O Mundo
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O ESTADO DO MARANHÃO - SÃO LUÍS, 30 de agosto de 2011 - Terça-feira
O ministro de Finanças japonês, Yoshihiko
Noda, foi eleito ontem presidente do
Partido Democrático do Japão (PDJ), o que
o transformará no novo premiê do país.
Argélia deveria extraditar
família do ditador Kadhafi,
afirmam os rebeldes líbios
A mulher e três dos seus filhos chegaram ontem à Argélia; para o CNT, a decisão
do governo argelino foi um ato de agressão contra os anseios do povo líbio
A mulher de Kadhafi, Safia, os filhos Hannibal e Mohammed e a filha Aisha (da esq. para dir.) estão na Argélia, de acordo com o governo do país
T
RÍPOLI - O Conselho Nacional de Transição (CNT),
o órgão político dos rebeldes líbios, afirmou que a Argélia
deveria extraditar os familiares de
Muammar Kadhafi e que considera o aceite do governo argelino
em acolher os parentes do ditador "um ato de agressão".
"Nós prometemos conceder
um julgamento justo a todos
aqueles criminosos e portanto
consideramos isto um ato de
agressão", disse o porta-voz dos
rebeldes Mahmoud Shamman à
agência de notícias Reuters.
“Consideramos que a Argélia fez
isto como um ato de agressão
contra os anseios do povo líbio.
Nós tomaremos todas as medidas necessárias contra isto e pediremos pela extradição deles",
acrescentou.
Mais cedo, o Ministério das
Relações Exteriores argelino afirmou que a mulher de Muammar Kadhafi e três filhos do ditador líbio entraram no país ontem. "A esposa de Muammar
Kadhafi, Safia, sua filha Aisha,
seus filhos Hanibal e Mohamed,
acompanhados dos filhos destes, entraram na Argélia às 8h45
(4h45 de Brasília) pela fronteira
com a Líbia", indicou o ministério em um comunicado divulgado pela agência de notícias
APS, sem apresentar maiores
detalhes sobre o ditador.
O CNT recebeu mal a notícia
e aproveitou a oportunidade para lançar um alerta a outros países. "Estamos advertindo a todos
que não abriguem Kadhafi e seus
filhos. Nós vamos caçá-los em
qualquer lugar, achá-los e prendê-los", acrescentou o porta-voz
Mahmoud Shamman.
A Argélia é o único país vizinho da Líbia que ainda não reconheceu o CNT como o governo
provisório líbio.
Comunicação - Segundo o comunicado emitido pela Chancelaria da Argélia, os rebeldes
foram avisados da fuga. Ainda
no fim de semana, havia boa-
Filho de Kadhafi
Um dos filhos do ditador líbio Muammar Kadhafi, Khamis, morreu em
confrontos no sul da Líbia, informou o comandante rebelde em Trípoli.
Não seria a primeira vez que Khamis é dado como morto no conflito. No
início do mês rebeldes líbios disseram que um bombardeio aéreo da Otan,
aliança militar do Ocidente, teria matado Khamis, que comandava uma
das unidades militares mais leais e bem equipadas do regime. O governo líbio negou a informação. Um porta-voz rebelde disse que o bombardeio matou 32 pessoas em Zlitan, cidade que está na linha de frente,
a 160 km de Trípoli, e que supostamente estava sendo defendida pela
32ª Brigada do Exército, sob comando de Khamis Kadhafi.
tos de que Kadhafi poderia fugir para a Argélia. Uma agência
estatal de notícias egípcia disse que um comboio com seis
carros blindados, possivelmente levando Kadhafi, havia saído
da Líbia e ingressado no país.
O Ministério de Relações Exteriores argelino desmentiu "categoricamente" a notícia, que disse não ter fundamentos.
Os rebeldes afirmam que não
possuem informações concretas
de onde Kadhafi está escondido.
As vezes em que acreditaram ter
cercado o ditador acabaram como alarmes falsos.
O paradeiro de Kadhafi e
seus filhos ainda não está claro, mas é possível que sua fracassada tentativa de negociação seja um sinal de sua precária situação. Especula-se que o
ditador possa estar em algum
dos últimos redutos organizados de resistência, a cerca de 40
quilômetros ao sul da capital.
Outras possibilidades menos
possíveis seriam algum refúgio
nas canalizações subterrâneas
do rio artificial que abastece a capital. Em Sirte, ou ainda uma fuga à Argélia.
Recompensa - Os rebeldes, que
recebem ajuda da Otan também
para encontrá-lo, ofereceram
anistia e recompensa de US$ 1,3
milhão para quem o capturar, vivo ou morto.
O presidente do CNT (Conselho Nacional de Transição),
órgão político dos rebeldes lí-
bios, afirmou ontem que
Kadhafi continua representando um perigo à Líbia e ao mundo, apesar de não ser visto há
mais de uma semana.
Com esta justificativa, o líder
rebelde Mustafa Abdel Jalil pediu
à Otan que mantenha sua ajuda
contra as forças leais ao ditador
até o fim dos conflitos.
Ontem, o avanço rebelde à cidade de Sirte, terra natal do ditador e um dos últimos redutos
do regime, continua. Segundo os
rebeldes, combatentes insurgentes estão a 30 km a oeste de Sirte e cerca de 100 km ao leste, enquanto continuam os esforços
mediadores para a rendição pactuada da cidade.
Segundo a rede catarina Al Jazeera, as forças opositoras a Kadhafi esperavam a chegada de reforços da capital Trípoli para enfrentar os leais ao regime, mas
não havia sinal de que eles chegariam tão cedo.
Brigadas fiéis a Kadhafi resistem ao avanço dos rebeldes na cidade de Sebha, 780 km ao sul de
Trípoli, depois do fracasso de
uma mediação para a rendição
da cidade, informou a imprensa
árabe e insurgente.
O site dos "Rebeldes do dia
17 de Fevereiro de Sebha" afirma que as forças fiéis a Kadhafi rejeitaram a mediação para
deixar as armas. "Sua resposta
foi que ou compartilhamos a
nova Líbia ou não entregaremos as armas", disse o grupo
em sua página de Facebook.
Airbus A340
de Kadhafi é
uma atração
TRÍPOLI - A suíte tem salão privativo e cama de casal com lençóis de seda. Há vários arranjos
de flores artificiais. O salão tem
sofás de couro e uma mesa de
madeira nobre. Uma porta leva
ao quarto de dormir. O carpete
parece ser de veludo.
O avião privado de Muammar Kadhafi, um gigantesco Airbus A340 com quatro turbinas,
reflete o conforto da vida levada durante décadas pelo multibilionário ditador. A suíte fica na
parte dianteira e ocupa cerca de
metade da cabine, cheia de espelhos com moldura dourada.
A parte reservada a assessores
se parece com a classe executiva
de aviões comerciais. As poltronas
de couro cinza são largas e confortáveis. Em uma das mesas da cabine havia sacolas de papel de grifes
como Dolce&Gabbana e Chanel.
Na tarde de ontem, vários rebeldes circulavam, ao mesmo tempo fascinados e incrédulos, pelos
corredores do avião. Tiravam fotos
sentados na cabine de pilotagem e
formavam rodas de conversa nos
sofás. "Olha o que esse cachorro do
Kadhafi fazia com o dinheiro do
nosso povo", dizia um adolescente,
revirando armários do avião.
O Airbus não sai do chão desde
março, quando a ONU decretou
área de exclusão aérea na Líbia para impedir que os caças de Kadhafi bombardeassem os rebeldes.
O fascínio dos líbios com as
condições de vida de Kadhafi também é visível, em escala muito
maior, em Bab Al Azizia, o complexo que servia de residência e sede
do governo do ditador, tomado na
semana passada pelos combatentes oposicionistas. O local desde então tornou-se uma espécie de parque de diversões.
Após a passagem de
furacão, Nova York está
retomando a sua rotina
Suspenso no sábado
(27), metrô da cidade
voltou a funcionar
na manhã de ontem
NOVA YORK - O furacão Irene,
que passou pela cidade de Nova
York durante o fim de semana,
não fez muitos estragos em Manhattan, coração da cidade onde
se concentram suas principais
atracões turísticas. O movimento
nas ruas ontem voltou ao normal.
Para os turistas, o ritmo está mais
acelerado, porque eles tentam recuperar os dois dias perdidos.
Os amigos Marcelo Mamtrim,
38, e Marco Marche, 33, de Birigui (SP), chegaram em Nova York
no último voo que saiu de Guarulhos no sábado (27). Eles programaram ficar cinco dias em
Nova York, mas vão ter que deixar de lado parte da programação."Conseguimos sair na rua,
mas estava tudo deserto, não é a
mesma coisa do que ver a cidade
movimentada", diz Mamfrim.
"Ficamos cansados de comer
hambúrguer sábado e domingo,
até que achamos um restaurante para comer arroz, carne e batata. Estava tudo fechado, só havia fast-food para comer."
Hoje, eles começaram o dia
indo às compras: "Não podia
sair de Nova York sem entrar em
nenhuma loja".
Um grupo de amigas canadenses que se conhecem do trabalho (uma empresa de contabilidade na província de Alberta)
corre atrás do tempo perdido. "Dirigimos cinco horas e depois pegamos mais cinco horas de voo
para chegar aqui, temos que aproveitar cada segundo que nos resta", diz Shelley Madison, 41. Ela
conta que ninguém no grupo sabia da aproximação do furacão e
foram todas pegas de surpresa.
A viagem a Nova York, de seis
dias, tomou outro ritmo ontem.
"É a nossa primeira vez em Nova
York. Estamos fazendo tudo mais
rápido porque não queremos deixar de fazer nada, mas já sabemos
que não será possível ir a Chinatown e outros pontos não tão essenciais que gostaríamos de conhecer", conta Madison.
Transporte - O sistema de transporte público votou ao normal
em Nova York às 6h de ontem. Por
causa do furacão, o metrô, assim
como trens, ônibus e pontes na
cidade, estava parado desde sábado (27). Os estragos em Manhattan foram poucos. O furacão
perdeu força ao atingir a região e
virou um tempestado tropical.
O prefeito da cidade, Michael Bloomberg, chegou a pedir que ninguém saísse de casa
entre as noites de sábado e domingo. No fim da tarde de domingo (28), porém, alguns estabelecimentos comerciais reabriram suas portas. Lojas de grife na 5ª Avenida e grandes redes de alimentação voltaram às
atividades só nesta segunda.
A americana Chantal Maurice, 21 anos, conta que ficou assustada: "Nunca tinha passado por
uma situação semelhante. Tivemos que estocar comida e água
em casa, como prevenção". Ela
explica que, apesar de a previsão
ter sido de uma passagem rápida
do furacão pela cidade, havia o
medo de que o sistema de abastecimento de água fosse contaminado. "Só tinha visto isso na televisão e em filmes, tomamos todas
os cuidados possíveis", afirmou.
Rápidas
Palestinos
Ai Weiwei
PALESTINA - Os palestinos
esperam conseguir que a
Palestina seja aceita como
Estado-membro na ONU em
setembro e eles já têm uma
cadeira para isso. Ativistas
disseram ontem que levariam
a cadeira em um "tour" para
representar o pedido da
Autoridade Palestina nas
Nações Unidas. A cadeira é
revestida com estofado azul e
tem uma bandeira palestina.
PEQUIM - O artista e dissidente
chinês Ai Weiwei usou um
artigo jornalístico para lançar
seu primeiro ataque contra o
governo chinês desde sua
libertação, após 81 dias de
detenção nas quais pactuou
com as autoridades seu silêncio
em troca de sua liberdade.
"Não sei se as autoridades vão
fazer alguma coisa contra
mim", afirmou Ai à agência
Efe por telefone.
Os Estados Unidos
asseguraram ontem,
que o ditador da Síria,
Bashar al Assad, e seu
regime estão "cada
vez mais isolados".
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