COMPREENDER AS POLÍTICAS DA UNIÃO EUROPEIA Saúde pública Melhorar a saúde dos cidadãos da UE «A U E es t á em p enhad a em p r o t eger e m el ho r ar a s aúd e d e t o d o s o s eur o p eus em t o d as as f as es d a vida» ÍNDICE Por que necessitamos de uma política de saúde pública . . . . . 3 COMPREENDER AS POLÍTICAS DA UNIÃO EUROPEIA A abordagem da União Europeia . . . 5 O que faz a União Europeia . . . . . . . 6 Perspetivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 A presente publicação faz parte de uma coleção que descreve a ação da União Europeia em vários domínios, as razões da sua intervenção e os resultados obtidos. Outros títulos disponíveis para descarregamento em linha: http://europa.eu/pol/index_pt.htm Como funciona a União Europeia «Europa 2020»: a estratégia europeia de crescimento Os pais fundadores da União Europeia Ação climática Agenda digital Agricultura Ajuda humanitária Alargamento Alfândegas Ambiente A União Económica e Monetária e o euro Comércio Concorrência Consumidores Cultura e audiovisual Desenvolvimento e cooperação Educação, formação, juventude e desporto Emprego e assuntos sociais Empresas Energia Fiscalidade Fronteiras e segurança Investigação e inovação Justiça, cidadania e direitos fundamentais Luta contra a fraude Mercado interno Migração e asilo Orçamento Pescas e assuntos marítimos Política externa e de segurança comum Política regional Saúde pública Segurança dos alimentos TransportesZoll Compreender as políticas da União Europeia: Saúde pública Comissão Europeia Direção-Geral da Comunicação Publicações 1049 Bruxelas BÉLGICA Manuscrito concluído em março de 2013 Capa e imagem na página 2: Glowimages/F1online 16 p. — 21 × 29,7 cm ISBN 978-92-79-24603-6 doi:10.2775/80328 Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2013 © União Europeia, 2013 Reprodução autorizada. As fotografias só podem ser utilizadas ou reproduzidas mediante autorização prévia dos titulares dos direitos de autor. S A Ú D E 3 P Ú B L I C A Por que necessitamos de uma política de saúde pública A saúde dos cidadãos é uma prioridade fundamental da União Europeia (UE). A política de saúde da UE complementa as políticas nacionais de forma a garantir a todos os que vivem na UE têm acesso a cuidados de saúde de qualidade. Os principais objetivos da política de saúde da UE são os seguintes: • • • • • • • • • • prevenir a doença; promover um estilo de vida saudável; promover o bem‑estar; proteger os cidadãos de ameaças transfronteiriças graves para a saúde; melhorar o acesso aos cuidados de saúde; promover a informação e da educação em matéria de saúde; melhorar a segurança dos doentes; apoiar sistemas de saúde dinâmicos e as novas tecnologias; estabelecer normas de qualidade e segurança elevadas para os órgãos e outras substâncias de origem humana; garantir medicamentos e dispositivos para uso médico de elevada qualidade, seguros e eficazes. © Shutterstock, Inc./Alexander Raths Embora a organização e a prestação de cuidados de saúde sejam da responsabilidade de cada Estado‑Membro, a UE desempenha um papel importante ao ajudar os países a alcançar objetivos comuns. A política de saúde da UE proporciona economias de escala através da partilha de recursos e ajuda os países dar resposta a desafios comuns, como as ameaças para a saúde, nomeadamente as pandemias, os fatores de risco associados às doenças crónicas ou as repercussões do aumento da esperança de vida nos sistemas de saúde. A União Europeia procura melhorar os cuidados da saúde para todos os seus cidadãos. Principais desafios Para assegurar um elevado nível de proteção da saúde e a prestação de cuidados de saúde de qualidade em toda a UE, é necessário dar resposta a múltiplos desafios, tais como: • Sustentabilidade: os sistemas de saúde devem adaptar‑se à evolução demográfica e ao aumento da procura de cuidados de saúde, tirando o maior partido possível das tecnologias inovadoras no domínio da saúde. A reforma dos sistemas de saúde deve melhorar a sua eficiência e sustentabilidade financeira e garantir o acesso de todos a cuidados de elevada qualidade. • Envelhecimento da população: a esperança de vida dos cidadãos europeus está a aumentar, ultrapassando significativamente a idade de reforma, mas a média de esperança de vida saudável continua a ser a mesma, o que coloca sob pressão a sociedade e a economia, bem como os sistemas de saúde. À medida que a população envelhece, aumenta também a incidência de determinadas patologias, como a doença de Alzheimer e a demência. Até 2020, a UE procura aumentar significativamente a esperança de vida saudável para ajudar os europeus a permanecer ativos e produtivos durante o máximo de tempo possível. • Reduzir a incidência das doenças que podem ser prevenidas: o cancro, as doenças cardiovasculares e respiratórias, a diabetes, a doenças mentais e outras doenças crónicas causam grande sofrimento e representam um custo elevado para a sociedade e a economia. Segundo as estimativas, o seu custo para a economia mundial atingirá cerca de 22,5 mil milhões de euros entre 2012 e 2030. Na UE, só o custo das doenças ligadas ao tabagismo representa mais de 100 mil milhões de euros. As doenças crónicas são responsáveis por 87% de todos os óbitos na UE. Muitas doenças crónicas podem ser evitadas, estando associadas a quatro fatores de risco comuns: tabagismo, consumo abusivo de álcool, má alimentação e falta de exercício físico. C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O • Desigualdades no domínio da saúde: existem enormes diferenças nos domínios da saúde e dos cuidados de saúde entre os países e as regiões da UE e dentro de cada país e região. A incidência da doença e a esperança de vida são fortemente influenciadas por fatores como o emprego, os níveis de rendimento e de educação e a origem étnica, bem como pelo nível de acesso aos cuidados de saúde. Por exemplo, no país da UE com maior esperança de vida à nascença as pessoas vivem, em média, mais 10 anos do que no país da UE onde este indicador regista o valor mais baixo. • Problemas novos e emergentes no domínio da saúde: Estão sempre a ser descobertas novas doenças ou estirpes de doenças. A sida, por exemplo, foi clinicamente observada pela primeira vez em 1981 e o vírus correspondente (VIH) foi identificado em 1983. Em 2009, surgiu um novo tipo de pandemia de gripe E U R O P E I A 4 (H1N1). Algumas bactérias desenvolveram resistência aos medicamentos utilizados para as combater, o que dificulta o tratamento de infeções específicas com determinados antibióticos. As doenças mentais e os problemas de saúde mental registaram também um forte aumento. • Segurança da saúde: as ameaças transfronteiras neste domínio, como os agentes biológicos e as doenças infeciosas, os agentes químicos e os perigos para o ambiente, põem gravemente em risco a saúde, o tráfego internacional de viajantes e o comércio mundial. O surto de E. coli em 2011 e a pandemia de gripe H1N1 de 2009 são exemplos recentes que demonstram a importância de dispor de meios eficazes para dar resposta a ameaças para a saúde a nível mundial. Tendências em matéria de saúde na UE Tendências positivas: Tendências negativas: —— Aumento da esperança de vida: em média, a esperança de vida na UE passou de 65 anos na década de 50 para 80 anos em 2010. —— Desigualdade: a esperança de vida varia ainda cerca de nove anos entre os países da UE. —— Redução da mortalidade infantil: globalmente, a taxa de mortalidade infantil baixou mais de 80% entre 1975 e 2010. —— Tratamento mais eficaz de afeções potencialmente mortais, como ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e tumores o cancros: as taxas de mortalidade após uma hospitalização por ataque cardíaco diminuíram 50% entre 2000 e 2009. —— Aumento da taxa de sobrevivência a diversos tipos de cancro, nomeadamente o cancro colorretal e o cancro da mama, graças a uma deteção precoce e a tratamentos mais eficazes. —— Aumento do número de médicos per capita: de 2,9 por 1 000 habitantes em 2000 para 3,4 em 2010. —— Aumento da mortalidade por cancro: desde 1985, o número de mortes por cancro na UE aumentou 12% entre os homens e 9% entre as mulheres. —— Aumento da diabetes: de acordo com a Federação Internacional da Diabetes, 35 milhões de adultos sofriam de diabetes (tipos 1 e 2) na Europa em 2011, prevendo‑se que esse número aumente para 43 milhões em 2030, o que corresponde a um aumento de 23%. —— Aumento dos casos de Alzheimer: a probabilidade de as pessoas com mais de 65 anos sofrerem de demência duplica aproximadamente de cinco em cinco anos na Europa. —— Custo elevado dos cuidados de saúde associados às doenças crónicas: 700 mil milhões de euros, ou seja, 70% a 80% do total do custo dos cuidados de saúde. Fonte: Eurostat e Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos. S A Ú D E 5 P Ú B L I C A A abordagem da União Europeia O âmbito de ação da UE no domínio da política de saúde está definido no artigo 168.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. O princípio primordial consiste em assegurar que a saúde humana será bem protegida e tida em conta na elaboração de todas as políticas e atividades da UE. O Tratado estabelece também claramente que cabe aos Estados‑Membros definir as respetivas políticas de saúde e organizar e assegurar a prestação dos serviços de saúde e dos cuidados médicos, incluindo os recursos que lhes são afetados, e que a UE respeitará inteiramente essa responsabilidade. A UE limita‑se, fundamentalmente, a complementar e a apoiar as ações desenvolvidas a nível nacional em domínios nos quais a coordenação, a cooperação e o intercâmbio de informações, conhecimentos e boas práticas constituem a melhor solução. Recorre, além disso, a instrumentos legislativos para regulamentar determinados setores. Em 2007, a UE adotou uma estratégia europeia em matéria de saúde, baseada em quatro princípios fundamentais: • os europeus têm valores comuns no que respeita à saúde; • a saúde é o mais precioso dos bens; • todas as políticas devem ter em conta a saúde; • a UE deve fazer ouvir a sua voz em todas as questões que afetam a saúde mundial. Estes princípios e objetivos contribuem para a realização dos objetivos da estratégia «Europa 2020» para um crescimento inteligente e sustentável: os investimentos na saúde contribuem para aumentar a produtividade, promover a inovação, criar novas competências, reduzir as desigualdades e reforçar a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Em fevereiro de 2013, a Comissão Europeia adotou um pacote de medidas intitulado «Investimento social a favor do crescimento e da coesão». Uma série dessas medidas diz respeito ao investimento no domínio da saúde. A principal mensagem é a de que a saúde, sendo um valor em si mesma, é também um fator determinante para a prosperidade económica. O documento salienta que investir de forma inteligente em sistemas de saúde sustentáveis e na saúde das pessoas enquanto capital humano e reduzir as desigualdades em matéria de saúde pode contribuir para o crescimento económico. A UE apoiará as reformas necessárias através do «Semestre Europeu» e dos seus instrumentos de financiamento, ou seja, os fundos estruturais e o programa «Saúde». Apoio financeiro da UE O atual programa da UE no domínio da saúde abrange o período de 2008 a 2013 (e será seguido de um terceiro programa plurianual para o período de 2014 a 2020). Os seus objetivos são: melhorar a segurança sanitária dos cidadãos, promover a saúde e produzir e divulgar informações e conhecimentos sobre a saúde. O programa conta com a participação dos 28 países da UE, bem como da Islândia, do Listenstaine e da Noruega. Essa estratégia define três objetivos principais: • promover a saúde numa Europa em processo de envelhecimento; • proteger os cidadãos das ameaças à saúde; • apoiar sistemas de saúde dinâmicos e as novas tecnologias. O orçamento global do programa para 2008-2013 eleva‑se a 321,5 milhões de euros que, até à data, financiaram mais de 120 ações diversas. Desde 2003, o programa da UE no domínio da saúde financiou 673 projetos e concedeu subvenções de funcionamento a uma série de iniciativas. Outras fontes de apoio financeiro da UE, entre as quais os fundos estruturais e os programas‑quadro de investigação, contribuem também para a realização de prioridades no domínio da saúde. C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A 6 O que faz a União Europeia Acesso aos cuidados de saúde em todos os países da UE Se, durante uma viagem a outro país da UE, ficar doente de repente e tiver de ir ao médico, não é necessário interromper a viagem e regressar ao seu país para se tratar. Consulte um médico local e apresente‑lhe o seu cartão europeu de seguro de doença. O cartão europeu de seguro de doença permite mais facilmente aos cidadãos fazer valer o direito a beneficiar de cuidados de saúde noutro país da UE, bem como na Islândia, no Listenstaine, na Noruega e na Suíça. É emitido gratuitamente pelos sistemas nacionais de saúde (na forma de um cartão separado ou integrado no verso de um cartão nacional de saúde) e confere ao seu titular o direito a obter assistência médica no âmbito do sistema público de saúde em caso de acidente ou doença imprevista durante uma estadia de curta duração em qualquer um dos países indicados. Nos termos da legislação específica sobre os cuidados de saúde transfronteiras, os cidadãos europeus: © Diego Gómez/epa/Corbis • devem ter acesso à informação sobre o direito que lhes assiste de beneficiar de cuidados de saúde em qualquer país da UE, bem como sobre a qualidade e a segurança dos cuidados prestados; • têm direito a ser reembolsados de uma parte ou da totalidade do custo de qualquer tratamento que tenham recebido noutro país da UE e ao qual teriam direito no seu próprio país; • têm a possibilidade de aviar receitas médicas noutro país da UE, onde poderão, assim, obter os medicamentos de que necessitam. O cartão europeu de seguro de doença dá-lhe acesso a tratamento médico e cuidados de saúde em toda a Europa. Sabia que... Em 2010, 20 milhões de europeus receberam tratamento médico noutro país da UE? Luta contra ameaças transfronteiriças graves para a saúde À medida que o mundo se torne cada vez mais interligado, as ameaças biológicas, químicas ou ambientais constituem um risco cada vez maior para a saúde, o tráfego internacional de viajantes e o comércio mundial. Várias situações de emergência sanitária transfronteiras, nomeadamente a pandemia de gripe H1N1 em 2009, a nuvem de cinzas vulcânicas em 2010 e o surto de E. coli em 2011, demonstraram a importância de uma resposta coordenada por parte da UE. A eficácia da ação da UE depende, em larga medida, do reforço da cooperação e da coordenação entre os governos nacionais. Para o efeito, foram criados: • Sistemas de alerta da UE: se um país da UE detetar uma ameaça para a saúde e a segurança dos cidadãos, notifica a Comissão Europeia através de um dos sistemas de alerta rápido da UE. Esses sistemas asseguram que as informações são transmitidas rapidamente em toda a UE e que a reação será rápida. Por exemplo, o Sistema de Alerta Rápido e de Resposta (SARR) e o Sistema de Alerta Rápido para os Géneros Alimentícios e Alimentos para Animais (RASFF) foram ativados em 2011, em resposta ao surto de E. coli na Alemanha e à catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. • Comité de Segurança da Saúde (CSS): este comité coordena as medidas previstas em matéria de segurança da saúde, preparação e planeamento, bem como a resposta a situações de emergência. É composto por representantes de todos os países da UE. • Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (CEPCD): este centro tem por objetivo reforçar as defesas da UE contra doenças infeciosas, como a gripe, a tuberculose e o VIH/sida. Colabora com as autoridades de saúde nacionais de toda a UE a fim de identificar, avaliar e comunicar ameaças existentes ou emergentes para a saúde. S A Ú D E 7 P Ú B L I C A © Shutterstock, Inc./Tomasz Nieweglowski Bactéria E. coli: em 2011, um surto desta bactéria desencadeou o sistema de alerta rápido da UE, que permitiu às autoridades dos países da UE lutar contra a ameaça de forma eficaz. • Redes de investigação à escala da UE: a UE financiou projetos específicos relacionados com ameaças transfronteiriças graves para a saúde, entre os quais um Sistema de Alerta para Ameaças Químicas para a Saúde O que acontece em caso de crise de saúde pública na UE? O caso E. coli... Entre maio e julho de 2011, um surto de doença causado por uma estirpe virulenta de E. coli, uma bactéria comum e normalmente inofensiva presente no aparelho digestivo dos seres humanos e dos animais, causou a morte de 55 pessoas, tendo sido também registados 850 casos de doença grave e 3000 outros casos de contaminação em toda a UE. A resposta da UE foi a seguinte: ▼ As autoridades alemãs informaram a Comissão Europeia do surto de E. coli. ▼ Os sistemas de alerta e as redes de intervenção rápida da UE foram ativados. ▼ Os cientistas identificaram rapidamente a estirpe de E. coli responsável pelo surto. (ASHT II) que reúne os centros antiveneno de diversos países da UE com vista a melhorar a capacidade de resposta a potenciais ameaças químicas transfronteiras para a saúde. ▼ A Comissão Europeia organizou reuniões diárias com as autoridades nacionais competentes em matéria de saúde pública e de segurança dos alimentos com vista a controlar o surto e a coordenar as medidas tomadas, publicando diariamente no seu sítio web dados atualizados para manter os cidadãos informados. ▼ Uma vez identificada a fonte da doença (sementes de feno‑grego importadas do Egito e utilizadas para germinação), a UE impôs a destruição de todas as sementes de feno‑grego provenientes do exportador em causa e proibiu temporariamente as importações de outros produtos potencialmente perigosos. ▼ A UE deu início a uma colaboração com as autoridades nacionais, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) a fim de identificar os domínios onde são necessárias melhorias, mais cooperação e medidas preventivas. A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O Proteção contra bactérias resistentes Os agentes antimicrobianos, nomeadamente os antibióticos, são substâncias que destroem ou reduzem a multiplicação de microrganismos como as bactérias, os fungos e os parasitas. Desempenham, assim, um papel essencial da medicina moderna e reduziram drasticamente o número de mortes causadas por doenças infeciosas desde a sua aparição, há 70 anos. No entanto, a generalização e a utilização inadequada deste tipo de medicamentos levou certos organismos desenvolver uma resistência à sua ação. Estima‑se que essa resistência aos agentes antimicrobianos esteja na origem de 25 000 mortes por ano e represente uma despesa de 1 500 milhões de euros em cuidados de saúde adicionais e perdas de produtividade. Desde que o problema foi reconhecido pela primeira vez nos anos 90, o programa «Saúde» da UE financiou vários projetos e apoiou a investigação no domínio da resistência aos agentes antimicrobianos. Por exemplo, em 2009, foi lançado um estudo sobre essa resistência aos agentes antimicrobianos e a prescrição de antibióticos às crianças. A UE acompanha também a evolução da resistência antimicrobiana com o apoio do ECDC e da EFSA. Em 2011, a Comissão Europeia lançou um plano de ação para lutar contra as ameaças crescentes resultantes da resistência antimicrobiana, tendo sido identificados sete domínios de ação: • utilização adequada dos agentes antimicrobianos tanto nos seres humanos como nos animais; • prevenção das infeções microbianas e da sua propagação; • desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos eficazes ou de tratamentos alternativos; • cooperação internacional para reduzir os riscos de resistência; • melhor acompanhamento e vigilância da utilização dos antibióticos; • investigação e inovação; • melhor comunicação, educação e formação. E U R O P E I A 8 Sabia que... —— Cerca de 40% dos europeus tomaram antibióticos em 2009? —— Um em cada dois doentes pensa erradamente que os antibióticos são eficazes contra os vírus? —— Todos os anos, na UE, cerca de 4,1 milhões de pessoas contraem infeções ao receberem cuidados de saúde, muitas vezes causadas por bactérias resistentes? Melhorar a qualidade, a segurança e a eficácia dos medicamentos A UE estabeleceu regras claras em matéria de autorização e distribuição de medicamentos. Estes, antes de serem comercializados, devem ser autorizados por cada Estado‑Membro ou pela própria UE (através da Agência Europeia de Avaliação de Medicamentos, com sede em Londres, e da Comissão Europeia) para poderem ser vendidos em toda a UE. Os doentes têm assim a garantia de serem tratados com medicamentos que cumprem normas rigorosas de qualidade, segurança e eficácia. A regulamentação da UE contribui para assegurar aos doentes um elevado nível de segurança, conferindo‑lhes simultaneamente liberdade de escolha dos medicamentos, incluindo medicamentos inovadores, medicamentos para tratamento de doenças raras («medicamentos órfãos») e medicamentos para uso pediátrico. © Shutterstock, Inc./phloxii C O M P R E E N D E R As regras da UE asseguram que os doentes são tratados com medicamentos que respeitam normas rigorosas de qualidade, segurança e eficácia. S A Ú D E 9 P Ú B L I C A © Shutterstock, Inc./Kinetic Imagery Depois de um medicamento ser autorizado e comercializado na União, a sua segurança é controlada durante todo o seu ciclo de vida para que possam ser rapidamente tomadas medidas adequadas em caso de reações adversas, incluindo advertências complementares, restrições de utilização ou mesmo a retirada do medicamento em causa. Para reforçar esse controlo, a UE decidiu introduzir um novo símbolo com a forma de um triângulo preto invertido com vista a identificar os medicamentos que são objeto de especial vigilância. A partir de setembro de 2013, esse novo símbolo será impresso na bula dos medicamentos em causa e acrescentado ao resumo das suas características, juntamente com informações sobre o procedimento a seguir para notificar efeitos secundários suspeitos. Este aspeto é particularmente importante, uma vez que os doentes têm agora o direito de assinalar presumíveis efeitos secundários diretamente às autoridades nacionais competentes. A pedra angular da legislação é a supervisão de todas as etapas do sistema de distribuição dos medicamentos, desde o fabrico à distribuição, nomeadamente através de regras específicas para a venda de medicamentos pela Internet. Para proteger os doentes dos riscos associados aos medicamentos «falsos» ou medicamentos «falsificados» não autorizados, a UE estabeleceu regras rigorosas que entraram em vigor no início de 2013, nomeadamente: • regras relativas à importação de substâncias ativas provenientes de países terceiros e ao respetivo controlo e inspeção; • regras relativas à elaboração de registos por parte dos distribuidores por grosso; • regras de inspeção; • regras que obrigam os fabricantes e os distribuidores a notificar as suas suspeitas relativamente a medicamentos falsificados. A venda de medicamentos falsificados pela Internet é também objeto de especial atenção. Até ao final de 2013, a UE tenciona introduzir um logótipo comum que permitirá identificar as farmácias/revendedores em linha legalmente registados. Esse logótipo passará a ser obrigatório um ano mais tarde. Segurança e qualidade das dádivas de sangue, tecidos, células e órgãos A doação de sangue, tecidos, células e órgãos é indispensável ao tratamento de uma série de doenças graves e potencialmente mortais, como o cancro e os problemas cardíacos. Na UE, só em 2011, foram Uma vez que cada vez mais pessoas compram medicamentos na Internet, a UE ajuda a identificar as farmácias em linha legalmente registadas. transplantados 30 000 órgãos, cujos dador e recetor se encontravam, em muitos casos, em países diferentes. Para garantir a qualidade do material doado e a segurança dos doentes, a UE estabeleceu regras e procedimentos comuns aplicáveis em toda a UE, de forma a assegurar que todas as dádivas de substâncias de origem humana são de qualidade e criteriosamente selecionas a fim de impedir a transmissão de doenças como a sida ou a hepatite. Isso permite assegurar um elevado nível de proteção dos doentes em toda a UE e facilita a cooperação entre Estados‑Membros em caso de escassez. A UE estabeleceu também regras rigorosas em matéria de procedimentos de doação, recolha e rastreabilidade de substâncias de origem humana. A doação de órgãos deve ser voluntária e não remunerada e a sua rastreabilidade deve ser assegurada. Nos termos das regras da UE, as autoridades nacionais devem trocar e armazenar informações sobre o intercâmbio transfronteiras de órgãos e disponibilizar um serviço permanente (24 horas por dia, 7 dias por semana) em caso de incidentes ou reações adversas ou graves. C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O Uma vez que a necessidade deste tipo de tratamentos aumenta, a UE está a tomar medidas para incentivar a doação voluntária de órgãos. Cerca de metade dos países da UE assinalam regularmente situações de escassez e cerca de 50 000 doentes na UE estão numa lista de espera para um transplante. Em média, por dia, 12 desses doentes morrerão por falta de órgãos disponíveis. Um elemento importante do plano de ação da UE em matéria de doação e transplante de órgãos é a nomeação, a nível dos hospitais, de coordenadores das doações para transplante com vista a pôr em prática programas pró‑ativos de procura de dadores potenciais. Foram feitos estudos que demonstraram que se trata de um meio eficaz para simplificar o processo de doação de órgãos. A UE financia também projetos relacionados com a doação de sangue, células, tecidos e órgãos. Um dos exemplos mais recentes é a criação do «EFRETOS», um novo registo pan‑europeu de dados relativos ao transplante de órgãos. Sabia que... 37% dos europeus que participaram num inquérito Eurobarómetro em 2010 afirmaram ter doado sangue pelo menos uma vez na sua vida? Luta contra as doenças raras As doenças raras são doenças debilitantes crónicas ou potencialmente mortais que afetam menos de uma em cada 2 000 pessoas. Embora cada doença rara afete um número reduzido de pessoas, o número total de europeus com doenças raras situa‑se entre 27 e 36 milhões. As consequências destas doenças para os doentes e respetivas famílias e pessoas que os acompanham são consideráveis, ao que acresce o facto de estas doenças, muitas vezes, não serem diagnosticadas por falta de conhecimentos científicos e médicos ou devido à dificuldade de acesso a competências médicas especializadas. E U R O P E I A Sabia que... —— A base de dados Orphanet contém informações sobre 5 958 doenças raras? —— Entre 6% e 8% (27 a 36 milhões de cidadãos) da população total da UE (EU-27) é ou virá a ser afetada por uma doença rara? Luta contra os fatores de risco das doenças crónicas O aparecimento e o desenvolvimento de muitas doenças crónicas são influenciados por fatores de risco comuns, como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, uma má alimentação e a falta de exercício físico. Essas doenças podem ser muitas vezes evitadas mudando de estilo de vida. A UE está a tentar resolver o problema de várias formas, por exemplo organizando campanhas de informação junto da opinião pública, incentivando a adoção de medidas por parte das empresas e ONG e apoiando iniciativas a nível nacional e ações específicas, tais como ações para ajudar as pessoas a deixar de fumar. Reduzir o consumo do tabaco O tabagismo é a principal causa de mortalidade evitável na UE, provocando cerca de 700 000 mortes por ano. Apesar disso, um terço dos cidadãos europeus fuma regularmente. Ao longo dos anos, a UE adotou diversas regulamentações com vista a reduzir o número de fumadores na UE e os custos associados ao tabagismo. Essas regulamentações preveem, nomeadamente, a aposição obrigatória de rótulos em todos os produtos do tabaco advertindo os consumidores dos efeitos nocivos do tabaco, como, por exemplo, «Fumar mata», «Fumar provoca o cancro pulmonar mortal», «Fumar provoca ataques cardíacos e enfartes» e «Fumar durante a gravidez prejudica a saúde do seu filho». A UE apoia projetos de investigação no domínio das doenças raras com vista a aumentar as taxas de diagnóstico e concede uma série de incentivos às empresas farmacêuticas (por exemplo, 10 anos de exclusividade de mercado) destinadas a promover a investigação, o desenvolvimento e a comercialização de novos medicamentos «órfãos» para o diagnóstico, a prevenção e o tratamento das doenças raras. Sem estas medidas de incentivo, o desenvolvimento desses medicamentos não seria rentável. A UE apoia igualmente a divulgação de informação sobre as doenças raras, nomeadamente através da Orphanet, uma base de dados sobre doenças raras, e da Eurordis (Organização Europeia para as Doenças Raras), que reúne mais de 350 associações de doentes com doenças raras de toda a UE. 10 Deixar de fumar. S A Ú D E P Ú B L I C A A legislação da UE proíbe igualmente a publicidade ao tabaco na imprensa, na rádio e na Internet na UE, bem como o patrocínio de eventos internacionais e acontecimentos desportivos por parte da indústria tabaqueira. Em 2005, a UE lançou a campanha multimédia «HELP — Por uma vida sem tabaco», destinada a sensibilizar os jovens dos 15 aos 25 anos para os riscos associados ao tabagismo. A campanha foi transmitida quase 100 canais de televisão. Em 2011, a UE lançou uma nova campanha, «Os ex‑fumadores são imparáveis», para salientar as vantagens de deixar de fumar. O FC Barcelona e a Comissão Europeia conceberam um programa gratuito que orienta passo a passo os fumadores que querem deixar de fumar. O principal elemento da campanha é a plataforma digital inovadora iCoach, que incentiva e ajuda os fumadores a deixar de fumar e regista os progressos dos utilizadores através de um programa de acompanhamento personalizado. Os utilizadores têm acesso a uma vasta rede de apoio através de redes sociais como o Facebook e o Twitter. Em finais de 2012, estavam inscritos na iCoach perto de 300 000 cidadãos da UE. Em 2012, a campanha recebeu também o prémio EURO EFFIE pelo seu nível de excelência em matéria de comunicação e marketing. Luta contra a obesidade Estima‑se que mais de 200 milhões de adultos (mais de metade da população adulta) têm excesso de peso ou sofrem de obesidade na UE. Uma em cada quatro crianças tem também excesso de peso ou é obesa. A obesidade provoca graves problemas de saúde física e mental, nomeadamente doenças cardiovasculares, diabetes, cancro e problemas psicológicos. Representa, além disso, 8% do custo dos cuidados de saúde na UE. A obesidade é um problema complexo, pelo que é indispensável reunir um vasto leque de competências especializadas a nível local, nacional e internacional, sendo a coordenação a nível da UE fundamental. © Shutterstock, Inc./Gang Liu Além disso, a UE promove a utilização de ilustrações e fotografias nos maços de cigarros para reforçar a mensagem de que fumar pode prejudicar gravemente a saúde. 11 A UE colabora com organizações dos Estados-Membros e de países terceiros para tentar resolver os problemas associados à má alimentação e à obesidade. Criada em 2005, a Plataforma de Ação da UE da União Europeia para a Alimentação, a Atividade Física e a Saúde, reúne um grande número de organizações europeias empenhadas na luta contra a má alimentação e a inatividade física. Até à data, foram promovidas 300 ações por importantes intervenientes do setor alimentar e da sociedade civil, entre as quais a proibição da publicidade a bebidas açucaradas para crianças, a disponibilização de informação nutricional de melhor qualidade nos restaurantes, a elaboração de receitas com teores de sal, açúcar e gordura reduzidos e a promoção do desporto nas escolas. Em 2007, a UE criou um grupo de alto nível sobre questões de nutrição e atividade física, que reúne representantes dos governos de todos os países da UE, bem como da Noruega e da Suíça, com vista a encontrar soluções para os problemas de saúde associados à obesidade. Foram ainda tomadas outras medidas, como a adoção de regras comuns a nível da UE em matéria de rotulagem dos alimentos. Graças a essas regras, os consumidores dos países da UE podem confiar nos rótulos dos alimentos para obter informações precisas sobre a saúde e o valor nutricional dos alimentos. Por exemplo, se o rótulo de um alimento indicar que este é «bom para o coração», é necessário que essa informação esteja cientificamente comprovada. A rotulagem nutricional deve conter também informações claras e pormenorizadas sobre o número de calorias e o teor de matérias gordas, ácidos gordos saturados, hidratos de carbono, sal e açúcar. Por último, com o objetivo de reduzir e prevenir a obesidade, muitos projetos são apoiados pelo programa «Saúde» e o programa‑quadro de investigação da UE. Entre 2007 e 2011, a UE contribuiu para o financiamento de 27 projetos relacionados com a diabetes e a obesidade, num montante total de 123 milhões de euros. C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O Reduzir os efeitos nocivos do consumo de álcool O consumo excessivo de álcool é a terceira causa de morte prematura e de doença na UE, a seguir ao tabagismo e à hipertensão, Sendo anualmente responsável por cerca de 195 000 mortes na UE. A UE colabora com as autoridades nacionais (responsáveis pelas políticas nacionais em matéria de luta contra o alcoolismo), as empresas e as restantes partes interessadas para resolver o problema do alcoolismo e da comercialização irresponsável de bebidas alcoólicas. Desde 2006, a UE incentiva o consumo responsável de álcool através da estratégia da UE para reduzir os efeitos nocivos do álcool. Esta estratégia estabelece cinco prioridades: • proteger os jovens e as crianças; • prevenir a condução sob influência do álcool; • reduzir os efeitos nocivos do consumo do álcool nos adultos; • promover a sensibilização para as consequências para a saúde de um consumo excessivo e nocivo de álcool; • recolher dados fiáveis sobre o consumo de álcool e sobre o impacto das medidas adotadas. Através desta estratégia, a UE incentiva também a cooperação e a coordenação entre os países da UE para promover a educação e a informação dos consumidores. A estratégia abrange ainda ações desenvolvidas no âmbito das políticas da UE. Por exemplo, o Plano de Ação da UE sobre Segurança Rodoviária apoia iniciativas para pôr termo à condução sob influência do álcool. Em 2007, a UE criou um «Fórum sobre álcool e saúde» cujo objetivo é mobilizar os diferentes intervenientes da sociedade para que se comprometam a tomar medidas de apoio à estratégia da UE. Esse Fórum reúne as principais partes interessadas, como os produtores de álcool, os anunciantes 12 e os distribuidores, bem como profissionais da saúde, representantes da juventude e ONG do setor da saúde. Até à data, foram assumidos 246 compromissos pelos membros do Fórum. Paralelamente, o Comité de política e ação nacionais em matéria de álcool permite aos países da UE partilhar informações e promover as melhores práticas. Luta contra o cancro O cancro é um grande problema de saúde pública, com enormes encargos para a sociedade. Todos os anos são diagnosticados cerca de 2 milhões e meio de casos de cancro na UE. Mediante a colaboração com as autoridades nacionais, a UE partilha conhecimentos e competências específicas e técnicas e luta contra o cancro na Europa de uma forma mais eficaz. As políticas da UE abrangem os seguintes aspetos: · Prevenção do cancro: lutar contra os fatores de risco, sobretudo o consumo do tabaco. · Colaboração: a Parceria Europeia de Ação contra o Cancro foi lançada em 2009 e reúne os principais intervenientes a nível europeu. Esta parceria recebeu um financiamento de mais de 3 milhões de euros da UE e tem uma vasta gama de objetivos, entre os quais a promoção da saúde, o rastreio e o diagnóstico precoce, a identificação das melhores práticas em matéria de cuidados de saúde oncológicos e a recolha e análise de dados sobre o cancro. O seu principal objetivo é reduzir a incidência do cancro em 15% até 2020. · Rastreio: os ministros da saúde dos países da UE adotaram, em 2003, uma série de princípios em matéria de boas práticas de rastreio e deteção precoce do cancro. Desde então, a UE publicou igualmente orientações para o rastreio do cancro da mama, do colo do útero e colorretal. © Shutterstock, Inc./Monkey Business Images O rastreio periódico do cancro é um dos melhores meios para lutar eficazmente contra esta doença. E U R O P E I A S A Ú D E 13 P Ú B L I C A · Investigação: o financiamento da UE para a investigação do cancro eleva‑se a mais de 1,1 mil milhões de euros desde 2003, tendo contribuído para a realização de 183 projetos. ter acesso aos serviços de saúde que asseguram tratamento contra as infeções transmissíveis por via sanguínea, nomeadamente a hepatite C e o VIH. · Código Europeu contra o Cancro: trata‑se de uma lista de recomendações baseadas em dados científicos que aconselha os cidadãos a tomarem medidas preventivas contra o cancro. Publicado pela primeira vez em 1987, o código está agora a ser atualizado. A nova versão estará disponível no final de 2014. Promover o envelhecimento ativo e saudável Prevenção da sida e apoio aos que vivem com a doença Em 2011, a UE lançou a Parceria Europeia para a Inovação no domínio do Envelhecimento Ativo e Saudável, que reúne investigadores, autoridades competentes no domínio da saúde, profissionais da saúde, empresas, entidades reguladoras e associações de doentes com vista a analisar formas de reduzir a pressão sobre os cuidados de saúde e de contribuir para o crescimento sustentável. O objetivo geral desta parceria é aumentar em dois anos a esperança de vida saudável até 2020, para que mais pessoas possam viver durante mais tempo. Todos os anos são diagnosticados na UE e nos países vizinhos mais de 50 000 casos de VIH/sida. Embora os atuais tratamentos possam retardar o desenvolvimento da doença e permitir uma vida melhor e mais longa aos doentes, ainda não existe nenhuma vacina nem tratamento que garanta a cura. A política da UE, tal como definida na sua comunicação de 2009 intitulada «Luta contra o VIH/sida na UE e nos países vizinhos», centra‑se na prevenção da doença e na ajuda às pessoas que vivem com o vírus, melhorando o acesso aos meios de prevenção, à prestação de cuidados, ao tratamento e ao acompanhamento por parte dos serviços sociais. Estão também previstas medidas específicas destinadas a grupos de alto risco e aos migrantes provenientes de países com uma elevada prevalência de VIH. A fim de compreender, melhorar e trocar informações e dados científicos sobre o VIH/sida, a UE trabalha em estreita colaboração com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC). © Shutterstock, Inc./Nixx Photography A UE financiou igualmente projetos sobre o VIH/sida através do programa «Saúde» e do programa‑quadro de investigação. O projeto Correlation II, por exemplo, beneficiou de um financiamento de 900 000 euros. Este projeto disponibiliza ajuda e informações às pessoas que se prostituem, aos consumidores de droga e aos imigrantes ilegais que devem Os europeus vivem mais tempo, mas o número de anos de vida com boa saúde não tem aumentado. Em média, os cidadãos europeus passam 20% das suas vidas com uma saúde precária, o que afeta a sua qualidade de vida e coloca sob grande pressão os sistemas de saúde nacionais. Exemplos de outras iniciativas da UE: • A iniciativa europeia em matéria de doença de Alzheimer e outras formas de demência (2009), ao abrigo da qual a UE apoia iniciativas nacionais em quatro domínios essenciais: prevenção da demência, diagnóstico precoce, melhor coordenação dos esforços de investigação na Europa, questões éticas associadas aos direitos dos cidadãos, autonomia e dignidade das pessoas que sofrem de demência. Esta iniciativa foi posta em prática no âmbito da ação conjunta ALCOVE, que reúne 19 países da UE com o objetivo de promover o intercâmbio de boas práticas e formular recomendações sobre as políticas na matéria, e do programa conjunto no domínio das doenças neurodegenerativas, que constitui a maior iniciativa de investigação a nível mundial para dar resposta a este tipo de doenças. A UE desenvolve esforços para prevenir o VIH/sida e melhorar o tratamento das pessoas que sofrem da doença. C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O © Shutterstock, Inc./Alexander Raths À medida que os europeus têm uma vida mais longa, os problemas associados à demência aumentam. • O Pacto Europeu para a Saúde Mental e o Bem‑Estar (2008). As perturbações mentais, muitas vezes associadas à estigmatização e à exclusão social, tornaram‑se uma das categorias de doenças mais frequentes na UE, sendo uma das principais causas do absenteísmo dos trabalhadores, das pensões de invalidez e dos pedidos de reforma antecipada. Este pacto confere aos países da UE, às organizações não governamentais e às partes interessadas um enquadramento a nível da UE para a troca de informações sobre os desafios ligados à saúde mental. As melhores práticas são registadas na base de dados em linha da UE sobre saúde mental e bem‑estar. Avaliação científica dos riscos Os comités científicos que aconselham a Comissão Europeia emitem pareceres científicos independentes e de elevada qualidade sobre a segurança dos consumidores, os riscos para a saúde e o ambiente e os riscos para a saúde emergentes e recentemente identificados. Em 2012, os comités científicos formularam pareceres sobre 45 questões ligadas à saúde, entre as quais os implantes mamários à base de silicone, os scanners de segurança para rastreio de passageiros, o cádmio nos adubos e os ingredientes dos cosméticos, como os produtos químicos nos corantes capilares. O trabalho da AESA e da OMS complementa a ação da UE em matéria de avaliação científica dos riscos. E U R O P E I A 14 Melhorar o acesso à informação no domínio da saúde A melhoria do acesso à informação é uma componente essencial da ação da UE para promover a saúde e reduzir as desigualdades neste domínio. O sítio web sobre saúde pública da Comissão Europeia destaca o trabalho realizado pela Comissão em matéria de saúde pública e contém artigos de imprensa, documentos jurídicos, vídeos, informações sobre eventos, estatísticas e notícias sobre a saúde na Europa. A UE atribui também anualmente o «Prémio de Jornalismo da UE no domínio da saúde» que recompensa trabalhos jornalísticos de qualidade sobre questões relacionadas com os cuidados de saúde e os direitos dos doentes (as ligações para aceder aos sítios web acima referidos constam da secção «Saiba mais» infra). Investigação e conhecimentos especializados na área da saúde A UE coordena e apoia a investigação europeia em muitos domínios, entre os quais a saúde. Desde 2007, a UE afetou 6 mil milhões de euros à investigação no domínio da saúde, dando prioridade aos seguintes aspetos: • aplicações clínicas dos resultados da investigação fundamental; • desenvolvimento e validação de novas terapias; • definição de estratégias de promoção da saúde e de prevenção; • aperfeiçoamento das ferramentas de diagnóstico e das tecnologias médicas; • reforço da sustentabilidade e da eficácia dos sistemas de saúde. Foram também criadas redes europeias de centros de referência numa vasta gama de questões em matéria de saúde, desde a poluição atmosférica à saúde materna. Essas redes ajudam as autoridades nacionais e os profissionais da saúde a partilhar boas práticas e conhecimentos especializados. Entre os projetos recentes financiados pela UE neste domínio, contam‑se várias iniciativas para promover os registos de saúde eletrónicos, bem como o Sistema Europeu de Informação sobre a Saúde e a Esperança de Vida. S A Ú D E 15 P Ú B L I C A Perspetivas Assegurar a saúde das gerações futuras As iniciativas da UE irão consolidar as ações existentes no domínio da saúde e dos cuidados de saúde, especialmente no que respeita à melhoria da sustentabilidade dos sistemas de saúde. Programa de ação plurianual no domínio da saúde para o período de 2014-2020 No final de 2011, a Comissão Europeia apresentou uma proposta de programa de saúde pública para o período de 2014-2020. Esse programa salienta a importância da saúde para melhorar a produtividade no trabalho, a competitividade económica e a qualidade e esperança de vida. O trabalho da UE irá complementar e apoiar os esforços nacionais em quatro domínios essenciais: • promoção da saúde e prevenção das doenças; • proteção dos cidadãos contra ameaças sanitárias transfronteiras; • sistemas de saúde inovadores e sustentáveis; • cuidados de saúde de melhor qualidade e mais seguros. O orçamento proposto pela Comissão Europeia eleva‑se a 446 milhões de euros, devendo o programa entrar em vigor em 1 de janeiro de 2014. Aumentar a utilização da saúde em linha e da telemedicina A saúde em linha, ou seja, a utilização da tecnologia digital para melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde e tornar este setor mais eficaz, desempenhará futuramente um papel cada vez mais importante na política de saúde da UE. Entre as ações realizadas pela UE neste domínio conta‑se a criação, em 2011, de uma rede de saúde em linha, de utilização facultativa, para promover a utilização de sistemas eletrónicos e de novas soluções inovadoras no domínio dos cuidados de saúde. A saúde em linha permite: • ser tratado e acompanhado à distância; • o acesso a registos médicos eletrónicos por parte dos médicos e dos doentes; • uma rápida comunicação de dados, tais como resultados de exames ou receitas médicas; • uma melhor coordenação dos cuidados prestados transfronteiras; • uma melhor colaboração entre os fornecedores de serviços de saúde; • um maior controlo da saúde por parte dos doentes. Entre os futuros objetivos em matéria de saúde em linha está, nomeadamente, a criação de um vasto sistema normalizado de registos de saúde eletrónicos e de novas redes de informação médica entre diferentes centros de cuidados de saúde. Outro dos objetivos é a coordenação da resposta às ameaças para a saúde e o desenvolvimento de serviços de saúde em linha, tais como teleconsultas, reembolso eletrónico e receitas e requisições eletrónicas. Regras mais rigorosas para os dispositivos médicos Existem cerca de 500 000 dispositivos médicos diferentes no mercado europeu, desde um simples penso às próteses articulares, passando pelos aparelhos de diálise renal. Os dispositivos médicos abrangem também os instrumentos, aparelhos, implantes ou dispositivos análogos utilizados no diagnóstico, tratamento, cura ou prevenção de doenças ou de outro estado patológico. Os dispositivos médicos in vitro incluem, nomeadamente, testes de diagnóstico, tais como os testes de gravidez ou as análises de sangue utilizadas para o colesterol e o VIH. Em setembro de 2012, a UE propôs novas regras para reforçar a segurança, a eficiência e a inovação no setor dos dispositivos médicos. Essa regulamentação tem por objetivo melhorar a rastreabilidade e a coordenação entre as autoridades nacionais de fiscalização, clarificar os direitos e as responsabilidades dos fabricantes, dos importadores e dos distribuidores, estabelecer requisitos mais estritos em matéria de dados clínicos e financiar uma vasta base de dados pública sobre os dispositivos médicos disponíveis no mercado europeu. As novas disposições deverão entrar em vigor em 2015. Reforçar a segurança da saúde Nos últimos anos, a UE tem sido confrontada por uma série de ameaças pan‑europeias para a saúde, nomeadamente a pandemia de gripe em 2009, a nuvem de cinzas vulcânicas em 2010 e o surto de E. coli em 2011. Os ensinamentos recolhidos destes acontecimentos refletiram‑se nas propostas de novas regras apresentadas pela UE com vista a proteger os cidadãos europeus de uma vasta gama de ameaças transfronteiras graves para a saúde, tais como a gripe, as doenças transmitidas pelos alimentos e pela água, como a salmonelose, os acidentes químicos ou as consequências de condições meteorológicas extremas. A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O As novas regras destinam‑se a combater ou a minimizar as consequências dessas ameaças para a saúde dos cidadãos mediante: • a extensão do atual mecanismo de coordenação europeu aplicável às doenças transmissíveis a todas as ameaças para a saúde causadas por fatores biológicos, químicos ou ambientais; • o reforço das regras em vigor em matéria de preparação e gestão de emergências sanitárias; • o reforço do mandato do Comité de Segurança da Saúde da UE (constituído por representantes nacionais) para reagir a situações de crise; • a disponibilização de meios para detetar uma «situação de emergência sanitária» a nível europeu; • a possibilidade de os Estados‑Membros poderem comprar conjuntamente vacinas e contramedidas médicas em caso de pandemia ou de situação de emergência. 16 E U R O P E I A Principais elementos das medidas propostas: • Proibição dos produtos do tabaco com aromas acentuados, tais como baunilha ou chocolate, que dissimulam o sabor do tabaco. • Advertências gráficas obrigatórias sobre os riscos para a saúde que cubram, pelo menos, 75% das faces dianteira e traseira dos maços de cigarros e de tabaco de enrolar, bem como advertências adicionais nas faces laterais. • Manutenção da proibição do tabaco para uso oral (snus), exceto na Suécia. • Autorização para comercializar, nos termos da legislação farmacêutica, produtos cujo teor de nicotina seja inferior a um certo limiar, como, por exemplo, cigarros eletrónicos. • Regulamentação específica para a venda transfronteiras à distância de produtos do tabaco. • Um novo sistema de localização e seguimento a nível da UE para lutar contra o comércio ilícito dos produtos do tabaco. As novas regras deverão ser adotadas em 2013. Revisão da diretiva relativa aos produtos do tabaco Em dezembro de 2012, a Comissão Europeia propôs novas regras para os produtos do tabaco na sequência de uma consulta pública que recolheu 85 000 respostas — um número sem precedentes — provenientes de todos os setores da sociedade. As medidas propostas deverão contribuir para reduzir o consumo de tabaco em 2% no prazo de cinco anos e permitir reagir de forma adequada aos desenvolvimentos internacionais, como a Convenção‑Quadro da OMS para a Luta Antitabaco, que entrou em vigor em 2005. As propostas encontram‑se atualmente em análise no Parlamento Europeu e no Conselho e deverão entrar em vigor em 2015-2016. As medidas propostas, que tem por objetivo atualizar a legislação na matéria e tornar o tabaco menos atrativo para os jovens, centram‑se no fabrico, na apresentação e na comercialização dos produtos do tabaco. Saiba mais XX Saúde pública: [http://ec.europa.eu/health/index_en.htm] XX Direção-Geral da Comissão Europeia «Saúde e Consumidores»: [http://ec.europa.eu/dgs/health_consumer/index_en.htm] XX «Os ex-fumadores são imparáveis»: celebrar as vitórias dos ex-fumadores em toda a Europa [http://www.exsmokers.eu/] XX Perguntas sobre a UE? O serviço Europe Direct pode ajudá-lo: 00 800 6 7 8 9 10 11 (http://europedirect.europa.eu) ISBN 978-92-79-24603-6 doi:10.2775/80328 NA-70-12-011-PT-C C O M P R E E N D E R