Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo Biografia Era filho do jurista e político baiano, senador do império José Tomás Nabuco de Araújo Filho e de Ana Benigna de Sá Barreto Nabuco de Araújo. Casou-se com Eufrásia Teixeira Leite que havia herdado, junto com sua irmã, em 1872 uma fortuna equivalente a 5% do valor das exportações brasileiras. O romance durou entre 1873 e 1887 1889 casou-se com Evelina Torres Soares Ribeiro, com quem teve 5 filhos. Biografia Nasceu em 19 de agosto 1849. Em 8 de dezembro de 1849 recebeu como padrinhos os senhores do Engenho Massangana, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho e d. Ana Rosa Falcão de Carvalho. Esta madrinha teria uma grande influência na sua formação, pois muito criança ainda ficou sob seus cuidados quando os pais viajaram para a Corte. Em Massangana ele passou a infância, até a morte da madrinha, tendo contato direto com a escravidão, podendo compreender a sua crueldade e o mal que fazia ao País. Engenho Massangana Biografia Em 1866 Iniciou os estudos de Direito na Faculdade de São Paulo, destacando-se entre os colegas, como orador. Assim, a 2 de abril de 1868, foi o orador que saudou José Bonifácio, o moço, quando este regressou à sua cidade, após perder o lugar de ministro, com a queda do Gabinete Zacarias. Em 1869 Transferiu-se para a Faculdade de Direito do Recife, onde se aproximou dos seus parentes maternos e de amigos; escreveu A escravidão, que permaneceu inédito até 1988, no Recife, e escandalizou a elite local, por defender, em um júri, um escravo negro que assassinara o seu senhor. Biografia Diplomou-se em 1870. Em 1872 publicou o seu primeiro livro Camões e os Lusíadas, com 294 páginas. Em 1872 com o dinheiro obtido com a venda do Engenho Serraria, herdado de sua madrinha, passou um ano na Europa, viajando, fazendo contatos com intelectuais e políticos e se preparando para o futuro. Em 1878 foi eleito, graças ao apoio do Barão de Vila Bela, deputado geral pela província de Pernambuco, começa aí sua campanha abolicionista. Biografia Em 7 de setembro de 1880, Nabuco organizou e instalou em sua residência a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, desafiando a elite conservadora da época, que considerava a escravidão uma instituição indispensável ao desenvolvimento do Brasil. Assim ele aprofundou as divergências com o seu partido, o Liberal, e inviabilizou a sua reeleição. Entre 1893 e 1899 foi o Período de intensa atividade intelectual de Nabuco. Não aceitando os cargos nem encargos da República, Nabuco dedicou-se às letras, escrevendo livros e artigos para jornais e revistas. Biografia Em 1896 participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, que teve Machado de Assis como seu primeiro presidente e Nabuco como secretário perpétuo. Em março de 1899 aceitou convite do governo da República para defender o Brasil na questão de limites com a então Guiana Inglesa de que seria árbitro o rei Victor Emanuel da Itália. Iniciou um processo de afastamento do grupo monarquista e a sua conciliação com a República. Biografia Em 1905 foi Criada a Embaixada do Brasil em Washington, Nabuco foi nomeado embaixador do Brasil, apresentando suas credenciais ao presidente Theodoro Roosevelt, a 25 de maio. Como embaixador em Washington ligou-se muito ao governo norte-americano e defendeu uma política pan-americana, baseada na doutrina de Monroe. Também viajou bastante pelos Estados Unidos e proferiu dezenas de conferências em universidades americanas. Em julho de 1906 Organizou a III Conferência Panamericana, realizada no Rio de Janeiro, com a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos. Faleceu em 17 de janeiro de 1910 em Washington, como embaixador, após um longo período de doença. Concepções: “Sob sua inspiração percebi que a oposição entre senhor e escravo se atenuava ao comprovar que ambos eram produtos, embora em posições assimétricas, de uma mesma ordem.” (FHC) Abolição e democratização “Refiro-me a conclusão de que a abolição, ao não ter vindo acompanhada de medidas que indicassem a responsabilidade social dos brancos pela situação degradada dos negros, não trouxe consigo a democratização da ordem social. Desprovidos dos recursos mínimos para o exercício da cidadania, os negros passaram de cativos a excluídos, sem oportunidades reais de inserção positiva no processo produtivo.” (FHC) A escravidão é responsável pelo atraso do Brasil Para combater a escravidão não basta a lei, mas é necessário um conjunto de reformas: democratização da estrutura agrária, educação universal, proteção do trabalho e previdência social. “Não basta acabar com a escravidão: é preciso destruir a obra da escravidão.” (JN). A ternura humana e o projeto de uma nação em oposição a concepções filosóficas ou religiosas, foram os ideais que moveram a luta de Nabuco pela abolição A construção da cidadania “A intenção era, contudo, outra: a de mostrar, um vez mais, que nós Brasileiros, com maiúscula como então se grafava, éramos negros, brancos e mestiços. Os negros eram próximos, eram parte do nós nacional. Em nosso caso, presava Nabuco, o exescravo tornar-se-ia cidadão, pesaria no voto, deveria ser incorporado a cidadania tornando-se igual aos demais brasileiros perante a lei e os direitos [...] Os abolicionistas europeus, ao falar da libertação dos escravos, nem se preocupavam com a relação entre alforria e voto.” (FHC) Motivação para a luta “Eu estava uma tarde sentado no patamar da escada exterior da casa, quando vejo precipitar-se para mim um jovem negro desconhecido, de cerca de dezoito anos, o qual se abraça aos meus pés suplicando-me pelo amor de Deus que o fizesse comprar por minha madrinha para me servir. Ele vinha das vizinhanças, procurando mudar de senhor porque o dele, diziame, o castigava, e ele tinha fugido com risco de vida... Foi este o traço inesperado que me descobriu a natureza da instituição com a qual eu vivera até então familiarmente, sem suspeitar a dor que ela ocultava.” (JN) Concepção de política Política como “entrega a causa”: abolicionismos, democracia agrária, reforma educacional... Era um liberal conservador, pois ao mesmo tempo que defendia causas mito afrente de seu tempo, concebia a monarquia como melhor forma de governo e era totalmente avesso a agitações populares. O grande defeito da república, para Nabuco, estava no risco da disputa pelo poder deixar para segundo plano as grandes causas da nação. O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.