CLASSIFICAÇÃO DA CHUVA NAS REGIÕES HOMOGÊNEAS DO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE FEVEREIRO A MAIO PERÍODO DE 1980 A 1989 PERÍODO DE 1950 A 1959 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1980 1959 4 2 2 NINO34 4 0 -2 4 4 2 2 -2 1982 1983 1987 1988 1989 Dependendo da intensidade do período do ano em que ocorre, o fenômeno El Niño (aquecimento acima do normal das águas do Oceano Pacífico) é um dos responsáveis por anos considerados abaixo da média ou muito abaixo da média, principalmente quando acontece conjuntamente com o dipolo positivo do Atlântico (desfavorável às chuvas). O fenômeno La Niña (resfriamento anômalo das águas do oceano Pacífico associado ao dipolo negativo do Atlântico (favorável às chuvas), é normalmente responsável por anos considerados em torno da média, acima da média ou muito acima da média na região. Dipolo do Atlântico: diferença entre a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar - TSM na Bacia do Oceano Atlântico Norte e Oceano Atlântico Sul. -2 Sob condições normais (sem El Niño) observa-se o ramo ascendente da Célula de Walker (favorável à formação de nuvens convectivas profundas) sobre o Pacífico Oeste e Austrália, onde se tem águas quentes e pressões baixas. Por outro lado, sobre a região do Pacífico Leste, próximo do Peru e Equador, onde verifica-se a presença de águas frias (devido a ressurgência - afloramento na superfície das águas oceânicas advindas do fundo do Oceano Pacífico) e pressões altas, manifesta-se o ramo subsidente da Célula de Walker (que inibe a formação de nuvens). 1961 1962 1963 1964 1965 PERÍODO DE 1990 A 1999 1966 1967 1968 1990 1969 4 2 2 NINO34 4 0 -2 4 4 2 2 -2 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Esquematização da circulação atmosférica de grande escala no sentido zonal (Célula de Walker) modificada em associação ao episódio El Ninõ sobre o Oceano Pacífico. Sobre a região do Pacífico Centro-Leste, incluindo Peru/Equador, observa-se o ramo ascendente (favorável à formação de nuvens) da Célula de Walker e, por outro lado, sobre o Pacífico Oeste/Norte da Austrália e também no Atlântico Equatorial, incluindo o leste da Amazônia e Norte do Semi-Árido Nordestino se tem, conseqüentemente, o ramo descendente (que inibe a formação de nuvens). -2 -4 0 1991 0 -4 DIPOLO NINO34 1960 DIPOLO 1986 0 PERÍODO DE 1960 A 1969 EM TORNO, ACIMA OU MUITO ACIMA DA MÉDIA 0 A área hachurada indica a posição da ZCIT e o ‘AAN’, o Sistema de Alta Pressão do Atlântico Norte. As setas indicam a intensificação dos ventos alísios de nordeste. Quando as águas no Atlântico Norte estão mais frias que o normal, o Sistema de Alta Pressão do Atlântico Norte e os ventos alísios de nordeste se intensificam. Se neste mesmo período o Atlântico Sul estiver mais quente que o normal, o Sistema de Alta Pressão do Atlântico Sul e os ventos alísios de sudeste enfraquecem. Este padrão favorece o deslocamento da ZCIT para posições mais ao sul da linha do Equador e é propício à ocorrência de anos com chuvas acima da média ou muito acima da média para o setor norte do Nordeste do Brasil. -2 -4 -4 PERÍODO PERÍODO DE 2000 DE 2000 A 2008 A 2009 PERÍODO DE 1970 A 1979 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 2000 1979 4 4 2 2 NINO34 NINO34 1985 -4 -4 0 -2 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 ABAIXO DA MÉDIA OU MUITO ABAIXO DA MÉDIA A área hachurada indica a posição da ZCIT e o ‘AAN’, o Sistema de Alta Pressão do Atlântico Sul. As setas indicam a intensificação dos ventos alísios de sudeste. Quando as águas no Atlântico Sul estão mais frias que o normal, o Sistema de Alta Pressão do Atlântico Sul e os ventos alísios de sudeste se intensificam. Se neste mesmo período as águas do Atlântico Norte estiverem mais quente que o normal, o Sistema de Alta Pressão do Atlântico Norte e os ventos alísios de nordeste enfraquecem. Este padrão favorece o deslocamento da ZCIT para posições mais ao norte da linha do Equador, e é propício à ocorrência de anos com chuvas abaixo da média ou muito abaixo da média para o setor norte do Nordeste do Brasil. 0 -2 -4 -4 4 4 2 DIPOLO DIPOLO 1984 -2 -4 0 1981 0 -4 DIPOLO DIPOLO NINO34 1950 INFLUÊNCIA DOS OCEANOS ATLÂNTICO E PACÍFICO NAS CHUVAS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL 0 -2 -4 2 0 -2 LEGENDA DE CORES -4 Abaixo da Média Divisão das categorias: O total precipitado numa dada região durante a quadra chuvosa (Fev – Mai) é geralmente classificado em três categorias: Abaixo da Média (tons vermelhos), Em Torno da Média (tons amarelos) e Acima da Média (tons azuis). Esta classificação toma como base os valores históricos de precipitação de cada região, de modo que os limites destas categorias variam por região. Por exemplo, tomando como base o período utilizado neste estudo (1950 a 2009), se o total de chuva no Sertão Central durante a quadra chuvosa for igual a 600 mm, a estação será classificada como Acima da Média, pois foi acima do limite inferior desta categoria para esta região, que é igual a 577,6 mm. Entretanto, se este mesmo montante de chuva cair sobre o Litoral de Fortaleza durante a quadra chuvosa, a estação neste caso será considerada Abaixo da Média, dado que o limite superior desta categoria para esta região é igual a 708,8 mm. Portanto, a classificação do total precipitado durante a quadra chuvosa (Fev – Mai) nas categorias Abaixo da Média, Em Torno da Média e Acima da Média, devem ser interpretado em função da região considerada. As Figuras 1, 2 e 3 apresentam, para as oito regiões homogêneas do Estado do Ceará, as faixas de valores de precipitação acumulada durante a quadra chuvosa, o trimestre de fevereiro a abril e de março a maio, respectivamente, para as três categorias: Abaixo da Média (vermelho), Em Torno da Média (amarelo) e Acima da Média (azul). O limite superior da categoria Abaixo da Média e o limite inferior da categoria Acima a Média estão devidamente identificados, assim como a média para cada região, e os respectivos mínimo e máximo observados ao longo do período. Por exemplo, para a região do Cariri, uma quadra chuvosa com total precipitado inferior a 541,8 mm é classificada como Abaixo da Média, enquanto que uma com total precipitado acima de 709,5 mm é classificada como Acima da Média. Acima da Média Cores dos Gráficos Abaixo da Média Em Torno da Média Acima da Média 193 (1958) Mínimo Histórico Média Histórica 519.3 Sertão Central e Inhamuns 431.9 Máximo Histórico Abaixo da Média Em Torno da Média 1071.5 (1985) Acima da Média 126.8 (1958) 577.6 765.7 372.4 1525 (1974) Ibiapaba Mínimo Histórico Média Histórica 443.2 Sertão Central e Inhamuns 268.7 (1958) Máximo Histórico 602.5 645.6 541.8 507.6 435.2 387.4 589.9 391.5 561.9 1093.3 (1950) 504.3 708.8 545.6 485.4 1163.7 (1961) 556.4 486.2 790.1 552.3 1135.2 (1974) 599 940.7 831.3 1298.1 (1974) 1204 (1985) 684.6 198.4 (1983) 639.1 1323.8 (1974) Litoral Norte 513.8 mm 767.3 493.7 mm 769.2 mm 14 13 00 00 0 00 90 0 12 80 0 0 70 0 0 11 60 0 00 50 0 10 40 0 0 20 0 30 10 Figura 2. Categorias das Regiões Hidrológicas Homogêneas para o Período de Fevereiro a Abril (Base de cálculo: 1950-2009). 0 00 13 00 12 00 11 00 10 0 90 0 80 0 70 0 60 0 50 0 40 0 30 0 20 0 10 00 00 00 00 0 16 15 14 13 0 00 90 0 12 80 0 0 70 0 0 11 60 0 00 50 0 10 40 0 0 20 0 30 10 Figura 1. Categorias das Regiões Hidrológicas Homogêneas para o Período de Fevereiro a Maio (Base de cálculo: 1950-2009). 1219.1 (1974) 576.7 459 658.4 Litoral Norte Litoral Norte 138.1 (1958) 613.3 167.5 (1958) 1522 (1974) 684.3 Litoral do Pécem 768.4 298.5 (1983) 646.2 178.9 (1958) 755.4 579.6 Litoral do Pécem Litoral do Pécem 1128.5 (1974) Litoral de Fortaleza 105.4 (1958) 1501.2 (1974) 579.4 607.5 671.9 892.9 702.3 566.4 205.8 (1993) Litoral de Fortaleza 153.2 (1958) 894.6 (1985) Maciço de Baturité 143.4 (1958) 1417.8 (1974) Litoral de Fortaleza 490.9 532.5 152.5 (1958) 768.9 825.2 813.2 (1985) 527.5 150.8 (1958) 1029.4 (1985) Maciço de Baturité 216.8 (1958) 719.3 Jaguaribana 1357 (1985) Maciço de Baturité 1306.8 (1974) 460.3 639.2 494 655.1 700.7 609.5 204.5 (1983) 1065.7 (1985) Jaguaribana 246.4 (1993) 476.5 Cariri 108.3 (1958) Jaguaribana Máximo Histórico 904.2 (1974) 476.3 574.5 489 1232 (1985) 322.3 724.2 326.5 (1958) 709.5 599.7 Média Histórica 415.3 190.4 (1983) 1245.1 (1985) Cariri 172.1 (1958) Mínimo Histórico Ibiapaba 1184.5 (1985) Cariri Acima da Média 149.5 (1958) 485.2 523.4 636.8 Em Torno da Média Sertão Central e Inhamuns 178.5 (1958) 880.9 335.9 (1998) Abaixo da Média 948.2 (1985) Ibiapaba 0 A fim de proporcionar um pouco mais de detalhe acerca do comportamento dos totais precipitados durante a quadra chuvosa ao longo dos anos, cada uma das categorias (Abaixo, Em Torno e Acima da Média) foi dividida em três partes igualmente prováveis, cujos limites estão identificados como barras verticais tracejadas. Portanto, cada categoria contém duas barras verticais tracejadas, sendo então divididas em três partes. Em torno da Média Figura 3. Categorias das Regiões Hidrológicas Homogêneas para o Período de Março a Maio (Base de cálculo: 1950-2009). Cores dos Mapas