DEPRESSÃO PÓS-PARTO Um guia de auto-ajuda DEPRESSÃO PÓS-PARTO Um guia de auto-ajuda Estas são as palavras de algumas mulheres que sofrem de depressão pós-parto. “Passo muito tempo a chorar. Não consigo organizar-me, a lista de tarefas que tenho para fazer é imensa. Sou um falhanço completo como mãe.” “Não consigo tomar uma decisão. A minha cabeça está uma embrulhada de pensamentos confusos, e sinto-me como se fosse passar-me constantemente com toda a gente. Eu devia sentir-me feliz, mas só me sinto infeliz.” “O bebé chora e chora e eu simplesmente não consigo consolálo. Sinto-me um grande falhanço, mas também me zango. Depois sinto uma culpa insuportável. Não é culpa dele, é minha.” “Sinto-me como se tivesse perdido completamente a minha confiança. Estou horrível, e também me sinto horrível.” Como pode este guia ajudar-me? A depressão pós-parto é uma condição angustiante vivida pelo menos por uma mulher em cada dez depois de ter um bebé. Os exemplos acima são típicos dos tipos de pensamentos e sensações que as mulheres com depressão pós-parto experimentam. Este folheto destina-se às mulheres com depressão pós-parto, bem como às suas famílias e amigos. 1 Este folheto pretende: •Ajudá-la a identificar se está a sofrer de depressão pós-parto • Explicar o que pode causar a depressão pós-parto • Ajudá-la a considerar a melhor maneira de se auto-ajudar • Sugerir vários outros locais para obter ajuda e apoio. E se eu me sentir demasiado deprimida até para ler? Se está deprimida, provavelmente tem dificuldade para se concentrar, até para ler este folheto. Talvez pareça demasiado longo e difícil? Não se preocupe. Contém muitas informações, por isso avance um pouco de cada vez. Se achar qualquer parte difícil de compreender, talvez possa discuti-la com a sua enfermeira ao domicílio ou o médico de família, ou mesmo voltar a lê-la mais tarde quando se sentir um pouco melhor. Se um conselheiro ou terapeuta lhe deu o folheto, poderá ser útil analisá-lo com a sua ajuda. O que é a depressão pós-parto? A depressão pós-parto (DPP na forma abreviada) é um tipo de depressão que ocorre depois de ter um bebé. Por vezes a depressão pode começar durante a gravidez, mas só será designada como depressão pós-parto se continuar depois a mulher ter tido o seu bebé. A depressão pós-parto é muito comum, e sabemos que entre dez e quinze mulheres em cada cem que deram à luz a experimentarem. O número real pode inclusive ser maior, pois muitas mulheres não procuram ajuda nem falam com outras pessoas sobre os seus sentimentos. 2 Em que é diferente a depressão pós-parto da depressão “normal”? Os sintomas da DPP são idênticos aos de qualquer depressão. Incluem sentir-se em baixo e perder o interesse em coisas que são normalmente agradáveis. A única diferença é que estes sentimentos normalmente começam durante os primeiros três meses depois de ter um bebé. É igualmente possível sofrer de depressão pós-parto a começar mais tarde, mas se os sintomas se manifestarem mais de um ano depois de uma mulher ter dado à luz, é pouco provável que seja tratada como uma depressão pós-parto. Como a DPP é muito semelhante à depressão “normal”, poderá achar úteis os nossos folhetos “Depressão e mau humor – Um guia de auto-ajuda” e “Depressão – Um folheto informativo”. Pergunte por eles ao seu terapeuta ou médico de família. As boas notícias são que, tal como outras formas de depressão, a depressão pós-parto reage bem ao tratamento e a maioria das mulheres recuperam completamente. Existem outros problemas pós-parto que as mulheres podem experimentar? Existem duas outras condições emocionais angustiantes que por vezes as mulheres experimentam depois de terem um bebé. Baby blues O primeiro é extremamente comum e é conhecido como “baby blues”. Trata-se de uma forma moderada de depressão que ocorre em até oito em cada dez mulheres durante os primeiros dias depois de terem tido os seus bebés. Quando sofrem dos “baby blues”, as mães sentem-se normalmente muito emotivas e podem irromper em lágrimas sem uma razão específica. As novas mães também se sentem muitas vezes ansiosas, tensas e esgotadas e podem ter dificuldade para adormecer. Os médicos acham que as alterações súbitas nos níveis de hormonas por volta da altura do parto dão origem aos “baby blues”, mas também podem existir outras causas, tais como o trauma do próprio nascimento e a agitação que um novo bebé 3 pode trazer. É uma altura em que você necessita de muito repouso para recuperar as suas forças, mas é também altamente improvável que o consiga! Os “baby blues” normalmente duram apenas um ou dois dias e em seguida desaparecem tão rapidamente como chegaram. Não são uma causa de preocupação, a menos que os sentimentos continuem ou se agravem, podendo nesse caso ser o início da depressão pós-parto. Psicose puerperal O segundo problema que as mulheres por vezes experimentam depois de darem à luz é muito menos comum. Chama-se psicose puerperal ou pós-parto. Esta ocorre em apenas uma nova mãe em cada mil mulheres, sendo mais grave do que a depressão pós-parto. O problema manifesta-se normalmente de forma muito repentina durante as primeiras duas semanas após o parto, com um humor e um comportamento gravemente perturbados. As mulheres com psicose pós-parto podem ficar extremamente agitadas e confusas e revelam frequentemente crenças invulgares e perturbadoras sobre elas próprias e/ou os seus bebés. Este folheto não se destina a mulheres com este tipo de problema. Elas necessitam da ajuda de um psiquiatra e devem solicitar ajuda ao seu médico imediatamente. O tratamento habitual inclui medicação e uma curta estada numa unidade para a mãe e o bebé. É importante lembrar que, embora a psicose pós-parto possa ser assustadora e preocupante para a nova mãe e a sua família, este tratamento é muito eficaz e a maioria das pessoas recuperam completamente. Quais são os sintomas da depressão pós-parto? As mulheres descrevem um conjunto de sintomas, a maioria dos quais são descritos abaixo. Estes sintomas podem parecer esmagadores numa altura em que um novo bebé necessita de tantos cuidados e atenção. 4 Estes são alguns dos sinais ou sintomas que poderá sentir caso sofra de depressão pós-parto. Emoções ou sentimentos (assinale a caixa caso se sinta desta maneira) • Sente-se triste, perturbada, desesperada • Chora muito ou sente-se incapaz de chorar • Sente-se inútil • Humor variável • Sente-se culpada • Perda de interesse • Perda do prazer/satisfação • Sente-se ansiosa ou em pânico e preocupada • Sente-se irritadiça e zangada • Não se sente como quer com o seu novo bebé. Sinais físicos ou corporais • Tem falta de energia e sente-se exausta • Perturbação do sono • Lenta, ou • Acelerada, agitada e incapaz de relaxar • Falta de interesse no sexo •Mudança de apetite – comer demasiado, ou não comer o suficiente. Pensamentos – quando as pessoas estão deprimidas, tornam-se “especialistas” em pensar de uma forma muito negativa e melancólica. • Critica-se a si própria “Sou inútil como mãe”, “Estou um frangalho”, “Não consigo compreender este folheto, devo ser estúpida!” 5 •Preocupa-se “O bebé não está a alimentar-se devidamente” • Parte para conclusões “A culpa é minha” • Espera o pior “Tudo vai correr mal – as coisas nunca mais vão melhorar” • Pensamentos sem esperança “As coisas não têm solução. Às vezes acho que toda a gente estaria melhor sem mim” • Pensamentos sobre outras pessoas “Toda a gente aguenta. Ninguém se preocupa comigo” • E o mundo “Que lugar terrível para trazer uma criança…” Pensamento – é igualmente afectado pela depressão de outras formas. • Falta de concentração • Incapacidade para tomar decisões • Pensamentos confusos e desordenados. Comportamento • Evita as pessoas e não sai de casa • Não faz coisas de que costumava gostar • Não faz as tarefas do dia-a-dia, ou tenta fazer demasiado • Adia as decisões • Mais discussões, gritos, perda de controlo. 6 Se assinalou várias caixas, e se tem sentido assim na maior parte do tempo durante as últimas duas semanas ou mais, é provável que esteja a sofrer de alguma forma de depressão. Se esta ocorreu passadas algumas semanas ou meses depois de ter um bebé, é muito provável que tenha algum tipo de depressão pós-parto. Devo pedir ajuda? Se tem depressão pós-parto, é importante que o reconheça e procure ajuda. Muitas vezes as pessoas não reconhecem a depressão pós-parto. Acontece numa altura de grande mudança, e as novas mães não sabem frequentemente o que é normal ou o que esperar. O problema pode instalar-se lentamente, e muitas vezes as mães acham que simplesmente não estão a aguentar, em vez de reconhecerem que estão a sofrer de depressão pós-parto. Além disso, muitas mulheres com depressão pós-parto sentem-se envergonhadas ou embaraçadas e escondem os seus sintomas dos outros. Quanto mais cedo reconhecer que tem depressão pós-parto, melhor, pois existem muitos tratamentos eficazes e também vários passos que pode realizar para se auto-ajudar. Lembre-se: a depressão pós-parto é muito comum e provavelmente afecta pelo menos uma mulher em cada dez. Por isso, fale com a sua família, a enfermeira ao domicílio ou o médico de família e peça ajuda. Quem está em risco de desenvolver depressão pós-parto? Alguém que tem um bebé pode desenvolver depressão pós-parto. No entanto, existem vários factores que podem indicar que corre um risco maior. Estes incluem: • Já teve uma depressão antes • Dar à luz foi particularmente difícil e traumático para si 7 • Está a ter problemas com o seu relacionamento •Está a experimentar outros acontecimentos difíceis na sua vida •Está socialmente isolada, sem família e amigos que possam ajudar • A sua própria mãe não está presente para ajudá-la No entanto, isto não significa que toda a gente que experimenta estas dificuldades irá desenvolve uma depressão pós-parto. O que causa a depressão pós-parto? Ter um bebé é uma altura de grande mudança. As novas mães experimentam alterações biológicas, físicas, emocionais e sociais. É provável que a depressão pós-parto seja causada por uma mistura destas coisas. Outros acontecimentos stressantes na vida que ocorrem por volta da mesma altura também podem contribuir. Alterações biológicas O parto implica alterações hormonais no seu corpo. A depressão pós-parto pode estar associada a estas alterações. Mas embora isto possa ser uma parte do quadro geral, as provas sugerem que as hormonas não são a única causa. As suas circunstâncias individuais e sociais são igualmente importantes. No entanto, os antidepressivos ou outra medicação podem ser úteis. Peça ao seu médico para discutir isto consigo. Alterações físicas O próprio parto pode ser esgotante e por vezes resulta em problemas físicos, como dor pós-operatória depois de uma cesariana. A recuperação nem sempre é fácil. Ter de cuidar de uma criança exigente dificulta o descanso, pelo que poderá achar que não está a dormir o suficiente. Se tem outros filhos, estes poderão reagir ao novo bebé ao reclamarem mais atenção da sua parte. Isto pode deixá-la ainda mais cansada. 8 Talvez o seu apetite seja fraco e não esteja a alimentar-se devidamente. Quando isto acontece, é fácil ficar fisicamente abatida. Algumas mulheres também se sentem menos confiantes e menos atraentes após o parto porque a forma do seu corpo muda e não têm tempo para cuidar delas. Ao mesmo tempo, muitas mulheres que sofrem de depressão pós-parto têm um cuidado particular com o seu próprio aspecto e do bebé para ocultar a sensação de falhanço que podem sentir por causa da depressão. Manter as aparências e sorrir quando não apetece também pode ser fisicamente esgotante! Alterações emocionais Muitas vezes as mulheres não experimentam os sentimentos que esperavam quando têm um bebé. Quando seguram o seu bebé pela primeira vez, um grande número de mulheres não sente um afluxo esmagador de “amor maternal”. Sentem-se apenas cansadas e um pouco distantes. Isto é perfeitamente normal. Algumas mães amam efectivamente o seu bebé à primeira vista, mas outras aprendem a amá-lo mais gradualmente. O principal é não se preocupar ou ficar demasiado desapontada se o parto não corresponder às suas expectativas. Também é verdade que muitas mulheres dizem que se sentem mais emotivas após o parto, por isso, quando as coisas correm mal, isso poderá fazê-las sentirem-se muito pior do que normalmente aconteceria. Alterações sociais Ter um bebé pode causar uma grande agitação. As exigências de uma nova criança podem tornar difícil manter uma vida social activa. Ter um novo bebé também pode colocar tensão no relacionamento dos próprios pais, pois muitas vezes é difícil passar tempo juntos enquanto casal. Muitas pessoas já não vivem perto de outros familiares, logo grande parte dos novos pais podem estar isolados, e as novas 9 mães podem não ter muitas pessoas para as ajudar. Em particular as que não contam com o apoio da própria mãe poderão achar esta altura particularmente exigente. Mesmo as que têm família e amigos por perto podem achar difícil pedir ajuda prática. Os jornais, as revistas e os programas de televisão referem que ter um bebé é uma experiência maravilhosa, mas nem sempre mencionam as partes mais difíceis. Por causa do que ouvem nos meios de comunicação social, e do que outras pessoas poderão dizer sobre a maternidade, as mulheres por vezes sentem que deveria ser uma altura “perfeita”. Elas acham que todas as outras pessoas conseguem dar à luz de forma natural e fácil e tornaremse imediatamente nas mães perfeitas. Isto pode dificultar imenso pedir ajuda. Mas estes mitos sobre a maternidade estão muito longe da verdade para a maioria das pessoas. Dar à luz pode ser muito stressante, e ser uma mãe é um novo papel que temos de aprender a desempenhar, tal como qualquer outro papel nas nossas vidas. Hoje em dia, as mulheres poderão mesmo estar sujeitas a um maior número de exigências do que antigamente. Elas podem estar habituadas a sair de casa para irem trabalhar e sentir-se isoladas em casa, sentido a falta da convivência com os colegas. No entanto, caso decidam regressar ao trabalho, poderão achar que conciliar um emprego e um novo bebé pode ser muito stressante. Acontecimentos stressantes na vida Sabemos igualmente que as pessoas que experimentaram outros acontecimentos stressantes na vida no passado ou presente podem ter mais probabilidades de sofrer de depressão pós-parto depois de terem um bebé. Por exemplo, um aborto anterior, a perda da própria mãe, problemas financeiros, problemas de habitação, etc. Finalmente, é importante lembrar que uma das causas mais comuns do stress é a mudança, e nada muda tanto a sua vida como um novo bebé. 10 O que pode ajudar? Lembre-se que está disponível ajuda, havendo igualmente vários passos que pode realizar para se auto-ajudar. Primeiros passos • Aceite que há algo de errado •Fale com o seu companheiro e/ou um familiar ou amiga sobre o que está a sentir • Lembre-se de que vai ficar melhor • Fale com a enfermeira ao domicílio ou o seu médico. … E em seguida Conforme vimos, são muitas as causas de depressão pós-parto, pelo que vários tratamentos diferentes podem ajudar. A medicação pode ajudar? Os antidepressivos podem ser realmente úteis, embora não possa tomar medicação enquanto estiver a amamentar. Fale com o seu médico a este respeito. Os antidepressivos são particularmente úteis se está a sentir muitos dos sintomas físicos da depressão, como perda de apetite, falta de sono ou perda de energia. Se o seu médico lhe receitar antidepressivos, lembre-se de que são necessárias pelo menos duas semanas para fazerem efeito. Acredita-se que este tipo de medicação normalmente não causa dependência, embora, como sucede com qualquer medicamento, convém não parar a toma abruptamente. É importante fazer o tratamento completo, normalmente durante pelo menos seis meses. O seu médico irá discutir todas estas questões consigo se achar que a medicação pode ajudar. Vou sofrer efeitos secundários? Algumas pessoas experimentam efeitos secundários, como cansaço e boca seca, mas estes sintomas deverão desaparecer 11 ao fim de algumas semanas. Entretanto, chupar um doce e beber muita água pode ajudar. Além disso, embora estes efeitos secundários possam parecer desagradáveis, as vantagens pesam mais na balança. Em particular, tomar antidepressivos pode ajudar outros tratamentos, como a terapia do diálogo, a serem mais eficazes. Uma vez mais, o seu médico discutirá isto consigo. E a terapia? A investigação revela que o aconselhamento é um tratamento muito eficaz para a depressão pós-parto. A sua enfermeira ao domicílio é muitas vezes a pessoa mais indicada com quem falar, podendo muito bem ter formação em termos de competências de aconselhamento. Também o seu médico pode encaminhála para um conselheiro no seu consultório local ou para um terapeuta psicológico ou enfermeira psiquiátrica comunitária. O seu conselheiro poderá explorar consigo quaisquer questões do passado que considere serem relevantes, bem como a forma como se sente e pensa no momento. Como posso auto-ajudar-me? Há vários passos práticos que pode realizar para se sentir melhor. Fale com outras pessoas Faça exercício Faça coisas que gosta Liste tarefas Seja realista Descanse Conviva com outras mamãs •É importante falar sobre os seus sentimentos. Poderá parecer difícil falar com o seu companheiro, mas se guardar os seus sentimentos para si constantemente, ele poderá sentir-se excluído. Isto pode ser particularmente verdadeiro se não lhe apetece ter sexo, que é frequentemente o caso quando as pessoas estão deprimidas. 12 •Procure não ficar sozinha o dia todo, todos os dias. Faça um esforço para ver os seus amigos ou conhecer outras mães. A sua enfermeira ao domicílio poderá indicar-lhe grupos locais onde pode conhecer outras mulheres. Por vezes existem grupos de apoio que podem ser muito úteis. Há também organizações de voluntários cujos membros podem prestar apoio prático ou emocional (veja as moradas no fim deste folheto). •Aceite todas as ofertas de ajuda prática. Não tenha vergonha de pedir ajuda nem se culpe por aceitá-la. As mulheres que têm uma depressão grave poderão ser elegíveis para receber ajuda em termos de cuidados infantis ou lida doméstica. • Não tente ser a dona de casa perfeita. Não importa se a sua casa está ou não imaculada. Mantenha a sua carga de trabalho no mínimo indispensável. •Descanse o máximo que conseguir, porque o cansaço parece agravar a depressão. • Certifique-se de que segue uma dieta saudável. • Procure arranjar tempo para si. Isto poderá soar completamente irrealista, mas um banho demorado, uma caminhada rápida ou mesmo ler simplesmente uma revista durante meia hora pode ajudá-la a descontrair. • O exercício é particularmente útil. O que mais posso fazer? Poderá ser difícil implementar estas alterações, devido à forma como a depressão afecta o nosso pensamento, os nossos sentimentos e, por sua vez, o modo como nos comportamos. As técnicas seguintes também podem ajudar a vencer pensamentos, comportamentos e sentimentos depressivos. 1. Faça um plano diário. Quando as pessoas estão deprimidas, muitas vezes não se sentem com vontade para fazer o que quer que seja. Têm 13 dificuldade para decidir o que devem fazer diariamente e podem acabar por fazer muito pouco. Se isto é um problema para si, pode começar por lidar com a situação fazendo uma lista das coisas que quer fazer. Em seguida, planeie uma lista de acções. Comece pela tarefa mais fácil em primeiro lugar e não aponte demasiado alto. Percorra a sua lista de acções e assinale o que já fez. No fim do dia, poderá olhar para trás e ver o que alcançou. O exercício físico e a actividade podem ajudar realmente a levantar o seu humor. Procure incluir algum no seu plano diário. Conviver com amigos, familiares e vizinhos também pode ajudar. As organizações voluntárias ou grupos locais podem prestar apoio e ajudá-la a começar a conviver novamente. Lembre-se de não apontar demasiado alto. As coisas que antes lhe pareciam fáceis antes agora poderão parecer muito mais difíceis. Comece a partir do ponto em que está e evolua até ao ponto em que estava quando se sentia bem. Liste alguns exercícios ou actividades que pode fazer. Podem ser tão simples como uma caminhada rápida ou fazer as palavrascruzadas com um familiar. Lembre-se de ser realista – acabou de ter um bebé. ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... 14 Procure preencher este plano de acções; continue com outros semelhantes: Hora Seg Ter Qua Qui Se Sáb Dom 09h00 11h00 11h00 13h00 13h00 15h00 15h00 17h00 17h00 18h00 2. Realização e prazer Quando as pessoas estão deprimidas, muitas vezes esquecem-se do que alcançaram e do que gostam. A maioria das pessoas têm mais coisas a seu favor do que normalmente se apercebem. Quando tiver anotado todos os acontecimentos do dia no seu plano de acções, coloque um P ao lado dos que lhe deram prazer e um R ao lado das actividades em que sentiu que tinha realizado algo e que fez bem. Tente não ser modesta. As pessoas que estão deprimidas têm tendência para não assumir o crédito pelas suas realizações. 15 Procure não se comparar constantemente à sua antiga pessoa. Simplesmente elogie-se a si própria pelo que quer que seja que consegue gerir. Quando está deprimida, fazer algo pode ser um desafio e deve ser reconhecido e recompensado, por isso tente incluir alguns acontecimentos agradáveis no seu dia-a-dia. Mimese – isso irá ajudá-la. 3. O ABC dos sentimentos em mudança É provável que alguém que sofra de depressão pós-parto tenha pensamentos melancólicos capazes de causar mau humor. Isto é válido para alguém com qualquer tipo de depressão. Tente pensar num acontecimento recente que a tenha perturbado e deprimido. Deverá ser capaz de distinguir três partes: A. O acontecimento. B. Os seus pensamentos sobre ele. C. Os seus sentimentos sobre ele. A maioria das pessoas normalmente apenas têm consciência de A e C. Vejamos um exemplo. Suponha que o seu bebé não pára de chorar quando você fez tudo o que lhe veio à cabeça para o acalmar. A. O acontecimento – o bebé não pára de chorar. B.Os seus pensamentos – “Não aguento isto. Quero abaná-lo. Sou uma mãe inútil. Não o mereço.” C. Os seus sentimentos – deprimida, culpada. Que deprimente! Não admira que se sinta mal! É importante tomar consciência destas três etapas A, B e C. Isto porque podemos mudar o que pensamos acerca de um acontecimento e, por conseguinte, mudar a forma como sentimentos a seu respeito. 16 Agora pense no seu próprio exemplo. Anote as suas próprias etapas A, B e C. A. Acontecimento B. Pensamentos C. Sentimentos 4.Equilíbrio O “equilíbrio” é uma técnica útil para experimentar. Quando tem um pensamento crítico negativo, equilibre-o com uma afirmação mais positiva de si própria. Por exemplo: O pensamento: “Não sou boa como mãe”, pode ser equilibrado com: “a minha enfermeira ao domicílio diz que estou a ir muito bem, e o bebé está a crescer” Obviamente, isto é muito mais fácil de dizer do que fazer. Quando se sente negativa, muitas vezes é difícil mudar esses pensamentos negativos, mas com a prática fica mais fácil. 5. A técnica das duas colunas Outra técnica que pode ajudar consiste em anotar os seus pensamentos negativos numa coluna e, ao lado de cada um, escrever um pensamento positivo mais equilibrado. Exemplo: Pensamentos negativos: Não estou a aguentar com tudo – a minha casa está uma confusão. Pensamentos equilibrados: Não há problema que a casa esteja um pouco mais desarrumada do que o habitual. 17 Pode levar isto um pouco mais longe e manter um diário de acontecimentos, sentimentos e pensamentos. Poderá parecer-se um pouco com o gráfico seguinte. Utilize as abordagens descritas para obter pensamentos mais equilibrados. Tenha atenção às formas melancólicas de pensar semelhantes às mencionadas nas páginas 5-7. Acontecimento Sentimento ou emoção Exemplo: Uma mamã na clínica ignorou-me Em baixo e deprimida Pensamentos Outros na sua cabeça pensamentos mais equilibrados Ela não gosta de mim, ninguém gosta Ela provavelmente estava distraída com alguma coisa – estou a partir para conclusões de que ela não gosta de mim. O seu exemplo: 6. Tente lembrar-se dos detalhes A investigação diz-nos que alguém que está deprimido não se lembra dos detalhes dos acontecimentos, mas tem tendência para pensar em afirmações gerais, como “Eu nunca fui boa em nada”. Tente treinar-se a si própria a lembrar-se de detalhes para poder recordar momentos e experiências agradáveis. Um diário pode ajudá-la com isto. Faça listas de realizações e de bons aspectos de si própria, como “Chego sempre a horas”, “Ajudei a minha amiga na terça-feira”, “O meu companheiro elogiou-me pelo meu trabalho na semana passada”. 18 Em suma Utilizar um plano diário, notas de prazer e realização e manter um diário de pensamentos negativos e pensamentos mais equilibrados pode ajudá-la a combater a depressão e os pensamentos melancólicos que a acompanham. 7. Resolver problemas difíceis Por vezes sentimo-nos esmagadas pelas mesmíssimas coisas complicadas e difíceis que temos de fazer. Uma abordagem que ajuda é anotar cada um dos passos de que necessita para concluir a tarefa; em seguida, lide com um passo de cada vez. Até resolver pequenos problemas pode parecer mais difícil quando está deprimida. Se tem um problema particularmente difícil, tente rever alturas em que poderia ter resolvido problemas semelhantes com êxito e utilize a mesma abordagem. Ou pergunte a um amigo o que faria numa situação semelhante. Anote toda as opções possíveis, mesmo as que parecem ridículas. Seja o mais criativa possível. Quantas mais soluções possíveis conseguir gerar, mais probabilidades terá de encontrar a que funciona. Depois de considerar todos os pontos a favor e contra, escolha a que considera ser a melhor solução. Tente você mesma esta forma de resolução de problemas. Qual é o problema? (Anote-o): ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... 19 Tente o seguinte: Liste todo o tipo de soluções. Recorde-se de como teria resolvido problemas semelhantes no passado. O que aconselhariam as suas amigas? Ou o que sugere a uma amiga numa situação semelhante? ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... Escolha as melhores soluções. (Anote-as) ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... ....................................................................................................... Passos para lidar com o problema: Passo 1: ........................................................................................ Passo 2: ........................................................................................ Passo 3: ........................................................................................ Passo 4: ........................................................................................ Passo 5: ........................................................................................ 8. Crenças de longa data Por vezes as pessoas têm opiniões de longa data acerca delas próprias que são muito autocríticas. Por exemplo, “Não sou uma pessoa muito inteligente” ou “Não sou uma pessoa muito simpática”. Estas crenças são frequentemente um produto da nossa experiência passada e podem não ser de todo verdadeiras actualmente. Tente desafiar este autocriticismo, pare de se deitar abaixo e procure provas que desmintam estas crenças. 20 9. Onde posso obter mais ajuda? Esperamos que ponha em pática os exercícios e conselhos disponibilizados neste folheto. Deverão ajudá-la a vencer a sua depressão pós-parto e a retomar o controlo sobre os seus pensamentos e a sua vida. No entanto, se achar que necessita de mais ajuda, fale com o seu médico de família ou a enfermeira ao domicílio. Conforme já mencionámos, existem outros tratamentos que a podem ajudar. Caso se sinta tão deprimida ao ponto de pensar em magoar-se a si própria ou ao bebé, visite o seu médico de família o mais rapidamente possível. Lembre-se de que a depressão pósparto reage muito bem ao tratamento e a maioria das pessoas recuperam rapidamente. 21 Organizações e linhas de apoio úteis: Locais • Lifeline Tel.: 0808 808 8000 Telefone com comunicação escrita para pessoas com dificuldade de audição: 18001 0808 808 8000 Sítio Web: www.lifelinehelpline.info Os conselheiros da Lifeline estão disponíveis 24 horas por dia para prestar apoio a pessoas angustiadas. • National Childbirth Trust Tel.: 08442 436047 Sítio Web: www.nct.org.uk/belfast Presta aconselhamento e apoio em todos os aspectos do parto e da parentalidade inicial. • Relate Tel.: 028 9032 3454 Linha de apoio: 08702 426091 Sitio Web: www.relateni.org 3 Glengall Street, Belfast BT12 5AB Ajuda com problemas conjugais ou de relacionamento. Serviços disponíveis na área do Southern Trust. • Samaritans Linha de apoio: 0845 790 9090 Sítio Web: www.samaritans.org E-mail: [email protected] Apoio confidencial para pessoas em crise. Nationais • Association for Post-Natal Illness Tel.: 0207 386 0868 Sítio Web: www.apni.org Para mulheres que sofrem de depressão depois do nascimento do seu bebé. • British Association for Counselling and Psychotherapy Tel.: 01455 883 300 Sítio Web: www.bacp.co.uk Disponibiliza um serviço de informação para aconselhamento em Inglaterra e Gales. 22 • Mental Health Matters Tel.: 0191 516 3500 Sítio Web: www.mentalhealthmatters.com Uma organização nacional que presta apoio e informações sobre emprego, habitação, apoio comunitário e serviços psicológicos. • Mind Infoline Tel.: 0300 123 3393 Sítio Web: www.mind.org.uk Fornece informações sobre um conjunto de temas, incluindo tipos de problemas mentais, onde obter ajuda, medicamentos e tratamentos alternativos e apoio judicial. Também fornece detalhes de ajuda e apoio para pessoas na respectiva área de residência. Linha de apoio disponível de segunda a sexta, das 09h00 às 17h00. • NHS Choices – Your Health, Your Choices Sítio Web: www.nhs.uk Informações sobre condições, tratamentos, serviços locais e vida saudável. Organizações locais A sua enfermeira ao domicílio ou o médico de família poderá fornecer-lhe os números de contacto de organizações locais capazes de a ajudar. Depressão pós-parto As seguintes organizações, linhas de apoio e recursos online também podem ser úteis: • Net Mums Sítio Web: www.netmums.com/belfast Home Start: • HomeStart, Armagh/Dungannon Tel.: 028 8778 9489 E-mail: [email protected] • HomeStart, Craigavon Tel.: 028 3834 5357 E-mail: [email protected] • HomeStart, Newry and Mourne Tel.: 028 3026 6139 E-mail: [email protected] 23 Sure Start: • Arke SureStart, Armagh Tel.: 028 3751 8569 E-mail: [email protected] • Blossom, Portadown Tel.: 028 3833 7455 E-mail: [email protected] • Clogher Valley SureStart, Augher Tel.: 028 8554 9898 E-mail: [email protected] • Dungannon SureStart Tel.: 028 8772 9695 E-mail: [email protected] • Orana SureStart, Newry Tel.: 028 3026 5714 • Splash SureStart, Craigavon Tel.: 028 3831 3360 • SureStart, South Armagh Tel.: 028 3083 0022 E-mail: [email protected] Além disso Pode estar disponível o serviço de massagem de bebés; pergunte à sua enfermeira ao domicílio. Isto pode ser uma actividade relaxante e útil simultaneamente para a mãe e o bebé. Leitura adicional • Surviving Postnatal Depression Cara Aiken, Jessica Kingsley, 2000 Este livro visa ajudar as pessoas que sofrem, e os profissionais que trabalham com elas, a compreender esta doença. O livro conta as histórias de dez mulheres com passados muito diferentes – incluindo a autora – que sofreram de depressão pós-parto. • Feeling Good: the new mood therapy David Burns, HarperCollins, 2000 Um guia livre de medicamentos para curar a ansiedade, culpa, pessimismo, procrastinação, baixa auto-estima e outras perturbações depressivas que utiliza métodos testados cientificamente para elevar o humor e afastar os “baby blues”. 24 • Coping with Postnatal Depression Dra. Sandra Wheatley, Sheldon Press, 2005 Este livro destina-se às mulheres que sofrem de depressão pós-parto e às suas famílias. • Feelings After Birth: the NCT book of postnatal depression Heather Welford, NCT Publishers Ltd, 2002 Este livro pretende fornecer uma compreensão e uma visão das causas e efeitos da depressão pós-parto. • Overcoming depression Paul Gilbert, Robinson, 2000 Guia de auto-ajuda que utiliza técnicas comportamentais cognitivas, este livro está repleto de sugestões passo-a-passo, exemplos de casos e ideias práticas para ganhar o controlo sobre a depressão e o mau humor. • Dealing with Depression Kathy Nairne e Gerrilyn Smith, The Women’s Press, 2001 Este é um guia prático para as pessoas que sofrem de depressão e para quem sabe de alguém que está deprimido. Identifica as causas da depressão e as muitas formas que pode assumir, explora formas de lidar com ela e recuperar e avalia a ajuda disponível. • Depression: the way out of your prison Dorothy Rowe, Taylor and Francis, 2003 Fornece-nos uma forma de compreender a nossa depressão que corresponde à nossa experiência e que nos permite retomar o controlo da nossa vida e mudá-la. • Mind over Mood Christine Padesky e Dennis Greenberger, Guilford Press, 1995 Baseia-se na extensa experiência dos autores enquanto clínicos e professores de terapia cognitiva para ajudar com êxito clientes a compreender e melhorar os seus humores, alterar o seu comportamento e dinamizar as suas relações. • Overcoming Depression and Low Mood: a five areas approach Christopher Williams, Hodder Education, 2006 Totalmente actualizado e baseado em comentários extensos, Overcoming Depression and Low Mood é uma série de breves livros de exercícios de autoajuda que se destinam às pessoas que sofrem de humor instável e depressão. Desenvolvido em ligação com um vasto leque de especialistas, o curso dá acesso à comprovada abordagem da terapia comportamental cognitiva (TCC). Com informações acessíveis e ensinando aptidões de vida essenciais, os livros de exercícios constituem uma forma prática e eficaz de melhorar a forma como se sente. Redigido pelo Dr. Lesley Maunder e por Lorna Cameron, Psicólogos Clínicos Consultores, Northumberland, Tyne and Wear NHS Foundation Trust Este folheto baseia-se em material produzido pelo Northumberland, Tyne and Wear NHS Foundation Trust (www.ntw.nhs.uk). © 2012 Reproduzido com permissão.