PRH-ANP é 10! Qualificação para enfrentar os desafios O legado do programa para as universidades Empresas do setor disputam profissionais Prêmios atestam qualidade das pesquisas Página 4 Página 12 Página 20 Página 25 Editorial Os resultados de uma parceria inovadora A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustívei — ANP tem o orgulho de comemorar os 10 anos de seu Programa de Recursos Humanos, o PRH-ANP, uma das poucas iniciativas de formação e capacitação profissional que congregam num só esforço, e com resultados indiscutíveis, o Estado brasileiro, a Universidade e o setor industrial para o qual foi concebido. E não estamos brindando apenas aos milhares de profissionais formados com as bolsas do programa, nem apenas os resultados para as cadeias produtivas de petróleo, gás e biocombustíveis ao empregar esses profissionais qualificados. Estamos formando doutores, mestres e bacharéis que se empregam e contribuem com inovações e desenvolvimento também para as atividades de áreas afins à petrolífera, como as de Engenharia, Metalurgia, Química, Matemática, Física, Economia, Direito e as disciplinas que envolvem o meio ambiente. O PRH-ANP, na verdade, tem uma história que se confunde com a da própria Agência, e a do setor de óleo e gás do Brasil. Foi lançado no segundo ano de existência e funcionamento da ANP, no terceiro ano da vigência da Lei 9.478, de 1997, a Lei do Petróleo, que atribuiu à ANP a ser criada a missão de gerir os recursos petrolíferos da União. Nesses 12 anos da Lei, 11 anos da ANP e 10 do PRH, o setor de óleo e gás cresceu mais de 300%, alcançou um peso próximo dos 11% de toda arrecadação federal em 2008. O modelo regulador de concessões deu ao País a autossuficiência em óleo, multiplicou por três a participação do gás na matriz energética brasileira, ampliou sensivelmente o conhecimento geológico do subsolo do País. Nesse período, a ANP também inseriu o biodiesel no consumo nacional e levou os combustíveis consumidos pelos brasileiros a padrões internacionais de qualidade. Todas essas conquistas foram possíveis com a contribuição dos servidores da ANP, dos seus diretores e ex-diretores e também com a parceria da Universidade brasileira — estudantes, coordenadores, professores visitantes —, sem a qual teria sido impensável tanto 3 Arquivo ANP o PRH quanto nosso não menos fundamental Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Por isso, e porque o Brasil se depara com um novo momento em sua História energética e econômica, diante da nova fronteira petrolífera do pré-sal, não nos cabe somente agradecer a todos esses protagonistas do êxito de nosso programa, como lançar o desafio: vamos pensar e agir para os próximos 10 anos! Que sua colaboração com a ANP, assim como sua contribuição ao desenvolvimento do País não só continue como cresça, no ritmo exigido pelo Brasil. Haroldo Lima Diretor-Geral da ANP Revista 10 anos PRH-ANP História Mirian Fichtner 4 Laboratório de Análise Química de Combustíveis, único do gênero no Brasil, da UFRJ, criado com recursos da taxa de bancada do PRH-ANP Primeiro programa de recursos humanos destinado especificamente à formação de mão de obra para o setor petróleo e gás natural, o PRH-ANP está completando uma década de existência, com muitos motivos para comemorar. Além dos excelentes resultados que ostenta, o programa firma-se como um importante instrumento para enfrentar os novos desafios que se impõem ao setor, principalmente a partir das descobertas de grandes volumes de petróleo e gás natural em camadas do pré-sal nas bacias de Campos e Santos. Fruto da iniciativa da primeira diretoria da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o PRH-ANP foi inspirado na obrigação prevista na chamada Lei do Petróleo (Lei 9.478 de 1997), que flexibilizou o monopólio nas atividades básicas da indústria, até então exercido pela Petrobras, e atribuiu à ANP a responsabilidade pelo aporte e estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico aplicado ao setor. “A Petrobras era monopolista e assumia a responsabilidade de formar pessoal. Com a flexi- Revista 10 anos PRH-ANP 5 PRH-ANP, uma década de sucesso bilização do monopólio, sentiuse a necessidade de estimular o surgimento de programas de formação e qualificação de pessoal, voltados para a atividade do petróleo e para outras atividades que diziam respeito à cadeia produtiva dessa indústria”, explica Elói Fernández y Fernández, ex-diretor da ANP, hoje diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), um dos mentores do programa. O PRH-ANP chega aos 10 anos ostentando números que não deixam dúvidas sobre seu sucesso. Desde que o programa foi criado, em 1999, até o ano Tipos de bolsa concedidos (*) Graduação (a partir do 5º período, inclusive) 24 450,00 Mestrado (MSc) Doutorado (DSc I) (até aprovação do exame de qualificação) 24 1.248,60 24 1.840,50 Doutorado (DSc II) (elaboração de tese) 36** 2.278,20 Coordenação PRH-ANP/MCT (COO) *** 48 1.254,00 Pesquisador Visitante PV *** 48 passado, foram investidos R$ 164 milhões na concessão de 4.586 bolsas de estudos em 44 cursos de graduação e especialização, distribuídos por 31 instituições de ensino em 16 estados. Atualmente, estão em atividade 36 2.000 1.565 1.500 1.000 803 558 500 193 TÉCNICO GRADUAÇÃO Variável (****) Observações: (*) Todos os tipos de bolsa requerem renovação anual (**) Limite máximo de 48 meses para o Doutorado (***) Admitido um por programa (****) Valor equivalente ao salário bruto pago pela instituição a pesquisador do mesmo nível, limitado a R$ 5.200,00. 3.119 profissionais formados (1999–2008) 0 Duração (meses) Valor mensal (R$) MESTRADO DOUTORADO programas de nível superior, em 23 instituições de 13 estados. A base do programa foi a inclusão de disciplinas de especialização específicas para atender às necessidades das indústrias do petróleo, gás natural e de biocombustíveis no currículo de várias universidades do País. As parcerias com as instituições de ensino começaram com um sistema de editais, organizado pela ANP, em três chamadas distintas. Com o primeiro edital, publicado em 1999, apresentaram-se 71 propostas de instituições de ensino de nível superior de vários estados da federação – e selecionadas 16, distribuídas geograficamente pelas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do País. O segundo edital, publicado no Revista 10 anos PRH-ANP 6 Renata Moraes Protótipo de motor desenvolvido por bolsista do PRH-25, da Universidade de Campina Grande, Paraíba mesmo ano, atraiu 60 projetos e 15 foram aprovados pela comissão de avaliação, privilegiando outras instituições de ensino, mas mantendo o caráter abrangente e multirregional. No último deles, de 2000, mais 18 propostas foram apresentadas, com a implementação de cinco novos PRHs – totalizando os 36 programas em atividade atualmente. O processo foi concluído com a celebração das primeiras parcerias e a criação dos Comitês Gestores, compostos por docentes das instituições participantes. “A criação de Revista 10 anos PRH/ANP disciplinas de especialização em petróleo e gás natural, dentro dos cursos já existentes, foi o ‘pulo do gato’ do programa, porque criar novos cursos seria muito complicado”, avalia Ana Cunha, coordenadora de atividades do PRH-ANP. Atualmente, há 2.200 ex-bolsistas atuando em 170 empresas do setor de petróleo em todo o Brasil, 24 são funcionários da própria ANP e outros 640 são servidores concursados da Petrobras. Isto sem falar nos ex-bolsistas que se dedicaram à carreira acadêmica, pela qual ampliam a reprodução do conhecimento e realimentam a pesquisa. “É um programa que não só cumpre a sua principal missão, que é formar profissionais para atender à demanda do setor de petróleo, privado ou público, mas também vem dando uma contribuição sistêmica à produção científico-tecnológica do País, contribuindo inclusive para aumentar os nossos índices internacionais de publicações”, ressalta Florival Carvalho, superintendente de Planejamento e Pesquisa da ANP. 7 Distribuição de recursos por região em 2008 Norte-Nordeste 45% Distribuição de bolsas por região em 2008 Sul- Sudeste 55% AS TENDÊNCIAS DO MERCADO Os 36 programas de nível superior em atividade hoje, em 23 universidades de diferentes estados brasileiros, têm ênfase em engenharias (do Petróleo, Química, Mecânica, Metalúrgica e dos Materiais), Geociências (Geologia e Geofísica), Direito, Economia e Química. Os cursos são orientados de acordo com as tendências do mercado, pela ANP, de forma a privilegiar as competências regionais e promover o desenvolvimento de uma cultura de ensino e pesquisa aplicada ao setor. “As bolsas concedidas pelo programa tinham um valor mais alto do que outros já existentes. Isso provocou uma corrida de alunos, gerou mais concorrência e garantiu uma seleção de alto nível. Sinto-me muito orgulhoso de ter participado da criação do PRH-ANP, pois as empresas existem hoje em função da mão de obra formada pelo programa. Já houve casos de contratação de turmas inteiras. Isso é fantástico”, define Raimar Van Den Bylaardt, gerente de Tecnologia do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). Ex-servidor da ANP, Raimar é considerado um dos “pais” do PRH-ANP. Os critérios para a seleção dos bolsistas e a aplicação dos recursos do PRH-ANP são definidos pelos Comitês Gestores das instituições participantes. A fonte de recursos é o Fundo Setorial CT-Petro (Plano Nacional de Ciência e Tecnologia do Setor de Petróleo e Gás Natural), administrado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A previsão de recursos para 2009 é de R$ 20 milhões, elevando para R$ 184 milhões o total dos investimentos do programa desde a sua criação. Para o início de 2010, outros R$ 20 milhões vão dar fôlego a dez novos programas, que serão contemplados nos próximos editais a serem lançados pela ANP. O PRH-ANP abrangeu, entre 1999 e 2004, duas vertentes: uma voltada para profissionais de nível superior (PRH-ANP/MCT) – incluindo graduação e pós-graduação stricto sensu, e a outra voltada para a educação profissional de nível técnico (PRH-ANP/MECTécnico). Atualmente somente está em atividade o PRH-ANP/ MCT, voltado para profissionais de nível superior. Norte-Nordeste 441 Sul- Sudeste 577 Além das bolsas de estudos, o programa concede “taxa de bancada”, um suporte financeiro para gastos específicos do programa que não se enquadrem como bolsas de estudo. O PRH-ANP integra a Coordenadoria de Tecnologia e Formação de Recursos Humanos (CTC) da Agência, junto com o Programa de Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O PETRÓLEO NOS ANOS 90 Os últimos anos da década de 90 marcaram o início do processo de reforma pelo qual passaria a indústria de petróleo e gás natural do Brasil, com os objetivos expressos de atrair investimentos para o setor e incentivar a concorrência. A Lei nº 9.478, de 1997 — a Lei do Petróleo — mudou a forma de exercício do monopólio da União sobre as jazidas de óleo e gás (desde 1953 exercido diretamente pela estatal Petrobras) – estabelecendo a concessão de áreas exploratórias por meio de licitações públicas. Criada pela Lei do Petróleo e implantada em 1998, a Agência Nacional do Petróleo Revista 10 anos PRH-ANP 8 Bolsas concedidas O PRH em números Investimentos R$ 184 milhões (*) Bolsas concedidas 4.586 Programas de pós-graduação 28 Instituições de ensino 23 Estados da federação 13 Novas especializações mais de 200 (*) inclui os R$ 20 milhões previstos para 2009. nasceu com as atribuições de regulação, contratação e fiscalização das atividades no setor de petróleo e gás natural. Em junho de 1999, a ANP realizou a primeira rodada de licitação de blocos para a contratação das atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural. O primeiro leilão trouxe 40 novos agentes para o setor (hoje já são cerca de 80 empresas) e expôs um velho problema: a falta de mão de obra qualificada para atuar neste mercado – o que levou a ANP a implementar, ainda em Mestrado 1.128 Doutorado 400 Técnico 813 Graduação 2.245 1999, o Programa de Recursos Humanos (PRH) para incentivar a formação de pessoal especializado, de forma a contribuir efetivamente com as políticas de apoio ao desenvolvimento econômico do País. OS DESAFIOS FUTUROS Depois de uma década de sucesso, o PRH-ANP vem sendo preparado para os desafios do futuro, que caminham lado a lado com a descoberta de novas fontes de energia que poderão substituir os hidrocarbonetos e o início da exploração e produção do ANO PRH-ANP/MCT Superior PRH-ANP/MEC Técnico 1999 538.777,98 2000 8.325.050,26 2001 13.031.344,91 3.412.648,80 2002 18.075.749,14 2003 Fonte de recursos ANP petróleo que está nos grandes reservatórios do pré-sal – uma área de 800km de extensão, situada abaixo de uma barreira de sal de até 2Km de espessura, a até 5Km abaixo do nível do mar. “O mundo inteiro faz investimentos significativos na busca de uma resposta para a questão das fontes limpas de energia. E o Brasil tem que ficar atento aos desdobramentos que vão gerar novas oportunidades a partir das pesquisas que estão sendo incrementadas nesta busca internacional por combustíveis alternativos”, Fonte de recursos CT-Petro 538.777,98 Totais 538.777,98 8.325.050,26 8.325.050,26 3.412.658,80 13.031.344,91 16.444.003,71 643.360,00 643.360,00 18.075.749,14 18.719.109,14 11.153.738,00 873.840,00 873.840,00 11.153.738,39 12.027.578,39 2004 22.476.978,00 417.340,00 417.340,00 22.476.978,00 22.894.318,00 2005 15.000.000,00 15.000.000,00 15.000.000,00 2006 24.000.000,00 24.000.000,00 24.000.000,00 2007 27.000.000,00 27.000.000,00 27.000.000,00 2008 19.400.000,00 19.400.000,00 19.400.000,00 2009* 20.000.000,00 20.000.000,00 20.000.000,00 158.462.860,70 184.348.837,48 Totais 159.001.638,29 *Valor aprovado para 2009. Revista 10 anos PRH-ANP 5.347.188,80 5.885.976,78 9 Da universidade aos eventos internacionais Em 2004, enquanto fazia curso de doutorado com bolsa do PRH-ANP na Universidade Federal do Paraná (UFPR), a engenheira química Patrícia Raquel Silva foi convidada a participar do “1º Fórum para Jovens do Congresso Mundial de Petróleo”, em Pequim, na China – um evento direcionado a jovens pesquisadores do setor de petróleo e gás. A estudante fez a apresentação oral do trabalho de pesquisa “Novas tecnologias para avaliação da permeação de hidrogênio e monitoramento da corrosão na indústria do petróleo”, conduzido juntamente com seu orientador e outro aluno de doutorado, que apresentava uma nova técnica para identificar e monitorar o processo de corrosão típico das refinarias de petróleo. O trabalho ficou entre os oito melhores e Patrícia foi convidada a apresentá-lo no 18º Congresso Mundial do Petróleo, o maior evento mundial do aconselha Elói Fernández. Na opinião de Raimar Van Den Bylaardt, o tempo de existência do PRH-ANP já é prova de que se trata de um programa bem-sucedido, haja vistos os diferentes governos que estiveram à frente do País ao longo destes anos. Mas, consolidada sua importância como um dos sustentáculos do crescimento setor, realizado em Joanesburgo, na África do Sul – parte da viagem foi paga pela taxa de bancada oferecida pelo programa. Patrícia foi uma das primeiras bolsistas do PRHANP – ingressou em 2000, com bolsa de mestrado. Em 2006, passou a ser aluna não-bolsista do programa, porque fez concurso para o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), onde atualmente trabalha na Divisão de Biocombustíveis. Ela concluiu o doutorado em 2007. “A participação no PRH possibilitou que eu desenvolvesse meus projetos de pós-graduação e outros trabalhos de solução de problemas reais da indústria, sobretudo na área de corrosão no setor de petróleo e gás”, afirma Patrícia, acrescentando que sua visão do programa é muito positiva e que faz questão de divulgá-lo. “Sou muito grata pela experiência realmente única e muito valiosa para minha formação profissional”. do setor energético brasileiro, é chegada a hora de pensar em novos modelos para o futuro. “O PRH-ANP é uma raridade e, se não fosse um bom programa, não teria resistido tanto tempo. Mas ainda estamos longe de formar pessoal para atender às novas demandas que se apresentam no setor, agora com o pré-sal”, argumenta. Silvene Trevisan Patrícia Raquel Silva, do Paraná, foi uma das primeiras bolsistas do PRH-ANP Somados o acervo de realizações do programa, a infraestrutura implantada nas diversas universidades parceiras e as alternativas que vêm sendo pesquisadas e inseridas na matriz energética mundial – além da promessa brasileira com as descobertas de petróleo no pré-sal – uma conclusão é certa: o PRH-ANP terá vida longa. Revista 10 anos PRH-ANP Futuro do PRH-ANP 10 Novos recursos levarão programa a mais um salto O ano do décimo aniversário do PRH-ANP marca também seu momento de maior expansão, do ponto de vista financeiro. A recém-aprovada entrada da Petrobras como agente financiador ampliará em R$ 20 milhões a verba de execução do programa, que este ano foi de R$ 20 milhões. “Trata-se de um volume de recursos jamais movimentado”, comemora o superintendente de Planejamento e Pesquisa da ANP, Florival Rodrigues de Carvalho. O aporte da estatal permitirá o lançamento, ainda em 2009, de editais para a seleção de dez novos programas universitários para integrar o PRH-ANP, entre outras novidades. “Os novos recursos farão saltar dos atuais 36 para 46 os programas em atividade nas instituições de ensino de todo o País, com bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado no âmbito do PRH-ANP”, acrescenta o superintendente. Serão oferecidas, ao todo, 80 bolsas de iniciação científica, 40 de mestrado e 20 de doutorado. Com isso, o total de bolsas pagas a estudantes saltará de 578, em 2009, para mais de 1.000 no próximo ano. Revista 10 anos PRH-ANP NOVAS ÁREAS DE ÊNFASE Florival Carvalho adianta que as áreas de ênfase dos novos programas serão: présal, biocombustíveis (etanol e biodiesel), eficiência energética, saúde ocupacional e segurança operacional. São áreas que, segundo as principais companhias do setor, necessitam mais fortemente de investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Outra mudança prevista será a retomada do PRH-ANP Técnico, com concessão de bolsas para estudantes de nível médio. Segundo o superintendente, este projeto será conduzido pela Petrobras com verbas próprias, além dos R$ 20 milhões acertados para os PRHs universitários. “A empresa elabora uma proposta que até o fim do ano já deverá estar aprovada”, afirma. Os recursos investidos pela Petrobras nos programas são provenientes da participação especial que a empresa precisa pagar como compensação financeira pela produção de petróleo e gás em campos de grande produtividade. A legislação determina que 1% do faturamento desses campos seja aplicado em pesquisa e desenvolvimento. Além do pagamento de bolsas para estudantes de graduação e pós-graduação, o PRH-ANP concede bolsas a coordenadores e professores visitantes – além de fornecer uma taxa de bancada que dobra o valor que cada instituição recebe em bolsas, e que pode ser usada na compra de equipamentos e insumos para laboratórios, livros, passagens para congressos ou o investimento 11 Fred Bailoni Florival Carvalho e a equipe da Coordenadoria de Tecnologia e Recursos Humanos da ANP: mais R$ 20 milhões em recursos garantem o lançamento de novos editais e a entrada de mais instituições de ensino no PRH que o coordenador julgar necessário para que o programa atinja uma alta produtividade. CONTROLE MAIS RIGOROSO A boa administração dos recursos é um dos critérios de avaliação dos programas – que passarão a ter um controle de qualidade mais rigoroso. Daqui para frente, adianta Florival Carvalho, os que não atingirem um conjunto mínimo de critérios de produtividade deixarão de receber novas bolsas – o que levará à sua extinção. Outros critérios de avaliação são empregabilidade dos bolsistas e produção científica. “Em geral, os programas são muito bem avaliados, mas houve também aqueles que tiveram uma baixa produtividade. Nesses casos, conversamos com o reitor da instituição, e houve troca de coordenadores”, comenta. O superintendente torce para que o próximo edital traga instituições de estados brasileiros ainda não contemplados pelo programa. “O PRH-ANP ainda é muito litorâneo, muito concentrado nas áreas produtoras de petróleo. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem um terço das bolsas. Espero que tenhamos propostas de universidades do Centro-Oeste e do Norte. Tenho visitado instituições de todo o País para divulgar o programa, e espero que o esforço tenha como resultado uma maior diversificação”. Revista 10 anos PRH-ANP Universidades 12 PRH contribui para avanços na Educação Superior A criação do Programa de Recursos Humanos da ANP (PRH-ANP) para o setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis foi uma resposta do governo federal, por intermédio da ANP, ao desafio tecnológico colocado pelo setor que é estratégico para o desenvolvimento econômico do País, principalmente nos últimos 20 anos. Embora o objetivo central seja a formação de mão de obra especializada para o setor – o que beneficia diretamente os profissionais e a indústria – os resultados obtidos ao longo destes 10 anos ajudaram também a mudar o perfil das universidades parceiras. É uma iniciativa inovadora que mostra a visão estratégica dos gestores e foi fundamental para o sucesso do programa ao longo desses 10 anos’ Clovis Maliska Além da inclusão de disciplinas de especialização específicas para atender às necessidades dessa indústria – que é a base do programa – as universidades criaram novos Revista 10 anos PRH-ANP cursos próprios, embaladas pelo sucesso do PRH-ANP. É o caso da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que incluiu duas disciplinas em seu currículo, voltadas especificamente para o setor: Petróleo e Meio Ambiente. “Estas matérias eram dispersas em algumas carreiras e foram organizadas para atender às novas demandas do mercado e da área de pesquisa e desenvolvimento”, diz Jussara Lopes de Miranda, coordenadora do PRH-01, com ênfase em Química, da UFRJ. Na avaliação de Clovis Maliska, coordenador do PRH-09, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o PRH-ANP passou a organizar a atividade de pesquisa para o setor de petróleo nas universidades, que antes era dispersa e acontecia de forma isolada. ”Isso foi fundamental para o desenvolvimento do setor. Houve uma sistematização das disciplinas, foram 13 Arquivo UFSC Renata Moraes Os jovens bolsistas dos PRHs da UFRN reunidos na abertura da exposição que comemorou os 10 anos do programa criados novos cursos, e todos os interessados nesta área foram aglutinados em espaços físicos e estruturas comuns. A atividade de petróleo nas universidades ganhou visibilidade”, ressalta. O coordenador do PRH-05, na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Dimas Dias Brito, concorda com a avaliação de que o programa mexeu de fato com a academia, nos segmentos ligados à área de petróleo e gás. “Nós percebemos que o PRH-ANP promoveu inovações estruturais na organização acadêmica, introduziu novos desafios no ensino e na pesquisa, induziu as atividades transdisciplinares e levou à criação de novos cursos de mestrado, de graduação e de extensão, de forma que o impacto foi muito grande”. MOLA PROPULSORA A taxa de bancada também é apontada pelos coordenadores das universidades como um dos grandes diferenciais do PRH-ANP, pois ajudou a melhorar a infraestrutura das instituições. Os recursos financeiros que vêm carimbados para gastos específicos do programa têm sido considerados a mola propulsora do programa. “É uma iniciativa inovadora, que mostra a visão estratégica dos gestores e que certamente foi fundamental para o sucesso do programa ao longo desses 10 anos”, ressalta Clovis Maliska. Para o professor Dimas Brito, a grande vantagem desses recursos que o governo aporta às universidades brasileiras para o programa é o fato de não ficarem restritos à formação dos alunos. “O aporte financeiro enriquece o acervo bibliográfico, implementa melhorias nos laboratórios já existentes ou cria novas unidades de pesquisa, e permite a aquisição de softwares de apoio às atividades de campo. Ou seja, consolida núcleos de excelência e provoca o aumento da produtividade científica, além de reconhecer e dar visibilidade a universida- O coordenador do PRH-09, Clóvis Maliska (à direita), e a equipe de bolsistas do programa na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Revista 10 anos PRH-ANP 14 Pará UFPA de junto à indústria”, resume. Um dos exemplos práticos da aplicação desses recursos foi a instalação de um sistema de alarme na Biblioteca do Departamento de Química da UFRJ, que eliminou o problema de furto de livros caros que vinha ocorrendo sistematicamente, segundo Jussara Miranda. A taxa de bancada também financiou a montagem de um laboratório para ‘Análise de Combustíveis’, uma disciplina eletiva criada no âmbito do PRH-ANP, que promove a capacitação dos alunos na análise prática de gasolina, álcool, diesel e biodiesel. É o único laboratório Uma vez que esse dinheiro é aplicado no ensino e na pesquisa gera o profissional que o setor e o País precisam’ Instituições conveniadas São Paulo USP/Unesp/Unicamp Paraná UFPR/UTFPR Santa Catarina UFSC Dimas Brito universitário do País focado na análise de derivados de petróleo. “Os alunos saem com formação de quem põe a mão na massa, de quem faz, e não apenas com formação teórica”, destaca a coordenadora. Revista 10 anos PRH-ANP FORMAÇÃO DIRECIONADA Outro ponto do programa que os coordenadores defendem em uníssono é o foco na área de pesquisa de interesse do setor de petróleo e gás na- tural. Esta formação direcionada faz com que os bolsistas sejam imediatamente absorvidos pelo mercado de trabalho – muitas vezes até antes da conclusão dos cursos. “As empresas demandam muito este tipo de 15 Ceará UFC Rio Grande do Norte UFRN Paraíba UFCG Pernambuco UFPE Bahia UFBA/Unifacs Minas Gerais Unifei Espírito Santo Ufes Rio de Janeiro UFRJ/UFF/Uerj/Uenf/PUC-Rio/Impa Rio Grande do Sul UFRGS/Furg mão de obra qualificada. Não fosse o PRH-ANP, a situação seria caótica”, define Jussara. “Uma vez que esse dinheiro é aplicado no ensino e na pesquisa gera o profissional que o setor e o País precisam”, endossa Dimas Brito. Nas universidades da região Nordeste, a avaliação não é diferente. “O programa nos coloca em posição de destaque nos segmentos estratégicos, ao possibilitar o financiamento de atividades mais de acordo com a dinâmica do mercado”, define Yanko Marcius de Alencar Xavier, coordenador do PRH-36, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que tem foco no Direito do Petróleo. Segundo o professor do PRH-14, também da UFRN, Afonso Avelino Dantas Neto, o programa está profundamente envolvido na formação de mão de obra especializada para o setor, desde a sua criação. “Podemos asseverar que, no âmbito das diversas universidades em que o PRH-ANP foi implantado, já estão criadas as condições que permitem a formação de excelentes profissionais, seja em graduação, mestrado ou doutorado”. Além dos benefícios que representa para as instituições de ensino superior, o programa traz retorno também para a sociedade brasileira, na avaliação do coordenador do PRH-04, da Universidade de São Paulo (USP), Murilo Fagá, à medida que significa uma compensação pela exploração de recursos naturais não-renováveis. “Nosso foco é a racionalização do uso da energia para reduzir os impactos ambientais. O programa foi essencial para o Brasil também neste aspecto, porque valorizou o petróleo como insumo. Queremos que a sociedade use melhor esses recursos, que são finitos”, diz ele. O programa foi essencial também por ter valorizado o petróleo como insumo. Queremos que a sociedade use melhor esses recursos, que são finitos’ Murilo Fagá O modelo inovador e criativo que norteou a criação do PRH-ANP, segundo Dimas Brito, tem trazido de fato largos benefícios também à sociedade brasileira, além das instituições acadêmicas. “Não há qualquer dúvida sobre isso e faremos todos os esforços necessários para que esse programa permaneça, continue e progrida”, concluiu. Revista 10 anos PRH-ANP 16 As instituições conveniadas PRH INSTITITUTO ENFOQUE PRH01 UFRJ PRH02 UFRJ PRH03 UFRJ PRH04 USP PRH05 PRH06 Unesp UFPA PRH07 PUC-RIO PRH08 UFBA PRH09 UFSC PRH10 PRH11 PRH12 UTFPR UFF UFRGS PRH13 UFRJ PRH14 UFRN PRH15 PRH16 Unicamp Unifei PRH17 Uerj PRH18 UFRJ PRH19 USP PRH20 Uenf PRH21 UFRJ PRH22 UFRN PRH23 Unifacs PRH24 UFPR PRH25 UFCG PRH26 UFPE PRH27 Furg PRH28 UFPE PRH29 Ufes PRH30 UFRN PRH31 UFC PRH32 Impa PRH33 Uerj PRH34 UFSC Formação de profissionais em Química para atuação nas áreas de exploração, produção, refino de petróleo, processamento de gás natural, controle da qualidade de óleos e derivados, meio ambiente, energia e biocombustíveis. Profissionais de Engenharia Civil para atuar na análise, exploração e desenvolvimento de sistemas petrolíferos. Formação de profissionais nas áreas de Engenharia Naval, Oceânica e Submarina, com enfoque especial em tecnologias de exploração em águas profundas. Formação de profissionais em Energia, com enfoque na disponibilidade de energia, usos e impactos sociais e no meio ambiente, regulação, economia e política da energia. Formação de profissionais em Geologia e Ciências Ambientais Aplicadas, para o setor de petróleo, gás e de biocombustíveis. Formação de profissionais em Geofísica. Profissionais em Engenharia de Petróleo para atuar nas áreas de exploração, desenvolvimento, produção e transporte de petróleo e gás. Graduação em Geologia e graduação e pós-graduação em Geofísica, para atuação na área de exploração de petróleo. Profissionais em Engenharia Mecânica e Química, graduados e pós-graduados, para atuação nas áreas de exploração, produção, refino, controle da qualidade, meio ambiente em petróleo e gás natural. Cursos de graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica e Mecânica para o setor petróleo e gás. Formação de profissionais com mestrado e doutorado para atuar nas áreas de Geologia e Geofísica Marinhas. Profissionais de graduação e pós-graduação, capacitados para atuar na área de Exploração de Petróleo. Formação de profissionais com graduação em Química e Engenharia Química e pós-graduação nos níveis de mestrado e doutorado, para atuar em refino, processamento, meio ambiente, gestão e regulação na indústria do petróleo e gás natural. Profissionais em Engenharia Química para o setor de petróleo e gás nos níveis de graduação, mestrado e doutorado, com ênfase em Engenharia de Processos em Plantas de Petróleo e Gás Natural. Formação de profissionais em Engenharia de Petróleo e Geoengenharia de Petróleo nos níveis de graduação e pós-graduação. Profissionais em Engenharia da Energia e do Petróleo em níveis de graduação e mestrado . Formação de Geólogos em níveis de graduação, mestrado e doutorado, especializados na área de Análise de Bacias para exploração de petróleo. Formação de profissionais graduados e pós-graduados em Geologia, para atuar nas diversas áreas do setor de exploração de petróleo e gás natural. Profissionais Engenheiros Navais em nível de graduação, mestrado e doutorado, com ênfase em Engenharia Oceânica, Engenharia de Materiais e Tecnologia de Exploração em Águas Profundas. Cursos de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo nos níveis de graduação, mestrado e doutorado, para atuação nas áreas de exploração, produção, refino, transporte e distribuição. Profissionais graduados em Engenharia de Produção, com ênfases em Economia do petróleo e gás e pós-graduação em nível de mestrado e doutorado com ênfase em Planejamento Energético. Cursos de graduação em Ciência da Computação e Engenharia de Computação e mestrado e doutorado em Sistemas e Computação, voltados para o setor de petróleo e gás natural. Profissionais graduados em Engenharias Elétrica, Química, Civil e Mecânica e com mestrado em Regulação da Indústria de Energia, para atuação no setor de petróleo e gás natural. Profissionais de Engenharias Mecânica, Química e Geologia com ênfase na área específica de Engenharia de Petróleo para atuação nas áreas de refino, processamento e distribuição de derivados de petróleo. Formação de profissionais graduados em Computação, Matemática e Engenharias Mecânica, Química e de Materiais, com ênfase em tecnologia para o setor de petróleo e gás natural. Formação de profissionais qualificados em Geociências e Engenharia Civil, para atuação na exploração de petróleo e gás natural. Curso de formação em Oceanografia, Física, Química e Geologia, nos níveis de graduação e pós-graduação, aptos a atuar na exploração, explotação e transporte de produtos de petróleo e gás, em especial em mar aberto e ambientes transicionais da costa brasileira. Formação de Engenheiros Químicos nos níveis de graduação, mestrado e doutorado, especializados em processos químicos do petróleo. Formação em Engenharias Mecânica e Ambiental, graduação em Oceanografia e pós-graduação nos níveis de mestrado e doutorado. Graduação em Química e Engenharias de Materiais e Mecânica, pós-graduação nos níveis de mestrado e doutorado, com ênfase na indústria do petróleo e gás. Formação de recursos humanos em Engenharia e Ciências do petróleo e gás natural. Formação de profissionais em Matemática e Computação Científica Aplicada, em nível de pós-graduação, voltada à indústria do petróleo e gás natural. Especialização de profissionais em Direito, com enfoque especial para o setor de petróleo e gás natural. Formação de Engenheiros nas Áreas de automação, controle e instrumentação para a Indústria do petróleo e gás. PRH35 UFRJ Formação em Engenharias Civil, Oceânica, Metalúrgica, de Materiais e do Petróleo, para o setor de petróleo e gás natural. PRH36 UFRN Formação de profissionais em Direito, graduados e pós-graduados em nível de mestrado, com enfoque especial no setor de petróleo e gás natural. Revista 10 anos PRH-ANP Entrevista 17 Eugenius Kaszkurewicz/Finep Escassez de mão de obra qualificada é um gargalo para crescimento do setor João Luiz Ribeiro/Finep A pluralidade de oportunidades e os desafios permanentes oferecidos pelo setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis – com ênfase para as novas reservas do pré-sal e a substituição dos combustíveis de origem fóssil por fontes renováveis de energia – estão gerando uma demanda crescente pela formação de recursos humanos qualificados. Desta forma, é importante não só manter, como ampliar o PRH-ANP, dentro dos programas de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. A opinião é do diretor da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Eugenius Kaszkurewicz, que considera inquestionável o sucesso do PRH-ANP. “A abrangência nacional do programa, o elevado nível técnico dos trabalhos desenvolvidos pelos bolsistas e o alto índice de empregabilidade desses profissionais mostram que o programa é, sem sombra de dúvida, uma iniciativa de sucesso que vem contribuindo para colocar o Brasil numa posição de destaque no cenário mundial de petróleo, gás e biocombustíveis. Revista 10 anos PRH-ANP 18 João Carlos Machado Palestra-exposição promovida pelos sete PRHs da UFRJ, em agosto, no saguão do Centro de Tecnologia, campus do Fundão >Qual a experiência da Finep com este tipo de programa, em fundos setoriais e para formação de recursos humanos, fora do escopo do CNPq? Kaszkurewicz – O apoio a um programa continuado de bolsas com abrangência nacional e voltado para um setor específico, como é o caso do PRH-ANP/MCT, é inédito no cenário de Ciência e Tecnologia do nosso País. Foi uma decisão estratégica do Comitê Gestor logo em suas primeiras deliberações no ano de 2000 antevendo a enorme demanda por mão de obra qualificada que hoje se observa no Brasil. As descobertas de reservatórios no présal e a crescente substituição das fontes de combustível de origem fóssil pelas originárias de biomassa vêm gerando expectativas de um aumento ainda maior da demanda de recursos humanos para esses setores’ >Existe o mesmo tipo de demanda de outros fundos setoriais? Essa ação do Fundo Setorial de Petróleo e Gás (CT-Petro) foi Revista 10 anos PRH-ANP pioneira e não existem outros exemplos nesse formato no âmbito dos demais fundos setoriais. >Há expectativa de aumento de alocação de recursos para o PRH-ANP/MCT? O desenvolvimento tecnológico dos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis está em plena expansão e a escassez de profissionais qualificados permanece sendo um gargalo para se alcançar um crescimento ainda maior desses setores. O Comitê Gestor do CT-Petro está ciente deste desafio e tem priorizado ações que contribuam para o aumento da formação e capacitação de recursos humanos para esses setores. Nos últimos 3 anos, foram aprovados mais de R$ 70 milhões para o PRHANP/MCT (mais de 40% do total investido pelo CT-Petro desde a criação do programa). Para este ano, está previsto o aporte de mais R$ 20 milhões, o que significa permitir uma ampliação no número de bolsas e a criação de novos programas temáticos. A alocação de recursos do CT-Petro neste programa, dentro da disponibilidade de recursos dos últimos anos, já atingiu seu limite. O importante agora é garantir outras fontes de recursos para apoio ao programa, com uma contrapartida significativa da ANP, a entrada das operadoras (empresas petrolíferas) utilizando a cláusula de P&D e o suporte estratégico das Agências do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCTI). >Como se inserem os programas de Recursos Humanos nos financiamentos da Finep? A Finep apóia, tradicionalmente, a concessão de recursos para bolsas no âmbito 19 dos projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Esses recursos são provenientes dos fundos setoriais e, essas bolsas, nas mais diversas modalidades, são concedidas através dos mecanismos do CNPq, com base nos critérios adotados por aquele órgão. >Qual a importância do PRHANP/MCT do ponto de vista da Finep? Os setores focados pelo PRH-ANP/MCT apresentam uma pluralidade de temas, oportunidades e desafios. As descobertas de novos reservatórios na camada pré-sal e a crescente substituição das fontes de combustível de origem fóssil pelas fontes renováveis originárias de biomassa vêm gerando expectativas de um aumento ainda maior da demanda de recursos humanos para esses setores. Neste cenário, é importante que se mantenham e se incrementem os programas voltados para o desenvolvimento de recursos humanos associados aos programas de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. >Investir na formação de mão de obra qualificada tem sido uma prioridade do governo? A “Formação e Capacitação de Recursos Humanos para Ciência, Tecnologia & Inovação (CT&I)” é uma das linhas de ação priorizadas pelo PACTI, que é o plano do governo para CT&I para o período 2007-2010, elaborado em sintonia com outros programas estratégicos de governo. De uma forma geral, essa linha visa ampliar o número de bolsas de formação, pesquisa e extensão no País; favorecer a inserção de pesquisadores nas empresas; e promover a expansão e a qualificação do quadro de profissionais envolvidos nas atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação nas instituições científicas e tecnológicas (ICTs). A principal meta desta linha prioritária do MCT é ampliar o número de bolsas do sistema CNPq – Capes de 102 mil em 2007, para 170 mil em 2010. A Finep participa deste esforço como Secretaria Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e dos fundos setoriais. Nos últimos três anos, foram aprovados mais de R$ 70 milhões para o PRH-ANP/MCT, mais de 40% do total investido pelo CT-Petro desde sua criação. E, para este ano, estão previstos mais R$ 20 milhões, que permitirão ampliar o número de bolsas’ > Como a Finep vê a relevância do PRH-ANP, que tem merecido alocação de verba continuamente nestes 10 anos de sua existência? A Finep vem acompanhando os resultados alcançados pelo PRH-ANP/MCT ao longo desses 10 anos de apoio continuado do CT-Petro. A abrangência nacional do programa, o elevado nível técnico dos trabalhos desenvolvidos pelos bolsistas de graduação, mestrado e doutorado, bem como o alto índice de empregabilidade desses bolsistas, mostram que o programa é, sem sombra de dúvida, uma iniciativa de sucesso que vem contribuindo para colocar o Brasil numa posição de destaque no cenário mundial de petróleo, gás e biocombustíveis. Revista 10 anos PRH-ANP Indústrias 20 Empresas do setor disputam profissionais As mudanças impostas ao setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis do Brasil, na última década – em função da abertura do setor a players internacionais – trouxeram à tona um problema que até então era de conhecimento e responsabilidade apenas da Petrobras, que respondia pelo monopólio do setor: a escassez de pessoal qualificado para atuar nesta indústria. Nossa empresa mantém um contato ativo e permanente com as universidades do País em busca de bolsistas do PRH-ANP para atender nossas necessidades’ Roberto Ardenghy (BG Group) Crescendo a um ritmo mais acelerado do que a oferta de mão de obra, o mercado sofre com a falta de disponibilidade desses profissionais, que muitas vezes são disputados a peso de ouro pelas empresas do setor. “Nossa empresa mantém um contato ativo e permanente com as universidades do País em busca de bolsistas do PRH-ANP para atender nossas Revista 10 anos PRH-ANP necessidades”, admite Roberto Ardenghy, diretor de Assuntos Corporativos do britânico BG Group, que está no Brasil há três anos e é dono de 25% do consórcio que explora o Campo de Tupi (pré-sal). A companhia começou com cerca de 30 funcionários, em 2006, e hoje conta com um quadro de aproximadamente 200 profissionais, a maioria contratada no mercado brasileiro. “As estrangeiras não têm interesse em trazer técnicos de fora. O processo é caro e, além disso, eles não falam a língua portuguesa e não conhecem a geologia do País”, argumenta o diretor. Na opinião de Ardenghy, o PRH-ANP é uma janela de oportunidade para que o Brasil tenha profissionais preparados a enfrentar o desafio tecnológico que representa a busca mundial por novas fontes de energia – mais baratas e ambientalmente saudáveis. O BG, por exemplo, está formando equipe para elaborar o plano de desenvolvimento dos campos do pré-sal. “O PRH-ANP é um programa fundamental que já prestou altos serviços ao setor”, avalia. Plataforma de petróleo em alto mar: exploração na camada pré-sal vai expandir a demanda por mais recursos humanos EXCELÊNCIA DO PROGRAMA A Petrobras, que durante décadas respondeu pela formação de pessoal para atender suas necessidades, já reúne, entre seus funcionários, cerca de 640 profissionais oriundos do programa, que ingressaram por meio de concurso. “O PRH-ANP é um estímulo muito importante para a canalização de mão de obra para a indústria do petróleo, gás, energia e biocombustíveis”, afirma Mária 21 Arquivo ANP de Oliveira, gerente do Suporte de Educação da Universidade Petrobras (UP), apontando as áreas de geociências e geologia, além de engenharia de petróleo e de equipamentos como as de maior carência profissional no setor. Na avaliação de Mária de Oliveira, as bolsas concedidas pelo PRH-ANP cumprem ainda outro papel fundamental, que é a retenção dos jovens nas instituições de ensino. “Há uma pesquisa que mostra que a evasão nas universidades é mais alta nos primeiros períodos, e isso corre principalmente por causa de dificuldades financeiras. Mesmo estudantes que não pagam faculdade muitas vezes não têm como arcar com os custos de transporte e alimentação ou precisam trabalhar para ajudar suas famílias”, relata. A Petrobras, que tem previsão de investimentos de US$ 28,9 bilhões para o pré-sal no período de 2009 a 2013, reconhece que os O profissional que chega à Petrobras, vindo do programa, costuma se sair melhor do que os demais nos cursos de formação que fazem aqueles que ingressam na companhia’ Wilson Lanzarini (Petrobras) profissionais egressos do PRH, que chegam a seus quadros por meio do processo seletivo público, são muito bem preparados. “O profissional que chega à Petrobras, vindo do programa, contribui bastante com os colegas nos trabalhos em grupo e isso é Revista 10 anos PRH-ANP Arquivo ANP 22 percebido tanto entre pessoas que vieram de bolsas de graduação quanto das bolsas de pós”, afirma Wilson Lanzarini, consultor sênior da UP. A gerente da Universidade Petrobras informou que a companhia dará apoio financeiro a cinco programas que já fazem parte do PRH e que atingiram excelentes resulta- A intenção da companhia é, futuramente, apoiar outros 24 programas, permitindo que o programa ofereça mais bolsas, beneficiando mais pessoas e favorecendo ainda mais a indústria do petróleo como um todo’ Mária de Oliveira dos. Serão destinados recursos da participação especial. Os primeiros aprovados são quatro programas da UFRN. “A intenção da companhia é, futuramente, apoiar outros 24 programas, atingindo diversos cursos em atividade atualmente. Esse apoio permitirá que o programa possa oferecer mais bolsas, beneficiando mais pessoas e favorecendo ainda mais a indústria do petróleo como um todo”, adiantou. Revista 10 anos PRH-ANP 23 Arquivo ANP CRIAÇÃO DA ABPG O PRH-ANP foi além de suas atribuições de formar mão de obra qualificada para o setor. O programa também inspirou a criação, em 2004, da Associação Brasileira de Pesquisa e Desenvolvimento em Petróleo e Gás (ABPG), uma entidade com sede em Natal, no Rio Grande do Norte, que reúne pessoas físicas e jurídicas ligadas ao setor de petróleo, gás e áreas afins, através da interação entre a comunidade acadêmicocientífica, o poder público e o setor produtivo. “O PRH-ANP é um dos melhores programas de formação de recursos humanos que já surgiram no País. É de uma relevância sem igual para o desenvolvimento do setor”, diz Tereza Neuma, presidente da entidade. Ela defende a publicação de novos editais para o PRHANP de forma a comportar o aumento da demanda imposto pelo crescimento do setor. “Temos novas necessidades reais, como os campos do pré-sal que ainda não contam com um programa de formação direcionado para suas especificidades”, diz Tereza Neuma. A dirigente ressalta que, além das profissões diretamente ligadas à exploração e produção de petróleo ou de combustíveis alternativos, outros setores caminham a reboque O PRH-ANP é um dos melhores programas de formação de recursos humanos que já surgiram no País. É de uma relevância sem igual para o desenvolvimento do setor’ Tereza Neuma da expansão do setor, como as áreas ligadas a Direito, Economia, Administração, Tecnologia da Informação e Relações Internacionais. “A quantidade de estudantes em formação ou de profissionais recém-formados que estão buscando a indústria do petróleo como maneira de aplicar suas habilidades e prosperar economicamente é de fato impressionante, indicando a riqueza, o peso e o volume que está indústria já adquiriu”, conclui. Revista 10 anos PRH-ANP Excelência Acadêmica 24 Trabalhos conquistam prêmios e reconhecimento no Brasil e no exterior O grande número de trabalhos premiados por empresas e instituições evidencia a qualidade das pesquisas desenvolvidas pelas instituições parceiras do PRH-ANP, em todo o País, com a chancela do programa. Até hoje, 135 bolsistas já receberam prêmios, sendo 65 deles estudantes de graduação, 30 de mestrado e 40 de doutorado. Do total, 45 foram premiados em concursos internacionais, como o Congresso Mundial de Petróleo. O Prêmio Petrobras de Tecnologia, um dos mais importantes no Brasil para as pesquisas na área, já foi outorgado a 26 bolsistas. E, só este ano, vários trabalhos já receberam prêmios concedidos por instituições como Petrobras, Bahiagás, Odebrecht, Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), entre muitos outros. Outros indicadores de produtividade acadêmica também são motivo de orgulho para os gerenciadores do programa. Até hoje, foram concluídos 1.865 trabalhos de fim de curso, obtidas 11 patentes e apresentados 566 trabalhos no Brasil e 108 no exterior. Outros 293 trabalhos no Brasil e 92 no exterior foram também publicados em livros de resumos. A área de publicações é outro destaque, com 37 livros editados, capítulos em 115 livros, e 190 publicações indexadas. Na lista abaixo, estão alguns exemplos de trabalhos premiados. A lista completa pode ser consultada no site: www.anp.gov.br . > PRH 1 (UFRJ, Instituto de Química) Prêmio: Prêmio Petrobras Tecnologia 2008 – Categoria Refino Bolsista: Luiza Torres Abrantes - Graduação Orientador: Arnaldo Faro Jr Trabalho: “Catalisadores de Pd-Ir E Pd-Pt para Melhoria do Índice de Cetano em Diesel” Aplicabilidade: Os catalisadores são partículas utilizadas nas reações químicas que constituem o processo do refino do petróleo, para acelerar ou melhorar as reações. Neste caso, os catalisadores utilizados têm os objetivos de elevar a proporção de cetano no diesel, o que o torna de melhor qualidade (porque tem desempenho melhor no motor), e o de reduzir a quantidade de compostos aromáticos, portanto fazendo o diesel menos agressivo ao meio ambiente e à saúde humana. > PRH 36 (UFRN, Centro de Ciências Sociais Aplicadas) Prêmio: Melhor Monografia do CCSA, 2008. UFRN. 1° lugar Bolsista: Victor Rafael Fernandes Alves - Graduação Orientador: Yanko Marcius de Alencar Xavier Trabalho: “Aspectos Jurídico-Ambientais da Cadeia Produtiva do Biodiesel” Aplicabilidade: O trabalho sugere mecanismos regulatórios, ambientais e institucionais para a inserção sustentável do biodiesel na matriz energética brasileira. Sugere iniciativas de estudos ambientais e de cooperação institucional. Revista 10 anos PRH-ANP 25 > PRH 10 (Universidade Técnica Federal do Paraná) Prêmio: 4ª Edição do Prêmio Petrobras de Tecnologia – 2008 – Tecnologia de Perfuração e de Produção Bolsista: Hendy Tisserant Rodrigues – Mestrado Orientador: Rigoberto Eleazar Melgarejo Morales Trabalho: “Modelagem e Simulação do Escoamento Bifásico no Padrão de Golfadas na Horizontal e Vertical através de um Modelo Numérico de Seguimento de Pistões” Aplicabilidade: Os modelos desenvolvidos tornam possível aos profissionais da área de produção estudar o escoamento de óleo e gás nos tubos horizontais e verticais (risers) — tubulações que ligam as cabeças dos poços às plataformas. Permitem, assim, simular o comportamento das linhas de produção em águas profundas, supondo uma determinada tensão sobre os tubos. Os modelos auxiliam principalmente os engenheiros do setor a dimensionar melhor o tamanho dos dutos, podendo reduzir os custos de produção. > PRH 14 (UFRN, Departamento de Engenharia Química) Prêmio: Prêmio Bahiagás de Inovação 2008 Bolsista: Geraldine Angélica Silva Nóbrega - Doutorado Orientador: Afonso Avelino Dantas Neto e Eduardo Lins de Barros Neto Trabalho: “Estudo de uma coluna de absorção para desidratação do gás natural, utilizando microemulsão como absorvente” Aplicabilidade: No processamento do gás natural, um dos objetivos é extrair toda a água associada, o que se faz por meio de substâncias que absorvem a água. O trabalho inova no tipo de absorvente e tem aplicação nas Unidades de Processamento de Gás Natural, as UPs. > PRH 31 (UFC, Engenharia e Ciências do Petróleo) Prêmio: Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável, 2008 Bolsista: Márcio Anderson Guedes Vasconcelos – Graduação Orientador: Suely Helena de Araujo Barroso Trabalho: “Proposição de um Pavimento Ecológico para a Cidade de Fortaleza a partir do aproveitamento de Resíduos Ambientais” Aplicabilidade: O trabalho consistiu no estudo de materiais alternativos para a pavimentação de rodovias, com aproveitamento de resíduos de construção e demolição de solo da cidade e uso, na produção do ligante, do líquido das castanha de caju (LCC) no lugar de querosene. Revista 10 anos PRH-ANP 26 > PRH 10 (Universidade Técnica Federal do Paraná) Prêmio: 4ª Edição do Prêmio Petrobras de Tecnologia – 2008 – Tecnologia de Logística e de Transporte de Petróleo, Gás e Derivados. Bolsista: Suelen Neves Boschetto - Doutorado Orientador: Flavio Neves Junior Trabalho: “Sistema de Apoio à Decisão das Operações de Transferência e Estocagem de Derivados de Petróleo em Redes de Duto” Aplicabilidade: O sistema desenvolvido serve para gerenciar a malha de dutos (oleodutos e gasodutos) da Transpetro (subsidiária da Petrobras na área de transporte e transferência), possibilitando a programação mensal das movimentações de todos os derivados, com a especificação do horário de bombeamento, parada em dutos, necessidade de reversão de fluxo, entre outras possibilidades operacionais. > PRH 15 (Unesp/SP, Centro de Tecnologia do Petróleo) Prêmio: 1º Lugar no 2009 SPE Latin American and Caribbean Student Paper Contest Bolsista: Guilherme Avansi - Mestrado Orientador: Denis Schiozer Trabalho: “Use of Proxy Models in the Selection of Production Strategy and Economic Evaluation of Petroleum Fields” Aplicabilidade: O trabalho desenvolveu metodologia para facilitar o processo de análise e de decisão na escolha da estratégia de produção de campos de petróleo. Estratégia de produção envolve determinar se o campo será dividido em módulos, quantos poços e onde serão perfurados, qual o cronograma de perfuração e instalação das unidades de produção, qual a produção projetada, entre outros fatores. Os modelos utilizados permitem determinar melhor o número ótimo de poços e seu posicionamento, para que a produção se dê da maneira mais apropriada e rentável. > PRH 35 (UFRJ, Coordenadoria dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia) Prêmio: Prêmio Petrobras de Tecnologia 2008 no Tecnologia de Perfuração e de Produção; 1º Lugar no Latin America and Caribbean Regional Student Paper Contest; 2º Lugar no International Student Paper Contest – Etapa final realizada no Colorado EUA, durante s SPE Annual Technical Conference and Exhibition; e 1º Lugar na Jornada de Iniciação Científica do CT – 2008 Bolsista: Ana Carolina Caldas Aguiar – Graduação Orientador: Theodoro Antoun Netto Trabalho: “Análise Estrutural de Tubos Expansíveis para Poços de Petróleo” Aplicabilidade: A tecnologia de tubos sólidos expansíveis é uma alternativa viável e econômica à tecnologia convencional de perfuração/completação. A tecnologia convencional consiste em aplicar tubos de aço como revestimento de poços. Ao final de cada fase perfurada, o poço é revestido e passa a ser perfurado com uma broca de menor diâmetro. Assim, o poço adquire formato de “telescópio”. O tubo expansível permite que o revestimento seguinte tenha diâmetro igual ou muito pouco menor que o anterior, mediante expansão do tubo, após seu assentamento, o que permite aumentar a profundidade perfurada mantendo o diâmetro do poço. O trabalho comparou o desempenho dos tubos expansíveis com o de tubos convencionais. Tem aplicação no desenvolvimento de reservas em cenários desafiadores como nas zonas de sal, reservas profundas e lâminas de águas ultra-profundas. Revista 10 anos PRH-ANP Carlos Leandro 27 As pratas da casa No setor de petróleo, gás natural e biocombustível, o ‘santo de casa’ faz milagre. A ANP também tem em seus quadros 24 profissionais egressos do PRH. São mestres e doutores que depois de apreender Ana Amélia Martini Bolsa de Doutorado II (PRH-13 / EQ/UFRJ) 2002/05. Lotação na ANP: SAB André Canelas Bolsa de Mestrado (PRH-21 / UFRJ) 2004/05 Lotação na ANP: SPP Aroldo Almeida Carneiro Bolsa de Graduação (PRH-31/ UFC) 2000/00 Lotação na ANP: CSO Bruna Rocha Rodrigues Bolsa de Graduação (PRH-34 / UFSC) 2003/2005 Lotação na ANP: SRP Edson Marcello Peçanha Montez Bolsa de Doutorado (PRH-21 / UFRJ) 2000 Lotação na ANP: CMA Eduardo da Silva Torres Bolsas de Mestrado e Doutorado (PRH-13 / UFRJ) 1999/2002 Lotação na ANP: SBQ Felipe Rachid Rodrigues Bolsa de Graduação (PRH-21/ UFRJ) 2000/00 Lotação na ANP: SFI Guilherme de Biasi Cordeiro Bolsa de Graduação (PRH-21 / UFRJ) 2004/05 Lotação na ANP: SCM os conhecimentos técnicos proporcionados pelo programa nas universidades brasileiras, passaram por concursos públicos e hoje integram o quadro de profissionais da agência reguladora. Gustavo Ribeiro de Menezes Bolsa de Graduação (PRH-19/ USP) 2000/00 Lotação na ANP: NFP Gustavo Santana Barbosa Bolsa de Mestrado (PRH-XX / UERJ) 1999/2001 Lotação na ANP: SDB Jacqueline Barboza Mariano Bolsa de Doutorado (PRH-21 / UFRJ) 2005/07 Lotação na ANP: SPP Juliana Ribeiro Vieira Bolsa de Graduação (PRH-17 / UERJ) 2000/01 Lotação na ANP: SDB Luciana Tavares de Almeida Bolsa de Mestrado e Doutorado (PRH-01 / UFRJ) 2002/06 Lotação na ANP: CTC Marina Abelha Ferreira Bolsa de Mestrado (PRH-18 / UFRJ) 2008 Lotação na ANP: SDB Mario Jorge Figueira Confort Bolsa de Mestrado (PRH-13/ UFRJ) 2000/00 Lotação na ANP: SCM Noele Ferreira Carvalho Bolsa de Graduação (PRH-15 / Unicamp) 2002/04 Lotação na ANP: SPL Patrícia Mannarino Silva Bolsa de Mestrado (PRH-21/ UFRJ) 2000/00 Lotação na ANP: SCM Raphael Queiroz Bolsa de Graduação (PRH-21 / UFRJ) 2003/05 Lotação na ANP: CSO Renato Lopes Silveira Bolsa de Pesquisador Visitante (PRH-18/ UFRJ) 2000/00 Lotação na ANP: SDT Ricardo Furtado Bolsa de Doutorado (PRH-15 / Unicamp) 2000/04 Lotação na ANP: SPL Roberto Gonçalves de Carvalho Bolsa de Mestrado (PRH-08/ UFBA) 2000/00 Lotação na ANP: SRP Sergio Henrique Sousa Almeida Bolsa de Pesquisador Visitante (PRH-20-/ UENF) 2000/00 Lotação na ANP: SDT Vinícius Jorge de Medeiros Bolsa de Graduação (PRH-33/ UERJ) 2000/00 Lotação na ANP: SPL Revista 10 anos PRH-ANP Comemorações 10 anos 28 Cerimônia e exposições celebram êxito do PRH-ANP Uma cerimônia no salão nobre da CPRM (Serviço Geológico do Brasil), com a presença de 200 pessoas, deu início, em 1º de julho, às comemorações do 10º aniversário do Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (PRH-ANP). Foi o momento de homenagear alguns dos que contribuíram para o êxito do programa, como Eloy Fernandez y Fernandez, ex-diretor da Agência e um dos idealizadores do PRH-ANP. O executivo, que atualmente é diretorgeral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), foi representado no evento pelo superintendente regional da organização, Alfredo Renault. Após receber um troféu de reconhecimento destinado ao homenageado, Renault ressaltou o mérito do programa por conectar mercado, universidade e estudantes, contribuindo para reduzir o déficit de formação de mão de obra do País. Para Renault, o programa confirma a importância das agências reguladoras como lugar privilegiado para o desenvolvimento de políticas de Estado. Também foram homenageados, com a entrega de um certificado de reconhecimento, os 24 ex-bolsistas do PRH-ANP que atualmente são servidores da Agência. Madga Chambriard, diretorageral da ANP em exercício na ocasião, destacou os avanços do Arquivo ANP Mais de 200 pessoas participaram da cerimônia dos 10 anos do PRHANP. A servidora Ana Cunha (segunda da esq. para a dir.), que se dedica ao programa desde o início, recebe o aplauso do público Revista 10 anos PRH-ANP setor petrolífero brasileiro, nos últimos 10 anos: “Atingimos a auto-suficiência em petróleo, licitamos áreas que deram origem à descoberta do pré-sal, fizemos o Programa de Introdução do Biodiesel na matriz energética. Nosso Programa de Monitoramento da Qualidade de Combustíveis permite que hoje o Brasil tenha um padrão internacional de qualidade”, enumerou. A importância da parceria com a academia nessa caminhada também mereceu destaque no discurso. “Queremos agradecer a todos os acadêmicos, aos estudantes, professores visitantes, coordenadores, toda essa valiosa colaboração que nós obtivemos. Mas não quero só agradecer, quero incentivá-los, que todos eles continuem contribuindo com o Brasil! Encerramos 10 primeiros anos e já estamos pensando nos próximos 10”, concluiu. Também participaram do evento o coordenador do PRH-5, Dimas Dias Brito, representando todos os coordenadores do programa; o superintendente de Planejamento e Pesquisa da ANP, Florival Carvalho; e os diretores da ANP Victor Martins e Nelson Narciso Filho. Fotos Arquivo ANP 29 Da esquerda para a direita, Dimas Brito (coordenador do PRH-05); Florival Carvalho (ANP); Victor Martins, Magda Chambriard e Nelson Narciso (diretores da ANP); e Alfredo Renault (Onip), na cerimônia de abertura das comemorações dos 10 anos do programa Exposição na UFRN, à esquerda. À direita, painel touch scream para visualização de mapas em 3D, exposto na UFRJ pelo PRH-02 Divulgação nacional reforça programa Como parte das comemorações dos 10 anos do PRHANP, a Superintendência de Comunicação Institucional (SCI) da ANP está levando adiante um abrangente conjunto de ações para promover o programa, tanto dentro de instituições de ensino que já são conveniadas, como externamente. O objetivo é fazer deste ano um novo marco institucional do PRH-ANP. Uma das principais frentes de ação é a realização de exposições sobre o programa em todas as universidades que já fazem parte do PRH-ANP. Nesses eventos, entre os meses de agosto e novembro, são apresentados trabalhos dos bolsistas da instituição e divulgados resultados atingidos pelo programa. Também será lançado prêmio PRH-ANP. Os principais objetivos são reconhecer o mérito dos trabalhos desenvolvidos e contribuir com a promoção do programa. A criação de uma marca comemorativa “PRH-ANP 10 anos” e de material promocional – como pins, canetas e folders – contribuiu para o esforço de divulgação, que inclui ainda ações de publicidade voltadas para jovens universitários. Na comunicação com esse público, é enfatizada não só a oportunidade de crescimento profissional para quem é bolsista, mas também o benefício do programa para toda a sociedade. O lançamento de um hot site, com informações sobre trabalhos desenvolvidos e resultados alcançados, reforça a comunicação com os jovens. O programa também será divulgado no 5º Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás, que acontece em Fortaleza entre 18 e 22 de outubro. Revista 10 anos PRH-ANP Artigo 30 Luís Eduardo Duque Dutra “A universidade brasileira, quando comparada com as européias e mesmo com as da América Hispânica, é uma instituição tardia. Como sabemos, prevaleceu entre nós, ao longo do Império, uma concepção utilitarista do sistema de ensino superior construído ao redor da idéia de escolas profissionais, desvinculadas entre si e avessas à pesquisa básica. A universidade não raras vezes foi vista, então, como instituição retrógrada e como sobrevivência medieval que cabia extirpar. Assim, esses 85 anos não representam tempo suficiente para a superação desses preconceitos arraigados e para o amadurecimento de um espírito universitário verdadeiramente contemporâneo entre nós.” Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, Encerramento da Sessão Solene Comemorativa dos 85 anos da UFRJ Pioneirismo e responsabilidade A herança portuguesa pesa há séculos. A prática do ensino e da pesquisa, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, no Brasil, que o digam. Os colonizadores não eram conhecidos por suas Universidades. Na língua de Camões, existia apenas uma – em Coimbra – cuja marca era o conservadorismo e, assim mesmo, só com dois cursos: Teologia e Direito. O nosso retardo na pesquisa é flagrante ainda no início do século XIX. Enquanto na América espanhola, do Norte ao Sul do Continente, contavam-se quase duas dezenas de Universidades, enquanto na América inglesa, de bem menor extensão, contava-se quase uma dezena de Universidades, no Brasil não havia sequer uma. O monopólio dos religiosos sobre o ensino era incontestável e os jesuítas eram os protagoRevista 10 anos PRH-ANP nistas nas terras da Coroa. Não por acaso, aqui, durante os três primeiros séculos, ensino superior só se admitia se fosse sobre Deus: eram cursos de Teologia. Assinadas por D. João VI logo após sua chegada, em 1808 e 1810, duas Cartas Régias iniciam o curso médico e de cirurgia e a Academia Real Militar, ambos no Rio de Janeiro. Este é o marco preliminar, quando finalmente se inicia o ensino superior no Brasil, três séculos após descoberto. O filho de D. João VI, depois de proclamar a independência, não criou nenhuma instituição de ensino superior. Apenas, em 1828, reconheceu as escolas de Medicina de Salvador e de Direito de Olinda. De notável, durante o século XIX, apenas as criações em Ouro Preto, em 1839, da Escola de Farmácia e, algumas décadas depois, em 1875, da Escola de Minas. Nada poderia ser mais distante da liberdade de espírito da academia grega, da liberdade de especulação da universidade medieval e da liberdade de experimentação da universidade moderna. Eram escolas profissionais, de ensino superior. Nelas, não se fazia ciência. Muito depois, somente em 7 de setembro de 1920, o presidente Epitácio Pessoa cria a Universidade do Rio de Janeiro. É o marco inicial dos estudos universitários brasileiros, extremamente tardio e ainda débil, muito pouco comprometido com a liberdade que requer a busca artística e científica. Quando da criação da Universidade do Rio, alguns relatos críticos à época falavam que foi apenas para conceder o título de doutor honoris causa ao Rei da Bélgica que, então, visitava o Brasil. Era a última década Carlos Leandro 31 Luís Eduardo Duque Dutra é chefe de gabinete da Diretoria Geral da ANP de Primeira República e o processo de industrialização e urbanização mal se iniciava. Faculdades de Direito, Medicina e Pintura foram criadas desde a vinda da família real portuguesa, mas, elas respondiam aos interesses utilitaristas de formar profissionais para a administração pública, advogados e engenheiros. Até a criação da Universi- dade do Rio de Janeiro e ainda por longo tempo, a pesquisa não era — e continuou a não ser — contemplada, a não ser de maneira pontual, como o foi no sanitarismo, com Adolfo Lutz, Oswaldo Cruz e alguns poucos mais. Eram exceções, como o próprio D. Pedro II, um inventor à frente de seu tempo. No século passado, apesar de ser obra da República e ter sido formal o ato de sua criação, a Universidade do Rio de Janeiro refletia a permanente estreiteza dos objetivos: apenas reunia as Escolas Politécnica, de Medicina e a Faculdade de Direito, estabelecendo relações administrativas e jurídicas estritamente formais e sob controle direto do Ministério da Justiça e posteriormente do Ministério da Educação e Saúde. As universidades foram criadas tardiamente criadas e feitas, assim, de uma maneira torta. Nascida em 1939, a Universidade do Brasil foi resultado da fusão da Universidade do Rio de Janeiro e da Universidade do Distrito Federal. A UDF fora o primeiro suspiro de iluminação universitária, um movimento com consis- Até a criação da Universidade do Rio de Janeiro e ainda por longo tempo, a pesquisa não era e continuou a não ser contemplada; a não ser de maneira pontual, como o foi no sanitarismo, com Adolfo Lutz, Oswaldo Cruz e alguns poucos mais, que eram exceções’ tência e atestado de origem: o inspirador era Anísio Teixeira e fora criada por Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro, quatro anos antes. A iniciativa foi efêmera. A liberdade de espírito artístico e científico, que o ambiente universitário requer, incomodava o getulismo, que, ao fundar a Universidade do Brasil daquele jeito, apenas juntando pedaços distintos, em nada contrabalançava o peso do absolutismo lusitano. Até o final da década de 1950, foram poucas as iniciativas importantes. Em São Paulo, logo após a Revolução de 1932, foi criada aquela que se tornaria a segunda maior universidade da América Latina. Em 1934, inspirada por Julio Mesquita, do Estadão, nasceu a Escola de Filosofia, Ciências e Letras, Revista 10 anos PRH-ANP 32 Em 1934, inspirada por Julio Mesquita, do Estadão, a criação da Escola de Filosofia, Ciências e Letras foi a origem da USP, hoje, a referência brasileira entre as universidades em quase todos os domínios do conhecimento’ a origem da USP — hoje, indiscutivelmente, a referência brasileira entre as universidades em quase todos os domínios do conhecimento. Na contramão do que ocorria no exterior, o ensino superior brasileiro acentuou sua fragmentação com o sistema de cátedras, viu sua pretendida autonomia administrativa integralmente tolhida durante a Era Vargas e, duas décadas depois, com o regime militar de 1964, conheceu a perseguição política de cientistas e professores. Foi um quadro político muito pouco favorável ao apoio à pesquisa; ao contrário, muito favorável ao ensino de dogmas conservadores e totalitários. Construiu-se uma república de profissionais muito pouco afeitos à especulação, à investigação e à reflexão crítica. A criação do CNPq, em 1951, destoou da tendência, Revista 10 anos PRH-ANP como o único passo efetivo em resposta às necessidades de financiamento dos estudos científicos e, particularmente, ao apoio à pesquisa de base em Matemática, Física e Química. Não por acaso, foi na esteira do desenvolvimentismo de JK que o distanciamento entre a pesquisa e o ensino superior foi enfrentado finalmente com a criação da Universidade de Brasília, a UnB, inspirada em Darci Ribeiro e projetada por Lucio Costa. Contudo, em 1964, os militares impõem duas décadas de ditadura. Em meio a alguns suspiros, a simples justaposição de diferentes unidades de ensino por um comando central, como observado repetidamente naquele momento em todos os campi do país, ainda deixa marcas profundas na academia brasileira. ••• Os vícios originais explicam a insignificância da participação da universidade nas conquistas tecnológicas do setor de petróleo e gás no Brasil. A maior empresa brasileira forma seus funcionários na Universidade Petrobras e realiza sua pesquisa internamente, no Cenpes. A empresa sempre foi hegemônica no campo da ciência e tecnologia setorial e demanda apenas de forma acessória a colaboração das universidades, o que afinal beneficiou alguns poucos departamentos de UFRJ, USP, Unicamp, UFBA e UFRS. A reforma do quadro institucional do setor, que culminou com o fim do exercício do monopólio das atividades de E & P pela Petrobras e com a perspectiva de crescimento da produção nacional, em meados da última década do século passado, criou a oportunidade de mudanças. As barreiras históricas entre o setor e a comunidade de ensino e pesquisa precisavam ser ultrapassadas de maneira a inserir a universidade na formação de pessoal e no desenvolvimento tecnológico do setor. Em 1999, o PRH-ANP foi concebido e implementado dentro daquela nova realidade setorial e sem desconsiderar os aspectos históricos. O momento era particularmente difícil, tanto na universidade, quanto no setor. O ensino superior estava em situação 33 falimentar em decorrência de cortes orçamentários nas universidades, no CNPq, Capes e outras instituições de fomento. Desde 1994, não se abriam concursos para novos docentes. Os salários dos professores e pesquisadores, os valores das bolsas de ensino estavam congelados. Equipamentos importados, viagens de estudo ao exterior, intercâmbios com centros de pesquisa estrangeiros tornaram-se proibitivos com a desvalorização do real. No petróleo, o cenário internacional não era diferente. Em 1999, o barril do petróleo chegou a US$ 10 dólares, a indústria norte-americana de óleo e gás demitira durante a década mais da metade de seus funcionários, as grandes petroleiras mundiais estavam preocupadas em enxugar os quadros de pessoal e, aqui no Brasil, a Petrobras propunha a seus funcionários um plano de demissão voluntária. Por parte da ANP, a visão estratégica e a aposta no longo prazo demonstraram-se plenamente justificadas. O programa aportou recursos financeiros em um momento crítico da história da universidade, pagou bolsas com valores bem superiores aos existentes naquele momento. Pagou também taxas de bancadas que permitiram a recuperação física de salas de aula e laboratórios, trouxe pesquisadores visitantes, geralmente aposentados e ex-funcionários da Petrobras, para as universidades, atraiu o melhor dos corpos discentes e docentes existentes. Vale mencionar ainda que o PRH teve sua orientação determinada pela necessidade de ampliar geograficamente a capacitação em ensino e pesquisa, de apoiar a interdisciplinaridade dos estudos e da formação e de progressivamente reduzir a distância entre a pesquisa e o ensino. Dentro do limitado escopo de uma ação setorial, pretendia-se contribuir para vencer os vícios originais da universidade brasileira e aumentar a participação da academia no desenvolvimento de ciência e tecnologia aplicadas. Os anos que se seguiram, com a elevação do preço do petróleo e o crescimento da produção nacional de óleo e gás e, agora, de biocombustí- veis, confirmaram o senso de oportunidade e o pioneirismo do programa. O PRH foi a primeira iniciativa a chamar a universidade para formar e qualificar nas áreas de óleo, gás natural, combustíveis e outros derivados. Por parte da ANP, a visão estratégica e a aposta no longo prazo demonstraramse plenamente justificadas. O programa aportou recursos financeiros em um momento crítico da história da universidade brasileira’ Na seqüência, a ANP implantou outros programas em parceria com as universidades brasileiras: o monitoramento da qualidade dos combustíveis, os planos pesquisa em geologia e geofísica e a obrigatoriedade contratual de as empresas de E&P investirem 1% da participação especial em Pesquisa e Desenvolvimento (a chamada cláusula do 1%). Estes projetos de parceria foram benéficos para ambos: a ANP ampliou o alcance de atuação em um país de dimensões continentais; Revista 10 anos PRH-ANP 34 Dentro do limitado escopo de uma ação setorial, pretendia-se contribuir para vencer os vícios originais da universidade brasileira e aumentar a participação da academia no desenvolvimento da C&T aplicada’ as universidades obtiveram recursos para formar, qualificar e aprofundar sua especialização no domínio do petróleo. Assim, a ANP tem agora a responsabilidade de satisfazer as expectativas criadas no meio acadêmico, não apenas quanto à continuidade dos progra- mas acima mencionados, mas também quanto à ampliação e diversificação das linhas e dos objetos de pesquisa. Primeiro, a auto-suficiência em óleo e, em seguida, a descoberta do pré-sal são conquistas recentes, resultado da abertura do mercado liderada por uma empresa que se manteve estatal, após quase ser privatizada. A descoberta recente do pré-sal é decisiva, uma vez que muda o paradigma energético do País. Muito mais por isso — e menos por ter liderado o movimento que resultou no G-20 e ser parte dos Brics — talvez o século XXI brasileiro seja aquele em que se desfaçam finalmente as amarras das trevas medievais, que tão longe chegaram. Até aqui, pelo menos, o petróleo se apresenta como a melhor oportunidade de inserir o Brasil no cenário mundial, por um lado, com uma nova posição geopolítica, e, por outro lado, com uma base científica e tecnológica que venceu todos os desafios que o mar lhe impôs. É claro, espera-se que, em matéria de ciclos extrativos, as lições tenham sido suficientemente apreendidas. Fotos da capa: arquivo ANP e Miriam Fichtner PRH é 10! é uma publicação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP. outubro de 2009 Escritório Central: Av. Rio Branco, 65, 12o ao 22o andar, Centro, Rio de Janeiro-RJ, Brasil, CEP 20090-004. Revista 10 anos PRH-ANP Diretor-Geral: Haroldo Borges Lima. Diretores: Nelson Narciso Filho, Victor de Souza Martins, Allan Kardec Duailibe e Magda Maria de Regina Chambriard. Supervisão Técnica: Centro de Tecnologia e Recursos Humanos (CTC) da ANP. Coordenação Editorial: Superintendência de Divulgação e Comunicação Institucional (SCI). Renata Moraes Ana Carvalhaes Luís Henrique Ferraz Exposições sobre PRH e suas pesquisas foram feitas em 23 universidades do país. No alto à esquerda, outdoor na Federal do Pará (UFPA). Acima, bolsista explica programa para novos estudantes, no saguão da Federal da Bahia (UFBA) A comemoração dos 10 anos do programa foi momento de apresentação dos trabalhos dos bolsistas às suas universidades. Ao lado, painéis com pôsteres dos estudantes na Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) João Carlos Machado Aluísio Peixoto Coordenadores, docentes e estudantes se confraternizaram nas aberturas das exposições. Abaixo, à esquerda, a equipe do PRH na Unicamp (SP). À direita, painéis da ANP na Federal do Espírito Santo (UFES)