Ondas marítimas e tsunamis Nínive Girardi Administração Manhã [email protected] Nos últimos dez anos foram oito ocorrências graves de tsunamis em todo o mundo. Dessas, duas ocorreram no Japão, a mais recente em março deste ano, desencadeada por um dos maiores terremotos da história. Diante disso, o presente texto tem por objetivo fazer uma comparação entre tsunamis e ondas marítimas, bem com explicar suas causas e seus efeitos devastadores. Além disso, a temática deste artigo resume-se ao fato de que tsunamis podem surgir de forma inesperada, sem permitir que avisos de alerta sejam enviados e gerando uma onda de destruição quando atingem a praia. A palavra tsunami vem do japonês e designa ondas geradas a partir de movimentos sísmicos, ou de vulcanismo em oceanos, mares ou baías. O tsunami é uma onda ou uma série de ondas no oceano que pode atingir locais a centenas de quilômetros de seu ponto de origem e alturas de até 10,5 m. Para entender um tsunami, é necessário, primeiramente, compreender as ondas em geral. O ponto mais alto de uma onda é denominado crista, e o mais baixo é denominado cava. A distância entre a crista e a cava corresponde à altura da onda e o comprimento da onda é medido pela distância horizontal entre duas cristas de onda consecutivas. O tempo necessário para que duas ondas consecutivas cruzem o mesmo ponto equivale ao período da onda. As ondas oceânicas surgem por diversos fatores, entretanto sua origem mais habitual é o vento. “Quando o vento sopra sobre uma superfície lisa de água, as moléculas de ar acabam carregando moléculas de água. O atrito entre o ar e a água comprime a superfície da água, criando ondulações conhecidas como ondas capilares. As ondas capilares se movem em círculos. Este movimento circular da água continua verticalmente debaixo da água, apesar da potência desse movimento diminuir em águas mais profundas.” (Halabrin e Valdes) Conforme a onda se desloca seu tamanho e sua intensidade aumentam. É essencial saber que as ondas não representam o movimento da água, na verdade, ondas representam o movimento de energia através da água. Como o vento é a origem dessa energia, sua intensidade influenciará na velocidade e no tamanho das ondas. Um tsunami difere de uma onda normal devido, principalmente, à sua velocidade, sua origem, seu período e seu tamanho. Enquanto em uma onda gerada pelo vento podem ocorrer períodos de até alguns segundos, em um tsunami esse tempo pode ser de até meiahora. As ocorrências naturais capazes de criar um tsunami são chamadas de eventos geradores de tsunamis. Os terremotos e o vulcanismo são as causas mais comuns, mas os tsunamis ainda podem ser causados por outros eventos menos prováveis, tais como deslizamentos submarinos e vulcões submarinos. A origem mais comum de um tsunami são os terremotos. “Uma desgraça nunca vem sozinha”, após um grande terremoto, sempre vem um tsunami. Os terremotos surgem a partir da movimentação das placas tectônicas ao longo das linhas de falha. Em alguns casos, essa movimentação causa uma subducção, ou seja, uma placa tectônica mais pesada desliza para baixo de outra mais leve. Durante a subducção marinha, devido à pressão da placa mais pesada, a porção do fundo do mar conectada a placa mais leve se rompe para cima, criando um terremoto. O ponto no interior da Terra onde ocorre a ruptura é denominado foco do terremoto, e o epicentro é o ponto no fundo do mar acima do foco. Quando o epicentro se rompe, lança toneladas de rocha para cima, transferindo essa energia para a água e elevando o nível do mar. Isso resulta no surgimento de um tsunami. No momento em que a água é jogada para cima, a gravidade começará a atuar sobre ela, empurrando a energia para fora horizontalmente ao longo de sua superfície. É um efeito similar ao da ondulação quando se joga uma pedra na água, mas no caso do tsunami a energia é gerada de uma força que se move para fora da água. Essa energia movimenta-se para fora do abalo inicial e para o fundo. Conforme Halabrin e Valdes: É a força do abalo sísmico que gera a incrível velocidade do tsunami, que deve ser medida no ponto mais fundo no momento em que o tsunami passa. A velocidade é a raiz quadrada do produto da aceleração da gravidade e da quantidade da profundidade da água ou: t = raiz quadrada de (g x p). Em águas profundas, um tsunami mantém sua alta velocidade e, em águas mais rasas, move-se mais lentamente. Desse modo, a energia motriz de uma onda comum movese na parte superior da água e a de um tsunami move-se através da água. Ao se mover em águas profundas a centenas de quilômetros por hora, um tsunami é quase imperceptível e geralmente não atinge mais de 1m de altura até chegar próximo à costa, onde adquire sua forma mais devastadora. A transformação de um tsunami é iniciada quando este se aproxima da praia, pois a água rasa e a terra costeira atuam comprimindo a energia que se desloca através da água, assim, a aparência e o comportamento do tsunami sofrem uma mudança considerável. Conforme a velocidade da onda diminui, sua altura aumenta devido à energia comprimida que empurra a água para cima e seu comprimento diminui. Os tsunamis podem alcançar cerca de 30 metros acima do nível do mar e diminuir sua velocidade para 50 km/h. O tsunami atinge a praia após a água costeira ser completamente sugada para o seu interior. Na maioria das vezes, a chegada do tsunami na costa é caracterizada por fortes e rápidas inundações, mas pode surgir uma pororoca – uma onda de grande altura e com a frente de espuma –, que é bastante destrutiva pelas fortes inundações que a seguem. Além disso, há basicamente dois tipos de tsunamis: os distantes e os locais. Os distantes são aqueles que atingem a costa após percorrer pelo menos 1000 km de seu ponto de origem. Tais jornadas são feitas com velocidade constante, possibilitando uma previsão exata do momento da chegada do tsunami na terra, o que facilita o trabalho de alerta e de evacuação das cidades. Esse tipo de tsunami tem mais chances de ocorrer no Oceano Pacífico, podendo percorrer o oceano inteiro em menos de um dia. Os tsunamis locais percorrem menos de 100 km de sua área de origem até a costa e são particularmente perigosos, porque atingem a praia em poucos minutos, dificultando o trabalho de alerta. Normalmente, os tsunamis locais surgem a partir de deslizamentos marinhos e ocorrem em portos ou baías. É difícil prever como um tsunami irá se comportar ao atingir a costa. Quando chega à praia, o tsunami pode provocar dois efeitos: o efeito circular ou a seicha. O efeito circular surge quando múltiplos impactos ocorrem em áreas diferentes, gerando diferentes graus de inundação e ocorre ao longo de faixas costeiras de ilhas. A seicha surge quando as ondas se refletem e retornam continuamente das margens de um porto ou baía; é altamente destrutiva e pode amplificar a altura das ondas e aumentar seu período de atividade na área. Há quem diga que, com o aquecimento global, o risco de tsunamis tende a se agravar. Especialistas acreditam que o degelo nos pólos deve fazer a crosta terrestre se movimentar para cima, causando terremotos e, por conseguinte, tsunamis. Infelizmente, os métodos de prevenção ainda não são eficientes: falta mapeamento de possíveis áreas a serem atingidas e há um número limitado de tsunamógrafos – aparelhos medidores da freqüência e do tamanho das ondas. Além disso, a falta de informação piora a tragédia. Em alguns casos, o tsunami se forma rapidamente, impossibilitando o aviso de alerta. Felizmente, há soluções que viabilizam a adaptação das cidades aos tsunamis, como a arquitetura antitsunami, presente nos templos islâmicos da Indonésia que passaram ilesos pelo grande tsunami de 2004. É como diz o ditado, “se não pode vencê-lo, adapte-se a ele”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: HALABRIN, Nathan e VALDES, Robert. Como funcionam os tsunamis. Acesso em novembro de 2011. <http://ciencia.hsw.uol.com.br/tsunami.htm>. LANG, Fernando e VARIALE, Maria Cristina. Propagação das ondas marítimas e dos tsunamis. Acesso em novembro <http://www.if.ufrgs.br/~lang/Textos/Ondas_tsunami.pdf> de 2011.