INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FUNORTE/SOEBRÁS
PEDRO PAULO DE ALMEIDA SANTOS
PERCEPÇÃO DO PACIENTE NA QUALIDADE DE VIDA APÓS TRATAMENTO
COM PRÓTESES IMPLANTOSSUPORTADAS E IMPLANTO RETIDAS: uma
revisão de literatura
CURITIBA
2013
PEDRO PAULO DE ALMEIDA SANTOS
PERCEPÇÃO DO PACIENTE NA QUALIDADE DE VIDA APÓS TRATAMENTO
COM PRÓTESES IMPLANTOSSUPORTADAS E IMPLANTO RETIDAS: uma
revisão de literatura
Monografia apresentada ao programa de Pósgraduação do Instituto de Ciências da Saúde
FUNORTE/SOEBRAS,
Núcleo
Curitiba/CNAPS, como pré-requisito à obtenção
do título de Especialista em Implantodontia.
Orientador: Prof. Prof. Gustavo Fornari Diez
Co-orientadora: Profa. Yasmine Mendes Pupo
CURITIBA
2013
PEDRO PAULO DE ALMEIDA SANTOS
PERCEPÇÃO DO PACIENTE NA QUALIDADE DE VIDA APÓS TRATAMENTO
COM PRÓTESES IMPLANTOSSUPORTADAS E IMPLANTO RETIDAS: uma
revisão de literatura
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção do título
de Especialista em Implantodontia no Instituto de Ciência da Saúde –
FUNORTE/SOEBRAS.
Curitiba, 31 de outubro de 2013
Orientador: Prof. Prof. Gustavo Fornari Diez
Dedico àquela que tem sido a minha
companheira, e meu amor maior, desde a
minha graduação: Neide Gaffke.
AGRADECIMENTO
À Equipe que fez do CNAPS nosso
segundo lar, aos pacientes pela
confiança, aos professores pelo novo
patamar de conhecimento, aos colegas
pelo carinho e, a Deus pela oportunidade.
O Natural não se substitui e nem se
melhora: se disfarça!
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi revisar na literatura sobre a percepção do
paciente
submetido
a
tratamento
de
reabilitação
oral
com
próteses
implantossuportadas e implanto retidas. É preciso dedicação ao tempo de consulta
com o paciente para obter resultados ainda melhores. Psicologicamente pacientes
são classificados em: receptivo, cético, indiferente e histérico. Traços de
personalidade como neuroticismo, que é a tendência para experimentar emoções
negativas, como raiva, ansiedade ou depressão, afetam a vida diária dos pacientes
e a satisfação com próteses convencionais ou implantossuportadas. A pesquisa tem
investigado o sucesso, já comprovado, ou o fracasso biológico do tratamento com o
implante osseointegrado e relegado ao segundo plano fatores como: percepção do
paciente, planejamento reverso e proservação. Questionários díspares têm sido
utilizados e conduzem a resultados discrepantes quanto à satisfação dos pacientes
e a alteração da sua qualidade de vida após tratamento com implantes e uso de
próteses implantossuportadas. A literatura aponta a precariedade da pesquisa
desses fatores pessoais dos pacientes, não inseridos nos prontuários dos mesmos
de maneira constante dentro das instituições de ensino da técnica de implante
osseointegrado. Proporcionar função adequada e conforto aos pacientes por meio
de implantes osseointegrados, com ênfase no planejamento reverso e orientando ao
paciente a necessidade de proservar o tratamento executado, pode alterar o
resultado da percepção dos pacientes sobre a terapia e sobre a conduta do
profissional.
Palavras-chaves: qualidade de vida; próteses implantossuportadas; resultados do
tratamento; questionários.
ABSTRACT
The aim of this study was to review the literature on the perception of the
patient undergoing treatment for oral rehabilitation with implant-supported prostheses
and implant retained. It takes dedication to the consultation time with the patient to
get even better results. Psychologically, patients are classified into: receptive,
skeptical, indifferent and hysterical. Personality traits such as neuroticism, which is
the tendency to experience negative emotions such as anger, anxiety or depression,
affect the daily lives of patients and satisfaction with conventional dentures or
implant. The research has investigated the success, proven, biological or failure of
treatment with osseointegrated implant relegated to the background and other factors
such
as
the
patient's
perception,
planning
and
follow-reverse.
Disparate
questionnaires have been used and lead to conflicting results regarding patient
satisfaction and the change in their quality of life after treatment with implants and
implant prostheses use. The literature points to the precariousness of researching
these personal factors of patients not entered in the records of the same steadily
within institutions teaching technique osseointegrated implant. Provide appropriate
function and comfort to the patients through dental implants with emphasis on
reverse planning and directing the patient the need to observe her treatment
executed, may change the outcome of patients' perception of the therapy and the
conduct of professional.
Keywords: quality of life; prosthetic implant; treatment outcomes; questionnaires.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................9
2. PROPOSIÇÃO........................................................................................12
3. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................13
4. DISCUSSÃO............................................................................................24
5. CONCLUSÃO..........................................................................................29
6. REFERÊNCIAS.......................................................................................30
9
1 INTRODUÇÃO
O conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que qualidade de
vida é a percepção do indivíduo a cerca de sua posição na vida, de acordo com o
contexto cultural e os sistemas de valores nos quais está inserido, e em relação a
seus objetivos, expectativa, padrões e preocupações (OMS, 1997).
Os traços de personalidade, como o neuroticismo que é a tendência para
experimentar emoções negativas, como raiva, ansiedade ou depressão, afetam a
vida diária dos pacientes com relação a sua saúde bucal e a satisfação com sua
dentição ou próteses: fixas, móveis parciais ou totais. A ausência de um ou mais
dentes, principalmente na região estética, altera severamente a expressão facial e o
psiquismo do indivíduo comprometendo negativamente sua relação com a
sociedade, qualquer que seja o seu contexto cultural. Assim, perceber a variação
positiva e contínua do crescimento da expectativa de vida do ser humano, como
observou Siadiat et al. (2008), e a possibilidade do estudo e compreensão dos novos
fatores que passam a pesar na necessidade e no resultado da intervenção do
profissional é um aspecto que requer atenção sempre atualizada.
A reabsorção do tecido ósseo em consequência da perda dentária e as
alterações do tecido periodontal com a idade e o uso, modificam o comportamento
de próteses totais convencionais uma vez que diminuem sua estabilidade sem a
adequada retenção e desequilibram profundamente o estado psicológico do
indivíduo. Nesses pacientes edêntulos é comum um leito ósseo remanescente
discreto ou inadequado por configuração anatômica na maxila, mesmo inexistente
particularmente na mandíbula, onde a ação dos músculos faciais aí inseridos tem
interação intima e constante com as próteses dentárias e comprometem além da
estabilidade e conforto, a qualidade de vida e a satisfação dos pacientes levando a
repetidas intervenções de ajuste dessas próteses. Ominiri et al. citam Zarb (1998) na
afirmação de que o uso bem sucedido da prótese total convencional é um
procedimento exigente tanto para o dentista que deve ter habilidade clínica, como
para o paciente que deve aprender a conviver com a prótese. Tratamento para
indivíduos edêntulos até Branemark era a dentadura convencional visto o insucesso
de tentativas de implante com outras técnicas e materiais. Pode-se afirmar que o
restabelecimento do equilíbrio psicológico e da função mastigatória satisfatória, nos
10
edêntulos, atualmente passa necessariamente pelo implante osseointegrado desde
a sua introdução em humanos no processo por Branemark na década de 60.
Annibali et al. (2012) já afirmam que mesmo o uso de implantes menores, em região
com menor quantidade óssea (atrófica) possibilita a reabilitação mastigatória, com
índice de sucesso e tempo de duração desses implantes diretamente associado ao
planejamento cirúrgico e protético.
Guimarães et al. (2010) revisando a literatura afirmam que diversas pesquisas
científicas demonstram que o estado hiperglicêmico é considerado a principal causa
de complicações sistêmicas e locais advindas dessa condição quando da terapia de
implante osseointegrado, porém não é uma contraindicação absoluta desde que
devidamente controlada. Outras doenças sistêmicas como anemia, osteoporose,
deficiência nutricional, uso de corticoide ou antiinflamatório não esteroide por longo
período também são citados por Branemark como inibidores da cicatrização óssea
desejada na terapia de implantes, mas não uma irrestrita contra indicação.
Mahmoud AL-Omiri et al. (2005) afirmam que o maior interesse na pesquisa
de implantes tem sido investigado na base do sucesso e fracasso de um ponto de
vista biológico, apesar de relativamente pouco ter sido focada em fatores de prótese,
avaliação continuada, planejamento reverso e de percepção do paciente que deseja
tratamento com essa terapia. Harrison et al. (2009) propõem no seu trabalho um
questionário simplificado para aferir o grau de satisfação do paciente com o
tratamento de implante dentário por alunos de graduação e pós-graduação
afirmando ser insipiente o ensino e o conhecimento da técnica de implante. Nesse
estudo, os resultados revelaram que os pacientes exibem um elevado nível de
satisfação geral com o tratamento com implantes, indicando que a disponibilidade de
tal terapia em um ambiente de ensino pode ser oferecida com sucesso e de forma
que os pacientes fiquem satisfeitos. Assim, como a demanda por tratamento com
implantes dentários cresce, a importância da competência e conhecimento desta
técnica aumenta e é benéfica sua incorporação em programas de ensino.
Proporcionar função adequada e conforto aos pacientes por meio de
implantes osseointegrados, com ênfase no planejamento reverso e orientando ao
paciente a necessidade de proservar o tratamento executado, pode alterar o
11
resultado da percepção dos pacientes sobre a terapia e sobre a conduta do
profissional.
12
2 PROPOSIÇÃO
Diante deste contexto, o objetivo do presente estudo foi revisar na literatura
trabalhos sobre a percepção do pacientes na qualidade de vida após tratamento
com próteses implantossuportadas, revendo aspectos para a condução de melhor
exame das condições prévias do paciente do ponto de vista clínico e psicológico,
utilizando questionários adequados, dentro de protocolo que conduza a resultado
técnico e funcional adequado dos implantes, da prótese e de satisfação para o
paciente e para o profissional com essa terapia, que é a ferramenta e não o objetivo,
além do acompanhamento posterior continuado.
13
3 REVISÃO DA LITERATURA
Siadat et al. (2008) avaliaram o efeito da idade, sexo e experiência anterior
com próteses (período de edentulismo, número de próteses totais antes do
tratamento com implantes, e número de consultas de ajuste) aferindo a satisfação
dos pacientes (conforto, higiene, conservação, aparência, fonética, mastigação e
satisfação geral). Neste estudo retrospectivo, um grupo de 55 pacientes que foram
tratados com sobredentadura mandibular retida por implantes ferulizados foi
selecionado (1998-2004). Cada paciente foi convidado a preencher um questionário
para avaliar sua satisfação geral com as próteses de implantes e outros aspectos de
satisfação tais como conforto, estética, função e higiene. Os dados foram analisados
usando um modelo para avaliar a relação entre os escores e a história do passado
protético. Tempo de edentulismo antes do tratamento com implante mais prótese
teve efeito direto sobre a satisfação geral e satisfação de conforto. Uma dentadura
convencional usada antes do tratamento de implante era menos confortável e função
inadequada. Idosos estavam mais satisfeitos com a estética e conforto. Número de
consultas de ajuste teve uma correlação positiva com conforto e uma correlação
negativa com satisfação estética. Concluíram que a satisfação foi correlacionada
com a idade, sexo e passado histórico de prótese nos pacientes reabilitados com a
overdenture implantossuportada.
Emami et al. (2009) analisaram sistematicamente os dados publicados na
eficácia da overdenture mandibular implanto retida a partir da expectativa do
paciente. Medline, Embase, Cochrane Central Register of Controlled Trials e
Cochrane de Revisões Sistemáticas foram pesquisados e complementados por
busca manual. Todos os ensaios clínicos randomizados controlados publicados em
Inglês ou Francês até abril 2007 foram incluídos em que as dentaduras
convencionais e overdenture sobre implantes mandibulares
em indivíduos
desdentados adultos foram comparados. Os quesitos de interesse foram satisfação
dos pacientes relacionada à saúde oral, geral e de qualidade de vida. Modelos de
efeitos aleatórios foram usados para reunir os índices do efeito (ES) de todos os
estudos incluídos. Quando comparado com dentadura convencional, na mandíbula,
a overdenture sobre implante foi classificada clinicamente como mais satisfatória.
14
Houve uma falta de evidência para mostrar o impacto da overdenture sobre implante
mandibular em percepção de saúde geral.
Harrison et al. (2009) afirmam que a avaliação do grau de satisfação do
paciente com a oferta de tratamento de implante dentário é escassa. Este estudo
teve como objetivo avaliar a satisfação entre os pacientes atendidos pela prestação
do tratamento com implantes por estudantes de graduação e pós-graduação em
Dublin Odontologia e Hospital (DDSH). Um questionário foi elaborado e distribuído
para 100 indivíduos selecionados aleatoriamente a partir de registros de pacientes
que receberam tratamento com implantes através de clínicas de estudantes nos
cinco anos anteriores. A taxa de resposta foi de 68%. Os resultados mostraram um
alto nível geral de satisfação com o tratamento recebido.
Schoichet et al. (2010) avaliaram a satisfação de indivíduos portadores de
sobredentaduras mandibulares implanto retidas e muco suportadas relacionando
numero de Implantes e tipos de retentores. Foram avaliados pacientes oriundos das
clínicas dos Cursos de Pós-Graduação em Implantodontia da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal Fluminense, por meio de entrevistas e
avaliação de seus prontuários, nos quais haviam sido instalados 140 implantes
osseointegráveis e 40 sobredentaduras implanto retidas e muco suportadas. Cerca
de 70% destes pacientes estavam no grupo etário acima de 60 anos e a maioria
portava prótese total convencional. Foi feito um levantamento da quantidade de
implantes e tipo de retentores utilizados nas reabilitações bucais destes pacientes, e
avaliados as relações entre esta situação e a satisfação dos pacientes quanto à:
função, retenção e satisfação geral. Como respostas possíveis variavam de muito
insatisfeito ou muito satisfeito. Observaram em todas as situações avaliadas, que
mais de 87% das respostas fornecidas pelos pacientes quanto à satisfação era de
muito satisfeitos, sendo a retenção o de menor valor e a satisfação geral o de maior
valor. Concluíram que independente da quantidade de implantes (2, 3 ou 4) e dos
diferentes tipos de retentores utilizados (bola encaixe ou barra encaixe), não houve
variação considerável na satisfação dos pacientes portadores de sobredentaduras
mandibulares implanto retidas ou muco suportadas, visto que a maioria deles se
declarou satisfeito ou muito satisfeito com todas as categorias incluídas neste
estudo.
15
Coró (2010) avaliou o efeito que a instalação de uma prótese fixa sobre
implantes mandibular causaria no desempenho mastigatório, na força de mordida,
na habilidade mastigatória e no índice de satisfação dos pacientes desdentados
totais. Participaram da pesquisa 15 indivíduos, três homens e 12 mulheres, não
fumantes, com boa saúde geral, desdentados totais portadores, ou não, de próteses
totais muco suportadas (PTMS) bi maxilares. Em cada paciente foram instalados
cinco implantes interforaminais, e carga imediata por meio da instalação de prótese
fixa tipo protocolo. Os pacientes foram submetidos a testes de desempenho
mastigatórios e força de mordida em quatro momentos: pré (inicial) e pósreabilitação, após quatro e oito meses. Também responderam a questionários de
habilidade mastigatória e satisfação com a prótese nos momentos inicial, pósreabilitação e após quatro meses. O teste de desempenho foi realizado com
alimento-teste Optocal em 20 e 40 golpes de mordida. Diante dos resultados
obtidos, os autores concluíram que as reabilitações executadas ofereceram uma
melhora estatisticamente significante no desempenho mastigatório dos pacientes,
quando comparada a desempenho inicial. A habilidade mastigatória e o índice de
satisfação dos pacientes, avaliados por meio de questionário e escala visual
respectivamente, apresentaram melhora para todos os itens abordados. Não foi
observada diferença estatisticamente significante entre os períodos de quatro e oito
meses após a instalação dos implantes, para o índice de desempenho mastigatório.
A reabilitação mastigatória, com próteses fixas implanto retidas mandibulares e
PTMS maxilares, aumentou significativamente e progressivamente os valores
médios de força máxima de mordida dos pacientes até o período de avaliação de
oito meses.
Pommer et al. (2010) afirmam que as investigações generalizadas a cerca da
sobrevivência do implante dentário, parâmetros biológicos e informações do
paciente com base em implantes dentários têm sido negligenciados por anos e
agora estão se tornando comum. O objetivo desta pesquisa de opinião foi importante
para avaliar a visão recente dos pacientes em implantes dentários e estabelecer
comparações com os resultados publicados em 2003. Mil adultos da população
austríaca foram submetidos a um questionário com um total de 16 itens sobre a
aceitação e custos subjetivamente percebidos no tratamento com implante dentário,
bem como a satisfação do paciente com reabilitação implantossuportada. A taxa de
aceitação do implante foi de 56%, enquanto 23% dos entrevistados rejeitaram
16
decididamente tratamento com implante (mesma taxa que em 2003), especialmente
aqueles com mais de 50 anos de idade Apenas 5% haviam se submetido a
tratamento com implantes e 22% relataram saber de alguém usando implante
dentário. Os custos estimados de tratamento com implantes foram significativamente
superiores aos de 2003, e três quartos sentiu que o custo era alto demais e que os
organismos de segurança social devem suportá-los. Índices de satisfação foram
significativamente
maiores
entre
os
entrevistados
usando
reabilitações
implantossuportadas em comparação com aqueles com próteses fixas ou removíveis
convencionais. Concluiu-se que pouca coisa mudou na atitude dos pacientes para
implantes dentários em comparação com a sondagem de opinião em 2003. Nem a
aceitação do implante, nem a prevalência do implante na população austríaca
demonstraram
tendências
ascendentes.
Esforço
público
e
profissional
de
relacionamento é indicado para deixar os ressentimentos e aumentar a aceitação do
paciente aos implantes dentários como uma modalidade de tratamento.
Bezerra et al. (2011) avaliaram o impacto da reabilitação bucal com próteses
fixas suportadas por implantes em pacientes edêntulos totais mandibulares. A
amostra foi formada por doze pacientes do Instituto Nacional de Experimentos e
Pesquisas Odontológicas (INEPO, São Paulo, Brasil), com média de idade de 59
anos, que se submeteram a cirurgia para instalação de quatro implantes na região
mandibular seguida pela instalação de prótese fixa em protocolo de carga imediata
funcional. Os pacientes responderam a um questionário contendo quatorze
perguntas objetivas de múltipla escolha (OHIP-14 - Oral Health Impact Profile) em
duas ocasiões: previamente à cirurgia de implantes e seis meses após a instalação
da reabilitação protética. A análise estatística dos dados obtidos demonstrou que a
qualidade de vida dos pacientes melhorou significativamente após a substituição da
prótese total removível pela prótese fixa sobre implantes.
Krennmair et al. (2011) fizeram um estudo retrospectivo para avaliar a
sobrevivência do implante e taxas de sucesso, bem como a satisfação do paciente
com prótese maxilar anterior implantossuportada ou próteses parciais fixas
mandibulares. Um estudo retrospectivo foi realizado em pacientes com edentulismo
parcial anterior maxilar ou mandibular (falta de todos os incisivos) tratados entre
2002 e 2006. Todas as próteses eram do mesmo tipo: dois implantes pilares nas
posições dos incisivos laterais e dois pônticos ovais nas posições centrais incisivos.
As taxas de sobrevivência de implantes e condições peri implantar (perda óssea
17
marginal, profundidade de bolsa, índice de placa, gengival Índex, índice de
sangramento), bem como a incidência e o tipo de manutenção protética foram
avaliados. O índice de satisfação subjetiva dos pacientes foi pesquisado usando
vários questionários com sistema de pontuação de 10 pontos (0 = não satisfeito a 10
= muito satisfeito). Trinta e seis dos 38 pacientes (abandono: 5%) com 72 implantes
(50 maxilares e 22 implantes mandibulares, 25 próteses superiores e 11
mandibulares) foram disponíveis para acompanhamento após um período de
observação médio de 56,2 ± 10,3 meses. Implante com alta taxa de sobrevivência e
de sucesso (100%) e os parâmetros peri implantes saudáveis (média de reabsorção
óssea marginal: 1,8 ± 0,3 mm; profundidade média de bolso: 2,5 ± 1,0 mm, valor
Periotest: -4,5 ± 1,1, e Índices de placa / sangramento gengival de zero em 70% dos
locais [com resultados significativamente melhores do que na maxila na mandíbula])
foram realizados. Os esforços de manutenção protética necessários mais frequentes
foram recimentação maxilar (3/25, 12%) mandibular e realocação (2/11, 18,2%). A
pontuação mais alta de satisfação foi obtida, embora ligeiramente melhor resultado
fosse obtido no maxilar do que para próteses mandibulares. Concluíram que para
todos os parâmetros avaliados, essas próteses demonstraram ser um processo
viável de tratamento para o edentulismo parcial anterior, com boa evolução clínica e
resultados estéticos.
De Kok et al. (2011) em um estudo retrospectivo avaliaram se a overdenture
mandibular sobre dois implantes tem se mostrado um tratamento altamente bem
sucedido. No entanto, os pacientes com sobredentadura que desejam uma prótese
fixa podem não estarem satisfeitos com uma overdenture removível. Este estudo
prospectivo procurou comparar os resultados da prótese, a satisfação do paciente e
as taxas de sobrevivência de implantes entre overdentures suportadas sobre dois
implantes e próteses fixas sobre três implantes. Vinte pacientes completamente
desdentados foram igualmente e, aleatoriamente, divididos em dois grupos. Novas
próteses totais convencionais foram feitas, e os dentes inferiores foram utilizados
como um guia cirúrgico. Implantes foram colocados, seguido de carregamento
provisório. Pilares com forma de bola foram inseridos em 8 semanas, e ISFDs foram
entregues em 16 semanas. IODs estavam ligadas a anexos em 8 semanas,
utilizando recursos existentes na dentadura de cada paciente. Os ISFDs definitivos
foram fabricados usando programas de computador e fabricação de estruturas de
titânio moído, base de resina acrílica e dentes. A satisfação dos pacientes foi
18
investigada e radiografias panorâmicas em 6 e 12 meses realizadas. Como
resultado verificou-se que ambos os tratamentos tiveram efeitos significativos e
positivos sobre a satisfação do paciente e qualidade de vida. Nenhum dos 50
implantes colocados teve falha após 12 meses, portanto, a taxa de sobrevivência do
implante foi 100%. Complicações protéticas foram facilmente reparadas. Concluíram
que ambas as modalidades de tratamento ISFD suportada por três implantes e o
IOD apoiada por dois implantes, igualmente melhoraram significativamente a
satisfação do paciente e qualidade relacionada com a vida e saúde bucal e
complicações protéticas foram relativamente incomuns para ambos os tratamentos.
Três implantes podem ser utilizados para fixar prótese mandibular, no entanto, um
período de observação mais longo é necessário para validar esta modalidade de
tratamento.
Luo et al. (2011) afirmam que a aparência dos tecidos moles peri-implante é
um fator crucial para o sucesso da implanto terapia. No entanto, nenhum método
objetivo eficaz existe para observar e documentar esse fator em mais longo prazo. O
objetivo deste ensaio clínico foi determinar se as fotografias orais podem ser usadas
para a coleta de dados de tecidos moles periimplantares, observando alterações de
tecidos moles após a colocação de um implante de um único dente na zona estética
e para determinar se a cor de rosa estético reflete a satisfação do paciente com o
resultado estético do tecido peri implantar. Vinte e oito pacientes receberam
implantes unitários na zona estética. Fotografias clínicas foram usadas para coletar
dados sobre o tecido mole peri implantar no início do estudo (colocação da coroa) e
novamente três meses mais tarde. Dois observadores atribuíram valores de PSA
para o tecido mole peri implante nas fotografias. Mudanças no valor PES desde o
início até três meses de seguimento dos pacientes foram calculados. A satisfação do
paciente foi medida utilizando uma escala visual analógica (VAS) nos três meses.
Foi calculada a correlação entre os escores da EVA e PES. Verificaram que o valor
PES média (± DP) foi 8,68 ± 2,69 no início e 10,37 ± 2,13 no seguimento (p<0,01).
Valores de VAS variaram de 72,5-100. Foi encontrada uma correlação significativa
entre os valores de VAS e PES. A regressão linear de satisfação do paciente e os
valores de PSA foram significativos. Concluíram que as fotografias orais podem ser
usadas para coletar dados de PSA em tecidos moles peri implantes. O resultado
estético do tecido mole de peri-implante é marcadamente melhorado três meses
após a restauração do implante com uma porcelana fundida a coroa de metal. O
19
valor PES geralmente reflete o grau de satisfação do paciente com o resultado
estético do tecido perimplantar.
Geckili et al. (2011) avaliaram três overdenture mandibulares implanto retidas
após três anos em termos de taxas de sucesso, força (MOF), a perda óssea
marginal oclusal máxima em torno de implantes (MBL), a satisfação do paciente e
qualidade de vida (QV). Neste estudo, vinte e três adultos desdentados portadores
de próteses totais maxilares que receberam três overdenture mandibulares implanto
retidas com anexo bola ou barra, durante um período de um ano, foram avaliados
três anos após a instalação da overdenture pelo mesmo cirurgião. MBL foi avaliada
através de radiografia panorâmica. MOF com e sem o apoio do implante foi gravado
utilizando um medidor de tensão. Sucesso global foi medido pela ausência de
mobilidade peri implantar, área radiolúcida, dor, parestesia e MBL progressiva. A
taxa geral de sucesso dos implantes foi de 100%. MBL em torno de implantes centro
foi inferior ao redor de implantes nos lados direito e esquerdo (p = 0, 001 e p = 0,03,
respectivamente). MOF sem apoio do implante foi menor do que com o suporte de
implante (p = 0, 001). Não houve associação entre o tipo de acessório e MBL, MOF,
satisfação, ou QV (p> 0,05). Verificaram excelentes resultados para as três
overdentures mandibulares implanto-retidas indicando que, independentemente do
tipo de anexo, três implantes com overdentures mandibulares e próteses totais
antagônicas é uma opção de tratamento bem-sucedido para adultos desdentados.
Papaspyridakos et al. (2011) conduziram um estudo para examinar mais
critérios utilizados para definir o sucesso do tratamento em implantodontia. Uma
pesquisa no MEDLINE/PubMed foi realizada para identificar ensaios clínicos
randomizados e estudos prospectivos na elaboração de relatórios sobre os
resultados de implantes dentários. Apenas estudos conduzidos com os implantes de
superfície rugosa e pelo menos cinco anos de acompanhamento foram incluídos.
Dados foram analisados para o sucesso no nível do implante, tecidos moles peri
implantares, próteses, e satisfação do paciente. Critérios mais frequentemente
relatados para o sucesso no nível do implante foi mobilidade, dor, radiolucidez, e
perda óssea peri implantar (> 1,5 mm), e para o sucesso no nível do tecido mole peri
implantar, supuração e sangramento. Os critérios para o sucesso ao nível da prótese
estavam à ocorrência de complicações técnicas, manutenção de prótese, função e
estéticas adequadas durante o período de cinco anos. Os critérios em nível de
satisfação do paciente foram desconforto e parestesia, a satisfação com a
20
aparência, e capacidade de mastigar e paladar. Afirmaram que o sucesso no
implante odontológico deve idealmente avaliar um resultado primário de longo prazo
de todo um complexo de implante protético.
Al-Omiri et al. (2011) investigaram a associação entre a satisfação com a
dentição e próteses dentárias e perfis de personalidade entre os pacientes que
receberam próteses implanto-suportada. Um questionário validado foi usado para
avaliar a satisfação dental e os efeitos do implante e das próteses apoiadas sobre os
implantes e a vida diária. O NEO Five Fator Inventory (NEO-FFI) foi utilizado para
avaliar perfis de personalidade dos participantes. Os participantes preencheram os
questionários antes da inserção do implante e três meses após a reabilitação com
próteses implanto-suportada. Oitenta pacientes (42 homens e 38 mulheres, com
idade média de 40,99 anos) participaram. Pacientes estavam mais satisfeitos com a
sua dentição após tratamento com implantes. Neuroticismo e consciência tinham
relações significativas com a satisfação do paciente e impacto na vida diária, tanto
antes como após o tratamento com implantes. Abertura e afabilidade tiveram
relações significativas com a satisfação do paciente e impacto na vida diária
somente após tratamento com implantes. Extroversão teve uma significativa relação
com a satisfação do paciente e impacto na vida diária apenas antes do tratamento.
Após o tratamento com implantes, neuroticismo foi útil para predizer a satisfação
total, bem como a satisfação com a aparência, dor, conforto oral, desempenho e
comer. Conscientização foi útil para previsão de satisfação com a aparência,
enquanto que a abertura foi útil para predizer a satisfação com dor. Antes do
tratamento com implantes, neuroticismo foi útil para predizer a satisfação total do
paciente bem como a satisfação com a aparência, conforto oral, e desempenho.
Como conclusão aponta que próteses implantossuportadas tiveram impactos
positivos sobre a vida diária dos participantes e satisfação com a dentição. Traços
de personalidade (como neuroticismo, abertura, afabilidade e consciência) afetam
vida diária dos pacientes e satisfação com próteses implantossuportadas. Traços de
personalidade selecionados podem prever a satisfação dos pacientes com próteses
implantossuportadas antes do tratamento.
Erkapers et al. (2011) avaliaram a satisfação do paciente com o questionário
Impacto da Saúde Oral 49 (OHIP-49) para os pacientes que receberam seis
implantes na maxila severamente reabsorvida e uma prótese implantossuportada
que foi entregue dentro de 24 horas após a cirurgia. Cinquenta e um pacientes
21
edêntulos, com atrofia severa na maxila foram incluídos no estudo, que foi realizado
em dois centros. Seis implantes foram colocados no maxilar e carregados dentro de
24 horas, com uma prótese provisória. A prótese definitiva foi entregue de 20 a 24
semanas mais tarde. Os pacientes foram convidados a preencher o questionário
OHIP-49 (que inclui sete domínios que representam limitação funcional, dor física,
desconforto psicológico, deficiência física, deficiência psicológica, deficiência social
e desempenho) antes da colocação do implante e em três ocasiões subsequentes.
Os dados foram coletados e analisados e os escores do OHIP foram comparados ao
longo do tempo. O tratamento resultou em melhores pontuações totais OHIP-49 em
ambos os centros, com nenhuma diferença significativa entre os centros. Além
disso, não foram observadas diferenças significativas em qualquer um dos quesitos
(OHIP-49) no pré-tratamento e pós-tratamento entre os centros. Todos sete
requisitos pós-tratamento mostraram uma melhora estatisticamente significativa. Dos
sete domínios, incapacidade social e deficiência apresentaram a menor melhoria e
teve a menor pontuação de pré-tratamento, indicando menor importância para estes
domínios em relação aos outros domínios durante tratamento com implantes. Este
estudo também indica que os quesitos (limitação funcional, dor física, desconforto
psicológico, deficiência física e deficiência psicológica) são os mais importantes na
satisfação do paciente com o tratamento com implantes. Concluíram que a medição
com o questionário OHIP-49 mostra que aumenta a satisfação do paciente após o
tratamento com uma prótese fixa em implantes carregados dentro de 24 horas.
Mumcu et al. (2012) compararam a qualidade de vida do paciente e os
resultados de satisfação dos dois sistemas de fixação em overdenture mandibular
com diferentes números de implantes suporte. Materiais e Métodos: Sessenta e dois
pacientes desdentados totais quer com anexos ferulizados ou único, em overdenture
com implantes mandibulares, com diferente número de implantes suporte
interforaminal, foram investigados para aferir a satisfação do paciente e qualidade de
vida neste estudo retrospectivo. Comparações entre grupos foram estabelecidas
pelo teste de Mann-Whitney. As relações entre os parâmetros foram investigadas
por análise de correlação de Spearman. Não houve associação estatisticamente
significativa encontrada entre as pontuações das escalas visuais e analógicas, tipo
de anexo, bem como o número de implantes (p> 0,05), enquanto escores da Saúde
Oral Impact Profile (OHIP) -14 total para pacientes com barras suportadas com 4
implantes foram significativamente menores do que todo o outro tipo de acessório.
22
Além disso, a (taxa = 32,2%) negativa, associação estatisticamente significativa
entre período de edentulismo e OHIP-14 pontos totais foi detectada (p <0,05). A
overdenture implante retida mandibular suportada com quatro implantes e barra
anexo apresenta a maior pontuação. Para estes autores, a qualidade de vida e
satisfação do paciente não é influenciada pelo número de implantes ou tipo de
retenção.
Compagnoni et al. (2012) avaliaram o impacto da substituição de próteses
totais convencionais mandibulares por próteses totais implantossuportadas sobre a
qualidade de vida e os parâmetros cinesiográficos em pacientes desdentados totais
bimaxilares. Indivíduos desdentados totais bimaxilares receberam próteses totais
novas e após um período de adaptação (30 dias), a versão brasileira do Oral Healt
Impact Profile para indivíduos desdentados (OHIP-Edent) foi usada para avaliar a
qualidade de vida relacionada à saúde oral dos participantes. Além disso, o
cinesiógrafo K6-I foi utilizado para realizar o registro dos movimentos máximo de
abertura e de fechamento e movimentação da prótese total superior durante a
mastigação. Posteriormente os indivíduos tiveram as suas próteses totais
convencionais mandibulares substituídas por próteses totais implantossuportadas e
o mesmo protocolo de avaliação foram realizados após três e seis meses. Os
resultados do OHIP foram avaliados utilizando os testes de Wilcoxon (< = 0,05) e os
dados cinesiográficos avaliados por meio do teste Student (< = 0,05). Os
participantes apresentaram uma melhora significativa na qualidade de vida
relacionada à saúde oral após três e seis meses de tratamento com próteses totais
implantossuportadas.
Os
registros
cinesiográficos
demonstraram
aumento
significativo no movimento de abertura máxima vertical e nenhuma diferença
significante foi encontrada no movimento da prótese total superior durante a
mastigação após o tratamento com próteses totais implantossuportadas. A
instalação de próteses totais implantossuportadas melhora a qualidade de vida dos
pacientes e promove aumento na amplitude de abertura mandibular vertical.
As
próteses totais sobre implantes vêm mostrando-se eficazes para reabilitar funcional
e esteticamente os indivíduos edêntulos, fato comprovado pelos relatos dos usuários
na
melhora
do
desempenho
mastigatório
e
fonético,
com
consequente
restabelecimento de suas relações psicossociais. Sendo assim, concluíram que as
próteses totais implantos retidas são consideradas uma conduta já estabelecida em
prótese dentária.
23
Toscano (2012) afirma que o objetivo de sua pesquisa foi avaliar aspectos da
reabilitação de pacientes edêntulos por meio de próteses fixas implantossuportadas
considerando: a estabilidade em longo prazo de implantes instalados em região
interforaminal mandibular submetidos à carga imediata, e avaliar a eficácia do
planejamento reverso como controle da dissonância cognitiva no resultado final em
paciente reabilitado com prótese implantossuportada em arco superior. O estudo
constou da avaliação de duas amostras distintas. A primeira composta por 11
pacientes, reabilitados com 4 implantes inferiores de acordo com o protocolo
Neopronto
(Neodent,
Curitiba,
Brasil).
Foi
realizado
acompanhamento
da
estabilidade dos implantes, por meio de frequência de ressonância, imediatamente
após a instalação e 1, 2 e 6 anos após aplicação de carga funcional. No segundo
grupo de 7 pacientes, reabilitados com próteses fixas sobre implantes superiores,
foram aplicados questionários. Os pacientes foram aleatoriamente alocados em dois
subgrupos, sendo que no subgrupo I, foram aplicados três questionários, o primeiro
na consulta inicial, para identificação da expectativa do paciente em relação ao
tratamento e o quanto a perda dos dentes afetou sua vida. O segundo questionário
foi aplicado após explicar ao paciente detalhes do planejamento realizado, e por fim
um terceiro questionário foi aplicado dois meses após a resolução protética. No
subgrupo II, o segundo questionário não foi aplicado, contudo todos os
procedimentos de planejamento foram realizados da mesma forma. Quanto ao
estudo com questionários, foi observado que na maioria dos casos a expectativa do
paciente com o tratamento foi atingida, independente da aplicação ou não do
questionário sobre o planejamento proposto. Dessa forma, concluíram que a
reabilitação com implantes dentários é uma técnica segura e bem sucedida tanto no
aspecto funcional da reabilitação como na satisfação do paciente com o tratamento.
24
4 DISCUSSÃO
Discorrendo sobre a influência dos fatores individuais na satisfação com
implantes orais Al-Omiri et al. (2005) afirmam que a primeira vista aquilo que o
público pensa sobre os implantes dentários tem sido claramente negligenciado. Diz
que fatores pessoais parecem ser cruciais na determinação do grau de satisfação
com o tratamento odontológico baseado em implantes. Nesse trabalho a literatura
aponta que homens e mais jovens estão mais satisfeitos do que mulheres e mais
idosos segundo algumas fontes citadas enquanto outras divergem afirmando não
haver associação significativa no impacto sobre o perfil da saúde oral, sexo, idade e
história do uso da prótese.
O mesmo pesquisador Al-Omiri et al. (2011) voltou a investigar a associação
entre a satisfação com a dentição e próteses dentárias e perfis de personalidade
entre os pacientes que receberam prótese implantossuportada. O NEO Five Fator
Inventory (NEO-FFI) foi utilizado para avaliar perfis de personalidade dos
participantes. Concluíram que neuroticismo e consciência tinham relações
significativas com a satisfação do paciente e impacto na vida diária, tanto antes
como após o tratamento com implantes.
Siadat et al. (2008) também avaliaram o efeito da idade, sexo e experiência
anterior com próteses, período de edentulismo, número de próteses totais antes do
tratamento com implantes e consultas de ajuste em avaliações de satisfação dos
pacientes (conforto, higiene, conservação, aparência, fala mastigação e satisfação
geral). Também afirmam que pacientes com problemas emocionais podem rejeitar
próteses por motivos alheios aos aspectos técnicos do tratamento. Concluíram que a
satisfação foi correlacionada com o psiquismo, a idade, sexo e passado histórico de
prótese nos pacientes reabilitados com a overdenture implantossuportada.
Harrison et al. (2009) asseveram que a avaliação do grau de satisfação do
paciente com a oferta de tratamento de implante dentário é escassa. Este estudo
avaliou a satisfação entre os pacientes atendidos por estudantes de graduação e
pós-graduação em Dublin Odontologia e Hospital (DDSH). Os resultados mostraram
um alto nível geral de satisfação com o tratamento recebido.
25
Emami et al. (2009) analisaram sistematicamente os dados publicados na
eficácia das overdentures mandibulares implanto-retidas a partir da expectativa do
paciente. Todos os ensaios clínicos randomizados controlados publicados em Inglês
ou Francês, até abril 2007 foram incluídos. Concluíram que quando comparado com
dentadura convencional, na mandíbula, a overdenture sobre implante foi classificada
clinicamente como mais satisfatória, mas, há falta de evidência para mostrar o
impacto da overdenture sobre implante mandibular em percepção de saúde geral.
Coró (2010) avaliou o efeito que a instalação de uma prótese fixa sobre
implantes mandibular causaria no desempenho mastigatório, na força de mordida,
na habilidade mastigatória e no índice de satisfação dos pacientes desdentados
totais. Também responderam a questionários de habilidade mastigatória e satisfação
com a prótese nos momentos inicial, pós-reabilitação e após quatro meses. A
habilidade mastigatória e o índice de satisfação dos pacientes, avaliados por meio
de questionário e escala visual respectivamente, apresentaram melhora para todos
os itens abordados.
Papaspyridakos et al. (2011) conduziram um estudo para examinar mais
critérios utilizados para definir o sucesso do tratamento em implantodontia. Dados
foram analisados para aferir o sucesso a nível do implante, tecido mole Periimplantar, próteses, e satisfação do paciente. Critérios mais frequentemente
relatados para o sucesso no nível do implante foi mobilidade, dor, radiolucidez, e
perda óssea peri-implantar e para o sucesso no nível do tecido mole peri-implantar,
supuração e sangramento. Neste estudo afirmam que sucesso no implante
odontológico deve idealmente avaliar um resultado primário de longo prazo de todo
um complexo de implante e prótese não mencionam o aspecto percepção do
paciente.
Pommer et al. (2010) afirmam que as investigações generalizadas a cerca da
sobrevivência do implante dentário, parâmetros biológicos e informações do
paciente com base em implantes dentários foram negligenciados por anos e agora
estão se tornando comum. O objetivo desta pesquisa de opinião foi importante para
avaliar a visão recente dos pacientes em implantes dentários e estabelecer
comparações com os resultados publicados em 2003. Mil adultos - da população
austríaca - foram submetidos a um questionário com um total de 16 itens sobre a
aceitação e custos subjetivamente percebidos no tratamento com implante dentário,
bem como a satisfação do paciente com reabilitação implanto-suportada. A taxa de
26
aceitação do implante foi de 56%, enquanto 23% dos entrevistados rejeitaram
decididamente tratamento com implante (mesma taxa que em 2003), especialmente
aqueles com mais de 50 anos de idade. Concluiu-se que pouca coisa mudou na
atitude dos pacientes para implantes dentários em comparação com a sondagem de
opinião em 2003. Nem a aceitação do implante, nem a prevalência do implante na
população austríaca demonstraram tendências ascendentes.
De Kok et al. (2011) no seu estudo prospectivo procurou comparar os
resultados da prótese, a satisfação do paciente e as taxas de sobrevivência de
implantes entre overdentures suportadas sobre dois implantes e próteses fixas sobre
três implantes. Concluíram que ambas as modalidades de tratamento ISFD
suportada por três implantes e o IOD apoiados por dois implantes, igualmente
melhoraram significativamente a satisfação do paciente e qualidade relacionada com
a vida e saúde bucal e complicações protéticas foram relativamente incomuns para
ambos os tratamentos.
Schoichet et al. (2010) avaliaram a satisfação de indivíduos portadores de
sobredentaduras mandibulares implanto retidas e muco suportadas relacionando
numero de Implantes e tipos de retentores. Concluíram que independente da
quantidade de implantes (2, 3 ou 4) e dos diferentes tipos de retentores utilizados
(bola encaixe ou barra encaixe), não houve variação considerável na satisfação dos
pacientes portadores de sobredentaduras mandibulares implanto retidas ou muco
suportadas, visto que a maioria deles se declarou satisfeito ou muito satisfeito com
todas as categorias incluídas neste estudo.
Bezerra et al. (2011) avaliaram o impacto da reabilitação bucal com próteses
fixas suportadas por implantes em pacientes edêntulos totais mandibulares com
média de idade de 59 anos, que se submeteram a cirurgia para instalação de quatro
implantes na região mandibular seguida pela instalação de prótese fixa em protocolo
de carga imediata funcional. Os pacientes responderam a um questionário contendo
quatorze perguntas objetivas de múltipla escolha (OHIP-14 - Oral Health Impact
Profile) em duas ocasiões: previamente à cirurgia de implantes e seis meses após a
instalação da reabilitação protética. A análise estatística dos dados obtidos
demonstrou que a qualidade de vida dos pacientes melhorou significativamente após
a substituição da prótese total removível pela prótese fixa sobre implantes.
27
Guimarães et al. (2010) revisaram na literatura e concordam que alterações
no processo de reparação tecidual representam um dos efeitos prejudiciais do
diabetes mellitus de maior interesse na área da implantodontia. O objetivo do
presente estudo foi revisar o conhecimento sobre os efeitos adversos da diabetes
mellitus no processo de reparo ósseo peri-implantar. A busca foi limitada a estudos
da língua inglesa. Foram selecionados estudos experimentais, clínicos e revisões
literárias. Embora vários estudos demonstrem efeitos prejudiciais da diabetes no
processo de osseointegração, ainda é insuficiente a quantidade de informações
disponíveis para determinar correlação entre avaliação laboratorial e o impacto no
processo de cicatrização peri-implantar. Na atualidade, ainda não existe um
protocolo que leve em consideração o estabelecimento de critérios objetivos para a
indicação de tratamento com implantes osseointegráveis nos indivíduos diabéticos.
Os dados de estudos que abordam essa linha de investigação são conflitantes e
novas pesquisas devem ser desenvolvidas em busca de melhor entendimento do
processo cicatricial peri-implantar em diabéticos.
Pacientes que receberam seis implantes em maxila severamente reabsorvida
e uma prótese implantossuportada entregue em 24 horas após a cirurgia foram
avaliados por Erkapers et al. (2011). Os pacientes foram convidados a preencher o
questionário OHIP-49 antes da colocação do implante e em três ocasiões
subsequentes.
Este estudo também indica que os quesitos (limitação funcional, dor física,
desconforto psicológico, deficiência física e deficiência psicológica) são os mais
importantes na satisfação do paciente com o tratamento com implantes. E
concluíram que a medição com o questionário OHIP-49 demonstra que aumenta a
satisfação do paciente após o tratamento com uma prótese fixa em implantes
carregados dentro de 24 horas.
Compagnoni et al. (2012) em seu trabalho avaliaram o impacto da
substituição de próteses totais convencionais mandibulares por próteses totais
implanto suportadas sobre a qualidade de vida e os parâmetros cinesiográficos em
pacientes edêntulos. Os pacientes receberam próteses totais novas e a versão
brasileira do Oral Healt Impact Profile para indivíduos desdentados (OHIP-Edent).
As próteses totais sobre implante vêm mostrando-se eficazes para reabilitar
funcional e esteticamente os indivíduos edêntulos, fato comprovado pelos relatos
28
dos usuários na melhora do desempenho mastigatório e fonético, com consequente
restabelecimento de suas relações psicossociais. Concluíram que a instalação
dessas próteses melhora a qualidade de vida dos pacientes e promove aumento na
amplitude de abertura mandibular vertical.
Pacientes que receberam seis implantes em maxila severamente reabsorvida
e uma prótese implanto-suportada entregue em 24 horas após a cirurgia foram
avaliados por Erkapers et al. (2011). O tratamento resultou em melhores pontuações
totais do OHIP-49. Este estudo também indica que os quesitos (limitação funcional,
dor física, desconforto psicológico, deficiência física e deficiência psicológica) são os
mais importantes na satisfação do paciente com o tratamento com implantes.
Concluíram que a medição com o questionário OHIP-49 mostrou que aumenta a
satisfação do paciente após o tratamento com uma prótese fixa em implantes
carregados dentro de 24 horas.
Toscano (2012) avaliou aspectos da reabilitação de pacientes edêntulos por
meio de próteses fixas implantossuportadas considerando: a estabilidade em longo
prazo de implantes instalados em região interforaminal mandibular submetidos à
carga imediata, e a eficácia do planejamento reverso como controle da dissonância
cognitiva no resultado final em paciente reabilitado com prótese implantossuportada.
Nos pacientes foram aplicados três questionários, o primeiro na consulta inicial, para
identificação da expectativa do paciente em relação ao tratamento e o quanto a
perda dos dentes afetou sua vida. O segundo questionário foi aplicado após explicar
ao paciente os detalhes do planejamento realizado, e por fim um terceiro
questionário foi aplicado 2 meses após a resolução protética. No subgrupo II, o
segundo questionário não foi aplicado, contudo todos os procedimentos de
planejamento foram realizados da mesma forma. Quanto ao estudo com
questionários, foi observado que na maioria dos casos a expectativa do paciente
com o tratamento foi atingida, independente da aplicação ou não do questionário
sobre o planejamento proposto. Dessa forma pode ser concluído que a reabilitação
com implantes dentários é uma técnica segura e bem sucedida tanto no aspecto
funcional da reabilitação como na satisfação do paciente com o tratamento.
O autor sugere que a satisfação não depende do conhecimento do paciente sobre o
planejamento proposto para o tratamento.
29
5 CONCLUSÃO
O número de estudos e publicações que ratifica o conceito de sucesso do
implante ósseo integrado do ponto de vista biológico, ainda que na presença de
moléstias sistêmicas que interferem no processo de cicatrização óssea, é conclusivo
e vasto. O planejamento reverso de todo o procedimento cirúrgico e protético para
que a técnica de reabilitação oral atinja a expectativa do paciente e o propósito do
profissional deve ser transmitido, durante o ensino da técnica como quesito
fundamental.
O OHIP 49 deu origem ao OHIP-Edent que foi adaptado culturalmente para o
Brasil. No entanto, esse e outros questionários aqui citados devem ser moldados à
era dos implantes ósseointegrados.
A revisão de literatura entre 2008 e 2012 permite concluir que o ensino da
técnica de implante não é apresentado de forma singular nos centros de ensino e a
manutenção posterior desse procedimento é aleatória e insuficiente. Além disso, os
quesitos (limitação funcional, dor física, desconforto psicológico, deficiência física e
deficiência psicológica) são os mais importantes na satisfação do paciente com o
tratamento com implantes.
Os pacientes submetidos à técnica do implante osseointegrado têm sido de
forma rotineira subavaliados com relação ao seu perfil psicológico, experiência com
sua dentição e as suas expectativas, produzindo índices significativos de efeitos
indesejáveis, posteriormente, mesmo quando recebem tratamento tecnicamente
adequado de profissionais habilitados.
Existe um grande hiato entre a satisfação que o profissional oferece com a
terapia de implantes e aquilo que o paciente deseja na ausência de um adequado e
minucioso planejamento reverso cirúrgico e protético.
30
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