UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOGRAFIA CAMPINA GRANDE A CIDADE SE CONSOLIDA NO SÉCULO XX Júlio César Mélo de Oliveira João Pessoa – Paraíba Outubro de 2007 Júlio César Mélo de Oliveira CAMPINA GRANDE A CIDADE SE CONSOLIDA NO SÉCULO XX Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal da Paraíba, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Geografia. Orientador MS Paulo Roberto de Oliveira Rosa João Pessoa – Paraíba Outubro de 2007 OLIVEIRA, Júlio César Mélo de. Campina Grande: a cidade se consolida no século xx OLIVEIRA, Júlio César Mélo de.. João Pessoa - PB. UFPB, 2007. Monografia (Graduação em Geografia) Centro de Ciências Exatas e da Natureza. Departamento de Geociências. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa – Campus I. Júlio César Mélo de Oliveira CAMPINA GRANDE A CIDADE SE CONSOLIDA NO SÉCULO XX Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal da Paraíba, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Geografia, aprovada pela seguinte banca examinadora: ______________________________________ Prof. Ms. Paulo Roberto de Oliveira Rosa Orientador _______________________________________ Dr. Sergio Fernandes Alonso Examinador – Prof. UFPB ________________________________________ Ms. Geóg. Maria José Vicente de Barros Examinador – Profissional – CREA e SECTMA Aprovada em: _____/_____/_____ Dedico este trabalho aos meus pais, José Fialho de Oliveira e Maria Marluce Mélo de Oliveira, e a todos aqueles que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização desta minha monografia. AGRADECIMENTOS - Agradeço em especial ao meu orientador, uma vez que não mediu esforços para me orientar durante a realização deste trabalho. - Agradeço a Profa. Ana Madruga pela sua dedicação e contribuição durante a realização do anteprojeto; - Agradeço o apoio dado pela minha noiva, Taciana Santos Andrade, na realização deste trabalho; - Agradeço também a contribuição dada pela Sra. Lêda Santos Andrade, com informações, bibliografia e fotos. - Agradeço ao meu tio, Humberto Cavalcanti de Mello, pela contribuição dada na realização deste trabalho. - Agradeço ao incentivo dado pelas minhas filhas, Marina e Juliana, na realização deste trabalho; OLIVEIRA, Júlio César Mélo de. CAMPINA GRANDE SE CONSOLIDA NO NO SÉCULO XX. 2007. no de p. 58, Monografia apresentada para obtenção do Título de Bacharel, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, junho de 2007. Resumo A origem da urbanização da Cidade de Campina Grande se encontra lastreada nas atividades comerciais desde o principio da formação da cidade. Primeiro se constituiu um pouso para tropeiros, conseqüentemente se formou uma feira de gado, e posteriormente as atividades tropeiras e o crescimento da cultura do algodão impulsionará o crescimento urbano do município. As atividades comerciais apresentam-se assim como as atividades fundamentais para o crescimento demográfico e a urbanização do município. Procura-se explicar a gênese da urbanização de Campina Grande, tendo como horizonte histórico o período que abrange o século XX. A tese que o trabalho é que as atividades comerciais, principalmente o comércio do algodão, constroem a urbanização de Campina Grande. É a atividade do comércio (algodão e o comércio atacadista e varejista) que consolida as estruturas urbanas básicas da cidade. Não podemos deixar de ressaltar a importância que a chegada da ferrovia em 1907, foi fundamental para o progresso da cidade. Inicio a pesquisa com uma breve introdução, mostrarei a localização da área estudada, procurarei apresentar a gênese histórica e geográfica do município, desde sua formação enquanto vila, com a atividade pecuária até o principio do comercio algodoeiro. Tratarei como o algodão surgiu e se consolidou como atividade econômica fundamental e quais os rebatimentos dessa atividade para a construção da hegemonia econômica e a urbanização de Campina Grande. O processo de urbanização, principal tema do trabalho elucida-se o desenvolvimento comercial e econômico e a consolidação da estrutura urbana campinense. O declínio do empório algodoeiro campinense não determina o declínio da economia da cidade, devido à consolidação de uma estrutura econômica diversificada não afetando significativamente o processo de urbanização da cidade. Por fim algumas breves considerações a título de conclusão. Palavras chave: Cidade, Origem e crescimento Abstract The origin of the urbanization of the City of Campina Grande is in the Doha trade activities since the beginning of the formation of the city. First there was a landing to streets, therefore graduated a fair of cattle, and then tropeiras activities and the growth of the cotton crop drive for urban growth of the municipality. The activities have commercial as well as the activities essential to the population growth and urbanization of the municipality. It seeks to explain the genesis of the urbanization of Campina Grande, with the historical horizon the period covering the twentieth century. The thesis that the work is that the commercial activities, particularly the trade in cotton, build the urbanization of Campina Grande. It is the activity of trade (cotton and the wholesale and retail trade), which consolidates the basic urban structures in the city. We can not fail to highlight the importance that the arrival of the railway in 1907, was crucial to the progress of the city. The search starts with a brief introduction, show the location of the area studied, try to present the historical and geographical genesis of the municipality, since its formation as a village, with the livestock activity to the principle of trade Hau. Deal like cotton emerged and consolidated as economic activity is essential and what repercussions this activity for the construction of the economic hegemony and the urbanization of Campina Grande. The process of urbanization, the main theme of the work is the clear market development and the consolidation of economic and urban structure champion. The decline of Africa Hau champion does not determine the decline of the economy of the city, due to the consolidation of a diversified economic structure does not significantly affect the process of urbanization of the city. Finally a few comments by way of conclusion. Keywords: City, Origin and growth LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa ilustrativo do Estado da Paraíba, mostrando as rodovias que passam pela cidade de Campina Grande Figura 2 - Estado da Paraíba e sua atual divisão territorial Figura 3 - Municípios do entorno de Campina Grande Figura 4 - Estrutura de distâncias entre as principais localidades de Leste a Oeste da Paraíba Figura 5 - Inauguração da Estação Ferroviária de Campina Grande Figura 6 - Mapa de Campina Grande em 1918 Figura 7 - Rua Floriano Peixoto interrompida pela Rua Maciel Pinheiro, antes da reforma urbana promovida pelo Prefeito Verniaud Wanderley (1932) Figura 8 Av. Floriano Peixoto e as novas praças (1953) Figura 9 - Largo da Igreja N. Sra. do Rosário, demolido para abertura da Av. Floriano Peixoto (1934) Figura 10 - Prédio dos Correios, inaugurado em 1933. Demolido para a construção da atual Praça da Bandeira Figura 11 Figura 12 - Construção do Teatro Municipal (1962) Figura 13 - Teatro Municipal após sua inauguração (1963). Figura 14 - Parque Evaldo Cruz (Açude Novo),1985 Figura 16 - Estação Ferroviária de Campina Grande, foto de 1910 Figura 17 - Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição e o Paço Municipal - 1910 Figura 18 - Rua Maciel Pinheiro, Centro de Campina Grande, foto de 1932 Figura 19 - Rua Maciel Pinheiro, Centro de Campina Grande, foto de 1965 Figura 20 - Rua Floriano Peixoto, Centro de Campina Grande, foto de 1929 Figura 21 - Rua Floriano Peixoto, Centro de Campina Grande, foto de 1953 Figura 22 - Rua Marques do Herval, Centro de Campina Grande, foto de 1936 Figura 23 - Tropeiros, transportando mercadorias para Campina Grande, foto de 1930 13 14 15 15 20 22 24 24 25 25 26 27 28 29 38 38 39 39 40 40 41 41 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1. CENÁRIO QUE SERVIU PARA ESTUDO 1.1 Contextualizando o cenário no tempo e no espaço 1.2 Localizando o cenário de forma geográfica 2. BREVE HISTÓRICO 2.1 – Do Processo de ocupação ao final do Século XIX 3. O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO – SÉCULO XX 13 13 14 16 16 20 3.1 Apogeu do algodão – Campina Grande até a década de 1930 20 3.2 Da década de 1930 ao final do XX 22 4. INDÚSTRIAS 4.1 - Distritos industriais 32 32 TERCEIRA PARTE Considerações 33 Referências Bibliográficas 35 Anexo – Registros imagéticos da Cidade de Campina Grande no decorrer do século XX 37 l Introdução Esse trabalho discorre sobre a consolidação de Campina Grande como uma cidade que consegue superar crises econômicas e se torna versátil no sentido de estar sempre buscando novos paradigmas para dar continuidade a sua existência. Não foi e não é pretensão de ser um trabalho inédito no sentido de informações singulares. Haja vista muito ter sido já escrito e referenciado, mas se buscou aqui trazer as informações que estão locadas em diversos centros de informações como livros, folhetos, jornais, acervos particulares e principalmente, a Internet. Essa rede formidável de informes e dados, sendo essa rede o grande centro de base mundial cujas informações são públicas e disponíveis para uso de todos. O trabalho está disposto de forma em que se buscaram relatos de autores diversos, porém com breves comentários que procuraram enriquecer a leitura feita de uma cidade que, apesar de suas limitações no sentido de recursos hídricos, procura se firmar. Procurou-se interpor entre informações de base pública, e já está disposta tanto na internet como em obras de referência, e a mensagem como não sendo a base de conteúdo em si que dá maior brilho a esse documento, por isso está sendo considerado como sendo a organização dos conteúdos, cuja lógica foi vista através de um olhar subjetivo. Considerando assim que a organização dos conteúdos é que o singular do trabalho. Num certo momento, se buscou em acervos particulares de fotografias de base local, destacar imagens que permitem a conotação efetiva de uma cidade que vai sendo estabelecida a partir do esforço de base aparente topofílica da gente do lugar com o próprio lugar. Esse esforço busca a manutenção da cidade enquanto um centro atrator de sentidos diversos. 1. CENÁRIO QUE SERVIU PARA ESTUDO 1.1 Contextualizando o cenário no tempo e no espaço A cidade encontra-se em uma região privilegiada do Estado da Paraíba, rota entre o litoral e o sertão, entre o Brejo e o Cariri (Fig. 1). Campina Grande tem muito que contar, assim como dela muito se tem contado, pois são mais de 300 anos de história. Desde que o CapitãoMor dos Sertões, Teodósio de Oliveira Ledo e alguns companheiros vindos do Sertão, trazendo com eles, índios escravizados da tribo Ariús, que aqui apearam para ficar, no sítio chamado de “A Campina Grande” formaram o primeiro núcleo de colonizadores na circunscrição geográfica onde se estabeleceria a cidade. Figura 1 - Mapa ilustrativo do Estado da Paraíba, mostrando as rodovias que passam pela cidade de Campina Grande. Fonte http://www.transportes.gov.br/bit/estados/port/pb.htm Nos dois primeiros Séculos de sua história, Campina Grande permaneceu relativamente inerte. Segundo Epaminondas Câmara: A localidade não passava de um modesto aglomerado disforme de casas de taipa que acolhia os tropeiros, tangirinos de boiadas, mercador de cereais, o forasteiro pobre, traficantes e jogadores, prostitutas, vagabundos e viciados, aventureiros e mais negociantes, atraídos pelas feiras de gado e de cereais, proporcionando uma lenta mudança do povoado em vila e, só 74 anos mais tarde, viria passar a condição de cidade Como que incubando a grande aceleração do crescimento econômico e demográfico que ela viria a experimentar no começo do Século XX. Primeiro, com a explosão algodoeira, depois, com a chegada do trem, em 1907. E desde então, desenvolvendo sua indústria, comércio e serviços. Segundo MELO: As amplas avenidas e praças que se atravessam têm o ar de coisas novas que apagam traços do passado, emprestando à paisagem citadina uma nota de vitalidade e rejuvenescimento. A enorme vitalidade de Campina Grande concretizada pelo seu notável crescimento, se reflete também no movimento de suas Ruas e na atividade de sua população. As Ruas que vão Ter à saída da cidade, as de comércio atacadista e mesmo o seu centro comercial, impressionam pelo movimento de pedestres e de veículos de carga. No grande número de bancos, depósitos, firmas atacadistas, fica substanciada, também, sua grande importância comercial. Conhecida como a Rainha da Borborema, uma alusão ao seu primeiro nome “Vila Nova da Rainha” e a localização geográfica, situada no Planalto da Borborema. Para muitos, uma terra prometida. Assim, Campina Grande acolhe milhares de pessoas que adotaram a cidade para morar, estudar, investir e se firmar profissionalmente, dedicando-se a contribuir para o crescimento da cidade de forma topofílica. 1.2 Localizando o cenário de forma geográfica A sede do município de Campina Grande está situada na Mesorregião Geográfica do Agreste Paraibano, na Zona Centro Oriental da Paraíba no planalto da Borborema (Fig. 2). A cidade de Campina Grande apresenta uma localização com certo privilégio em relação a eqüidistância aos principais centros do Nordeste, com 7º 13' 11'' de latitude Sul e 35º 52' Figura 2 – Estado da Paraíba e sua atual divisão territorial Fonte: Site http://www.citybrazil.com.br/pb/index.htm 31'' de latitude Oeste de Greenwich, distante 124 km da Capital do Estado, os principais acessos a sede do Município são as Rodovias Federais BR 230 (Transamazônica) e a BR 104, que cruzam a cidade no sentido Leste-Oeste e Norte-Sul, respectivamente; e a BR 412, que faz conexão com o Cariri e interior de Pernambuco. Cidade de porte médio, localizada na Mesorregião do Agreste Paraibano, Campina Grande ocupa posição de destaque em todo o interior nordestino e no conjunto do sistema urbano regional. Caracterizada como centro submetropolitano, é o segundo município em população e exerce grande influência política e econômica sobre outros 57 municípios (23.960 km2 e 1 milhão de habitantes) do Estado da Paraíba (42,5% do território estadual). Na sua configuração atual, além da cidade de Campina Grande (sede), conta com outros três distritos: São José da Mata, Galante e Catolé de Boa Vista, perfazendo uma área total de 620,63 km2 que compõem a área geográfica do município, 340 km2 se encontra dentro do perímetro urbano da cidade. Com uma população de 355.331 Figura 3 - Municípios do entorno de Campina Grande habitantes em 2000, sendo 168.236 do sexo masculino e 187.095 do sexo feminino, dos quais 337.484 se encontram na zona urbana e apenas 17.847 na zona rural (dados do IBGE). Campina Grande agrega ao seu entorno outros municípios (Fig. 3) , cuja influência fica aumentada pela força desses municípios em relação à sua vizinhança. Dentro do Estado, podese ainda situar o Município estabelecendo uma relação de distância entre a capital e outros municípios (Fig. 4). Campina Grande - João Pessoa - Patos - Cajazeiras - Soledade 120 Km 180 Km 346 Km 42 Km Campina Grande Cajazeiras Patos Soledade João Pessoa Figura 4 – Estrutura de distâncias entre as principais localidades de Leste a Oeste da Paraíba 2. BREVE HISTÓRICO 2.1 – Do Processo de ocupação ao final do Século XIX Para se discorrer sobre a ocupação do território paraibano não se faz de modo inédito, haja vista, que é uma matéria já bastante debatida, nesse sentido hoje se faz presente uma leitura mais acurada, tanto para o cenário estadual como fundamentalmente para a Cidade de Campina Grande de obras já estabelecidas. Assim sendo, vemos, a partir das obras dos historiadores que a ocupação do cenário campinense se deu por duas frentes independentes entre si, a litorânea com a produção da cana de açúcar que não apenas se estabelecida cada vez mais, como também subiu aos tabuleiros para continuar expandindo. E a ocupação via sertão, ou seja, do interior para o Leste, que aqui fica denominada como sendo a sertaneja, cuja força se deu por conta da produção extensiva de gado. A população litorânea paulatinamente ia penetrando nas regiões do interior, inicialmente acompanhando o curso dos rios, para depois irem abrindo novos caminhos. Como já foi anunciado, o olhar sobre a história de Campina Grande não pode deixar de ser estabelecido sem o viés de ALBUQUERQUE. A obra desse autor é um legado importante porque registra os momentos de referência para o conhecimento de como foi se dando a consolidação da cidade. Ainda que haja controvérsias quanto à fundação de Campina Grande, já que foi encontrado um registro cartográfico publicado em livro em 1698 e na cidade Roma – Itália. Em que a cidade de Campina Grande já era considerada como um povoado desde esse período antes mesmo da carta de Manoel Soares de Albergaria, Capitãomor da Paraíba. Esta carta foi escrita em 14 de maio de 1699 e dirigida ao rei de Portugal, narrando o feito de Oliveira Ledo. No entanto, considera-se a ocupação de Campina Grande se deu em 1697 com a chegada dos índios Ariús na aldeia Campina Grande, liderados por Teodósio de Oliveira Ledo, Capitão-Mor dos Sertões. A Família dos Oliveira Ledo buscaram terras virgens para ocupar com seus rebanhos e, depois de chegados do Rio Grande do Norte, fixaram-se no platô da Borborema onde foram responsáveis pela ocupação de várias áreas do território paraibano. No final do Século XVII ocorre o encontro das duas frentes colonizadoras da Paraíba (litoral e sertão). Os Oliveira Ledo buscaram estabelecer um contato permanente com o litoral e, como não poderia ser diferente, necessitavam de um entreposto onde poderiam descansar os homens e animais, daí surge o povoado de Campina Grande. Assim, as terras referentes á atual cidade de Campina grande passa a ser intermédio dos tropeiros que vinham do litoral com suas boiadas em direção ao sertão, estabelecendo-se um comercio e pousada para os viajantes, tornando-se um pequeno pólo comercial com as vendas de gados como também produtos alimentícios. Não podemos desconsiderar que a importância de Campina Grande em escala regional deve-se em grande parte à sua localização estratégica entre litoral e sertão. Isto posto, percebe-se que o aldeamento dos Ariús por Teodósio de Oliveira Ledo teve grande importância política impulsionando o surgimento da povoação, sendo este fato mencionado na carta de maio de 1699 do Capitão-Mor da Paraíba ao rei de Portugal. Isso constitui um grande marco histórico em seu processo de formação, já que a partir de então que a localidade passa a configurar uma existência formal. Em 1791 o povoado recebeu um frade franciscano da Capital, a fim de realizar trabalho de catequese nos índios aldeados e carta régia de 13 de janeiro do mesmo ano mandou edificar igrejas, aqui e em outras localidades, e pagar côngRuas aos capelães. Às margens do riacho das Piabas foi instada a aldeia dos índios Ariús. Com isso, foram surgindo casebres de taipa, formando o primeiro arRuamento, que mais tarde tornou-se Rua do Oriente e, atualmente, Rua Vila Nova da Rainha. Foi construída uma pequena igreja, onde em seu entorno foram surgindo um conjunto de habitações, dando origem ao largo da Igreja, mais tarde largo da Matriz, onde atualmente encontra-se a Rua Floriano Peixoto. Dando continuação ao processo de ocupação e consolidação da cidade de Campina Grande, foi necessário se buscar em outras obras além das informações dadas por ALBUQUERQUE, nesse sentido, outros autores foram consultados para dar maior segurança à mensagem, por isso a contribuição de EPAMINONDAS CÂMARA para que a leitura histórica de Campina Grande seja mais bem estabelecida, e assim reforçada por DINOÁ, são matérias imprescindíveis. Nessa fase inicial da formação do povoado a economia baseava-se na feira situada na Rua das Barrocas, contando com o comercio de farinha de mandioca e outros cereais. Esse mercado impulsionou o crescimento econômico do povoado, uma vez que este se tornou um ponto de passagem quase obrigatória dos boiadeiros e tropeiros que vinham do interior com destino ao litoral, ou seja, a feira da cidade passava a ser o ponto de intercâmbio entre as frentes litorâneas e sertanejas. Aos poucos ele mercado local transformava-se em um entreposto comercial que passava a ter uma maior relevância no cenário da região, destacando-se principalmente com a comercialização de gados, que constituía a maior feira de gado da Paraíba, ainda que a feira de cereais permaneceu sendo, até o final do Século XIX, a principal base da economia local. Com o crescimento contingente populacional e econômico, em 1790 a povoação ascende a categoria de Vila, onde então denominava-se Vila Nova da Rainha, através de edital publicado em 6 de abril daquele ano, em conformidade à Carta Régia de 22 de julho de 1766, onde com isso a localidade passa a contar com Câmara Municipal, Julgado de Paz, Cartório e Pelourinho. A produção pecuária juntamente com o cultivo do algodão passa a exercer influência de âmbito regional a partir do Século XIX, trazendo desenvolvimento para a Vila Nova da Rainha, gerando assim um movimento de convergência de interesses econômicos pelo lugar. Até então o município compreendia parte do Agreste, parte do Brejo, abrangendo os povoados de Fagundes, Boqueirão, Cabaceiras, Milagres, Timbaúba do Gurjão, Alagoa Nova, Marinho, entre outros. A primeira emancipação política ocorreu em 5 de maio de 1803, com a instalação da Vila Real de São João do Cariri de Fora. Juntamente com as terras do alto Paraíba, do alto Taperoá e dos vales do Quixodi e Mucuitu, o município perdeu cerca de 2/3 de sua população, que foi reduzida a 2.443 habitantes. Outras emancipações ocorrerão ao longo do Século XIX e XX. No ano de 1852 a população da Vila já contava com um contingente de 17900 habitantes, considerado cidadãos livres e trabalhadores escravos Assim, a localidade necessitava de alguns estabelecimentos de serviços públicos para atender as necessidades da população em crescimento. O resultado foi uma série de construções ao longo do Século XIX, tais como a construção do prédio da cadeia em 1814 localizado no largo da Matriz, atual prédio do Museu Histórico e Geográfico, como também instalação de uma agência postal em 1829. Também foi iniciada a construção de uma barragem sobre o riacho das Piabas, sob os auspícios do governo provincial da Paraíba, cuja obra, imposta pela necessidade local de abastecimento d’água, deu origem ao Açude Velho. Essa barragem viria a ser reconstruída em 1841. Com a Lei Provincial n°127 de 11 de outubro de 1864, a Vila Nova da Rainha é elevada à categoria de cidade, denominando-se assim Campinha Grande. Desse período até o final do Século XIX Campina Grande passa por um rápido processo de desenvolvimento e crescimento, aumentando significativamente o volume de atividades comerciais como também sua população. Ainda assim, a cidade permanecia com a mesma estrutura urbana, acrescentando-se apenas prédios edificados para a Cadeia Nova, para a Casa de Caridade, para o Grêmio de Instrução, para o Paço Municipal, elevando-se apenas o número de edificações habitacionais. Em 1865 é criada a Comarca de Campina Grande pela Lei Provincial n°183 de 8 de agosto do mesmo ano e em 1867 foi instalada a Agência Fiscal das Rendas Provinciais na cidade No ano de 1874 com a tentativa de vigorar a Lei 1157 de 1862 que determinava um novo padrão no sistema de medidas, onde se estabelecia a mudança do sistema em vigor para a utilização do sistema métrico decimal francês, inicia-se uma revolta popular na Paraíba, conhecida como a revolta dos Quebra-Quilos. O movimento inicia-se na Vila de Fagundes, próximo à sede do município, liderado por João Vieira, conhecido como João Carga d’água. Em um dia de feira, os manifestantes quebraram os equipamentos de medidas fornecidos pelo governo municipal, sendo um dos motivos de insatisfação a cobrança do aluguel do uso dos novos sistemas de medidas, tais como balanças e vasilhas, o que levava ao encarecimento dos produtos. A partir desse elenco histórico discorrido de forma relativamente linear nos permite apreciar o crescimento de Campina Grande como sendo relativamente rápido. No entanto, é no Século XX que ocorreram as mudanças significativas que definiram padrões sócio-econômicos atuais. 3. O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO – SÉCULO XX 3.1 Apogeu do algodão – Campina Grande até a década de 1930 Para o conhecimento desse tempo, foi necessário se recorrer às obras que também já vão se tornando referência por seus registros e interpretações sobre a consolidação no tempo e no espaço definindo como o cenário urbano campinense vem se construindo. Nesse caso SYLVESTRE, PIMENTEL e MARIZ, são fundamentais para que esse conhecimento nos permita uma consolidação teórica. Assim sendo o nosso entendimento apresenta como sendo um processo de consolidação vai se dando e permitindo uma urbanização cada vez mais bem estabelecida, por isso Campina Grande não se diferencia do comportamento de crescimento das demais cidades do Brasil e este processo, vincula-se, diretamente, ao desempenho das atividades relacionadas a economia em, nesse caso reputa-se ao comércio e à oferta de serviços, muito impulsionadas pela presença do algodão “o outro branco nordestino”. Em julho de 1904 foram iniciadas as obras para a implantação da ferrovia, no trecho Itabaiana – Campina Grande, tendo sido inaugurada em 1907 (Fig. 5). Essa foi uma obra audaciosa, o Brasil e no caso a Paraíba já olhavam as relação de comunicação Figura 5 - Inauguração da Estação Ferroviária de Campina Grande Fonte: Arquivo particular de Lêda Santos Andrade entre os lugares como uma forma de aumento não apenas da relação produção, mas fundamentalmente o tempo de deslocamento entre os lugares. Com a inauguração da estrada de ferro, especialmente porque era o fim da linha ferroviária que ligava o Sertão, o Cariri e o Curimataú à Capital do Estado e à metrópole regional, Recife, o comércio, ressurge rapidamente, sobrepujando outras praças do brejo paraibano, especialmente Itabaiana. Já na década de 1910, surgiram condições para que o Município passasse a ser o mais importante aglomerado urbano do interior do Nordeste. Nas décadas de 1910 e 1920, a economia da Cidade vinha do que era produzido na sua área rural do município. Eram muitas fazendas existentes no território campinense, proporcionando a existência de um rebanho bovino que era o maior do Estado, com 29.555 cabeças. Também ficava em primeiro lugar na quantidade de suínos, com 9.100 cabeças e de eqüinos, com 7.694 animais. No início do Século XX, o comercio do algodão se intensificou significativamente, principalmente depois da instalação da estação ferroviária, sendo umas das principais atividades da cidade, fazendo de Campina Grande a segunda maior exportadora de algodão no mundo. Isto se devia a condição do município como mercado de produtos que eram trazidos pelos tropeiros que traziam suas mercadorias em transportes de tração animal, geralmente burros, para ser comercializado na cidade, onde daí era levado para a capital do Estado ou para o porto do Recife, onde seria exportado para o exterior. Esse intenso desenvolvimento econômico atraiu imigrantes de diversas localidades que buscavam trabalho e serviços oferecidos pelo município. Inicia-se com isso um processo de ocupação desordenada das áreas desocupadas do Município, surgindo núcleos de habitações subnormais com construção de casas de pau-a-pique, transformação de casarões e antigos armazéns em cortiços e casas de cômodos. . Com isso a cidade passa por um grande crescimento populacional e conseqüentemente aumento de sua malha urbana, no entanto sem o seu devido planejamento, acarretando problemas estruturais e sanitários. Até o início da década de 1930 Campina Grande foi o maior produtor algodoeiro do Brasil. No entanto com a crise do café, São Paulo encontra na produção do algodão umas das alternativas para superar a crise, de modo que sua produção passou de 3,9milhões em 1929 para 105 milhões em 1933. Assim, além disso, vários outros fatores colaboraram para o declínio da economia algodoeira campinense, tais como a falta de um porto no Estado para dar vazão à produção e concorrência com outras empresas que entraram no mercado. Dessa explosão comercial a cidade não tem como não se organizar para receber uma economia que vai consolidando o espaço urbano, assim a cidade vai se configurando para começar sua expansão (Fig. 6). Figura 6 – Mapa de Campina Grande em 1918 Fonte: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp413.asp 3.2 Da década de 1930 ao final do XX MARIZ vai nos fornecer boas informações para que haja maior entendimento sobre Campina Grande a partir da década de 1930, pois a dessa época em diante o município de sofre uma grande alteração em sua paisagem urbana, onde a cidade passou a fazer parte do plano de urbanização das grandes cidades brasileiras. Nesse período já era presente nas grandes cidades do Brasil a preocupação com o planejamento urbano, manejo de água e esgotos, como também questões relativas ao desenvolvimento e embelezamento das cidades, especialmente nas localidades centrais. As cidades que constituíam uma localidade central, desde os grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, a centros de Zona como Campina Grande e João Pessoa, buscavam adequar-se aos novos padrões de urbanismos, pautando-se no modelo de estética e sanitarismo de cidades européias e norte americanas. Nesse contexto é que Campina Grande se insere nesse processo de planejamento e urbanização. Assim, a cidade recebe a visita do arquiteto e urbanista Nestor Figueiredo, onde este já havia desenvolvido projetos em cidades de Pernambuco e Paraíba. A reforma urbana em Campina Grande Tem início em 1935, através do Decreto nº 51, baixado pelo prefeito Antônio Pereira Diniz. Com esse Decreto se buscava meios diversos para a consecução de um projeto de saneamento e embelezamento da cidade. Foram atingidas diversas Ruas do Centro da cidade, mas que teve maior repercussão ao ser implantada na Rua Grande, que posteriormente passou-se a se chamar Rua Maciel Pinheiro, era a Rua mais movimentada de Campina Grande. Ali residiam a maior parte da elite política, proprietária e comercial da cidade, até pelo menos meados dos anos 30. Até o ano de 1935 a predominância dos prédios, considerando os estabelecimentos públicos, comerciais e residências eram em sua predominância térreos, inclusive nas áreas centrais. Após o a ano de 1935 se verifica uma grande mudança na configuração arquitetônica da cidade, sendo a partir de então proibido legalmente a edificação de prédios com menos de um pavimento, onde temos o Decreto 51 publicado em 1935 apud Souza, 2001: Art. 1 — Nas Ruas João Pessoa até Major Belmiro Barbosa Ribeiro, Marquês do Herval, Maciel Pinheiro, Monsenhor Sales e Cardoso Vieira e nas Praças João Pessoa, do Rosário e Praça Epitácio Pessoa, as construções e reconstruções só serão permitidas de mais de um pavimento (...). Esse modelo seguiu-se durante início do Século. Durante a gestão do prefeito Vergniaud Wanderley que começou em 1935, inicia-se uma substituição dos casarios antigos por casas em estilo arquitetônico moderno, fato que fez com que a cidade de Campina Grande perdesse parte de seus monumentos históricos. Vergniaud Wanderley tinha como característica a busca de construção de obras modernas que deixassem marcas de sua gestão na cidade. Assim, foi construído o mercado público, um matadouro como também foi construído entres as Ruas Maciel Pinheiro e Floriano Peixoto, ponto central da cidade, o Grande Hotel de Campina Grande, edificado com cimento e concreto armado (Fig. 7 e 8). Para adequar a cidade aos novos modelos de estrutura e organização espacial urbana em progresso, foram reestruturados os principais pontos da cidade que foi a Rua Maciel Pinheiro e a Praça Epitácio Pessoa, O Largo da Matriz e o do Rosário. Para isso foi Figura 7 - Rua Floriano Peixoto interrompida pela Rua Maciel Pinheiro, antes da reforma urbana promovida pelo Prefeito Verniaud Wanderley (1932) Fonte: Fonte: Arquivo particular de Lêda Santos Andrade desapropriada armazéns, casas, igrejas, estabelecimentos comerciais, incluindo prédios antigos de arquitetura secular. Também foi incentivada a substituição de todos os prédios da primeira metade do XIX, exceto o edifício Telégrafo Nacional, hoje Museu Histórico de Campina Grande (Fig. 9 e 10). Figura 8 - Av. Floriano Peixoto e as novas praças (1953). Fonte: Arquivo particular de Lêda Santos Andrade Figura 9 - Largo da Igreja N. Sra. do Rosário, demolido para abertura da Av. Floriano Peixoto (1934). Fonte: Arquivo particular de Lêda Santos Andrade Figura 10 - Prédio dos Correios, inaugurado em 1933. Demolido para a construção da atual Praça da Bandeira Foto extraída da web site http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp413.asp Ao final da obra, nos trechos onde antes eram vistos dois largos estruturados em torno de duas igrejas, tinhase agora uma longa e larga avenida (Fig 11), com duas praças e um cinema, alguns cafés e confeitarias, uma praça de automóveis diversos Figura 11 - e edifícios municipais e estaduais. Que, com o passar do tempo, cortaram toda a cidade, tanto no sentido oeste, como mostrei, como no leste, obra que foi realizada pelos prefeitos que o sucederam. Nas décadas de 1940-50 registra-se o maior índice de crescimento da cidade, tanto em população como em área urbana, pois, 1947, a cidade contava com 13.259 prédios, mais de 70 Ruas, mais de 300 logradouros públicos, 07 avenidas e 06 praças pavimentadas, período que Campina se consolida como centro regional importante de todo interior nordestino, resultado da acumulação de capital oriundo do comércio do algodão e do sisal. Na década de 1940, a produção do sisal, fibra proveniente do Agave Rigida, espalhou-se pelo Agreste e Cariri paraibano e de outros estados e, igualmente ao algodão, era comercializado na cidade, tornando-se mais uma fonte de renda no comércio de Campina. O sisal alcançou altos preços nas décadas de 1940 e 1950, quando teve sou período áureo, mas em virtude da concorrência com o fio sintético e com o sisal produzido na África, logo entrou em declínio na década seguinte. No início da década de 1950, Campina Grande se revela organizada, limpa, e rejuvenescida, com ares moderno e atraente, pronta para receber os homens do comércio de exportação do algodão, autos industriais e representantes da burguesia da região e outras metrópoles nacionais e até internacionais. O Município agora dispunha do “Grande Hotel”, de ambiente requintado, amplo e luxuoso, além de outros prédios modernos e suntuosos, como o da Prefeitura, da Associação comercial e também de várias praças que embelezavam e dava uma verdadeira imagem de modernidade urbana. No período que procedeu à segunda guerra mundial, Campina Grande ascendeu à posição de terceira praça algodoeira do mundo. O transporte do algodão era feito por caminhões substituindo as tropas de burros e levando com mais rapidez o progresso do Município. Os bancos passam a ter capital na própria cidade. O período que vai do pós guerra até finais dos anos 60 assiste a uma tentativa de industrialização da cidade, já que até o final dos anos 50, a função industrial não possuía papel expressivo, destinava-se principalmente, na produção de couro e pele, têxtil, bebida, sabão, alimentos e beneficiamento do algodão. O que leva a Federação das Indústrias do Estado da Paraíba a fixar sua sede na cidade. Depois deste período Campina Grande passou a desenvolver seu comércio atacadista. Com atuação extraordinária no desenvolvimento da cidade. Nos anos de 1960/1962, surge novamente a preocupação do poder público com a reorganização do espaço urbano da cidade. Foi elaborado o Plano Diretor Físico da Cidade, foram feitos projetos referentes à urbanização do Açude Velho e Açude Novo, construção do Teatro Municipal, restando apenas desse trabalho o mapeamento do Município. Em 1962, na gestão do Prefeito Severino Cabral, incorporou em seu programa de governo a construção do Teatro Municipal, através do Departamento de Planejamento e Urbanismo da Prefeitura Municipal de Campina Grande, incumbência engenheiro Pereira Figura 12 Construção do Teatro Municipal (1962). Fonte: Câmara de Vereadores de Campina Grande sob a do Geraldino Duda, responsável pelo projeto (Fig. 12). O projeto de concepção arquitetônica avançada, tanto para a época quanto para a cidade, aproveitando a forma triangular do terreno, inspirando ao projetista um prédio que lembrassem instrumentos musicais, onde na sua visão frontal, fosse parecido com um bico de clarineta, e todo o seu conjunto, representando um enorme apito. A construção pertence à primeira geração de edifícios campinenses erguidos em concreto armado. Construído entre 1962 e 1963, além do uso de novos materiais, como o concreto e aço no lugar de tijolos ou pedras, foi incorporado ao projeto o valor funcional aliado ao valor estético (Fig. 13). Figura 13 - Teatro Municipal após sua inauguração (1963). Fonte: Câmara de Vereadores de Campina Grande Com o declínio do comércio de algodão uma crise econômica se estabeleceu praticamente em todos os setores comerciais, sobretudo varejista e prestação de serviços, implicando assim numa tomada de decisão em que se necessitou dar novos rumos para a economia campinense, isso para não deixar com que houvesse uma retração e conseqüente estagnação como ocorreu em outras cidades paraibanas que dependiam dessa produção algodoeira. Em 1972 a Prefeitura de Campina Grande passa a se preocupar com o problema da reorganização do espaço urbano, onde através de estudos realizados por diversos especialistas de várias áreas de conhecimento, tais como: economistas, geógrafos, sociólogos, arquitetos, administradores, engenheiros e urbanistas, que procuraram apontar e corrigir o seu traçado projetando sua expansão, com objetivo de melhorar a qualidade de vida urbana e a sua funcionalidade. Em 1973, nasceu o PDLI (Plano de Desenvolvimento Local Integrado), que tinha como objetivo o melhoramento da qualidade de vida urbana e sua funcionalidade, que passou a orientar o planejamento urbano da cidade garantindo uma nova feição arquitetônica do espaço, além de objetivar o desenvolvimento do município e de sua região. Iniciou-se a expansão que não sofreu solução nos anos seguintes. Durante a gestão do Prefeito Evaldo Cruz (1974-1976), o Açude Novo, construído por volta de 1830 com o objetivo de garantir o abastecimento d'água da vila e diminuir os efeitos devastadores das secas, com o novo sistema de abastecimento d'água da cidade, em 1939 perdeu a sua finalidade. Transformado em Parque pelo Prefeito Evaldo Cruz em 1976, visou erradicar a favela São Joaquim, situada nas proximidades, além de eliminar o mau cheiro que as águas contaminadas pelos os esgotos provenientes do Centro da Cidade e dos Bairros da Prata e São José, que eram jogados alí sem nenhum tratamento. Hoje, é um dos cartões postais da cidade e espaço de lazer, diversão e cultura para seus habitantes. Parque (Fig. encontra-se O 14) no centro da cidade e é conhecido Figura 14 - Parque Evaldo Cruz (Açude Novo),1985. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de http://portal.pmcg.pb.gov.br como "Açude Novo". É Campina Grande uma das principais áreas de lazer da cidade, totalmente arborizado, com jardins, playgrounds, monumentos, fonte luminosa, lanchonetes, restaurantes e onde está instalado o Museu de Artes Assis Chateaubriand. Para atender à área de desenvolvimento urbano, o BNH implementou na cidade o Projeto CURA (Comunidade Urbana Recuperada Acelerada), que tinha como objetivos racionalizar o uso do solo urbano, melhorar os serviços básicos e as infra-estruturas das cidades e corrigir distorções causadas pela especulação imobiliária. Como condição para ingresso no Projeto CURA, as prefeituras tinham que aderir ao PLANASA (Plano Nacional de Saneamento). O projeto urbanístico para a área CURA foi proposto tomando-se como base o Plano de Desenvolvimento Local Integrado, elaborado em 1972 e que passou por um processo de atualização pela COMDECA. Enivaldo Ribeiro foi prefeito de Campina Grande, no período de 1977 - 1982. No seu projeto urbanístico voltou-se, desde o início, para o esforço de hierarquizar as vias de circulação urbana, definindo melhor e racionalizando o radical concêntrico da vocação de quase todas as nossas cidades que evoluíram espontaneamente, buscando orientar a expansão da cidade e incentivar a ocupação dos vazios. O Projeto CURA lhe daria decisivo suporte para esse fim. Concluído o Perfil do Município, levantamento sócio-econômico solicitado pelo SEPLAN - IPEA, através do CNPU e SUDENE, o processo de atualização foi acelerado. Sobre o Projeto CURA, comenta o Ex-Prefeito Enivaldo Ribeiro, na Internet, em seu site oficial: CURA I O CURA I permitiu a implantação de dois equipamentos urbanos de maior significação, o Centro Cultural e o Centro Comercial (Shopping Center de Campina Grande) na sua área de incidência. Possibilitou ainda a pavimentação das seguintes Ruas e avenidas (pavimentação asfáltica): Almirante Barroso, Vigário Calixto, Rio de Janeiro, Pedro I, Paulo Frontin, Sebastião Donato, todo o contorno do Açude Velho, compreendendo as Ruas Almeida Barreto, João Moura, Siqueira Campos, Independência, Nilo Peçanha, Quebra-Quilos, Campos Sales e Fernandes Vieira, Moisés Raia, Santo Antonio, Marinheira Agra e Avenida Dinamérica, uma avenida em faixa dupla, com canteiro central, de 70 metros. Além disso essas vias tiveram trabalhos de drenagem e iluminação. Foram igualmente implantados os Centros de Bairro de Catolé e de Santa Rosa. CURA II O CURA II compreende a pavimentação e drenagem das seguintes Ruas: conclusão da Floriano Peixoto, Marginal Leste, conclusão da Almeida Barreto, Osvaldo Cruz, José de Alencar e Projetada Um. CURA III Os projetos executivos do CURA III já prontos. Sua aprovação está assegurada. Nele são contemplados os trabalhos de pavimentação, em asfalto, das Ruas Apolônia Amorim, Manuel Tavares, Avenida das Nações e Nossa Senhora de Lourdes. E pavimentação em paralelepípedos das Ruas: Avenida Canal, Manoel Elias de Castro, José do Ó, Estilac Leal, Adalto Travassos de Moura, Presidente Roosevelt, Estelita Cruz, Agamenon Magalhães, Floriano Peixoto (no sentido oeste), Salvino de Oliveira Neto, Silva Jardim, Santa Cecília, Sindolfo Montenegro, continuação da Nossa Senhora de Lourdes, Félix Carolino, Projetada Um, Napoleão Laureano, Benedito Mota, Capitão Ademar Maia de Paiva, Conselheiro Paulo Aguiar Soares, Ordenez Trovão de Melo, Noberto Leal, Franklin Araújo, Monteiro Lobato, Paulo Araújo Soares, Vigário Virgínio, Manoel Elias de Araújo e Mauro Luna”1. Nos anos de 1978-1983, processou-se a organização do espaço viário urbano, ora alargando, ora estreitando as Ruas, abrindo outras, ou ainda transformando-as em calçadões, o que aconteceu em trechos das Ruas Maciel Pinheiro, Venâncio Neiva e Cardoso Vieira. Os resultados da aplicação do Projeto ficaram muito aquém dos objetivos desejados. Os efeitos, supostamente antiespeculativos, não se fizeram sentir, muito pelo contrário, acelerou-se o processo de valorização especulativa dos terrenos situados em áreas contempladas pelo CURA. A reforma urbana foi tomada com mais ênfase na década de 1980, observou os movimentos sociais, como: os dos favelados, mutuários, dos sem teto que, por meios de Sindicatos e Associações, reivindicam seus direitos aos serviços e equipamentos básicos como iluminação pública, fornecimento d’água e energia elétrica, transporte coletivo, pavimentação, saneamento básico, posto de saúde, escolas, creches e outros serviços. Nas décadas de 1980-90, foram marcadas pela preocupação crescente na política de preservação e construções de novos espaços destinados ao lazer e aos eventos culturais. Pode-se ressaltar a recuperação das Ruas centrais da cidade, removendo os calçadões, devolvendo o trânsito livre, além da reforma e recuperação de algumas praças centrais. Quanto a construção de novos espaços, destacam-se o Parque do Povo, o Parque da Criança, o Museu Vivo da Ciência e da Tecnologia, o Ginásio de Esportes, Centro de Comercialização Luiza Motta, Terminal Rodoviário Argemiro de Figueiredo, Centro de Incubação de Empresas do Parque Tecnológico, reurbanização do Açude Velho. Também foram realizados melhoramentos das Ruas de grande circulação através do mapeamento asfáltico, dos espaços verdes no centro da cidade, além de canais e expansão da rede de água e esgotos. Campina Grande chega ao final do XX, com uma população de 355.331 2 habitantes , se destacando como pólo de difusão de tecnologia de softwares, pela volta do algodão, desta vez, o algodão colorido e pelo turismo de eventos. 1 Parte do texto em “...” foi extraído do site do ex-prefeito de Campina Grande, Enivaldo Ribeiro: http://www.enivaldoribeiro.com.br 2 Fonte: Censo 2000 – IBGE. 4. INDÚSTRIAS Até a década de 1960, Campina Grande não dispunha de um setor industrial que despontasse de forma mais agressiva no cenário econômico, isso porque suas indústrias se limitavam ao beneficiamento do algodão, produção de couro e peles, alimentos e têxtil. Porém, esse modelo começa a se esgotar em meados dos anos 60, como conseqüência da crise econômica deflagrada no nesse setor. A partir da década de 1970, acentuou-se o processo de industrialização através da intervenção do Estado brasileiro. Esse período é referenciado em literatura como sendo o do de “Milagre” brasileiro, isso no que diz respeito ao processo econômico cujo paradigma era o agrário, passando gradativamente para o agroindustrial e industrial, cujo “motor” nacional tem sido o Estado de São Paulo. Porém no caso do Nordeste, o start estabelecido foi com incentivo da SUDENE. A partir dessa época, a questão regional, especificamente no caso campinense, concentrou-se na formação de capital para instalação do distrito industrial da cidade. Essa situação deu-se sob diversas formas de incentivos, tais como: fiscais; financeiros; creditícios; além de assistência e assessoria técnica. Tais incentivos contribuíram para que Campina Grande tornasse no período de 1969 a 1979 um dos grandes centros da atividade industrial moderna tanto do Estado como também do interior nordestino. No entanto, a partir de 1979 essa condição é perdida para a cidade de João Pessoa. E, nos anos de 1980, acontecem os reflexos da chamada “Crise do Milagre”, que se fizeram sentir no setor industrial da cidade, com o início do processo de desaceleração da sua economia, que culminou com o fechamento de importantes indústrias instaladas no distrito industrial campinense. A promoção da atividade industrial em Campina Grande reconhece que na decisão racional e soberana do investidor está seu elemento mais dinâmico. Reconhece, também, que os fatores de mercado e as articulações estratégicas do município impõem-se como elementos decisivos na capacidade de atração de investimentos para o Município. O governo municipal fomenta e estimula com os incentivos necessários e pertinentes. 4.1 - Distritos industriais O suporte de infra-estrutura e os incentivos oferecidos por Campina Grande, em estímulo à atividade produtiva, são condições diferenciais que têm feito desta cidade pólo de atração de importantes investimentos industriais. Atualmente, Campina Grande conta com quatro distritos industriais, administrados pela Secretaria Estadual de Indústria, Comércio e Turismo através da CINEP, órgão vinculado. A saber: o Distrito Industrial de Campina Grande, com área de 173 ha; o Distrito Industrial do Velame, com área de 21 ha., para atender diretamente indústrias do segmento das micro e pequenas empresas; o Distrito Industrial da Catingueira, com área de 22,7 ha., destinado a indústrias não poluentes; e, por fim, o Distrito Industrial do Ligeiro, com área de 204 ha. Todos com infra-estrutura adequada, favorecendo a implantação de empreendimentos industriais. 7. CONSIDERAÇÕES A origem da urbanização da Cidade de Campina Grande baseiou-se desde sua origem nas atividades comerciais. Primeiro se constituiu um pouso para tropeiros, conseqüentemente se formou uma feira de gado, e posteriormente as atividades tropeiras e o crescimento da cultura do algodão impulsionará o crescimento urbano do município. As atividades comerciais apresentam-se assim como as atividades fundamentais para o crescimento demográfico e a urbanização do município, que outrora recebeu os títulos de Liverpool Brasileira, Capital do Trabalho e maior cidade de interior do Nordeste. O fato é que a chegada da ferrovia a cidade em 1907, para transportar o algodão comercializado ali, foi o motivo principal que alavancou seu progresso, passando pelo um processo de inchaço repentino na sua população e, conseqüentemente, no seu crescimento. Será que Campina Grande é o que é hoje se não fosse o trem? Assim sendo o processo da urbanização de Campina Grande, principalmente as mudanças ocorridas no centro da cidade, tendo como horizonte histórico o período que abrange o XX, é de que o trabalho aponta como que sendo as atividades comerciais, principalmente o comércio do algodão, sendo os principais construtores da urbanização de Campina Grande. É a atividade do comércio (algodão e o comercio atacadista e varejista) que consolida as estruturas urbanas básicas da cidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE DO Ó, Alcides de. Campina Grande: História & Política (1945 – 1955). Campina Grande: Edições Caravela/Núcleo Cultural Português, 1999. 324 p. CÂMARA, Epaminondas. Os alicerces de Campina Grande: Esboço Histórico-Social do Povoado e da Vila (1697 a 1864). Campina Grande, Prefeitura Municipal/Sec. de Educação/Núcleo Cultural Português. Ed. Caravela, 1999. 124 p. _________ A Evolução do Catolicismo na Paraíba. Campina Grande, Prefeitura Municipal/Secretaria de Educação/Núcleo Cultural Português. Ed. Caravela, 2000. 140 p. _________ Datas Campinenses. 2ª Ed. Campina Grande: Ed. Caravela, 1998. 164 p. DINOÁ, Ronaldo. Memórias de Campina Grande. Volume 1, Campina Grande: Editoração Eletrônica, 1993, 565 p. GURJÃO, Eliete de Queiroz (Org.). IMAGENS Multifacetadas da História de Campina Grande. 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Fonte: Arquivo particular de Lêda Santos Figura 23 - Tropeiros, transportando mercadorias para Campina Grande, foto de 1930 Fonte: Arquivo particular de Esmeraldina Agra