Feoifomicose subcutânea por Veronea bothryosa associada a esporotricose cutânea limitada em paciente imunocomprometido: relato de caso Pablo Vitoriano Cirino, Silvia May, Maria da Glória Barreiros, João Paulo Niemeyer, Beatriz Moritz Trope Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Ausência de conflito de interesse Feoifomicose subcutânea por Veronea bothryosa associada a esporotricose cutânea limitada em paciente imunocomprometido: relato de caso RELATO DE CASO • Identificação: Masculino, 43 anos, natural do Rio de Janeiro • História clínica: transplantado renal há dois anos e faz uso desde então de drogas imunossupressoras em imunossupressão • Refere lesão nodular, indolor em hálux esquerdo sem trauma prévio • Ao exame: nódulo hipercrômico com ulceração central em dorso de hálux esquerdo • Após 2 semanas refere surgimento de lesão dolorosa de 4º quirodáctilo esquerdo (QDE) • Iniciamos Cefalexina 2g/dia com melhora discreta da lesão • Ao exame: lesão ulcerada e friável em dorso de QDE Feoifomicose subcutânea por Veronea bothryosa associada a esporotricose cutânea limitada em paciente imunocomprometido: relato de caso MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • Exame histopatológico de hálux E: Processo inflamatório granulomatoso intradérmico com estruturas pigmentadas pela hematoxilina-eosina e presença de várias hifas toruladas na coloração pelo Grocott • Na cultura em ágar Sabouraud dextrose: Rápido crescimento de colônia elevada, de cinza a negra, aveludada, característica de fungo filamentoso demáceo. A microscopia foi específica de Veronaea bothryosa Feoifomicose subcutânea por Veronea bothryosa associada a esporotricose cutânea limitada em paciente imunocomprometido: relato de caso MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • Exame histopatológico de 4º QDE: Processo inflamatório ulcerado com presença de estruturas fúngicas leveduriformes evidenciadas pela técnica de Grocott • Na cultura em ágar Sabouraud dextrose: Crescimento em 5 dias de colônias membranosas, inicialmente brancas tornando-se posteriormente com tonalidade acastanhada e formação de anel ao redor na disposição em “ferradura”. Fechando o diagnóstico de Sporothrix schenckii Feoifomicose subcutânea por Veronea bothryosa associada a esporotricose cutânea limitada em paciente imunocomprometido: relato de caso DISCUSSÃO • O termo feoifomicose foi utilizado primeiramente em 1974 por Ajello para designar um grupo heterogêneo fungos demáceos com septos regulares ou distorcidos, hifas toruloides além de células leveduriformes • Os agentes etiológicos das feoifomicoses são numerosos com diferentes gêneros e espécies. Os mais comuns são os agentes Exophiala jeanselmei, Wangiella dermatitides e Pleurophomopsis lignicola. Fungos isolados do solo e detritos orgânicos • A Veronea bothryosa é um agente etiológico bastante raro, tendo sido descrito apenas 5 relatos na literatura mundial • Não se sabe ao certo a prevalência da feoifomicose. Afeta principalmente idosos, pacientes imunossuprimidos • Pacientes imunocompetentes também podem ser acometidos, segundo estudo realizado por Murayama e cols. em 2003, dos 54 casos confirmados de feoifomicose, apenas em menos da metade dos casos foram identificados possíveis agentes causais de imunossupressão Feoifomicose subcutânea por Veronea bothryosa associada a esporotricose cutânea limitada em paciente imunocomprometido: relato de caso DISCUSSÃO • Tratamento: Iniciamos Itraconazol 200mg/dia por 3 meses e meio com redução para 100mg/ dia por 25 dias • Evoluiu com cura completa das duas lesões Feoifomicose subcutânea por Veronea bothryosa associada a esporotricose cutânea limitada em paciente imunocomprometido: relato de caso REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Lacaz CS, Porto E, Hiens-Vaccari EM, Melo NT. Fungos, actinomicetos e algas de interesse médico. São Paulo: Sarvier; 1998. Rossetto AL, Dellatorre G, Cruz RCB, Persio RA, Romeiro JCM. 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