos, projeto do posto de trabalho, controle de estoques, controle estatístico de processo para o ambiente produtivo. O conceito de produção em massa, a partir da década de 1960, tem sofrido uma revisão com a popularização da produção enxuta, originária do sistema Toyota de produção, que introduziu entre outros: engajamento dos operários nas melhorias de produção, parcerias com fornecedores, preocupação com redução de desperdício, eliminação de desperdício e foco no cliente. Entre o movimento da produção em massa e a enxuta, ocorreu uma valorização do recurso humano. Essa perspectiva sociotécnica da Administração da Produção é representada por um sistema aberto que interage com o ambiente, sistema este que é capaz de autorregulação e pode alcançar um mesmo objetivo a partir de diferentes caminhos, usando diferentes recursos. Tal sistema é formado pelo subsistema técnico, que compreende especialmente máquinas e equipamentos, e pelo subsistema social, que envolve indivíduos e grupos de indivíduos, seus comportamentos, habilidades, capacidades, sentimentos e tudo de humano que os acompanham. Na perspectiva sociotécnica, o comportamento das pessoas face ao trabalho depende da forma de estruturação desse trabalho e do conteúdo das tarefas a serem executadas, pois o desempenho das tarefas e os sentimentos a elas relacionados (responsabilidade, realização, reconhecimento) são fundamentais para que o indivíduo retire orgulho e satisfação do seu trabalho. Assim sendo, apesar dos subsistemas social e técnico serem identificados separadamente, ambos devem ser “otimizados conjuntamente” para assegurar que produtividade e valor agregado sejam atingidos, ao mesmo tempo em que são alcançados o desenvolvimento e a integração dos indivíduos (figura 1). 16 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br (MUNIZ, 2007) Introdução à Administração de Produção RESULTADOS Subsistema técnico • S atisfação pessoal • Inovação Subsistema social • Qualidade • Prazo • Quantidade • Custo Figura 1 – Perspectiva sociotécnica da Administração de Produção. Como mostra a figura 1, a “otimização conjunta” (técnica e social) deve buscar a consecução de um objetivo final que, no caso das organizações, é a obtenção de resultados economicamente viáveis. Essa proposição é essencial para que a abordagem sociotécnica não seja considerada uma simples forma de experimentação social, mas uma forma de buscar, em última análise, o desenvolvimento de organizações mais eficazes. Na figura 1 há a estrela, que representa um método de trabalho padrão, e uma nuvem, que ilustra a existência de diversos fatores relacionados às pessoas, como, por exemplo, satisfação pessoal e liderança, os quais, apesar de serem reconhecidos, não têm tratamento tão prescritivo como na perspectiva taylorista da Administração de Produção. Outros aspectos históricos relacionados à Administração de Produção são listados no quadro 1. Ano 1697 Desenvolvimento Originador Primeira referência à Gestão de Projetos Dafoe 1776 Publicação de riqueza das nações Smith 1798 Contrato para 10 000 mosquetes em dois anos; peças intercambiáveis desenvolvidas Whitney 1832 Publicação elaborada sobre a divisão do trabalho anteriormente proposta por Smith Babbage 1896 Constrói o seu primeiro quadriciclo (caseiro) Ford Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br (CORREA; CORREA, 2003, p. 93. Adaptado.) Quadro 1 – Evolução de técnicas de produção 17 Introdução à Administração de Produção Sistemas de produção A Administração de Produção também recebe outras denominações, como sistemas de produção, função produção, em alguns momentos operações e em muitos casos simplifica-se como simplesmente produção. Domínio público. A Administração de Produção tem o objetivo de organizar a forma com que as empresas geram bens físicos e serviços. Ao contrário do que se pode imaginar a Administração de Produção abrange muito mais do que as fábricas, abrange os times de futebol, as escolas, os hospitais, os salões de beleza, as cafeterias, entre outros tantos. Maravilhas da humanidade como a Grande Muralha (China), as Pirâmides (México), ou exemplos contemporâneos como a Torre Eiffel (França) e o Cristo Redentor (Brasil) requereram esforços de coordenação de recursos e, portanto, se utilizaram de princípios e técnicas incorporados pela Administração de Produção. Brasília. Fernando Dall’Acqua. IESDE Brasil S. A. Cristo Redentor. São Paulo – MASP. Como se observa, a Administração de Produção é um campo de estudo que trata de problemas reais, como, por exemplo, a melhor utilização dos recursos disponíveis para a geração dos bens físicos e serviços. Entre os recursos utilizados tem-se: pessoas, matérias-primas, máquinas, capital e conhecimento tácito. Os bens e serviços são gerados pela transformação de recursos por meio de atividades produtivas em processos, conforme ilustrado na figura 2, onde se tem elementos de entrada (insumos), processo de transformação e saída (resultados). O sistema de produção é composto por processos. Um pro18 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução à Administração de Produção cesso é qualquer atividade ou conjunto de atividades que parte de um ou mais insumos (entradas), transforma-os e lhes agrega valor, criando um ou mais produtos (bens físicos e/ou serviços) para os clientes. Os clientes são tanto compradores do produto final como os clientes dos processos internos (manufatura, contabilidade, qualidade). INSUMOS • Trabalhadores • Gerentes • Equipamentos • Instalações Clientes internos e externos Processos e operações 1 3 • Serviços • Serviços 5 • Materiais 2 RESULTADOS (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004, p. 3) Na cafeteria, por exemplo, têm-se como recursos os funcionários, cafeteiras, cafés, doces e bolos, que são organizados de forma a gerar a satisfação do cliente. O cliente satisfeito, no caso, é a saída do sistema de produção. • Bens 4 • Terrenos • Energia Informação sobre o desempenho Figura 2 – Modelo geral da Administração de Produção. Dois fatores distinguem os recursos de entrada dos processos de transformação: tempo e espaço. Antes do expediente de trabalho os funcionários são entradas, pois ainda não estão atuando no processo de transformação. Durante o expediente os funcionários são considerados parte do processo de transformação. O mesmo raciocínio se aplica a materiais como farinha, pó de café, chocolates. Antes de eles entrarem nas instalações da cafeteria, estão em processo de compra ou recebimento e, portanto, são entradas. Ao entrarem nos limites físicos das instalações da cafeteria, eles fazem parte do processo de transformação. Uma das formas de descrever os elementos que compõem o sistema de produção (entrada, transformação e saída) é apresentada na tabela 1. Essa ferramenta mapeia o processo de transformação relacionando fornecedores, entradas, saídas e clientes. Ela é conhecida como SIPOC, devido aos termos em inglês, que deram origem à mesma (Supplier – S, Input – I, Process – P, Output – O e Customer – C). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 19 Introdução à Administração de Produção Fornecedor (Supplier) Entrada (input) Processo (Process) Saída (Output) Cliente (Customer) Petrobras Gasolina Abastecimento do tanque Tanque cheio Condutor do veículo Fazenda Pó de café Reparação do café Xícara de café Comprador Siderúrgica Aço / mola Manufatura de amortecedor Amortecedor Montadora Jorge Muniz Junior. Tabela 1 – Descrição do sistema produtivo pela matriz SIPOC Entradas Entradas PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO Saídas • Materiais Processamento de materiais: mudança de propriedades físicas, de localização, de propriedade, estocagem. • Bens • Informações • Consumidores • Equipamentos • Instalações • Pessoas • Serviços (SLACK, 2008. Adaptado.) A montadora de automóveis usa seus colaboradores e suas instalações para transformar aço, plástico, componentes e outros materiais em veículos para serem vendidos aos clientes. Por outro lado, a cabeleireira transforma a própria cliente. Nesse sentido, é conveniente relacionar o processo de transformação com a natureza dos recursos de entrada: materiais, informações e consumidores (figura 3). Processamento de informações: estocagem e distribuição, modificação de propriedades, de localização. Processamento de consumidores: modificações físicas, emocionais, fisiológicas, de localização, acomodação. Figura 3 – Diferentes aspectos do processo de transformação. Os bens e serviços, resultados do sistema produtivo, podem ser compreendidos pelas seguintes características (figura 4): tangibilidade, os bens são concretos e podem ser tocados (casa) e os serviços não (consulta médica). O que pode ser tocado pode ser estocado e transportado; simultaneidade relaciona-se à produção do produto pelo fornecedor e consumo pelo cliente, para serviços isso ocorre simultaneamente 20 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução à Administração de Produção Tangíveis. Podem ser estocados. A produção precede o consumo. com o consumidor. Clínica psicoterápica A qualidade é evidente. Consultoria gerencial Serviços de sistemas de informática Baixo nível de contato Restaurante Fabricante de máquinas-ferramentas especiais Fundição de alumínio Produção de petróleo BENS PUROS (SLACK, 2002 p. 42. Adaptado.) (corte de cabelo) e para bens esse processo não ocorre simultaneamente (produção de carro). Para serviços o contato com o cliente precisa ocorrer durante o processo de sua produção. Intangíveis. Não podem ser estocados. A produção e o consumo são simultâneos. Alto nível de contato com o consumidor. Não podem ser transportados. É difícil julgar a qualidade. SERVIÇOS PUROS Figura 4 – Relação entre produtoras de bens e serviços. Hoje a maioria das empresas oferece um pacote que inclui bens físicos e serviços. Isso implica que o administrador lida regularmente com ambos. Cada vez mais a diferença entre empresas produtoras de bens e serviços torna-se menor e conceituá-las não é mais útil na prática. Observe uma concessionária de automóveis. Ela vende bens (carros e peças), mas também fornece uma diversidade de serviços (revisão, manutenção, assistência técnica) e portanto deve ser gerenciada prevendo ambos os enfoques: o tangível em relação aos produtos e intangível com relação aos serviços prestados. Fronteiras da função produção Apesar de a função produção ocupar central para a organização produtora de bens e serviços, não é única e nem a mais importante. Todas as organizações possuem outras funções com suas responsabilidades específicas. É importante destacar que os nomes das funções, as fronteiras e responsabilidades variam de organização para organização. Isso leva a alguma conEste material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 21 Introdução à Administração de Produção Função engenharia/ suporte técnico Entendimento das necessidades tecnológicas do processo Função contábil-financeira Fornecimento de dados relevantes Análise das opções de nova tecnologia Função desenvolvimento de produto/serviço Entendimento das capacitações e restrições dos processos de produção Análise financeira para desempenho e decisões (SLACK, 2002 p. 52. Adaptado.) fusão sobre as fronteiras práticas da função produção. A figura 5 ilustra a fronteira da função Administração de Produção com outras funções. Ideias de novos produtos e serviços Função produção e operações Entendimento das necessidades de recursos humanos Desenvolvimento de recrutamento e treinamento Função recursos humanos Exigências de mercado Fornecimento de sistemas para projeto, planejamento, controle e melhoria Entendimento das capacitações e restrições dos processos de produção Função marketing Entendimento das necessidades de sistema e infraestrutura Função informação/ tecnologia Figura 5 – Fronteiras da função Administração de Produção. Essa fronteira pode ser mais ou menos ampla conforme as características da organização e os nomes que ela dá aos departamentos responsáveis pelas fronteiras apresentadas. No Brasil, o tema Administração de Produção é discutido academicamente pela Associação Brasileira de Engenharia de Produção – Abepro (www.abepro.org.br). A Abepro classifica a produção nas seguintes áreas: Engenharia de operações e processos da produção, que aborda projetos, operações e melhorias dos sistemas que criam e entregam os produtos (bens ou serviços) primários da empresa. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Gestão de Sistemas de Produção e Operações, Planejamento, Programação e Controle da Produção, Gestão da Manutenção, Projeto de Fábrica e de Instalações Industriais: organização industrial, layout/arranjo físico, Processos Produtivos Discretos e Contínuos: procedimentos, métodos e sequências e Engenharia de Métodos. 22 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução à Administração de Produção Logística, que abrange técnicas para o tratamento das principais questões envolvendo o transporte, a movimentação, o estoque e o armazenamento de insumos e produtos, visando à redução de custos, a garantia da disponibilidade do produto, bem como o atendimento dos níveis de exigências dos clientes. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Gestão da Cadeia de Suprimentos, Gestão de Estoques, Projeto e Análise de Sistemas Logísticos, Logística Empresarial, Transporte e Distribuição Física e Logística Reversa. Pesquisa operacional lida com a resolução de problemas reais envolvendo situações de tomada de decisão, através de modelos matemáticos habitualmente processados computacionalmente. Aplica conceitos e métodos de outras disciplinas científicas na concepção, no planejamento ou na operação de sistemas para atingir seus objetivos. Procura, assim, introduzir elementos de objetividade e racionalidade nos processos de tomada de decisão, sem descuidar dos elementos subjetivos e de enquadramento organizacional que caracterizam os problemas. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Modelagem, Simulação e Otimização, Programação Matemática, Processos Decisórios, Processos Estocásticos, Teoria dos Jogos, Análise de Demanda e Inteligência Computacional. Engenharia da qualidade se preocupa com planejamento, projeto e controle de sistemas de gestão da qualidade que considerem o gerenciamento por processos, a abordagem factual para a tomada de decisão e a utilização de ferramentas da qualidade. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Gestão de Sistemas da Qualidade, Planejamento e Controle da Qualidade, Normalização, Auditoria e Certificação para a Qualidade, Organização Metrológica da Qualidade e Confiabilidade de Processos e Produtos. Engenharia do produto trata do conjunto de ferramentas e processos de projeto, planejamento, organização, decisão e execução envolvido nas atividades estratégicas e operacionais de desenvolvimento de novos produtos, compreendendo desde a concepção até o lançamento do produto e sua retirada do mercado com a participação das diversas áreas funcionais da empresa. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Gestão do Desenvolvimento de Produto, Processo de Desenvolvimento do Produto, Planejamento e Projeto do Produto. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 23 Introdução à Administração de Produção Engenharia organizacional trata do conjunto de conhecimentos relacionados à gestão das organizações, englobando em seus tópicos o planejamento estratégico e operacional, as estratégias de produção, a gestão empreendedora, a propriedade intelectual, a avaliação de desempenho organizacional, os sistemas de informação e sua gestão e os arranjos produtivos. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Gestão Estratégica e Organizacional, Gestão de Projetos, Gestão do Desempenho Organizacional, Gestão da Informação, Redes de Empresas, Gestão da Inovação, Gestão da Tecnologia e Gestão do Conhecimento. Engenharia econômica lida com a formulação, estimação e avaliação de resultados econômicos para avaliar alternativas para a tomada de decisão, consistindo em um conjunto de técnicas matemáticas que simplificam a comparação econômica. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Gestão Econômica, Gestão de Custos, Gestão de Investimentos e Gestão de Riscos. Engenharia do trabalho trata do projeto, aperfeiçoamento, implantação e avaliação de tarefas, sistemas de trabalho, produtos, ambientes e sistemas para fazê-los compatíveis com as necessidades, habilidades e capacidades das pessoas visando a melhor qualidade e produtividade, preservando a saúde e a integridade física. Seus conhecimentos são usados na compreensão das interações entre os humanos e outros elementos de um sistema. Pode-se também afirmar que esta área trata da tecnologia da interface máquina – ambiente – homem – organização. Compõem essa área conhecimentos relacionados a Projeto e Organização do Trabalho, Ergonomia, Sistemas de Gestão de Higiene e Segurança do Trabalho e Gestão de Riscos de Acidentes do Trabalho. Engenharia da sustentabilidade aborda o planejamento da utilização eficiente dos recursos naturais nos sistemas produtivos diversos, da destinação e tratamento dos resíduos e efluentes destes sistemas, bem como da implantação de sistema de gestão ambiental e responsabilidade social. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Gestão Ambiental, Sistemas de Gestão Ambiental e Certificação, Gestão de Recursos Naturais e Energéticos, Gestão de Efluentes e Resíduos Industriais, Produção mais Limpa e Ecoeficiência, Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável. 24 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução à Administração de Produção Hoje a Administração de Produção nacional tem credibilidade internacional e modelos de produção desenvolvidos e amadurecidos no Brasil ganharam o mundo, como por exemplo, o pioneiro consórcio modular da VW – Rezende (RJ). Iniciado em 1996 serviu de modelo para outras companhias Ford – Camaçari (BA), GM – Gravataí (RS). Outro aspecto importante diz respeito à aplicação dos conceitos da Administração de Produção e competitividade nacional que possui exemplos bem-sucedidos, como, por exemplo, a produção de: aviões – Embraer, combustíveis – Petrobras, biocombustíveis, grãos, hidrelétricas, que compõem uma lista ainda maior. A importância da Administração de Produção como ferramenta impulsionadora da estratégia empresarial A presente seção é extraída de artigo de IACIA (2006) que indica que, embora tradicionalmente a Administração de Produção tivesse como objetivo de estudo os setores produtivos das empresas industriais, atualmente muitas das suas técnicas vêm sendo aplicadas em atividades de serviços como bancos, escolas, hospitais etc. Os conceitos e técnicas que fazem parte do objetivo da Administração de Produção dizem respeito às funções administrativas clássicas (planejamento, organização, direção e controle) aplicadas às atividades envolvidas com a produção física de um produto ou à prestação de um serviço. Todas as partes de qualquer empresa têm seus próprios papéis para desempenhar a fim de se chegar ao sucesso. O papel de cada função está refletido em seu nome. Por exemplo: a função marketing posiciona os produtos e serviços da empresa no mercado. A função finanças monitora e controla os recursos financeiros da empresa. Já a função produção produz os bens e serviços demandados pelos consumidores. A produção deve apoiar a estratégia desenvolvendo objetivos e políticas apropriados aos recursos que administra, fazendo a estratégia acontecer, transformando decisões estratégicas em realidade operacional e devendo fornecer os meios para a obtenção de vantagem competitiva. Para que qualquer organização seja bem-sucedida a longo prazo, a contribuição de sua função produção é vital. Ela dá à organização uma “vantagem baseada em produção”. A função produção contribui para se atingir essa ideia de vantagem baseada em produção através de cinco objetivos de desempenho. São eles: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 25 Introdução à Administração de Produção fazer certo na primeira vez, isto é, não cometer erros. Se a produção for bem-sucedida em proporcionar isso, a empresa ganhará em qualidade; fazer as coisas com rapidez, minimizando o tempo entre o consumidor solicitar os bens e serviços e recebê-los. Com isso, a empresa ganhará em rapidez; fazer as coisas em tempo para manter os compromissos de entrega assumidos com os consumidores. Se a produção fizer isso, proporcionará aos consumidores vantagem de confiabilidade; estar em condições de mudar rapidamente para atender às exigências dos consumidores. Fazendo isso, a empresa ganha em vantagem de flexibilidade; fazer as coisas o mais barato possível, produzindo bens e serviços a custo que possibilite fixar preços apropriados ao mercado e ainda permitir retorno para a organização, representando vantagem de custo aos consumidores. Ampliando seus conhecimentos Reengenharia revolucionando a empresa (Texto do Provão) M. Hammer e J. Champy. A maioria das empresas atuais – qualquer que seja o seu ramo, a sofisticação tecnológica de seus produtos ou serviços ou a sua nacionalidade de origem – pode remontar o seu estilo de trabalho e as suas raízes organizacionais à prototípica fábrica de alfinetes descrita por Adam Smith em A Riqueza das Nações, publicado em 1776. Smith, filósofo e economista, reconheceu que a tecnologia da Revolução Industrial havia criado oportunidades sem precedentes para os fabricantes aumentarem a produtividade dos trabalhadores e, assim, reduzirem o custo dos produtos, não em pequenas porcentagens – atingíveis quando se persuade um artesão a trabalhar com um pouco mais de rapidez – mas em ordens de grandeza. Em A Riqueza das Nações, esse precursor do consultor de empresas, em sua época um pensador radical, explicou o que denominou de princípio da divisão do trabalho. 26 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução à Administração de Produção O princípio de Smith refletiu as suas observações de que certo número de trabalhadores especializados, cada qual realizando uma etapa individual da fabricação de um alfinete, poderia produzir, em um dia, muito mais alfinetes do que o mesmo número de trabalhadores empenhados na produção de alfinetes inteiros. “Um homem” – escreveu Smith – “estica o arame, outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz a ponta, um quinto esmerilha o topo para receber a cabeça; produzi-la requer duas ou três operações distintas; ajustá-la no alfinete é uma atividade peculiar, pratear os alfinetes é outra; inseri-los na cartela de alfinetes constitui até uma atividade independente.” Smith relatou ter visitado uma pequena fábrica, empregando apenas dez pessoas, cada uma realizando apenas uma ou duas das 18 tarefas especializadas envolvidas na fabricação de um alfinete. “Essas dez pessoas eram capazes de produzir, conjuntamente, mais de 48 mil alfinetes por dia. Porém, trabalhando separada e independentemente, e sem ter sido educada nessa atividade peculiar, cada uma delas certamente não conseguiria produzir vinte, ou nem mesmo um alfinete ao dia.” A divisão do trabalho aumentava a produtividade dos alfineteiros em centenas de vezes. “A vantagem”, escreveu Smith, “deve-se a três diferentes circunstâncias: primeira, ao aumento da destreza de cada trabalhador individual; segunda, à economia do tempo normalmente perdido na passagem de uma espécie de trabalho para outra; e, finalmente, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam e abreviam o trabalho e permitem a um homem realizar o trabalho de muitos.” As atuais companhias aéreas, usinas siderúrgicas, firmas de contabilidade e fabricantes de chips para computadores foram todas construídas em tomo da ideia central de Smith – a divisão ou especialização da mão de obra e a resultante fragmentação do trabalho. Quanto maior uma organização, mais especializados são os seus trabalhadores e mais fragmentado é o seu trabalho. Atividades de aplicação 1. Por que se considera que a Administração de Produção, da forma que a vemos hoje, começou sua grande evolução com a Revolução Industrial? Isso quer dizer que não havia Administração de Produção antes? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 27 Introdução à Administração de Produção 2. Toda empresa tem um produto ou serviço. Descreva as entradas e as saídas das empresas abaixo. Restaurante Concessionárias de automóveis Fábrica de calçados Entradas Restaurante Saídas 3. Liste três serviços diferentes que você “consumiu” na última semana. Os exemplos podem incluir transporte público, banco, supermercado, cinema etc. Para cada um desses três serviços escolhidos, descreva: a) o serviço satisfez as suas expectativas? b) o que você faria pra administrar melhor esse serviço? c) como você acha que o serviço poderia lidar com aumento e diminuição de clientes? d) o serviço poderia ser mais barato, rápido, confiável? 4. Pense na oficina de seu carro e responda as seguintes questões: a) quais os produtos dessa empresa? b) quais os seus clientes? c) quais os seus fornecedores? d) quais as entradas e saídas do seu processo produtivo? 28 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução à Administração de Produção Referências BROWN, S.; LAMMING, R.; BESSANT, J.; JONES, P. Administração da Produção e Operações: um enfoque estratégico na manufatura e nos serviços. São Paulo: Campus, 2005. CORRÊA, H. L. Administração de Produção e Operações – manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. DAFOE. Introdução à Engenharia de Produção. Disponível em: <www.ibiblio. org/gutemberg/etext03/esprj10.txt>. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração de Produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. MUNIZ, J. A Utilização da Engenharia Simultânea no Aprimoramento Contínuo e Competitivo das Organizações – estudo de caso do modelo usado no avião EMB 145. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Escola Politécnica (Produção), Universidade de São Paulo, 1995. SLACK, N. et al. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. _____. Gerenciamento de Operações e de Processos. Porto Alegre: Bookman, 2008. TAYLOR, F. W. The Principles of Scientific Management. New York: Dover Publications, 1998. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 29 Introdução à Administração de Produção Gabarito 1. Princípios estudados hoje eram aplicados nas grandes construções. Sempre houve geração de bens e serviços. 2. Entradas Saídas Restaurante Vegetais Salada Carnes Pratos quentes Concessionárias Carro batido Carro reparado Fábrica de calçado Couro Sapato 3. Exemplo: serviço de transporte de ônibus. Caso não: b) Ouvir os passageiros. c) Ter estoque de ônibus e motoristas terceirizados. d) Sim. 4. a) Carros reparados. b) Proprietários de carros. c) Fornecedores de peças. d) Entrada: carro quebrado; saída: carro reparado. 30 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br