SíFILIS
Liga Acadêmica de Clínica Médica
Marina de Lucena Palma
Maio, 2013
Definição
Doença infecto-contagiosa sistêmica crônica causada
pela bactéria Treponema pallidum, geralmente adquirida
por contato sexual com indivíduos infectados.
Ampla variedade de manifestações clínicas.
Evolução dividida em recente e tardia.
Fase recente
Fase tardia
primária, secundária e latência
sífilis terciária
etiologia
• Treponema pallidum
• Espiroqueta Gram-negativa delgada;
• Família: Treponemataceae; Gênero: Treponema; Espécie:
Treponema pallidum.
• Melhor observada por microscopia de campo escuro,
coloração em prata ou métodos de imunofluorescência.
LANGE, PAG 333
epidemiologia
• Adquirida pelo contato íntimo com lesões infectadas.
• Sífilis congênita*
• Cidades; homens; 35-45 anos; sexualmente ativos.
• Relaciona-se mais com fatores sociais do que com
fatores biológicos.
• Incidência anual tem diminuído de forma geral no
mundo nos últimos 100 anos.
História natural
Período de incubação - ± 21 dias
Lesão primária no local de inoculação inicial
Pápula
indolor
Cancro: úlcera de fundo limpo claro com
margens elevadas e endurecidas
O cancro persiste por 2 a 6 semanas e cicatriza espontaneamente.
Estágio secundário: resolve espontaneamente em 2 a 6 semanas.
•
•
•
•
Febre baixa
Cefaleia
Mal-estar
Exantema
• Linfadenopatia
generalizada
• Comprometimento
visceral
fisiopatologia
Contato íntimo com
lesão infecciosa
T. Pallidum penetra
na pele ou mucosas
Multiplicação no
local de entrada
Propagação para
linfonodos vizinhos
Corrente sanguínea
fisiopatologia
Lesão patológica primária
Endarterite focal
• células adventícias;
• Proliferação endotelial;
• Reação inflamatória ao redor dos vasos afetados;
• Lúmen vascular frequentemente obliterado.
Reação granulomatosa
Sífilis secundária e tardia
• Hipersensibilidade a poucos treponemas virulentos
introduzidos no hospedeiro previamente sensibilizado.
Resposta humoral intensa.
Manifestações clínicas
Sífilis Primária
• Lesão típica:
• Cancro - úlcera indolor,
de fundo limpo, endurada.
• Adenopatia regional
associada
• Uni ou bilateral;
• Linfonodos móveis,
definidos e elásticos.
Manifestações clínicas
Sífilis Secundária
• 4-8 semanas após o surgimendo do cancro.
• Sintomas sistêmicos – febre baixa, mal-estar, cefaleia.
• 80% dos pacientes com sífilis secundária apresentam
lesão cutânea em algum momento – base para diagnóstico.
MANIFESTAÇões clínicas
Padrão característico das lesões secundárias
• Disseminadas;
•
• Distribuição simétrica;
•
• Róseas, acobreadas, vermelho- •
escuras;
• Não pruriginosas;
Enduradas;
Papuloescamosas;
Cicatriz: pigmentação rósea ou
despigmentada.
Localização das lesões
• Iniciais – laterais do tórax, com disseminação para o corpo.
• Exantema acentuado na palma da mão e planta do pé.
Manifestações clínicas
• Lesões anulares ao redor da face;
• Pápula dividida – ângulo da boca;
• Placa mucosa – genitália, boca,
língua. Infecciosas.
• Condiloma
plano
–
áreas
quentes/úmidas. Infecciosas.
• Hepatite(10%); icterícia
fosfatase alcalina (comum)
• Periostite; nefropatia;
sintomática.
(rara);
gastrite
MANIFESTAÇões clínicas
Sífilis Latente
Estágio em que não existem mais sinais clínicos de sífilis
e o LCR é normal. Começa após a resolução do 1º
episódio de sífilis secundária.
Precoce
Primeiro ano após a resolução das lesões. Infecciosa!!
Latência
Tardia
Segue a fase latente precoce. Pode durar
indefinidamente. Não é infecciosa, exceto na gestante.
Manifestações clínicas
Sífilis Terciária
• Progressão lenta;
• Não infecciosa.
• Apresenta 3 principais tipos de doença:
• Sífilis benigna tardia;
• Sífilis cardiovascular;
• Neurossífilis.
Manifestações clínicas
Sífilis Benigna Tardia (Goma)
• 1 a 10 anos após infecção inicial;
• Respondem prontamente ao tratamento;
• Lesão superficial ou úlcera profunda que se rompe
para formar úlceras perfuradas – indolores, progressão
lenta, enduradas.
• Pode acometer pele, TR, TGI, ossos…
Manifestações clínicas
Sífilis Cardiovascular
• Surge 5 a 10 anos após infecção inicial.
• Não ocorre após infecção congênita.
• Resulta da endarterite obliterante dos vasa vasorum.
• Aortite sifilítica - dilatação da aorta ascendente; pode
acometer a aorta descendente.
• Principais complicações
• Insuficiência aórtica e aneurisma aórtico, em geral na
aorta ascendente.
Manifestações clínicas
Neurossífilis
Divide-se em 5 grupos:
• Assintomática;
• Meningite sifilítica;
• Sífilis meningovascular;
• Tabes dorsal;
• Paresia geral
É normal a superposição entre as síndromes.
Manifestações clínicas
Meningite sifilítica
Se manifesta no 1º ano da
infecção.
Cefaléias, náuseas, vômitos e
rigidez da nuca.
Paresia geral
Meningoencefalite crônica- perda
progressiva da função cortical
10-20 a. após infecção inicial.
Tabes Dorsal
Lesão das
medula
raízes
dorsais
da
Perda
da
propiocepção
consciente, tato epicrítico, perda
da sensibilidade vibratória e da
estereognosia.
Sífilis meningovascular
Zonas de isquemia, por infiltração
da parede das artérias por
Irritabilidade, fadiga, cefaleia,
prejuízos na memória, ausência de linfócitos e plasmócitos. (AVC)
percepção, confusão.
Manifestações clínicas
Sífilis Congênita
• Resulta da disseminação transplacentária hematogênica
• Principal período de transmissão - primeiros 5 anos da
infecção.
• Tratamento adequado antes da 16ª semana de gestação
normalmente previne a doença no neonato.
Infecção materna não tratada:
• Abortamento, morte neonatal, prematuridade ou síndrome da
sífilis congênita precoce ou tardia.
MANIFESTAÇões clínicas
• Sífilis congênita precoce:
• Assemelha-se à sífilis secundária do adulto.
• Apresenta rinite, hepatoesplenomegalia, anemia hemolítica, icterícia e
pseudoparalisia.
• Sífilis congênita tardia:
• Diagnosticada após 2 anos.
• Manifestações neurológicas são comuns- surdez (lesão do VIII par
craniano) e ceratite intersticial.
• Periostite: ossos frontais proeminentes, depressão da ponte nasal (nariz
em sela), atraso no desenvolvimento do maxilar e arqueamento anterior
das tíbias (tíbias em sabre). Pode haver artrite dos joelhos (joelhos de
Clutton), dentição anormal (dentes de Hutchinson)
Manifestações clínicas
Diagnóstico diferencial
• Cancro primário: cancro mole,
linfogranuloma venéreo e donovanose.
herpes
genital,
• Sífilis secundária: farmacodermia, sarampo, rubéola,
ptiríase rósea de Gilbert, eritema polimorfo, hanseníase
wirchoviana e colagenoses.
• Sífilis tardia: na presença de lesões gomosas, deve-se afastar
tuberculose, leishmaniose, esporotricose entre outras
doenças
granulomatosas.
Neurossífilis:
aneurisma
congênito, meningite tuberculosa, tumor intracraniano,
distúrbios psiquiátricos e emocionais.
Diagnóstico
• Exame em Campo Escuro
• Encontrar espiroquetas de morfologia e motilidade típicas
em lesões das fases precoce ou congênita
• Sensibilidade -74 a 86 %
• Especificidade- até 97%
Lavar com
solução salina
(s/ sangrar)
Comprimir para
obter líquido
seroso
Captar em
lâmina de
vidro
Examinar com
microcópio de
campo escuro
diagnóstico
• Testes Não Treponêmicos
• VDRL e Reagina Plasmática Rápida (RPR)
• Detectam anticorpos anti-cardiolipina
• Título quantitativo - útil no acompanhamento da resposta
terapêutica
• Positiva: 4-5 semanas após o contágio.
• Limitações
• Baixa especificidade
• Reações falso-positivas: TB, hepatite, endocardite
bacteriana, sarampo, varicela, flilariose, hanseníase,
malária, lúpus.
diagnóstico
• Testes Treponêmicos
• FTA-ABS – absorção de Ac treponêmico fluorescente.
• TP-PA – aglutinação de partículas de T. pallidum.
• Sensíveis e com alto grau de especificidade.
• Começam a positivar a partir da 3ª semana de infecção.
diagnóstico
Frequência de testes sorológicos na sífilis não tratada
Estágio
VDRL (%)
FTA-ABS (%)
TA-PA (%)
Primária
70
85
50-60
Secundária
99
100
100
Latente ou
tardia
70
98
98
Diagnóstico
Testes Treponêmicos
Testes NãoTreponêmicos
-
-
Ausência de infecção
ou período de
incubação
+
+
Sífilis recente ou prévia
+
-
Sífilis primária ou
latente. Previamente
tratada ou não tratada
Interpretação
Em caso de suspeita clínica e/ou
epidemiológica de infecção pelo TP, solicitar
nova coleta de amostra em até21 dias
-
+
Falso positivo. Em caso de
suspeita clínica e/ou epidemiológica de
infecção pelo TP, solicitar nova coleta de
amostra em até21 dias
diagnóstico
Neurossífilis – Características do LCR
• Neurossífilis assintomática
Pleocitose linfocítica, elevação de proteínas ou VDRL negativo em paciente
com sífilis na ausência de sinais e sintomas de doença neurológica.
• Meningite sifilítica
Pleocitose linfocítica, proteína aumentada, concentração normal de glicose.
• Tabes dorsal
VDRL nao reativo em 30% a 40%; FTA-ABS quase sempre reativo.
• Paresia geral
Pleocitose linfocítica, proteína aumentada; VDRL reativo.
diagnóstico
Sífilis Congênita
FTA-ABS e VDRL +
Determinar se os Ac são transferidos da mãe ou se
resultam de infecção ativa.
Acompanhamento com VDRL
Tratamento
Sífilis Adquirida
tratamento
Sífilis Congênita
prognóstico
• Exames de acompanhamento
• Sífilis precoce ou congênita – VDRL e exame clínico 6 e
12 meses após o tratamento.
• Sífilis latente tardia – 24 meses após a terapia.
• 85% sífilis precoce – VDRL quantitativo declina 4x
após 6 a 12 meses de terapia.
• Aumento de 4x no título de VDRL após terapia – repetir
tratamento.
• FTA-ABS pode permanecer positivos por anos, mesmo
com terapia adequada.
Prognóstico
• Neurossífilis
• Testes sorológicos por, pelo menos, 3 anos.
• Exame do LCR a cada 6 meses.
• Antibioticoterapia deve curar todos os
pacientes com sífilis precoce ou secundária.
• Tabes dorsal- detém a progressão sem reverter sintomas.
• Sífilis meningovascular – responde bem; exceto dano
tecidual de infartos isquêmicos.
Referências
bibliográficas
• Goldman, Lee. Cecil Medicina – Rio de Janeiro: Elsevier,
2009.
• Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias :
guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância
Epidemiológica. – 8. ed. rev. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2010.
• Ministério da Saúde. Diretrizes para controle da sífilis
congênita: manual de bolso / Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de
DST/Aids. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.
OBRIGADA!!