O pequeno William a a William Buck Bagby nasceu nos Estados Unidos, no dia 5 de novembro de 1855. Muito antes de saber as letras do alfabeto, já havia aprendido os nomes das aves que se abrigavam nas árvores perto da sua casa e conhecia os costumes dos animais selvagens. Muitas vezes acordou por causa dos gritos das raposas famintas, que procuravam alimento perto de sua casa durante a noite. Ao menino de cinco anos foi permitido frequentar a escola, que, desde cedo, mostrou preferência por História e Geografia. Muitas vezes, olhando para o mapa-múndi, William colocava o dedo na América do Sul, pensando na possibilidade de visitá-la um dia. a a A mãe de William, nas longas noites de inverno, antes que os meninos fossem dormir, reunia-os perto da lareira e contavalhes histórias bíblicas. Além disso, eles não faltavam aos cultos na Primeira Igreja Batista, que tinha como pastor o Dr. Rufus C. Burleson, presidente da nova Universidade de Baylor, onde William formou-se mais tarde. Aos 12 anos de idade, William aceitou Jesus Cristo como seu Salvador e foi batizado. Pouco tempo depois, confessou sentir a chamada de Deus para o ministério. Uma decisão importante a a Depois de formado, William Bagby passou a dirigir uma escola e a pastorear uma pequena igreja batista no Texas. Certo dia, Bagby recebeu o seguinte recado: – Faça-me o favor de dizer ao irmão Bagby que o General A. T. Hawthorne, do Brasil, precisa falar com ele. William já conhecia de nome o General A. T. Hawthorne. Atendendo à sua solicitação, foi ao encontro dele. O General Hawthore convidou o Pastor William Bagby para ser missionário no Brasil. A chegada ao Brasil a a a William casou-se com a professora Ana Luther. O casal Bagby teve uma estranha lua de mel. Foram sete longas semanas passadas em alto-mar, viajando para o Brasil. O casal Bagby chegou ao Brasil pelo porto do Rio de Janeiro. Numa tarde de março, avistaram a costa e entraram na Baía de Guanabara. Foi como se estivessem entrando noutro mundo. Ao redor, viam-se esbeltas palmeiras enfileiradas, aves de cores brilhantes e flores de todas as cores. Olhando para o contorno das montanhas da Tijuca, Bagby exclamou: – Olhem o gigante dormindo! Bagby desenhou a figura do gigante adormecido e disse à esposa: – Ana, para mim, o Brasil é um gigante. É gigantesco em território, em minerais, em produção de café e de açúcar, mas é um gigante que dorme espiritualmente, e Deus nos mandou até aqui para ajudarmos a despertá-lo do sono! a a No escritório da companhia a que pertencia o navio em que viajaram, o casal recebeu uma carta das mãos de um americano. A carta, que havia sido escrita por uma imigrante americana que vivia numa colônia de americanos sulistas, dizia o seguinte: “Peço carinhosamente que venham ao Estado de São Paulo e façam do meu lar o seu lar.” a Os missionários, vendo nesse incidente mais uma prova de que Deus estava dirigindo seus passos, aceitaram com alegria o convite da patrícia desconhecida, que agora se tornava uma amiga. O início da obra a a Enquanto estudava a língua portuguesa no Colégio Presbiteriano de Campinas, em São Paulo, Bagby conheceu o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque, que viria a se tornar um dos membros fundadores da Primeira Igreja Batista Brasileira. No dia 13 de fevereiro de 1882, Bagby estava à espera do navio Barke Serene no cais do porto do Rio de Janeiro, pois nele estava chegando o casal Taylor, o segundo casal de missionários batistas, também do Texas. Dias depois, os dois missionários, ajoelhados em um quarto de hotel, com um mapa do Brasil estendido à sua frente, pediam a direção divina para enfrentar o futuro campo missionário. a a Os missionários iniciaram a evangelização dos brasileiros pela Bahia. No dia 15 de outubro de 1882, na cidade de Salvador, foi organizada a Primeira Igreja Batista Brasileira, com cinco membros fundadores: os dois casais de missionários e o expadre Teixeira, pois sua esposa ainda não havia se convertido. O trabalho cresce Em 1884, Bagby achou que o evangelho deveria ser anunciado em outras áreas também, pois o Brasil já contava com 25 milhões de habitantes, e eram só quatro os missionários batistas que aqui atuavam. Bagby deixou o casal Taylor na Bahia e mudouse com sua família para o Rio de Janeiro. Um mês depois do dia do seu desembarque na capital imperial, foi organizada a segunda igreja batista em solo brasileiro. a Na capital imperial, o casal Bagby viu de perto a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. a a Com suas ideias democráticas, os missionários influenciaram, mesmo que indiretamente, o destino deste país. No extremo norte do Brasil, Salomão Ginsburg, um vendedor de Bíblias, foi consagrado ao ministério e ganhou muitas vidas para Cristo. A evangelização pelo ensino a Depois de um ano de férias nos Estados Unidos, quando o Pastor Francisco Fulgêncio Soren assumiu o pastorado da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, a família Bagby transferiu-se para o Estado de São Paulo. a Em São Paulo, como meio de evangelização, o casal Bagby fundou um colégio batista. O casal Bagby fez um voto a Deus: que cada dia, em cada turma, haveria uma aula sobre a Bíblia. Assim, cada aluno matriculado no Colégio Progresso Brasileiro ouviria a verdade da Palavra de Deus. O despertar do gigante a Certo dia, no alto dos Andes, Bagby viveu uma experiência significativa. a Depois dessa experiência, Bagby empenhou-se ainda mais na tarefa de acordar o Brasil do seu sono espiritual. a Após um ministério de 26 anos, sentiu que o gigante começava a se espreguiçar. a a Quando o casal já poderia pensar em sua merecida aposentadoria, o Pr. William Bagby recebeu uma carta de sua filha Alice, que, com seu esposo, havia se mudado para Porto Alegre, RS. Na carta, Alice apelava: “Papai, nós precisamos do senhor e da mamãe para ajudar-nos neste novo campo de três milhões de pessoas, a maioria das quais nunca ouviu o evangelho.” Atendendo ao apelo da filha, D. Ana e o Pr. William mudaram-se para Porto Alegre. O missionário já estava com 72 anos de idade. Através de toda a sua vida, nunca se apagou da mente de Bagby a impressão de que o Brasil era mesmo um gigante que dormia espiritualmente, e de que Deus o enviara como mensageiro seu para acordá-lo. a Em 1936, o Dr. L. R. Scarbrough, que havia se hospedado na casa dos missionários, escreveu: “A última coisa que vi o Pr. Bagby fazer no Rio Grande do Sul foi conduzir uma jovem, aluna da escola batista, a confessar publicamente a sua fé no Salvador. Era conquistador de almas...” Álbum de família Todos os filhos do casal Bagby foram missionários. Durante toda a sua vida, auxiliado por D. Ana, o Pr. William trabalhou para despertar o gigante Brasil de um sono espiritual profundo.