O Mundo do Rei Artur
-2Antonio L. Furtado
Ementa
Introdução: Rei Artur - história, lenda, ficção?
1. Primeira fase: crônicas pseudo-históricas - Geoffrey of Monmouth
1.1. Bretões, saxões e normandos
1.2. História dos Reis da Bretanha
1.3. Vida de Merlim
2. Segunda fase: romances de cavalaria - Chrétien de Troyes
2.1. Cavalaria e amor cortês
2.2. Erec e Enide
2.3. Cligés
2.4. Lancelote
2.5. Yvain
2.6. Persival - ou o Conto do Graal
3. Terceira fase: estórias exemplares - Robert de Boron
3.1. Cruzadas e cavalaria sacra
3.2. Joseph ou O Romance da Estória do Graal
3.3. Vulgata Arturiana ou Lancelote-Graal
3.4. A Demanda do Santo Graal
Conclusão: rei que foi, rei que será
2a. Apresentação
13/01/2011
Primeira fase: crônicas pseudohistóricas
- Início
Bretões, saxões, normandos
• Bretões (povo celta) (desde 1200 a.C.)
• Domínio romano - César (55 e 54 a.C.), Cláudio (43 A.D.)
• O general Maximus, parte da Bretanha para a
Gália, com tropas bretãs, para tornar-se
imperador - deixa a Bretanha desprotegida (383)
• Socorro romano até a negativa de Honorius (410)
• Saxões - batalha de Deorham (577)
• Normandos - Guilherme o conquistador - batalha de
Hastings (14 de outubro de 1066)
Inglaterra normanda
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William (Guilherme) - (1066 –1087)
William Rufus - (1087–1100)
Henry (Henrique) I - (1100 –1135)
Luta pela sucessão de Henry: William Audelin
(naufrágio do White Ship), Matilda e Robert of
Gloucester (filho bastardo), Stephen (sobrinho)
• Stephen (Estevão) - (1135–1154) - a Anarquia
• Henry II -
(1154–1189)
Geoffrey of Monmouth História dos Reis da Bretanha
• Fonte: um "livro antiquíssimo", em língua
bretã, fornecido por Walter arquidiácono
de Oxford
• Fonte: História dos Bretões de Nennius,
História Eclesiástica do Povo Inglês de
Beda, etc., etc.
• Modelo: Vidas Paralelas de Plutarco (?)
Conteúdo da obra
• Prólogo: O livro em bretão; dedicatória a Robert of
Gloucester e Waleran of Meulan
• Brutus ocupa a ilha de Albion
• Antes da vinda dos romanos
• Chegam os romanos
• A linhagem de Constantinus
• Profecias de Merlim
• Linhagem de Constantinus (continuação)
• Reinado de Artur
• Dominação dos saxões
Episódios a examinar
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Brutus - origem troiana dos bretões
O rei Leir
Vortigern e Hengist
Merlim profeta
Merlim engenheiro milagroso
Merlim mágico
Biografia de Artur
Cadvaladrus - promessa de volta dos bretões
Origem troiana dos bretões
• Brutus é de raça troiana: Enéias → Ascanius → Silvius
→ Brutus. Conforme predição, sua mãe morre quando
ele nasce, e ele acaba matando o pai por acidente.
Exilado, vai para a Grécia, onde encontra um grupo de
troianos escravizados sob o rei grego Pandrasus. Tornase líder do grupo e, depois de uma série de batalhas,
uma delas à beira do rio Akalon, força o rei a deixar seu
povo partir. O rei lhe concede a filha, Innogin, em
casamento; terão como filhos: Locrinus, Albanactus e
Kamber. Iniciando a viagem, chegam a uma ilha deserta
onde há um templo de Diana.
Origem troiana dos bretões
• A deusa lhe anuncia em sonho para onde
deverão ir:
"Brutus, a oeste, além do reino da Gália, situa-se
uma ilha cercada pelo oceano, outrora habitada
por gigantes, mas agora deserta à espera de
tua gente. Dirige-te para lá, será teu lar para
sempre. Será para os teus descendentes uma
nova Tróia. De tua prole nascerão reis, aos
quais todas as terras do mundo estarão
sujeitas."
Origem troiana dos bretões
• Passam pelo norte da África, escapam das sereias, e chegam ao
mar Tirreno. Encontram outro grupo de troianos, liderados por
Corineus, matador de gigantes. Na Gália combatem Goffarius
Pictus, rei da Aquitânia. Vencem batalhas, mesmo perdendo
Turonus, sobrinho de Brutus, sepultado no futuro local da cidade de
Tours ('civitas Turonorum'), que segundo Homero (?) seria fundada
por Brutus. Prosseguindo viagem, aportam em Albion, aonde ainda
há gigantes que eles tem de exterminar. Corineus enfrenta e mata o
gigante Gogmagog em luta livre. Brutus dá seu nome à ilha -'Britannia'. Outros nomes: Corineus → 'Corineia' ou 'Cornubia'
(Cornualha); Locrinus → 'Loegria' (Logres); Albanactus → 'Albania'
(Escócia); Kamber → 'Kambria' (Gales). Brutus funda a cidade de
Troia Nova, depois Trinovantum, Kaerlud (cidade de Lud),
Kaerlundein, Lundene, Lundres (Londres).
Justinus: Epítome da Historiae Philippicae
de Pompeius Trogus
• Alexandre, rei de Epirus, chamado a vir à Itália pelos Tarentinos,
que desejavam sua ajuda contra os Brútios, tinha ido para lá com
tanta confiança como se, em uma partilha do mundo, o leste tivesse
cabido por sorte a Alexandre o Grande, o filho de sua irmã
Olympias, e o oeste a ele próprio, e como se tivesse não menos a
lidar na Itália, África e Sicília do que Alexandre o Grande na Ásia e
na Pérsia. Acrescente-se que, assim como o oráculo de Delfos
prevenira Alexandre o Grande contra traição na Macedônia,
também o de Júpiter em Dodona o avisara a “precaver-se em face
da cidade de Pandosia e do rio Acheron;” e como sabia de ambos
em Epirus, e ignorava que também existiam locais na Itália com
esses nomes, animou-se ainda mais a partir para a expedição, na
esperança de escapar dos perigos sinalizados pelo aviso.
Homero - Odisséia
Tradução de Jaime Bruna (da USP)
• Destino-me a Têmese (no mapa: Tempsa) em
busca de cobre e carrego ferro reluzente.
Tradução de Alexander Pope:
• Freighted with iron from my native land,
I steer my voyage to the Brutian strand
To gain by commerce, for the labour'd mass,
A just proportion of refulgent brass.
Rei Leir - início
• Tendo três filhas e nenhum filho varão, pensa em casá-las primeiro
com homens capazes de exercer o poder ao lado delas. O rei as
submete a uma prova para definir que parte lhes dará: quer saber
quanto cada uma delas o ama. As mais velhas o adulam com
expressões extravagantes, enquanto a resposta prosaica da mais
jovem, Cordélia, que era a predileta, o enfurece e o leva a exclui-la
da partilha. Admite apenas que não se negará a entregá-la a algum
estrangeiro que a queira mesmo sem dote. Logo um rei dos francos
é atraído pela fama da beleza dela e envia mensageiros para levála à Gália onde se tornará sua esposa. Leir continua a reinar sobre
metade do território, dividindo a outra metade entre os dois duques
de seu reino com quem casara as filhas mais velhas.
Resposta de Cordélia a Leir
• "Meu pai, pode realmente haver uma filha que presuma
amar seu pai mais do que como pai? Não acredito que
haja alguma que ouse afirmar tal coisa, salvo se
pretende ocultar a verdade atrás de palavras levianas.
De minha parte sempre te quis como pai e não me
desviarei de meu propósito. E para que não insistas em
arrancar mais de mim, ouve a medida certa do amor que
te tenho e põe fim a tua indagação: quanto tens tanto
vales e desse tanto te amo."
• motivo do "amor como sal", que leva o número 923 entre
os motivos recorrentes do índice de Aarne-Thompson.
Rei Leir - conclusão
• Quando, mais tarde, os duques seus genros o vêem debilitado pela
idade, rebelam-se e tomam-lhe o restante do poder. O que
desposara a filha primogênita o hospeda, concedendo-lhe a
dignidade de manter uma escolta pessoal. Mas ocorrem conflitos
entre os homens do palácio e os de Leir, e a filha exige que o
número destes seja reduzido. Inconformado, Leir passa a errar
entre as cortes das duas filhas, as quais lhe vão impondo novas
reduções até que lhe sobra apenas um serviçal. É nesse momento
que ele toma consciência de ter julgado erradamente as filhas.
Embarca em busca de Cordélia, que o acolhe com carinho.
Convocado um contingente militar, Leir assume o comando e
regressa em companhia dela, para logo retomar em combate a
totalidade do reino. Três anos depois morre Leir, tendo reinado por
sessenta anos. É sepultado com todas as honras pela filha querida.
Retirada amarga
Leir (Geoffrey)
• Ele clamou "... É sofrimento
ainda maior lembrar o sucesso
passado do que suportar as
desventuras que vêm depois.
Na verdade, a lembrança dos
tempos em que, acompanhado
por tantas centenas de
milhares de combatentes, eu
costumava derrubar os muros
das cidades e devastar as
províncias dos inimigos, me
entristece mais do que a
calamitosa miséria, que faz
com que me abandonem nesta
fraqueza os que outrora me
jaziam aos pés."
Pompeu (Plutarco)
• ... tomado pelos pensamentos
que naturalmente acorreriam a
um homem que, por trinta e
quatro anos, habituara-se a
conquistar e alcançar em tudo
a supremacia, e que agora
pela primeira vez, na velhice,
experimentava a derrota e a
fuga; ocorria-lhe que ... ele que
há pouco era defendido por tal
força de infantaria e cavalaria,
estava agora a escapar em
condições tão mesquinhas que
passava despercebido pelos
inimigos em seu encalço.
Retirada amarga
Leir (Geoffrey)
• Acompanhado de um único
servidor ('armigerus')
• Embarca em um navio;
percebe que está em 3° lugar
entre os príncipes a bordo
• Viaja à procura da filha,
Cordélia
• Ao chegar envia um
mensageiro a ela para
comunicar sua desgraça
• Ela embarca com ele; ajuda
Leir a recuperar o poder
• Quando ele morre, ela se
encarrega de sepultá-lo
Pompeu (Plutarco)
• Embarca em um navio
• Um homem decide servi-lo,
Favônio, antes inimigo de
Pompeu (triúnviro c/ César e Crasso)
• Viaja à procura da esposa,
Cornélia
• Ao chegar envia um
mensageiro a ela para
comunicar sua desgraça
• Ela embarca com ele; Pompeu
não consegue recuperar o
poder
• Quando ele morre, ela se
encarrega de sepultá-lo
Nobreza do inimigo
Pompeu (Plutarco)
Favônio, vendo que Pompeu,
à falta de serviçais, começava
a tirar os calçados, chegou-se
a ele e os desatou, e o ajudou
a ungir-se. E daí em diante
continuou a ministrar-lhe os
serviços que escravos prestam
a seus donos, até mesmo
lavando-lhe os pés e
preparando as refeições.
Lear (Shakespeare)
Kent, sir, the banish’d Kent; who
in disguise
Follow’d his enemy king, and did
him service
Improper for a slave.
- tradução:
Kent, senhor, Kent o banido; que
disfarçado
Seguiu o rei, seu inimigo, e lhe
prestou serviço
Impróprio até para um escravo.
Vortigern e Hengist
• Chegam em três longas naves os saxões sob os irmãos
Horsa e Hengist
• Celebram tratado com Vortigern para ajudá-lo contra os
bárbaros inimigos, em troca da concessão de terras
• Com permissão de Vortigern, chamam mais homens
• Vortigern une-se a Ronwein, filha de Hengist
• Os bretões substituem Vortigern por Vortimer, seu filho,
como rei, e ele vence e expulsa os saxões. Ronwein o
envenena. Manda sepultar seu corpo numa pirâmide a
beira-mar para aterrorizar os saxões - não o obedecem
• Volta Vortigern a reinar e chama os saxões de volta
Valens e Fritigern
(Jordanes, Origem e Feitos dos Godos)
• O imperador Valens recebeu os godos na região da
Moesia e os colocou como um muro de defesa contra
outras tribos … Logo a fome e a necessidade os
assolaram, como frequentemente acontece com povos
que ainda não se estabeleceram completamente em
seu novo território … Seus líderes, Fritigern,
Alatheus e Safrac, começaram a queixar-se da
situação de seu exército e pediram a Lupicinus e
Maximus, comandantes romanos, que lhes abrissem
um mercado.
Vortigern - Fritigern
…Hengist, tramando um golpe
inaudito, ordenou que cada um
dos seus tivesse uma longa
faca escondida na bota … Em
maio, todos se reuniram no
lugar combinado para negociar
a paz. Quando viu que o
momento era propício para a
traição, Hengist bradou 'nimet
oure saxas', e logo segurou
Vortigern pelo manto. Ouvindo
o sinal, os saxões puxaram as
facas, e pegaram e mataram
460 nobres bretões que não
esperavam nada desse tipo.
... Lupicinus convidou Fritigern, um
chefe dos godos, para um
festim, com a intenção de
armar-lhe uma cilada. Fritigern,
nada de mal imaginando,
compareceu
com
alguns
seguidores. Enquanto comia no
pretório, ouviu os gritos de seus
homens
mal-fadados;
por
ordem do general, os soldados
estavam
matando
seus
companheiros, trancados em
outra parte da casa.
Merlim profeta
(fonte: Nennius)
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Vortigern consulta seus magos, que lhe recomendam edificar uma torre para lhe
servir de refúgio.
O que é construído em um dia, desaparece no dia seguinte tragado pela terra.
Os magos lhe dizem que deve procurar um menino sem pai, que deverá ser morto
para com seu sangue aspergir as pedras.
Seus homens acham Merlim, cuja mãe diz que, quando estava em sua cela,
aparecia alguém sob a forma de um lindo jovem que a tomava nos braços e depois
desaparecia de repente.
Um certo Maugantius explica: Nos livros de nossos filósofos e em várias histórias
fala-se de muitos homens assim procriados. Segundo Apuleio em seu De Deo
Socratis, entre a lua e a terra habitam espíritos que chamamos demônios íncubos. A
natureza deles é parte humana, parte angélica e, quando querem, assumem figura
humana e se unem a mulheres. Foi talvez um deles que apareceu a essa mulher e
nela gerou o rapaz.
Merlim é levado a Vortigern, humilha os magos, e revela que sob a terra havia um
poço; nele acham um dragão branco que punha em fuga um dragão vermelho.
Merlim interpreta: o vermelho são os bretões e o branco os saxões. Prevê a morte de
Vortigern -- ou o matariam os saxões ou os filhos de Constantino, traídos por ele.
Merlim engenheiro milagroso
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Aurélio, filho de Constantino, imagina como tornar memorável um certo local por
meio de uma construção.
Merlim recomenda que mande trazer do monte Killaraus na Irlanda uma pedras
enormes, que formam a Coréia dos Gigantes.
São pedras místicas e salutíferas, trazidas da África por gigantes,.
Eles derramavam água sobre as pedras, misturando infusões de ervas, e doentes
que ali se banhassem eram curados.
Merlim acompanha a expedição, comandada por Uter irmão de Aurélio.
Combatem e derrotam o rei da Irlanda, que não quis que levassem as pedras.
Diz Merlim aos companheiros: "Aplicai vossas forças, jovens, a desmontar estas
pedras, para saber se o engenho cede à força ou a força ao engenho."
Eles nada conseguem.
Merlim deu risadas e aprontou seu equipamento. Depois de juntar todo o necessário,
com mais facilidade do que se poderia imaginar desmontou as pedras; uma vez
postas no chão, mandou-as levar e embarcar nos navios.
Outro milagreiro: Arquimedes
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Arquimedes, parente e amigo do rei Hiero, escreveu-lhe que, com uma força
qualquer, seria possível mover qualquer peso dado. E entusiasmado com o valor de
sua demonstração, afirmou que se houvesse um outro mundo ao qual ele pudesse ir,
a partir desse outro mundo ele poderia mover o nosso. Hiero, tomado de admiração,
pediu-lhe para por em prática a proposição, mostrando algum grande peso sendo
movimentado por uma pequena força. Arquimedes então foi até uma nau mercante
de três mastros da frota real, que havia sido arrastada para terra com o trabalho
enorme de muitos homens. Depois de mandar colocar a bordo numerosos
passageiros e o volume usual de carga, sentou-se à distância da nau, e, sem grande
esforço, apenas calmamente acionando com a mão um sistema de roldanas
compostas, puxou-a em sua direção suave gradualmente, como se ela estivesse
deslizando sobre a água.
Biografia de Marcellus, nas Vidas Paralelas de Plutarco.
Merlim mágico
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Narrador: Atormentado pelo desejo, o rei Uter chamou Urfino de Ridcaradoch, seu familiar e
companheiro de batalha.
Uter: Ardo de amor por Igerna, nem sei como evitar o perigo que corre meu corpo se não
conseguir possuí-la. Tu, pois, aconselha-me sobre como realizar minha vontade. Do contrário
morrerei desta ânsia que me consome.
Urfino: E que conselho te poderia dar, se nenhuma força é capaz de arrancá-la da fortaleza de
Tintagel? Cercada pelo mar, não tem entrada salvo por uma passagem estreita, que três
soldados poderiam defender contra todas as tropas da Bretanha. Todavia, se tivesses ajuda de
Merlim, poderias obter o que tanto queres.
Narrador: Chamado às pressas, Merlim comoveu-se com o sofrimento do rei.
Merlim: Para satisfazer tua vontade, deves utilizar artifícios novos, a ninguém revelados nos
tempos de hoje. Sei, com minhas drogas, como fazer com que pareças ser Gorlois aos olhos de
todos. Se concordares, serás tomado por ele, e Urfino por Jordão de Tintagel, um dos homens de
Gorlois. Eu seguirei junto, na forma de algum outro. Assim te deixarão entrar em segurança na
fortaleza e chegarás até Igerna.
Narrador: Transmutados pelo encantamento, puseram-se em marcha, e atingiram Tintagel ao
anoitecer. A guarnição da fortaleza, na certeza de que era o duque quem se aproximava,
prontamente lhes abriu os portões. O rei passou a noite com Igerna, reconfortando-se em seus
braços. Ela se deixou enganar pela falsa aparência assumida por ele, e também por seus
protestos mentirosos de que escapara da praça sitiada para em seu mais dileto bem achar
refúgio. Nessa mesma noite foi concebido o renomado Artur, de imenso valor e fama imorredoura.
Nectanebo mágico
•
O rei Nectanebo era um homem engenhoso não apenas em astrologia e
matemática como também versado em muitas formas de mágica. Olhou
para Olímpias com desejo ardente. Quando Olímpias viu que ele a fitava
assim, disse-lhe: "Mestre, que estavas pensando quando olhavas para mim
dessa maneira?" Nectanebo lhe replicou: "Foi-me dito por meus deuses
que eu iria contemplar uma rainha (regina)." E ainda lhe disse: "Aquele
deus (Amon) virá a ti na forma de um dragão, e depois adotará uma forma
humana que se parecerá exatamente comigo." Nessa noite em torno da
hora da primeira vigília Nectanebo usou encantamentos mágicos para
transformar-se na forma de um dragão. Foi sibilando à cama de Olímpias.
Entrou em seu quarto, subiu ao leito dela, beijou-a e deitou com ela.
Quando se ergueu de seu abraço, afagou-lhe o ventre e lhe disse: "Possa
este filho que foi concebido ser vitorioso e para sempre permaneça
inconquistado dentre os homens." Deste modo Olímpias foi enganada,
deitando-se com um homem que tomara por um deus.
Olímpias e Amon
(Nectanebo)
Uther Pendragon e Igerna
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