A estrutura do artigo científico e outros O que é um artigo científico? “Artigo científico é parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento.” (ABNT. NBR 6022, 2003, p. 2) Para Lakatos e Marconi (1991) os artigos científicos têm as seguintes características: a) não se constituem em matéria de um livro; b)são publicados em revistas ou periódicos especializados; c)permitem ao leitor, por serem completos, repetir a experiência. Tal como em uma monografia, o papel de um artigo científico, fundamentalmente, deriva do próprio gênero do mesmo. Via de regra, podemos dividir os artigos em três gêneros: a) Artigo de revisão bibliográfica - Tal como o nome já indica, artigos científicos deste tipo são elaborados a partir da análise de referenciais teóricos ou fontes bibliográficas. Sua função principal é, partindo-se da síntese e da estruturação conceitual, ampliar o entendimento sobre o tema. Nas universidades, tais artigos científicos muitas vezes servem para ampliar a familiaridade do aluno com o conhecimento científico. b) Artigos originais - A principal diferença é que, apesar de também se apoiarem em fontes bibliográficas, seu papel principal é destacar os resultados de uma pesquisa prática realizada pelo autor ou pelo grupo de trabalho deste. As diferenças residem na metodologia de elaboração, que foge do universo da leitura para a vida prática real. c) Artigos de divulgação - Os artigos científicos de divulgação, como o próprio nome indica, servem para comunicar ao público alvo algo que seja do interesse do autor. Estes não são muito comuns nos cursos de graduação e pós-graduação. A partir dessas diferenças conceituais, pode-se ter uma idéia da complexidade do trabalho exigido, de modo que, desta forma, um artigo científico pode não ser mais simples ou fácil que uma monografia ou um TCC sobre o mesmo tema. Diferença entre artigo científico e monografia Uma das principais diferenças entre monografias e artigos científicos é a concisão de linguagem a ser utilizada neste último. Um artigo tem uma extensão menor que uma monografia sobre o mesmo tema, devendo, por isso, ser mais sintético. Em uma pesquisa monográfica o autor pode divagar mais e esmiuçar melhor o assunto, mas este não é o papel do artigo. Aqui reside uma das principais dificuldades do artigo científico: como fazer caber, muitas vezes em poucas páginas, as idéias originais do autor? Como ele poderá abordar o necessário em tão pouco espaço? Da mesma forma, essa diferença ensina, ao autor, a como ser preciso cientificamente, como selecionar com mais base sua bibliografia de pesquisa, como avaliar melhor os dados coletados, entre outros aspectos. E é exatamente por isso que é cada vez maior o número de instituições de ensino que solicitam a seus alunos a entrega de artigos científicos e não uma monografia ou um TCC no final do curso, já que a correção é facilitada pelo menor texto, que deverá ser muito mais rico e objetivo que em um material monográfico. Por sua natureza, a redação de um artigo científico pode ser precedida pela entrega de um projeto de pesquisa, que servirá para delimitar anteriormente as bases fundamentais da pesquisa a ser realizada e entregue quando da elaboração do artigo científico. Estrutura do artigo O artigo científico tem a mesma estrutura dos demais trabalhos científicos: Pré-textual Textual Pós-textual Elementos pré-textuais a) O título e subtítulo (se houver) devem figurar na página de abertura do artigo, na língua do texto; b) A autoria: Nome completo do(s) autor(es) na forma direta; c) O currículo: incluindo endereço (e-mail) para contato, deve aparecer em nota de rodapé; d) Resumo na língua do texto: O resumo deve apresentar de forma concisa, os objetivos, a metodologia e os resultados alcançados, não ultrapassando 250 palavras. Não deve conter citações “Deve ser constituído de uma seqüência de frases concisas e não de uma simples enumeração de tópicos. Deve-se usar o verbona voz ativa e na terceira pessoa do singular” ativa”. (ABNT. NBR-6028, 2003, p. 2); Os elementos pré-textuais devem figurar na primeira folha do artigo. e) palavras-chave na língua do texto: elemento obrigatório, devem figurar abaixo do resumo,antecedidas da expressão: ‘Palavraschave’ separadas entre si por ponto, conforme a NBR 6028, 2003, p. 2. OBS: A maioria das revistas científicas pedem o Resumo e as palavras chaves em uma língua estrangeira (inglês) chamado ‘ABSTRACT’. Elementos textuais 1. Introdução Na introdução deve-se expor a finalidade e os objetivos do trabalho de modo que o leitor tenha uma visão geral do tema abordado. De modo geral, a introdução deve apresentar: a)o assunto objeto de estudo; b) O ponto de vista sob o qual o assunto foi abordado; c) Trabalhos anteriores que abordam o mesmo tema; d) As justificativas que levaram a escolha do tema, o problema de pesquisa, a hipótese de estudo, o objetivo pretendido, o método proposto, a razão de escolha do método e principais resultados. 2. Desenvolvimento Parte principal e mais extensa do trabalho, deve apresentar a fundamentação teórica , a metodologia, os resultados e a discussão. Divide-se em seções e subseções conforme a NBR 6024, 2003. 3. Conclusões: a) As conclusões devem responder às questões da pesquisa, correspondentes aos objetivos e hipóteses; b) devem ser breve podendo apresentar recomendações e sugestões para trabalhos futuros; c) para artigos de revisão deve-se excluir material, método e resultados. Elementos Pós-Textuais a) Referências: Elemento obrigatório, constitui uma lista ordenada dos documentos efetivamente As referências devem ser alinhadas somente à margem esquerda. b) Apêndices/Anexos: Elemento opcional. “Texto ou documento elaborado pelo autor a fim de complementar o texto principal.” (NBR 14724, 2002, p. 2); São identificados por letras maiúsculas consecutivas Ex: APÊNDICE A – ANEXO A – c) As Ilustrações As ilustrações (quadros, figuras, fotos etc), devem ter uma numeração seqüencial. Sua identificação aparece na parte inferior, precedida da palavra designativa, seguida de seu número de ordem de ocorrência do texto, em algarismos arábicos, do respectivo título, a ilustração deve figurar o mais próximo possível do texto a que se refere. (ABNT. NBR 6022, 2003, p. 5). Fonte: Conforme a NBR 14724, 2002, deve-se usar a fonte 12 para o texto e para as referências. Para as citações longas, notas de rodapé, paginação, legendas das ilustrações e tabelas, usar tamanho menor (de preferência 10) Páginas Conforme a mesma norma, os artigos científicos devem conter entre 10 a 20 páginas sem contar as referências. As revistas especializadas tem o direito reservado de organizar este critério não fugindo do padrão mínimo. Dicas para escrever artigos 1. Escrever o título em 15 palavras que descrevam o conteúdo do artigo de forma clara, exata e concisa. Evitar subtítulos, siglas, títulos telegráficos e inespecíficos, superexplicações, etc. Deve ser atraente: chamar a atenção. Esta é a diferença entre seu artigo científico ser lido ou não. 2. Incluir um resumo estruturado que, entre 150 e 300 palavras, identifique de forma rápida e exata o conteúdo básico do artigo científico. Deve conter ao menos: objetivo, desenho, contexto (localização e nível do atendimento), metodologia, descrição e análise dos dados, resultados e conclusões. 3. Na Introdução do artigo científico, você deverá explicar o problema geral, o de pesquisa, o que outros escreveram sobre o mesmo e os objetivos e hipóteses do estudo. 4. Em Metodologia, cabe a descrição do desenho da pesquisa adotada e explicar como se levou à prática, justificando a eleição de métodos e técnicas de forma tal que um leitor competente possa repetir o estudo. Apresentar a descrição segundo a seqüência que seguiu a pesquisa: desenho, população e amostra, variáveis, coleta de dados, análises, etc. 5. Apresentar os resultados do estudo mencionando os achados relevantes (inclusive os contrários à hipótese), incluindo detalhes suficientes para justificar as conclusões. Utilizar o meio de apresentação mais adequado do artigo científico, claro e econômico: preferivelmente o texto (em tempo passado), tabelas e gráficos (autoexplicativos) e ilustrações (somente as essenciais). 6. Na discussão mostrar as relações entre os fatos observados Explicar o significado dos resultados, extrair inferências válidas, similitudes e diferenças com os resultados de outros autores, sugerir linhas de investigação, etc. Estabelecer conclusões inferindo ou deduzindo uma verdade, respondendo à pergunta de pesquisa proposta na introdução. A escolha da bibliografia O artigo científico não é uma pesquisa escolar, na qual dedicamos a recolher em um trabalho as diversas fontes bibliográficas. O artigo propõem um aprofundamento sobre as fontes pesquisados. Através da bibliografia pertinente ao tema, o autor deverá chegar a inferências e conclusões importante e que contribuam em seu meio acadêmico e inspire outros a continuarem os seus estudos. A escolha da bibliografia pertinente sobre o tema já faz parte do trabalho do pesquisador. Ele deve ser capaz de buscar em diversos canais acadêmicos as mais recentes produções científicas sobre a sua temática e articular as diversas ideias e seus autores para considerações pertinente as suas perguntas. Pode-se inferir três tipos de fontes bibliográficas, de acordo com o conhecimento que se tenha sobre o tema de TCC, de monografias e ou artigos: as fontes primárias, as secundárias e as terciárias. As fontes primárias As fontes bibliográficas primárias, também chamadas originais, são as escritas pelos autores das pesquisas realizadas. Elas são a primeira fonte da informação. Como exemplos há os artigos cientificos provenientes de revistas indexadas, livros, congressos, entre outros. As fontes secundárias As bibliografias secundárias são aquelas que se serviram das fontes primárias para sua construção e, desta forma, permitem a coleta das bibliografias primárias. Vale frisar que este é o gênero mais comum de fonte de pesquisa bibliográfica em monografias, artigos e TCC. Nosso próprio trabalho de elaboração monográfica é uma fonte bibliográfica secundária. Assim, quando você for buscar em uma monografia escrita por outra pessoa as bibliografias que ela utilizou, estará usando uma fonte secundária Fontes terciárias As fontes terciárias via de regra nem poderiam ser chamadas de fontes bibliográficas, já que muitas vezes não se trata de papel. Se você não consegue localizar bibliografias primárias ou secundárias, precisará buscar alguma fonte que indique estas para sua posterior consulta, ela pode ser uma biblioteca, seu professor, uma instituição de pesquisa, etc Revisão bibliográfica Uma monografia, um TCC ou artigo de revisão bibliográfica tem como premissa não aportar uma pesquisa original, quer dizer, com dados novos, mas é a de verificar, comparar, analisar as informações contidas nas bibliografias selecionadas de acordo com o tema monográfico. Outra denominação para os trabalhos de revisão bibliográfica é a de trabalhos de pesquisa teórica A revisão bibliográfica, desta feita, seria a releitura e a reanálise das bibliografias com seus resultados, suas metodologias, suas abordagens e conclusões sobre o tema da monografia. O aluno, ao realizar seu processo de revisão, estará fazendo uma monografia, em que ele aponta um problema de pesquisa e avalia, com este olhar, os dados e informações de autores renomados e próprios para levantar e classificar o que estas fontes bibliográficas apontam. A pesquisa bibliográfica precisa se certificar de que pode responder aos questionamentos abaixo elencados: a) O problema monográfico da pesquisa conta com teorias e hipóteses suficientemente fundamentadas e com significativa produção bibliográfica? b) Existem teorias conflitantes? Díspares? Variantes? c) Há pesquisas importantes em andamento? d) Ainda não estão disponíveis fontes confiáveis de bibliografias para a construção da revisão bibliográfica sobre o tema da monografia escolhido? Tipos de revisão de bibliografia a) Descritiva - ocorre sempre que o autor tem como meta a medição e a determinação dos elementos mais concretos do problema avaliado. b) Correlacional - esta classe correlaciona mais de uma variável. Sempre comparativa, estabelece uma medida entre um elemento e outro e seus pesos e balanços. Podem ser duas, três ou diversas variáveis. Obviamente, quanto mais variáveis, mais a revisão bibliográfica será capaz de explicar o problema. c) Exploratória - é aquela realizada quando o tema monografico não apresenta muitas bibliografias. Assim, o autor do TCC ou do artigo cientifico precisará coletar o máximo de informações, por vezes pouco especializadas, sobre a temática. d) Causal - também denominada explicativa, em que o trabalho monográfico tem como justificativa de monografias encontrar as razões e os motivos da ocorrência da situaçãoproblema Geralmente, este tipo de revisão bibliográfica precisa ser mais estruturado que os demais. Diretrizes para fazer um trabalho bibliográfico - Buscamos nossas bibliografias em fontes confiáveis? - Procuramos no mínimo 5 revistas indexadas? - Utilizamos bibliografias com no máximo 10 anos de idade? - Procuramos outras monografias, tcc e dissertações de mestrado, ou mesmo teses de doutorado como fontes de pesquisa? - Conversamos ou consultamos pelo menos dois especialistas na área de nossa pesquisa teórica? - Contamos com o apoio de nosso orientador de monografias? - Entramos em contato com fóruns e centros de estudo para procurar bibliografias mais atuais e relevantes em andamento? - Quais são os autores mais relevantes e destacados relacionados ao tema monografico? Quais os pontos fundamentais para o desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica a) Determinar as perguntas da pesquisa Em uma monografia, artigo ou em um TCC de revisão teórica, os elementos da pesquisa precisam ser claramente demarcados logo no início. Assim, deve-se determinar as perguntas da pesquisa, o objeto escolhido e a situaçãoproblema b) Escolher a Metodologia de Seleção O aluno terá que fazer uma escolha importante: como escolher as fontes bibliográficas necessárias? O sucesso ou fracasso de sua revisão dependerá em larga escala desta escolha, já que mesmo que ele seja capaz de fazer uma revisão crítica de qualidade, se não contar com boas bibliografias seu trabalho terá sido em vão. Assim, precisará determinar quantos autores, quais autores, onde fará a busca, com que contexto. c) Construir filtros O aluno precisará filtrar as bibliografias existentes sobre seu tema de monografias, para que não seja engolido pelo excesso de informação, que ao contrário do que se pensa, poderá fazê-lo desviar-se dos objetivos escolhidos. d) Comparar e analisar as bibliografias Este é o objetivo primordial de uma revisão bibliográfica. O aluno precisará escolher o melhor enfoque para sua pesquisa monografica teórica. Por exemplo: entre bibliografias com resultados discrepantes, qual escolherá para basear seu trabalho de conclusão de curso? Ele seria capaz de identificar as razões pelas quais os autores das bibliografias comparadas encontraram resultados distintos? e) Fazer suas conclusões Aqui o aluno terá o seu trabalho final, ao escrever suas conclusões. Ele precisará apontar as razões que o levaram a concluir sua monografia ou seu TCC de uma forma e não de outra. É quase uma segunda justificativa de pesquisa. Outros trabalhos científicos Monografias, Dissertações e Teses Monografias • Geralmente exigido na graduação e nos cursos de especialização; • Deve ser coordenador por um orientador; • É o resultado de um trabalho científico de um tema. Sistematiza o resultado das leituras, observações, críticas e reflexões feitas pelo aluno; • A elaboração varia de acordo com a finalidade e a função a que se destina; • Os elementos essenciais que devem figurar em um trabalho monográfico segundo a ABNT são: ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS Elementos que antecedem o conteúdo do trabalho e o identificam. Podem ser obrigatórios ou opcionais. CAPA (obrigatório) FOLHA DE ROSTO (obrigatório) ERRATA (opcional) FOLHA DE APROVAÇÃO (obrigatório) DEDICATÓRIA (opcional) AGRADECIMENTOS (opcional) EPÍGRAFE (opcional) RESUMO EM LÍNGUA VERNÁCULA (obrigatório) RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA (obrigatório) LISTAS (opcional) SUMÁRIO (obrigatório) ELEMENTOS TEXTUAIS • Apresentam os resultados do estudo realizado; • As divisões dos elementos textuais ficam a critério do autor com o orientador. • Genericamente, temos introdução, desenvolvimento e conclusão que podem receber outros nomes de acordo com o objetivo do trabalho; ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS Complementam o trabalho monográfico. Também estão divididos entre obrigatórios e opcionais: REFERÊNCIAS (obrigatório) GLOSSÁRIO (opcional) APENDICE (opcional) ANEXO (opcional) ÍNDICE (obrigatório) DISSERTAÇÃO DE MESTRADO É um trabalho acadêmico exigido ao final do curso de pós-graduação stricto sensu; Antes de elaborar uma dissertação os alunos fazem o projeto. O projeto deve delimitar com o máximo de clareza e previsão, o objeto da pesquisa, sua problematicidade, a contribuição que a pesquisa tratará para área de conhecimento, as hipóteses que irá defender, os objetivos alcançados, as referências teóricas, os procedimentos metodológicos e técnicos utilizados, o cronograma de execução e as fontes documentais em que se baseará a investigação. O resultado final: constituído pelo desenvolvimento do raciocínio lógico, deve comprovar a hipótese como solução para o problema proposto. Composta pelos mesmo elementos essenciais do trabalho monográfico. TESE DE DOUTORADO • Requer exposição, explicação do material coletado, análise e interpretação dos dados; • São apresentadas com duas finalidades: Obtenção do título de Doutor e a livredocência; • Diferenças entre a Dissertação de mestrado e a Tese de doutorado: Na tese de doutorado espera-se uma contribuição original a respeito do tema pesquisado, representando um avanço na área. Já a dissertação de mestrado, como um trabalho ainda vinculado a uma fase de formação científica é a primeira manifestação de trabalho pessoal sistemático de pesquisa. Os elementos essenciais são os mesmos, sendo que na tese de doutorado é exigido um resumo com duas línguas estrangeiras no mínimo. “Se eu soubesse o que eu estava fazendo, não seria chamada pesquisa.” (Albert Einstein)