TREINADORAS: DIRIGIR OUTROS DESAFIOS! JUNHO 2010 FOLHA INFORMATIVA Treinadoras: dirigir outros desafios Olá a todas e todos, Contactos Treinadoras: dirigir outros desafios Rua Thomaz de Mello, 2 – ABC 2770 - 167 Paço de Arcos http://www.mulheresdesporto.org.pt/ treinadoras/index.html Esta é a folha informativa de Junho do projecto Treinadoras: dirigir outros desafios da Associação Portuguesa a Mulher e o Desporto (APMD). Todo o conteúdo está disponível em http:// www.mulheresdesporto.org.pt/treinadoras/index.html. [email protected] Telefone: 214 425 131 Caso não tenha interesse em recebê-la, basta enviar um e-mail para [email protected] TROFÉUS MULHERES DESPORTO ATRIBUÍDOS PELO COMITÉ OLÍMPICO INTERNACIONAL Os troféus Mulheres e Desporto 2010 foram atribuídos a cinco mulheres e um homem: - Troféu do COI, Mundo: Erica Terpstra (Holanda) - Troféu do COI, África: Germaine Manguet (Guiné) - Troféu do COI, América: Leslie McDonald (Canadá) - Troféu do COI, Ásia: Yuko Arimori (Japão) - Troféu do COI, Europa: Grete Waitz (Noruega) Por ocasião da celebração do Dia Olímpico [23 - Troféu do COI, Oceânia: Susan Simcock Junho], o Comité Olímpico Internacional (COI) (Nova Zelândia) atribuiu os troféus Mulheres e Desporto 2010. A cerimónia oficial teve lugar na sede do COI, Poderá obter mais informações aqui: em Lausanne, com a presença do presidente http://www.olympic.org/fr/content/Le-CIO/? Jacques Rogge e de Anita DeFranz, presidente da articleNewsGroup=-1&articleId=92554 Comissão Mulheres e Desporto, além de outros membros do COI e demais pessoas convidadas. ! PÁGINA 1 TREINADORAS: DIRIGIR OUTROS DESAFIOS! JUNHO 2010 ENTREVISTA A ISABEL RIBEIRO DOS SANTOS TREINADORA DE BASQUETEBOL NO ALGUEIRÃO/A.D.E. SINTRA Aos 52 anos, a professora de Educação Física Isabel Ribeiro dos Santos, é actualmente coordenadora e treinadora do Algueirão/ADE Sintra. Treinadora de basquetebol com nível III. Alfacinha de gema, foi em Moçambique que se iniciou no desporto para onde foi viver com os seus pais ainda em tenra idade. Travou conhecimento com uma bola de basquetebol no Liceu D. Ana da Costa Portugal, em Maputo, então Lourenço Marques. De jogadora a treinadora foi apenas uma questão de tempo. APMD - Na sua opinião, qual é o actual Já existiram várias tentativas junto das panorama do basquetebol nacional? entidades, instituições e empresas para que o Desde a década de 70 que acompanho o basquetebol singrasse, mas o retorno é reduzido e, basquetebol e reconheço que evoluímos bastante, por isso, essas apostas têm ficado aquém do senão vejamos: nessa altura não havia escalões de esperado e a seguir acabaram. Para mim, é o que formação, as jovens que queriam iniciar entravam falta. Para arrancar um projecto sólido é necessário directamente no escalão de seniores onde se que as pessoas acreditem nele, tenham paciência misturavam raparigas de 13 anos com outras de 20 para o tornar sólido e sejam capazes de envolver, o u m a i s a n o s . L o g o d e p o i s , o n ú m e r o d e em primeiro lugar, os clubes, as escolas, as câmaras praticantes, principalmente jovens, aumentou municipais e a federação. consideravelmente, talvez devido à vinda de jovens das ex-colónias portuguesas onde a prática desportiva juvenil já era muito comum, principalmente Angola e Moçambique. Hoje existem em Portugal muitos clubes que se d e d i c a m a o b a s q u e te b o l , q u e p a r t i c i p a m regularmente em competições promovidas pela Federação Portuguesa em todos os escalões (sub 13,14,16,18,19,20) bem como nas Ligas Masculina, Feminina, Proliga, 1ª e 2ª Divisões Nacionais para seniores. Como é fácil constatar em 3 décadas demos um salto enorme na quantidade de praticantes da modalidade. Também ao nível da qualidade assistimos a uma enorme alteração, pois como é do conhecimento geral a nossa equipa masculina de seniores atingiu a fase final do Campeonato da Europa competindo lado a lado com selecções como a Espanha, França e outras que são das melhores do mundo. APMD - E das equipas femininas nos seus vários escalões etários? Quanto às equipas femininas é óbvio que também evoluímos. Hoje temos muitas jogadoras de qualidade que jogam ao mais alto nível, como a Ti c h a Pe n i c h e i r o e a Me r y A n d r a d e q u e participaram na WNBA, a melhor Liga Feminina de Basquetebol. No entanto, o trabalho não tem tido a consistência necessária para se afirmar no panorama desportivo nacional. ! APMD - É assim tão difícil? Em primeiro lugar existem razões culturais ou de mentalidade. Eu tenho tido vários exemplos de famílias que deixam os filhos rapazes irem ao seu treino de futebol ou de outra modalidade qualquer, mas não deixam a filha ir treinar porque é perigoso, porque tem de ajudar em casa com os irmãos mais novos ou até porque tem de fazer o jantar para o pai enquanto a mãe está a trabalhar. Em segundo lugar por questões financeiras dos clubes. Quando se só se pode ter um escalão, ou uma equipa, é mais usual que seja direccionada para rapazes e não para raparigas. Defendo há muitos anos que os escalões femininos de basquetebol só podem singrar quando a formação se iniciar na escola com o apoio das entidades educativas, pois aí tudo é mais fácil. As raparigas estão na escola, não têm que se deslocar para outros locais, estão normalmente enquadradas por docentes ou treinadores/as e estão perto de casa, junto de pessoas que os pais reconhecem. A partir de um determinado nível quando são mais autónomas com maior compromisso com a modalidade, e até com envolvimento dos pais, devem passar para o clube onde poderão dar continuidade à sua preparação desportiva para o rendimento. Este sistema é mais consistente, envolve mais as pessoas e prende-as ao desporto. PÁGINA 2 TREINADORAS: DIRIGIR OUTROS DESAFIOS! JUNHO 2010 Relativamente à federação tem havido algumas tentativas no sentido de dar um empurrão mas são muito pouco consistentes. Nos últimos anos, têm existido pessoas na federação preocupadas com o nível do feminino e que conseguiram avançar com alguns projectos idênticos aos do masculino. Estou a falar das selecções jovens e da sua participação nos Campeonatos da Europa, bem como dos centros de treino. Mas foi sempre por arrasto. Como se queria fazer para o masculino então também seria melhor para o feminino. Isto é, não é pensado particularmente para o feminino, mas sim porque fica bem. O investimento que a federação faz em ambos é desigual. Penso que num país com poucos recursos económicos como o nosso, o Desporto Escolar devia ser a aposta. Senão vejamos: é na escola que estão todos os jovens (hoje a escolaridade é obrigatória até aos 15 anos); é na escola que estão os profissionais que estão habilitados para dar início ao processo de treino nas primeiras etapas de iniciação e preparação desportiva; é também na escola que as crianças e jovens passam a maior parte do tempo e as famílias ficam descansadas relativamente à segurança dos seus filhos. E é também na escola que temos os recursos materiais necessários ao treino (pavilhão desportivo, bolas, balneários etc.). O desporto no feminino é recente e, por isso, desde há muitos anos a minha convicção é que se a aposta fosse séria, neste momento teríamos um outro nível. Por exemplo, há mais jogadoras a jogar no estrangeiro em equipas boas do que jogadores, para não falar outra vez da Ticha e da Mery. Depois de ultrapassadas estas etapas qualquer jovem poderá dar continuidade ao seu trabalho quer na via da recreação, quer na via do rendimento. Se a sua escolha for o rendimento, poderia dirigir-se ao clube com a sua modalidade e aí prosseguir o seu desenvolvimento como atleta. Se essa aposta ocorresse, se o investimento fosse sério, os resultados apareceriam e provavelmente ganharíamos uma imagem diferente junto das pessoas, junto das instituições e empresas de modo a podermos promover as nossas competições, as nossas equipas e, consequentemente, as jogadoras, tornando o basquetebol uma modalidade atraente e acessível a todas as jovens. APMD - Lecciona e treina em Algueirão/ Sintra, uma zona urbana onde residem muitos jovens de diferentes origens étnicas e culturais. Considera que o basquetebol, ou desporto em geral, pode desempenhar um papel importante na inclusão social destes jovens, nomeadamente das raparigas? APMD - Como professora e treinadora com muitos anos de experiência tem um conhecimento profundo das realidades do desporto na escola e do desporto federado. Como avalia o desporto na escola nas últimas duas décadas? Como definiria as relações entre o desporto na escola e o desporto federado? De que forma se poderia potencializar mais esta relação? Já referi antes que o Desporto Escolar devia ter mais prática desportiva juvenil. Se a federação deveria dar mais atenção ao basquetebol juvenil, o que dizer da Escola?! A única resposta a essa pergunta é a satisfação de ter uma equipa no escalão de seniores. Estamos a falar de raparigas com cerca de 20 anos, quase todas estão a estudar em faculdades e as que não seguiram essa via fizeram a sua formação profissional e já trabalham. Algumas destas jovens eram alunas com problemas disciplinares e outras com dificuldades de aprendizagem. Hoje é reconhecido por toda a comunidade escolar que se tornaram mulheres autónomas e responsáveis. O reconhecimento é tal por parte da escola que hoje a formação de turmas contempla essa vertente. Isto é, as alunas que iniciam um processo de treino no desporto escolar quando frequentam os 5º e 6º anos de escolaridade, ao passarem para o 7º ano são colocadas na mesma turma para poderem integrar o horário de treino dentro do seu horário curricular. Desde 1979 que tenho equipas de desporto escolar e nada mudou. O investimento é quase nulo. Aparecem mais escolas a disputar os torneios, mas é resultado da alteração que o país vive no seu dia-a-dia, isto é, existe maior conhecimento e APMD - A Isabel sempre se dedicou mais maior divulgação, mais professores, mais condições aos escalões de formação. Na sua opinião, na escola do que há 30 anos. Mas o investimento quais as principais competências que um/a não aumentou. ! PÁGINA 3 TREINADORAS: DIRIGIR OUTROS DESAFIOS! JUNHO 2010 treinador/a deve desenvolver para liderar Devemos também estar sempre atento aos sinais jovens e ter impacto positivo na sua vida? que nos dão as/os jovens que treinamos, no sentido Ser autêntica. Ser verdadeira. Aquilo que quero de ir ao encontro das melhores respostas para o trabalho que desenvolvemos. para mim é o que eu quero para elas. Ser organizada e concreta. Ter a capacidade de ser clara na mensagem que queremos transmitir. APMD - De certo que já fez vários balanços da sua carreira como treinadora. O Ser exigente e disciplinada. Quero amanhã ser melhor que hoje mas preparar-me para ser melhor que se propõe realizar no futuro próximo? ainda no futuro. Aquilo que eu mais a spiro é poder ser profissional na área do treino. Ao longo da minha vida tenho enquadrado muitos projectos no A P M D - Q u e c o n s e l h o s d a r i a a basquetebol ao mesmo tempo que dou aulas de treinadores e treinadoras que estão em início Educação Física. Esta situação não me permite de carreira? estar completamente sintonizada com a tarefa do Que se apaixonem por aquilo que fazem, treino. O treino para mim não é só aquele porque depois vem o resto. O conhecimento e a momento em que estou no campo com a equipa. É sua aplicação prática vêm com a experimentação e muito mais que isso. É preciso analisar, pesquisar, com a dedicação consciente ao longo dos anos. conversar com as/os atletas, fazer trabalho Agora, a paixão e a entrega ao trabalho vêm de um individual de acordo com as suas características. sentimento que não se adquire em nenhum curso Também é preciso dar uma olhada sobre o que se ou acção. Vem de dentro de nós. faz lá fora, é preciso frequentar Clinics ou outras Como se treina isto? Não sei. Acho que se deve conferências para se estar actualizada. Enfim, são reflectir ao longo da carreira, conversar com muitas as vertentes do treino e se não sou colegas mais experientes ou da nossa geração, e profissional, fica apenas a vontade. Mas espero um procurar encontrar os motivos para ser melhor. dia, ainda, poder abraçar um projecto assim. CARTA OLÍMPICA EM PORTUGUÊS Já se encontra disponível no sítio internet do Comité Olímpico de Portugal (www.comiteolimpicoportugal.pt) a versão em português da Carta Olímpica. A Carta Olímpica é a codificação dos princípios fundamentais do olimpismo, das regras e dos textos de aplicação adoptados pelo Comité Olímpico Internacional (COI). Relembra-se que um dos princípios fundamentais da Carta Olímpica Carta Olímpica em Português (©COP) estabelece que «toda a forma de discriminação relativamente a um país ou a uma pessoa com base na raça, religião, política, sexo ou outra, é incompatível com a pertença ao Movimento Olímpico», e que uma das missões atribuídas ao COI visa «estimular e apoiar a promoção das mulheres no desporto, a todos os níveis e em todas as estruturas, com vista à aplicação do princípio da igualdade entre homens e mulheres». SELECÇÃO DE FUTEBOL SUB-19 MÓNICA JORGE PREPARA NOVA ÉPOCA Mónica Jorge divulgou a pré-convocatória para o primeiro estágio das Sub-19 lusas (©FPARAISO) ! Mónica Jorge, seleccionadora nacional de futebol, divulgou os nomes das atletas que irão integrar o primeiro estágio de sub-19. Segundo notícia difundida no sítio da Federação Portuguesa de Futebol, a pré-convocatória para este primeiro estágio da selecção nacional sub-19 é composta por 50 jogadoras, das quais 36 são agora chamadas para integrar o grupo de trabalho. Os trabalhos têm em vista o 1.º Torneio de Apuramento para o Campeonato da Europa que se irá realizar entre os dias 26 e 29 de Julho, em Rio Maior. PÁGINA 4 TREINADORAS: DIRIGIR OUTROS DESAFIOS! JUNHO 2010 CARLA COUTO ULTRAPASSA LUÍS FIGO Carla Couto, jogadora da Selecção Nacional feminina de futebol, é, desde o passado dia 23 de Junho, o mais internacional de todos os praticantes nacionais da modalidade. Ao alinhar de início no jogo que Portugal realizou com sua congénere da Eslovénia, a avançada portuguesa completou 128 jogos com a camisola das cores nacionais e o emblema da Federação Portuguesa de Futebol ao peito, ultrapassando Luís Figo que era até então o detentor da marca, com 127 internacionalizações. No encontro com as eslovenas, realizado no Cartaxo, de apuramento para o próximo Campeonato do Mundo, a disputar na Alemanha em 2011, Portugal venceu por 1-0. Quatro dias antes, a 19 de Junho, a equipa nacional, comandada por Mónica Jorge, havia sido derrotada por 4-1 pela Finlândia. Com estes dois resultados a fechar a fase de qualificação, Portugal garantiu 9 pontos, o melhor resultado em fases de apuramento para Mundiais, quedando-se na terceira posição do seu grupo (F), atrás de O sítio internet da Federação Itália (22 pts) e Finlândia (16 pts), mas à frente de Eslovénia (6 pts) e Portuguesa de Futebol (FPF), onde Arménia (0 pts). Carla Couto ultrapassou a marca de Luís Figo (©FPF) estão contabilizadas as internacionalizações de jogadores, apresenta informação incorrecta. A referência sobre a lista dos mais internacionais que diz ser «encabeçada por dois dos mais carismáticos jogadores portugueses, Fernando Couto e Luís Figo, que juntos somam mais de 235 jogos pela equipa de todos nós» não está correcta. De facto, como pode ver no quadro ao lado, a lista é encabeçada por Carla Couto, jogadora da Sociedade União 1º de Dezembro, com 128 internacionalizações, mais uma que o emblemático Luís Figo (127). No quadro de honra até ao 10º lugar está também Paula Cristina, igualmente do 1º de Dezembro, que atingiu a 100ª internacionalização e está na dianteira de Rui Costa, Pauleta ou Simão Sabrosa. Lugar Nome Clube actual N.º Jogos 1º Carla Couto 1º Dezembro 128 2º Figo Retirado 127 3º Fernando Couto Retirado 110 4º Paula Cristina Santos 1º Dezembro 100 5º Rui Costa Retirado 94 6º Pauleta Retirado 88 7º Simão Sabrosa Atlético Madrid 85 8º João Vieira Pinto Retirado 81 9º Vítor Baía Retirado 80 10º Ricardo Bétis Sevilha 79 PAULA CRISTINA CENTENÁRIA Paula Cristina homenageada pela sua 100ª internacionalização (©FPF) ! No mesmo encontro da Selecção Nacional feminina de futebol frente à Eslovénia, a capitã da selecção nacional, Paula Cristina, que acaba de se transferir do Gatões FC para a Sociedade União 1ª Dezembro, alcançou a fasquia histórica da centena de internacionalizações, passando Rui Costa, Pauleta e Simão Sabrosa. PÁGINA 5