Manfredo de Souzanetto
12 de abril de 2012, quinta-feira, às19h
Marcia Barrozo do Amaral Galeria de Arte
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pag 1 | bastão a óleo, pigmentos e resina acrílica sobre linho | 112 x 178cm | 2007
bastão a óleo, pigmentos e resina acrílica sobre papel | 102 x 72cm | 2011
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O GESTO INICIAL
“No princípio era o Verbo”
A extensa – e poderosa – obra produzida por Manfredo de Souzanetto ao longo de mais
de três décadas de intensa atividade profissional inscreve-se de maneira incisiva na história
recente da arte brasileira. Ela já foi analisada, com pertinência, associando-a aos importantes
movimentos de origem construtiva como também com a valorização da matéria pictórica que
sempre teve presença marcante nos seus trabalhos, muitas vezes constituído por pigmentos
naturais que elaboram uma paleta cromática de força expressiva impressionante.
Nesse pequeno texto para a mostra que o artista organiza na tradicional Marcia Barrozo do
Amaral Galeria de Arte pretendo apenas propor que a obra de Manfredo é, antes de tudo, a
permanente busca da essência, do gesto inicial, da ação humana que origina a arte e reconstrói
o mundo. Por isso toda e qualquer obra do artista tem essa memória arquetípica, esse desejo
de localizar na história do homem o instante inicial, a flama que ilumina a caverna e reflete
as coisas do mundo, recriando através da arte a realidade das coisas que são concretas,
dando-lhes nosso sentido e nova razão. Os desenhos e pinturas de Manfredo possuem essa
estranheza, essa aproximação entre aquilo que nos parece familiar, próximo, e que ao mesmo
tempo nos fala do novo, do jamais visto, do inusitado, habitante do reino das surpresas e dos
mistérios.
A obra se apresenta como síntese de uma paisagem construída pelo ser humano, sofisticada
em sua arquitetura construtiva e diálogo cromático, e também prenhe de simbolismos que
nos aludem ao gesto inicial, ao olhar desbravador. É exatamente essa característica que
supera apelos de identificação meramente visual para aproximá-la conceitualmente de artistas
aparentemente tão distintos como Paul Klee e Anselm Kieffer. Cada gesto, cada linha, cada
área cromática, cada desenho, cada pintura de Manfredo parece nos informar que fronteiras
são linhas de convergência e aproximação, jamais de conflito e inadequações. Essa geografia
criada pelo artista transforma o lugar num espaço global de afeto e integração, permitindo
que o olhar se articule e construa uma paisagem singular, regida pela clareza do método, pela
coerência do processo e pela surpresa e encantamento da forma.
Marcus de Lontra Costa
Rio. Março. 2012.
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bastão a óleo, pigmentos e resina acrílica sobre papel | 72 x 102cm | 2011
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bastão a óleo, pigmentos e resina acrílica sobre papel | 72 x 102cm | 2011
pag 6 e 7 | bastão a óleo, pigmentos e resina acrílica sobre linho | 77 x 107cm | 2007
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bastão a óleo, pigmentos e resina acrílica sobre papel | 72 x 102cm | 2011
pag 12 | bastão a óleo, pigmentos e resina acrílica sobre linho | 108 x 97cm | 2008
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