A Disciplina HIDROGEOLOGIA Apresenta CAPÍTULO 05 Parâmetros Hidrogeológicos Fundamentais Prof. Milton Matta Introdução O Principal objetivo deste capítulo é mostrar um conjunto de parâmetros hidrogeológicos importantes para o estudo das águas subterrâneas e para o entendimento dos processos associados aos fluxos em meios porosos. Durante o restante do curso serão mencionados alguns termos que necessitam de definição prévia 1-BOCA DO POÇO 2- NÍVEL ESTÁTICO É A PORÇÃO DO TUBO DE REVESTIMENTO DO POÇO QUE FICA ACIMA DA SUPERFÍCIE DO TERRENO. NORMALMENTE MEDEM ENTRE 0,50 m a 1,0 m. O NÍVEL ESTÁTICO (NE) É O NÍVEL DA ÁGUA NO AQUÍFERO, MEDIDO EM REPOUSO, OU SEJA, SEM BOMBEAMENTO. REPRESENTA A DISTÂNCIA ENTRE A BOCA DO POÇO E A SUPERFÍCIE DA ÁGUA DENTRO DO POÇO 3-NÍVEL DINÂMICO 5- CONE DE REBAIXAMENTO É a superfície formada pela água dentro da formação, nas proximidades de um poço, quando este é submetido a um bombeamento Figura 01 Bombeamento de um poço e seus elementos O Nível Dinâmico (ND) é o nível medido após iniciado o bombeamento do poço e representa a distância entre a boca do poço e a superfície da água no poço, durante o bombeamento, ou quando o po;ço está em recuperação. A Recuperação se dá a partir do instante em que é desligada a bomba e o nível da água tende a voltar para a posição do NE antes do bombeamento. 4- REBAIXAMENTO O Rebaixamento (s – quando dentro da formação aqüífera e Sw, quando medido dentro do próprio poço bombeado) é a diferença entre o nível estático e o nível dinâmico. Figura 02 Principais elementos dos poços tubulares 6- Porosidade – Coeficiente de Porosidade Total (μ) A porosidade de uma formação geológica é dada pela relação entre o volume de vazios e o volume total de uma amostra. É expressa pela seguinte equação: μ = 100 (Vv / Vt ) Sendo: Vv Vt = Volume de vazios = Volume total 7- Porosidade Efetiva ou Específica (Sy) A porosidade efetiva é a relação entre o volume de água drenado por gravidade e o volume total de uma amostra totalmente saturada. Esta porosidade é a que interessa para o hidrogeólogo pois ela é utilizada para os cálculos de volumes armazenados que podem ser aproveitados por bombeamento. Sy = 100 (Ve / Vt ) Ve = Volume de água livre Vt = Volume total Figura 02 – Esquema da Porosidade Efetiva Valores Médios de Porosidade Total Valores Médios de Porosidade Efetiva Rochas ígneas e metamórficas 2–5% Rochas ígneas e metamórficas fraturadas Rochas ígneas e metamórficas fraturadas e/ou alteradas e basaltos aqüíferos 5 – 10 % 30 – 40 % Basaltos aqüíferos 1 – 12 % Rochas sedimentares 5 – 18 % Arenitos 10 – 50 % Calcários fraturados 1 – 25 % Cascalhos e areias 25 – 60 % Sedimentos arenosos 7 – 27 % Argilas 1–2% 8- Retenção Específica (Sr) Se refere à relação entre o volume de água retido na formação por forças de tensão superficial e capilaridade, contra a ação da gravidade (Vr) e o volume total do material (Vt). É expressa pela seguinte equação: Sr = 100 (Vr / Vt ) A porosidade total é a soma da porosidade específica com a retenção específica: μ = Sy + Sr 9- Grau de Saturação (Sw) Se refere à relação entre o volume de água contido na amostra e o volume total de vazios (Vv) Sw = 100 (Vw / Vv ) 10- Teor de Umidade (θ) Exprime o volume de água retido numa amostra de material geológico não saturado (Vr) em relação ao seu volume total (Vt) θ = 100 (Vr / Vt ) 11- Potenciais Hidráulicos (gh) Se refere a cota do nível da água em aqüíferos livres 12 – Cargas Hidráulicas (h) Se refere a cota da coluna de água medida através de um piezômetro, em aqüífero confinado. De uma maneira simplificada, a carga hidráulica (h) em um ponto qualquer em um meio fluido, pode ser dada pela soma da cota do ponto (z) e a pressão do fluido ( Ψ ). Como o peso específico da água é igual a 1, pode-se escrever: h=Z+Ψ Figura 03 – Esquema da Carga Hidráulica 13 – Transmissividade (T) e 14- Condutividade Hidráulica (K) Medem a facilidade com que um fluido atravessa um meio poroso. É um parâmetro muito importante na definição da capacidade de produção de um aqüífero, pois indicará a maior ou menor dificuldade do deslocamento da água em um meio saturado. K = descarga que atravessa uma seção de área unitária, sob um gradiente hidráulico unitário. T = descarga que atravessa uma seção de largura unitária e de altura igual a espessura do aqüífero, sob um gradiente hidráulico unitário. T = Kb Onde b = espessura do aqüífero Figura 04 – Esquema de definição da Transmissividade e da Condutividade Hidráulica. 14 – Condutividade Hidráulica (K) 13 – Transmissividade (T) 15 - LEI DE DARCY Darcy (1856) determinou experimentalmente que a descarga (Q) que atravessa um meio poroso é diretamente proporcional à diferença de carga hidráulica (h2 – h1) e à área da seção (A) atravessada pelo fluxo, e é inversamente proporcional à distância percorrida (L) : Figura 05 - Esquema da Experiência de Darcy Figura 06 - Esquema da Experiência de Darcy e seus parâmetros Q α h2 – h1 QαA Q α 1/L Lei de Darcy Q = -K A (dh/dL) (dh/dL) = i gradiente hidráulico Lei de Darcy Q = -K A (dh/dL) O sinal negativo indica que o fluxo se verifica no sentido do valor h1 (maior) para o valor h2 (menor). A equação de Darcy pode ser reescrita para K: dimensões: Lei de Darcy Q = L3 /T K = Q/A (dh/dL) A = L2 i = L/L Q = KAi Portanto: K: L/T (velocidade) No meio técnico as unidades usadas para K são: cm/s ou m/dia Dimensões: K = m/dia T = Kb b=m T = m2/dia 16 – Permeabilidade Intrínseca (k) Propriedade que só depende do meio. É função do tamanho dos poros através dos quais o fluido se move. K=C (D50)2 C = constante que descreve os efeitos das formas dos poros D = diâmetro médio dimensões: de k : m2 Unidade comum = milidarcy = 9.87 x 10-6 cm2 (α 10 –5 cm2) 17 – Descarga Específica (q) Chamada de velocidade de Darcy (v): é a descarga de fluido Q = L3 /T que passa por uma unidade de área A = L2 q=Q/A A hidráulica ensina que a descarga de um fluido por um conduto é o produto da velocidade (v) pela área (A) Q = v.A Lei de Darcy: Q =K A i , então : v = Ki Como a área inclui vazios e sólidos, essa velocidade é aparente ! 18 – Velocidade Real (Vr) Chamada de velocidade linear média ou velocidade de percolação. A velocidade real pode ser determinada experimentalmente por meio de um traçador (ex.: corante químico). 19 – Elementos dos Aqüíferos Livres Um acréscimo de rebaixamento no poço (superfície úmida) devido a perdas de carga associadas a redução de espessura e componentes de fluxo vertical 20 – Elementos dos Aqüíferos Confinados