Laboratório de Física Professores: Denes Morais José Cássio Em Física – assim como todas as outras ciências – é baseada em observações e medições quantitativas. A partir de observações e dos resultados de medições, são formuladas teorias que podem prever os resultados de experimentos futuros. Os resultados das medições realizadas em um experimento indicam as condições em que uma teoria é satisfatória e até mesmo se ela deve ser reformulada ou não. Portanto, boa precisão das medições é fundamental para o estabelecimento das leis físicas. GRANDEZA FÍSICA A tudo aquilo que pode ser medido, associando-se um valor numérico a uma unidade de medida, dá-se o nome de GRANDEZA FÍSICA. TIPOS DE GRANDEZAS GRANDEZA ESCALAR Fica perfeitamente entendida pelo valor numérico e pela unidade de medida; não se associa às noções de direção e sentido. Exemplos: temperatura, massa, tempo, energia, etc. GRANDEZA VETORIAL Necessita, para ser perfeitamente caracterizada, das idéias de direção, sentido, de valor numérico e de unidade de medida. Exemplos: força, impulso, quantidade de movimento, velocidade, aceleração, força, etc. a) GRANDEZA FUNDAMENTAL: grandeza primitiva. Exemplos: comprimento, massa, tempo, temperatura, etc. b) GRANDEZA DERIVADA: grandeza definida por relações entre as grandezas fundamentais. Exemplos: velocidade, aceleração, força, trabalho, etc. UNIDADES DE MEDIDAS Medir uma grandeza física significa compará-la com uma outra grandeza de mesma espécie, tomada como padrão. Este padrão é a unidade de medida. No Brasil, o sistema de unidade oficial é o Sistema Internacional de unidades, conhecido como SI, ou sistema MKS. Sistema Internacional de Unidades (SI) Sistema Internacional de Unidades (SI) Múltiplos e submúltiplos do SI Medição com é o conjunto de operações objetivo de determinar o valor de uma grandeza. Estas operações podem ser realizadas automaticamente. Medir é um processo experimental pelo qual o valor momentâneo de uma grandeza física (grandeza a medir) é determinado como múltiplo e/ou uma fração de uma unidade, estabelecida por um padrão, internacionalmente. e reconhecida Incerteza de Medição: parâmetro associado ao resultado da medição, que caracteriza a dispersão de valores que podem ser atribuídos ao mensurando. DÚVIDA A forma mais comum de se expressar o resultado de uma medição é a seguinte: [Valor da grandeza] = (média das n-medidas ± incerteza da medição) [unidade] Exemplo: a) (21,23 0,06) mm b) 21,23 (6) mm c) 21,23 (0,06) mm A incerteza no resultado de uma medição caracteriza a dispersão das medidas em torno da média. Essa incerteza é agrupada em duas categorias, de acordo, como o método utilizado para estimar o seu valor: Algarismos Significativos A medida de uma grandeza física é sempre aproximada, por mais experiente que seja o operador e por mais preciso que seja o aparelho utilizado. Esta limitação reflete-se no número de algarismos que se pode utilizar para representar uma medida. O procedimento padrão é a utilização de algarismos que se tem certeza de estarem corretos, admitindo-se geralmente o uso de apenas um algarismo duvidoso. Esses algarismos são denominados de algarismos significativos e a sua quantidade estará diretamente relacionada à precisão da medida. Pode-se dizer que o comprimento assinalado na escala graduada em centímetros é de 4,8 cm. O algarismo 4 é correto, porém o algarismo 8 é duvidoso. Podia-se ter lido também 4,7 cm ou 4,9 cm. O erro que se comete é de 0,1 cm e o valor da medida deve ser apresentado como 4,8 0,1 cm. Note que o erro deve afetar somente o algarismo duvidoso da medida. O arredondamento dos números ● Frações de 0,000... a 0,4999... são simplesmente eliminadas (arredondadas para baixo); Exemplos: 3, 49 ≈3 2,4 3 ≈ 2,4 1,73 4999 ≈ 1,73 ● Frações maiores de 0,500... a 0,999... são eliminadas, mas o algarismo a ser arredondado aumenta 1 unidade (arredondadas para cima); Exemplos: 3,68 8 ≈ 3,69 5,6 501 ≈ 5,7 Medições Erros Incertezas Avaliação tipo A - a incerteza é avaliada por meio de uma análise estatística da série de medidas. Assim: Considere que uma medição foi repetida n vezes, nas mesmas condições, obtendo-se x1, x2, x3, ..., xn. Nesse caso, estabeleceu-se que a melhor estimativa para a medida é dada pela média aritmética < 𝑥 > dos valores obtidos, ou seja. 𝑛 1 < 𝑥 >= 𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 e a incerteza padrão da medição é identificada com o desvio padrão u da média das observações. 1 𝑢= 𝑛(𝑛 − 1) 1 𝑛 𝑥𝑖 −< 𝑥 > 𝑖=1 2 2 Exemplo 1. Em um teste balístico, são feitas medições do intervalo de tempo entre o disparo de um projétil e o instante em que ele toca o solo. Para isso, utiliza-se um cronômetro digital, com resolução de centésimos de segundo. i t (s) (t - 𝒕)2(s) i Os valores ti obtidos para o tempo de queda de cada projétil e os desvios ti do tempo médio estão mostrados na tabela ao lado. Nesse coso, o tempo médio 𝑡 de queda do projétil é dado por: i 1 11,31 0,01 2 11,09 0,0144 3 11,10 0,0121 4 11,27 0,0036 5 11,18 0,0009 6 11,32 0,0121 𝑡 7 11,24 0,0009 = 8 11,15 0,0036 1 𝑡= 𝑛 𝑛 𝑡𝑖 𝑖=1 1 (11,31 + 11,09 + 11,10 + 11,27 + 11,18 8 𝑡 = 11,21 (s) 𝑡 = 11,21 (s) A avaliação Tipo A da incerteza u(t) no tempo de queda, estimada como o desvio padrão da média, é dada por: 1 𝑢= 𝑛(𝑛 − 1) 1 𝑛 𝑡𝑖 − 𝑡 2 2 𝑖=1 𝑢(𝑡) 1 (0,0100 + 0,0144 + 0,0121 + 0,0036 + 0,0009 + 0,0121 + 0,0009 = 8(8 − 1) 𝑢 𝑡 = 0,032 𝑠 Portanto, o valor do tempo t que o projétil fica no ar é t=(11,21 0,03) (s) Avaliação tipo B - a incerteza é avaliada por meio de métodos não estatísticos, por não dispor de observações repetidas. Essa avaliação baseia-se, normalmente, no bom senso do operador que, a fim de estabelecer uma incerteza para a medição, deve utilizar toda informação disponível. Por exemplo, dados de medições anteriores, conhecimento acumulado sobre os instrumentos e materiais utilizados, especificações do fabricante e dados de calibração dos instrumentos. Exemplo 2 Considere que um objeto de massa m foi colocado sobre uma balança que apresentou uma leitura de 93g. A única informação disponível sobre a balança é “erro máximo = 4g”. Nessa situação, o resultado da medição da massa do objeto é: m = (93 4) g Exemplo 3 Considere um voltímetro analógico durante uma medição de uma tensão elétrica alternada, ocorre uma flutuação na diferença de potencial, observa-se que o ponteiro do aparelho oscila, aproximadamente, entre V- = 12,5V e V+=14,0V. Usando-se esses valores como limites para uma avaliação Tipo B da incerteza nessa medição, obtém-se: 1º) A média aritmética da leitura: 𝑥 = 𝑥− + 𝑥+ 2 2º) A incerteza padrão, estimada como desvio padrão: 𝑢 = 𝑥+ − 𝑥− 2 3 Assim temos, 𝑉+ + 𝑉− 14,0 + 12,5 𝑉= = = 13,25𝑉 2 2 𝑢 𝑉 = 𝑉+ − 𝑉− 2 3 = 14,0 − 12,5 2 3 = 0,43𝑉 Assim, o resultado da medição dessa diferença de potencial é: (13,3 0,4)V Erro p L 2 m 2 r Lr é a incerteza do instrumento