Sexualidade: Virgens à venda Mas a decisão da catarinense Ingrid Migliorini, 20 anos, de leiloar sua virgindade na internet causou escândalo e repercussão na imprensa internacional e nas redes sociais. Ela e o russo Alexander Stepanov, 23 anos, participam de um programa australiano, misto de reality show e documentário, chamado “Virgins Wanted” (Procuram-se Virgens). Os dois oferecem a primeira experiência sexual de suas vidas na internet para quem der o maior lance. Treze homens inscritos, sendo oito deles brasileiros, ofereceram quantias de US$ 1 a US$ 255 mil (R$ 510 mil) pela virgindade de “Catarina” (pseudônimo de Ingrid). O leilão tinha data prevista para terminar em 14 de outubro, mas foi adiado até o próximo dia 25. Não é a primeira vez que a internet é usada como meio para garotas venderem a virgindade. Em 2005, a modelo peruana Graciela Yataco desistiu da oferta de US$ 1,5 milhão (R$ 3 milhões) após sofrer pressões em seu país. Porém, a forma como o leilão foi organizado, desta vez, é inédita. Ingrid inscreveu-se no programa há dois anos. Ela foi examinada por um médico, que atestou que seu hímen está intacto. Se o cronograma atual da produção for mantido, a sua primeira relação sexual ocorrerá em 5 de novembro, em um voo entre a Austrália e os Estados Unidos. O local foi escolhido pelos produtores para evitar problemas com as leis contra a prostituição de ambos os países. O contrato estabelece ainda que o ganhador terá uma hora para realizar o ato, deverá usar preservativo e não poderá beijar a virgem. O documentário vai mostrar a vida de Ingrid – e do russo – antes e depois da perda da virgindade. O ato sexual não será filmado. O caso de Alexander, obviamente, não despertou tanto interesse. Até o final de setembro, seis pessoas, todos homens, haviam dado lances máximos de US$ 1.300 (R$ 2.640). No dia 14, uma australiana fez um lance de US$ 2 mil (R$ 4 mil), para alívio do rapaz, que espera fazer sexo com uma mulher. Há ainda o risco de os lances serem fictícios, ou seja, de os concorrentes, protegidos pelo anonimato, estarem apenas brincando. Em caso de desistências, o casal pode ser obrigado a fazer sexo por até um dólar, o valor da aposta mínima. No Brasil, país de população de maioria cristã (87,%) e conhecido no exterior pelo turismo sexual, a divulgação do caso gerou críticas. Para feministas, o documentário explora e comercializa o corpo da mulher, além de reforçar um estereótipo de submissão ao homem. Essa crítica é amparada por campanhas contra violência e exploração sexual no país. De acordo com um estudo do Instituto Sangari, 91 mil mulheres foram mortas no Brasil de 1980 a 2010, 43,5 mil somente na última década. Em relação à exploração sexual, não há dados abrangentes. Em entrevista, Ingrid disse que usará o dinheiro para financiar estudos de Medicina e para fundar uma ONG dedicada à construção de moradias para a população carente de Santa Catarina. Os pais da moça, apesar de não concordarem, afirmaram que apoiam a decisão da filha. Outros que defendem a estudante argumentam que a virgindade deixou de ser tabu e que, por isso, não há nada de errado no modo como a pessoa decide fazer sexo pela primeira vez. Seria, na verdade, um retorno aos tempos antigos, em que a virgindade era vista como um negócio, mas, adequando-se à revolução feminista, uma transação operada pela parte realmente interessada: a dona do corpo. Resumo No dia 14 de outubro foi prorrogado (até o dia 25) o leilão da virgindade da catarinense Ingrid Migliorini, 20 anos, que repercutiu na imprensa internacional. Ela e o russo Alexander Stepanov, 23 anos, participam de um programa australiano chamado “Virgins Wanted” (Procuram-se Virgens). Os dois oferecem a primeira experiência sexual de suas vidas na internet para quem der o maior lance. Treze homens inscritos, sendo oito deles brasileiros, ofereceram quantias de US$ 1 a US$ 255 mil (R$ 510 mil) pela virgindade de “Catarina” (pseudônimo de Ingrid). A primeira relação sexual da garota ocorrerá em 5 de novembro, em um voo entre a Austrália e os Estados Unidos. O local foi escolhido pelos produtores para evitar problemas com as leis contra a prostituição dos países. O documentário vai mostrar a vida de Ingrid – e do russo – antes e depois da perda da virgindade. Para feministas, o documentário explora o corpo da mulher e reforça um estereótipo de submissão ao homem. Defensores da catarinense argumentam que a virgindade deixou de ser tabu e que, por isso, não há nada de errado no fato de um adulto comercializar sua primeira relação sexual BOA LEITURA Extraído do: Diário Catarinense Após ser desconvidada a desfilar no Fashion Rio, Ingrid Migliorini (apelidada de Catarina), 20 anos, esteve no Central Globo de Produção (Projac) para participar do programa Mais Você desta quinta-feira. No bate-papo com Ana Maria Braga, a catarinense falou sobre o leilão e disse que entende a posição do desfile em dispensá-la. Eu respeito a opinião das pessoas. Mas a catarinense fez questão de ressaltar: — Quem tem moral sobrando também deveria leiloar. Entrevistado pelo programa após o desfile de quarta-feira, o estilista da TNG Tito Bessa explicou porque cancelou o convite para a catarinense. De acordo com Tito, a repercussão foi muito negativa e os "clientes mandaram muitas mensagens repudiando a participação". — Em respeito aos meus clientes e ao meu trabalho, eu cancelei. Não a desconvidei. Apenas refiz o convite pedindo que assistisse ao desfile — explicou o estilista. Para Catarina, esta atitude não representa preconceito: — As pessoas dizem que não gostam, mas nem sabem do que não gostam. Elas dizem ser prostituição, mas essa é uma questão muito mais ampla. "Não é pornô"Ana Maria Braga perguntou para Catarina se o ato entre ela e o japonês também seria filmado para o documentário. A moça foi enfática ao responder: — Não é pornô! Ela não quis dar mais detalhes sobre a produção alegando que o diretor não havia permitido. — O que posso dizer é que ainda sou virgem — brincou. Segundo Catarina, o ato ainda não foi consumado, sendo adiado por causa do desfile. Ela explicou que não sabe nada sobre o vencedor do leilão, apenas que se trata de um japonês. Catarina ainda pode desistir do contrato mas, se perder a virgindade, irá arrecadar cerca de R$ 1,6 milhão, o valor do lance do japonês. — E não faria por menos de R$ 500 mil. Deixei isso claro no contrato — complementou.