Mecânica Quântica Carlos Eduardo Aguiar Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física Instituto de Física - UFRJ 1º período letivo, 2014 Ensino e aprendizagem de mecânica quântica • Dificuldades conceituais – – – – – Superposição quântica Probabilidade subjetiva x objetiva Complementaridade O problema da medida Realismo vs. localidade • Dificuldades matemáticas – – – – – Vetores Números complexos Espaços vetoriais complexos Operadores, autovalores, autovetores Dimensão infinita, operadores diferenciais, funções especiais C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 2 Sobre o ensino e aprendizagem de mecânica quântica • • • • • • • • • • D. F. Styer, Common misconceptions regarding quantum mechanics, American Journal of Physics 64 , 31, 1996. I. D. Johnston, K. Crawford, P. R. Fletcher, Student difficulties in learning quantum mechanics, International Journal of Science Education 20 , 427, 1998. S. Vokos, P. S. Shaffer, B. S. Ambrose, L. C. McDermott, Student understanding of the wave nature of matter: Diffraction and interference of particles, American Journal of Physics 68, S42, 2000. G. Ireson, The quantum understanding of pre-university physics students, Physics Education 35, 15, 2000. M. A. Moreira, I. M. Greca, Uma revisão da literatura sobre estudos relativos ao ensino da mecânica quântica introdutória, Investigações em Ensino de Ciências 6, 29, 2001. I. M. Greca, M. A. Moreira, V.E. Herscovitz, Uma proposta para o ensino de mecânica quântica, Revista Brasileira de Ensino de Física 33, 444, 2001. C. Singh, Student understanding of quantum mechanics, American Journal of Physics 69, 885, 2001. E. Cataloglu, R. W. Robinett, Testing the development of student conceptual and visualization understanding in quantum mechanics through the undergraduate career, American Journal of Physics 70, 238, 2002. K. Mannila, I. T. Koponen, J. A. Niskanen, Building a picture of students’ conceptions of wave- and particle-like properties of quantum entities, European Journal of Physics 23, 45, 2002. R. Müller, H. Wiesner, Teaching quantum mechanics on an introductory level, American Journal of Physics 70, 200, 2002; ver também Am. J. Phys. 70, 887, 2002. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 3 Sobre o ensino e aprendizagem de mecânica quântica • • • • • • • • • • I. M. Greca, O. Freire Jr, Does an emphasis on the concept of quantum states enhance students’ understanding of quantum mechanics?, Science & Education 12 , 541, 2003. F. Ostermann, T. F. Ricci, Construindo uma unidade didática conceitual sobre mecânica quântica: um estudo na formação de professores de física, Ciência & Educação 10, 235, 2004. D. T. Brookes, E. Etkina, Using conceptual metaphor and functional grammar to explore how language used in physics affects student learning, Physical Review Special Topics - Physics Education Research 3, 010105, 2007. S. B. McKagan, K. K. Perkins, C. E. Wieman, Why we should teach the Bohr model and how to teach it effectively, Physical Review Special Topics - Physics Education Research 4, 10103, 2008. C. Singh, Student understanding of quantum mechanics at the beginning of graduate instruction, American Journal of Physics 76, 277, 2008. C. Singh, Interactive learning tutorials on quantum mechanics, American Journal of Physics 76, 400, 2008. L. D. Carr, S. B. McKagan, Graduate quantum mechanics reform, American Journal of Physics 77, 308, 2009. M. Dubson, S. Goldhaber, S. Pollock, K. Perkins, Faculty Disagreement about the Teaching of Quantum Mechanics, 2009 Physics Education Research Conference, AIP Conference Proceedings 1179, 137, 2009. C. Baily, N. D. Finkelstein, Development of quantum perspectives in modern physics, Physical Review Special Topics - Physics Education Research 5, 10106, 2009. C. Baily, N. D. Finkelstein, Teaching and understanding of quantum interpretations in modern physics courses, Physical Review Special Topics - Physics Education Research 6, 10101, 2010. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 4 Sobre o ensino e aprendizagem de mecânica quântica • • • • • • • • • S. B. McKagan, K. K. Perkins, C. E. Wieman, Design and validation of the Quantum Mechanics Conceptual Survey, Physical Review Special Topics - Physics Education Research 6, 020121, 2010. L. Deslauriers, C. E. Wieman, Learning and retention of quantum concepts with different teaching methods, Physical Review Special Topics - Physics Education Research 7, 010101, 2011. M. Ayene, J. Kriek, B. Damtie, Wave-particle duality and uncertainty principle: Phenomenographic categories of description of tertiary physics students’ depictions, Physical Review Special Topics Physics Education Research 7, 020113, 2011. G. Zhu, C. Singh, Improving students’ understanding of quantum mechanics via the Stern–Gerlach experiment, American Journal of Physics 79, 499, 2011. G. Zhu, C. Singh, Improving students’ understanding of quantum measurement. I. Investigation of difficulties, Physical Review Special Topics - Physics Education Research 8, 101117, 2012. G. Zhu, C. Singh, Improving students’ understanding of quantum measurement. II. Development of research-based learning tools, Physical Review Special Topics - Physics Education Research 8, 101118, 2012. O. Levrini, P. Fantini, Encountering Productive Forms of Complexity in Learning Modern Physics, Science & Education 22,1895, 2013. A. Kohnle et al., A new introductory quantum mechanics curriculum, European Journal of Physics 35, 015001, 2014. J. Castrillon, O. Freire Jr, B. Rodriguez, Mecánica cuántica fundamental, una propuesta didáctica, Revista Brasileira de Ensino de Física 36, 1505, 2014. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 5 Leituras recomendadas • • • • • • • • • • • • • • • R. P. Feynman, R. B. Leighton, M. Sands, Lições de Física de Feynman, vol. III, Bookman, 2008. R. P. Feynman, QED - A estranha teoria da luz e da matéria, Gradiva, 1988. H. M. Nussenzveig, Curso de Física Básica: Ótica, Relatividade, Física Quântica, Blucher, 2002. O. Pessoa Jr, Conceitos de Física Quântica, Livraria da Física, 2003. A. Zeilinger, A Face Oculta da Natureza, Globo, 2005. M. Le Bellac, The Quantum World, World Scientific, 2013. T. Hey, P. Walters, The New Quantum Universe, Cambridge UP, 2003. V. Scarani, Quantum physics: a first encounter, Oxford UP, 2006. B. Rosenblum , F. Kuttner , Quantum Enigma: Physics Encounters Consciousness, Oxford UP, 2006. L. Susskind, A. Friedman, Quantum Mechanics: The Theoretical Minimum, Basic Books, 2014 A. Rae, Quantum Physics: Illusion or Reality?, Cambridge UP, 2012. J. Polkinghorne, Quantum Theory: A Very Short Introduction, Oxford UP, 2002. D. F. Styer, The Strange World of Quantum Mechanics, Cambridge UP, 2000. D. McIntyre, C. A. Manogue, J. Tate, Quantum Mechanics: A Paradigms Approach, AddisonWesley, 2012. M. Le Bellac, Quantum Physics, Cambridge UP, 2006. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 6 Simulações • • • • • • Interferômetro de Mach-Zehnder (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) http://www.if.ufrgs.br/~fernanda/ Experiência de Stern-Gerlach (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) http://www.if.ufrgs.br/~betz/quantum/SGtexto.htm QuantumLab (Universität Erlangen-Nürnberg) http://www.didaktik.physik.uni-erlangen.de/quantumlab/english/index.html PhET (University of Colorado) http://phet.colorado.edu/pt_BR/simulations/category/physics/quantumphenomena SPINS (Oregon State University) http://www.physics.orst.edu/~mcintyre/ph425/spins/index_SPINS_OSP.html Quantum physics (École Polytechnique) http://www.quantum-physics.polytechnique.fr/index.html C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 7 Internet • Quantum Physics (IoP) http://quantumphysics.iop.org/ • Quantum Mechanics (Leonard Susskind) http://theoreticalminimum.com/courses/quantum-mechanics/2012/winter • Quantum Entanglement (Leonard Susskind) http://theoreticalminimum.com/courses/quantum-entanglement/2006/fall • Advanced Quantum Mechanics (Leonard Susskind) http://theoreticalminimum.com/courses/advanced-quantum-mechanics/2013/fall C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 8 Sumário 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Fenômenos quânticos Princípios da mecânica quântica Sistemas quânticos simples: aplicações Realismo, contextualidade e não-localidade Partículas idênticas Operadores, autovalores e autovetores não estão Simetrias nestas notas Posição e momentum Partícula em uma dimensão C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 9 Fenômenos Quânticos Charles Addams, New Yorker, 1940 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 10 Um experimento com a luz detetores de luz D1 espelho D2 feixe luminoso pouco intenso espelho semiespelho (50-50%) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 11 Resultado do experimento • Os detectores nunca disparam ao mesmo tempo: apenas um, ou D1 ou D2, é ativado a cada vez. D1 D1 D2 D2 ou 50% C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 probabilidade 50% 12 Se a luz fosse uma onda D1 D2 ... os detectores deveriam disparar ao mesmo tempo. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 13 Se a luz é composta por partículas D1 D1 D2 D2 ou ... ou D1 dispara, ou D2 dispara. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 14 Conclusão • A luz é composta por partículas: os fótons. • O detector que dispara aponta “qual caminho” o fóton tomou. D1 D2 caminho 2 caminho 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 15 O experimento de Grangier, Roger & Aspect • Experimento realizado pela primeira vez em 1986 por Philippe Grangier, Gérard Roger e Alain Aspect. • A fonte luminosa de “pouco intensa” usada no experimento não é fácil de construir. ν1 átomo de cálcio C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 τ = 4,7 ns ν2 16 O experimento de Grangier, Roger & Aspect w = 9 ns P. Grangier, G. Roger, A. Aspect, Experimental evidence for a photon anticorrelation effect on a beam splitter: A new light on single-photon interferences, Europhysics Letters 1, 173 (1986) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 17 Resultado do experimento de Grangier et al. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 18 Sobre o ensino do conceito de fóton • Os experimentos de anticoincidência fornecem evidência simples e direta da natureza corpuscular da luz. • Mais fácil de discutir (principalmente no ensino médio) que o efeito fotoelétrico. • Ao contrário do que se lê em muitos livros-texto, o fóton não é necessário para explicar os efeitos fotoelétrico e Compton. – G. Beck, Zeitschrift für Physik 41, 443 (1927) – E. Schroedinger, Annalen der Physik 82, 257 (1927) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 19 Outro experimento com a luz D1 D2 segundo semiespelho feixe luminoso “fóton a fóton” interferômetro de Mach-Zehnder C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 20 Preliminares: um feixe bloqueado 25% 50% 25% 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 21 O outro feixe bloqueado 25% 25% 2 50% 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 22 Resultado fácil de entender com partículas 25% 50% 25% 2 1 = caminho do fóton C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 23 De volta ao interferômetro D1 D2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 24 Resultado do experimento: 100% D1 0% D2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 25 Difícil de entender se os fótons seguem caminhos definidos caminho 2 caminho 1 25% 25% 25% 25% 2 1 Se o fóton segue o caminho 1 (2) não deve fazer diferença se o caminho 2 (1) está aberto ou fechado, e portanto vale o resultado do experimento preliminar. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 26 Proposição:* Cada fóton segue ou o caminho 1 ou o caminho 2 consequência: PDn PD(1n) PD( 2n ) probabilidade do detetor Dn disparar apenas o caminho 1 aberto apenas o caminho 2 aberto * The Feynman Lectures on Physics, v.3, p.1-5 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 27 Teste da Proposição Experimentalmente: P 25% (1) D1 ( 2) D1 P 25% PD1 100% P 25% (1) D2 ( 2) D2 P 25% PD2 0% PDn PD(1n) PD( 2n ) a proposição é falsa! C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 28 Repetindo: A afirmativa “o fóton segue ou pelo caminho 1 ou pelo caminho 2” é falsa. “… um fenômeno que é impossível, absolutamente impossível, de explicar em qualquer forma clássica, e que traz em si o coração da mecânica quântica.” R. P. Feynman, The Feynman Lectures on Physics, v.3, p.1-1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 29 Por onde vai o fóton? 2 1 1e2 nem 1 nem 2 ou 1 ou 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 30 Por onde vai o fóton? • Experimentalmente, a opção “ou 1 ou 2” é falsa. • Se os dois caminhos forem fechados, nenhum fóton chega aos detetores. Logo, “nem 1 nem 2” também não é aceitável. • Parece restar apenas a opção “1 e 2”: o fóton segue os dois caminhos ao mesmo tempo. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 31 Uma resposta melhor • Não faz sentido falar sobre o caminho do fóton no interferômetro, pois a montagem experimental não permite distinguir os caminhos 1 e 2. • A pergunta “qual o caminho do fóton?” só faz sentido frente a um aparato capaz de produzir uma resposta. Quando alguém deseja ser claro sobre o que quer dizer com as palavras “posição de um objeto”, por exemplo do elétron (em um sistema de referência), ele deve especificar experimentos determinados com os quais pretende medir tal posição; do contrário essas palavras não terão significado. - W. Heisenberg, The physical content of quantum kinematics and mechanics (o artigo de1927 sobre o princípio da incerteza) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 32 Fácil de entender num modelo ondulatório interferência construtiva D1 D2 interferência destrutiva C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 33 Comprimentos variáveis PD1 PD2 L2 L1 L1, L2 = comprimentos ajustáveis dos “braços” do interferômetro C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 34 Resultado experimental: PD1 PD2 1 1 0 0 L1 – L 2 L1 – L2 (linha tracejada: “ou 1 ou 2” ↔ PD(1) + PD(2)) • Padrão de interferência: é possível definir um comprimento de onda. • Só há um fóton de cada vez no interferômetro: o fóton “interfere com ele mesmo”. • Se cada fóton seguisse um único caminho (ou 1 ou 2), o comprimento do outro caminho não deveria influenciar o resultado. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 35 O experimento de Grangier, Roger & Aspect P. Grangier, G. Roger, A. Aspect, Experimental evidence for a photon anticorrelation effect on a beam splitter: A new light on single-photon interferences, Europhysics Letters 1, 173 (1986) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 36 O experimento de Grangier, Roger & Aspect L1 – L2 (λ/50) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 L1 – L2 (λ/50) 37 Interferência de nêutrons interferômetro de nêutrons S. A. Werner, Neutron interferometry, Physics Today 33, 24 (dezembro1980) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 38 Interferência de átomos interferômetro de átomos A. D. Cronin, J. Schmiedmayer, D. E. Pritchard, Optics and interferometry with atoms and molecules, Reviews of Modern Physics 81, 1051 (2009) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 39 Interferência de elétrons A. Tonomura et al., Demonstration of single-electron build-up of an interference pattern, Am. J. Phys. 57, 117 (1989) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 40 E se os caminhos forem distinguíveis? interferência desaparece ! diferença de “caminhos” (ajustável) P. Bertet et al., A complementarity experiment with an interferometer at the quantum-classical boundary, Nature 411, 166 (2001) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 41 E se os caminhos forem distinguíveis? • Massa = 0 • caminho identificado • não há padrão de interferência • Massa ∞ • caminho não identificado • padrão de interferência N Massa P. Bertet et al., A complementarity experiment with an interferometer at the quantum-classical boundary, Nature 411, 166 (2001) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 43 E se a informação sobre o caminho for apagada? impossível determinar o caminho interferência P. Bertet et al., A complementarity experiment with an interferometer at the quantum-classical boundary, Nature 411, 166 (2001) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 44 Quando há interferência? Resultado pode ser obtido de duas maneiras alternativas, indistinguíveis experimentalmente interferência (“1 e 2”) Resultado pode ser obtido de duas maneiras alternativas, distinguíveis experimentalmente (“ou 1 ou 2”) não há interferência C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 45 Princípios da Mecânica Quântica C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 46 Princípios da Mecânica Quântica • Vetores de estado e o princípio da superposição • A regra de Born • Complementaridade e o princípio da incerteza • Colapso do vetor de estado • Evolução unitária • Sistemas de N estados • Sistemas compostos. Emaranhamento C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 47 Vetores de Estado eo Princípio da Superposição C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 48 Sistemas de dois estados • esquerda / direita • horizontal / vertical • para cima / para baixo • sim / não • 0/1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 49 Sistemas de dois estados fóton refletido cara coroa fóton transmitido C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 50 Sistemas de dois estados a1 grandeza física observável: A a 2 a1 a1 A=? a2 medidor de “A” C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 a2 ou a1 a2 51 Sistemas clássicos • Sistema clássico de dois estados, A = a1 e A = a2. • Representação dos estados: pontos no “eixo A” sistema tem A = a2 sistema tem A = a1 a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 a2 A 52 Sistemas quânticos: vetores de estado • Sistema quântico de dois estados, A = a1 e A = a2. • Representação dos estados: vetores ortogonais (e de comprimento unitário) em um espaço de duas dimensões a2 sistema tem A = a2 a1 sistema tem A = a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 53 A notação de Dirac vetor ↔ identificação a1 exemplos: a2 0 1 esquerda C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 direita 54 O que muda? Passar de dois pontos em uma reta para dois vetores perpendiculares não parece ser mais do mudar o sistema de “etiquetagem” dos estados. ? a1 a2 a2 A a1 O que muda é o seguinte: C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 55 O Princípio da Superposição Qualquer combinação linear dos vetores |a1e |a2 representa um estado físico do sistema. c1 a1 c 2 a 2 a2 a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 56 Significado de | a2 a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 • • • • • A = a 1 e A = a2 ? esquerda e direita? horizontal e vertical? sim e não? 0 e 1? 57 O espaço de estados é grande • Um sistema quântico de dois estados tem muito mais que dois estados, tem infinitos estados. • Os estados |a1 e |a2 formam uma “base” do espaço de estados. a2 a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 58 Princípio da Superposição: formulação geral Se |e | são vetores de estado, qualquer combinação linear deles representa um estado físico do sistema. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 59 Uma complicação • As constantes c1 e c2 podem ser números complexos (o espaço de estados é um espaço vetorial complexo). • Deve-se ter cuidado com figuras como esta: c2 a2 a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 c1 60 Outras complicações • Qual o significado de “ortogonalidade” num espaço vetorial complexo? • Como se define “comprimento” de um vetor nesse espaço? a2 ? a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 61 Produto escalar O produto escalar | dos vetores | e | é um número complexo com as seguintes propriedades: 1. | = |1 + |2 | = |1 + |2 2. | = c | | = c | 3. | = |* (* indica o conjugado complexo) 4. | 0 (note que (3) implica em | real) 5. | = 0 | = 0 (“0” é o vetor nulo) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 62 Produto escalar Forçando um pouco a notação de Dirac, podemos escrever as propriedades (1) e (2) como 1. |1+2 = |1 + |2 2. |c = c | C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 63 Produto escalar • É importante notar que num espaço vetorial complexo o produto escalar não é comutativo; pela propriedade (3), a ordem dos fatores altera o produto. • Uma consequência disso é que o produto escalar é antilinear no primeiro argumento: c| = c*| C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 64 Ortogonalidade Os vetores | e | são ortogonais se seu produto escalar é zero: 0 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 65 Norma A norma |||| do vetor | é definida por • |||| é o “comprimento”, “tamanho”, “módulo” do vetor | • | = c | |||| = |c| |||| • |||| = 0 | = 0 • outra notação: ||||| |||| C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 66 O produto escalar em termos das componentes c1 a1 c 2 a 2 d1 a1 d2 a 2 • Usando as propriedades (1), (2) e (3): d1*c1 a1 a1 d*2c 2 a2 a2 d1*c 2 a1 a2 d*2c1 a2 a1 • Como |a1 e |a2 são ortogonais, a1|a2 = a2|a1 = 0 e portanto d1*c1 a1 a1 d*2c 2 a2 a2 • Como |a1 e |a2 têm comprimento unitário, a1|a1 = a2|a2 = 1, temos finalmente que: d1*c1 d*2c 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 67 As componentes em termos do produto escalar c1 a1 c 2 a 2 • Usando as propriedades (1) e (2) temos a1 c1 a1 a1 c 2 a1 a2 • Como a1|a1 = 1 e a1|a2 = 0, c1 a1 • Da mesma forma, c 2 a2 • Ou seja: cn an , n 1, 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 68 A norma em termos das componentes d1*c1 d*2c 2 c c c c c1 c 2 * 1 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 2 * 2 2 c1 c 2 2 2 2 69 A Regra de Born C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 70 A Regra de Born c2 c1 a1 c 2 a 2 a2 a1 c1 A probabilidade de uma medida da grandeza física A resultar em A = an é P(an ) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 cn c1 c 2 2 (n = 1, 2) 2 2 71 A Regra de Born c1 a1 c 2 a 2 a1 | a1 P(a1) 2 c1 c 2 2 2 a2 medidor de “A” C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 a2 c1 a1 a2 P(a 2 ) c2 2 c1 c 2 2 2 72 A regra de Born Como cn an e c1 c 2 2 2 a regra de Born pode ser escrita de forma independente das coordenadas: P(an ) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 an 2 2 73 Probabilidade total P(a1) P(a 2 ) c1 2 c1 c 2 2 2 c2 2 c1 c 2 2 2 1 Só há dois resultados possíveis, ou a1 ou a2. A probabilidade da medida resultar ou em a1 ou em a2 é 1 (100%) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 74 Normalização do vetor de estado c1 a1 c 2 a 2 c1 a1 c 2 a 2 P (an ) c n 2 c 1 c 2 2 2 cn 2 c1 c 2 2 2 P (an ) |e | têm normas diferentes mas representam o mesmo estado físico! C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 75 Normalização do vetor de estado Todos os vetores ao longo de uma dada “direção” representam o mesmo estado físico. Podemos trabalhar apenas com vetores “normalizados”: 1 ou seja, c1 a1 c 2 a 2 , c1 c 2 1 2 2 Note que |a1 e |a2 já estão normalizados: a1 a 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 1 76 Vetores normalizados: a Regra de Born c1 a1 c 2 a 2 (normalizado) | a1 a1 a2 P(a1) c1 a1 a2 P(a 2 ) c 2 2 2 a2 medidor de “A” C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 P(an ) c n 2 77 Vetores normalizados: a Regra de Born Em termos do produto escalar, se | está normalizado a probabilidade é dada por: P(an ) an C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 2 78 Amplitude de probabilidade cn = an| amplitude de probabilidade probabilidade = |amplitude de probabilidade|2 função de onda: ( x n ) x n P(x n ) (x n ) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 2 79 Amplitude de probabilidade De forma mais geral: • | = amplitude de probabilidade de uma medida resultar em |, para um sistema no estado | • P( ) = |||2 = probabilidade de uma medida resultar em |, para um sistema no estado | • P( ) = P( ) embora | | (| = |*) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 80 Frequência dos resultados de medidas a1 a2 a1 a2 a1 N medidas de A (N ) N1 a1 N2 a2 c1 a1 c 2 a 2 N1 2 P(a1) c1 N a2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 podemos prever a frequência dos N2 2 resultados: P(a 2 ) c 2 N 81 Valor médio dos resultados a1 a2 a1 a2 c1 a1 c 2 a 2 valor médio de A: N a N2 a 2 A 1 1 N A c1 a1 c 2 a 2 2 a1 a2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 2 82 Incerteza a2 c1 a1 c 2 a 2 c2 c1, c2 0 a1 impossível prever o resultado de uma medida c1 a1 c1 1, c 2 0 Se ou a 2 c1 0, c 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 possível prever o resultado (probabilidade = 100%): valor de A “bem definido” 83 Incerteza c1 a1 c 2 a 2 A = incerteza de A no estado | ( A) A A 2 2 A A 2 2 a1 A = 0 ou a2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 84 Complementaridade eo Princípio da Incerteza C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 85 Complementaridade a2 a1 a2 a1 duas grandezas físicas: A e B A b2 b1 b2 b1 B C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 86 Grandezas compatíveis e incompatíveis b2 a2 A e B compatíveis b1 a1 b2 A e B incompatíveis a2 b1 a1 A e B complementares: incompatibilidade “máxima” C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 87 O Princípio da Incerteza A bem definido, B incerto ( A = 0, B 0) a2 b2 A e B incertos ( A 0, B 0) B bem definido, A incerto ( B = 0, A 0) b1 a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 88 O Princípio da Incerteza A e B incompatíveis nenhum estado | com A = 0 e B = 0 a2 b2 b1 a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 89 Exemplo: posição e momentum x2 x1 X duas posições: |x1, |x2 (“aqui”, “ali”) dois estados de movimento: |p1, |p2 (“repouso”, “movimento”) x2 p2 p1 impossível ter um estado com posição e momentum bem definidos x1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 90 Resumo da “cinemática” quântica estado físico grandeza física C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 vetor no espaço de estados sistema de eixos (uma “base”) no espaço de estados 91 Resumo da “cinemática” quântica a2 projeção do vetor de estado no eixo |an probabilidade de uma medida da grandeza A resultar em A = a1 ou A = a2 a1 grandezas físicas incompatíveis (complementares) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 probabilidade da medida resultar em A = an diferentes sistemas de eixos no espaço de estados 92 Como o vetor de estado muda com o tempo? • “Colapso” durante uma medida • Evolução unitária (equação de Schroedinger) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 93 Colapso do Vetor de Estado Colapso do vetor de estado a1 a1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 antes da medida a2 a2 a2 depois da medida 95 Colapso do vetor de estado a2 resultado A = a2 resultado A = a1 a1 medida de A resulta em an logo após a medida o vetor de estado do sistema é |an C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 96 Colapso do vetor de estado • O colapso garante que a medida é repetível: se obtemos A = an e imediatamente refazemos a medida, encontramos A = an novamente com 100% de probabilidade. • O estado | an é o único em que a nova medida resultará em A = an com 100% de probabilidade. • | |an: a medida causa uma alteração imprevisível e incontrolável do estado quântico; versão moderna do “salto quântico”. • O colapso aplica-se a medidas “ideais” (medidas de von Neuman, ou projetivas). Na prática, muitas vezes não faz sentido falar em colapso. Por exemplo: – Um fóton geralmente é absorvido durante sua detecção – não há mais fóton após a primeira medida. – Medidas de grandezas contínuas como posição e momentum não têm resultados absolutamente precisos; os detectores necessariamente possuem uma resolução finita. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 97 Medidas simultâneas de duas grandezas b1 ( A 0, B 0) a1 b2 a2 ( A = 0, B = 0) (A, B) Se A e B são incompatíveis (complementares), não existe estado | com A = 0 e B = 0. É impossível realizar um experimento no qual A e B são medidos simultaneamente (de forma reprodutível). C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 98 Evolução Unitária A equação de Schroedinger • Evolução temporal do vetor de estado: |(0) |(t) • Dinâmica quântica: determinada pela energia do sistema (o conceito de força é pouco relevante). C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 100 A (solução da) equação de Schroedinger E2 Sistema de dois estados Dois níveis de energia: E1, E2 E1 (t 0) c1 E1 c 2 E2 (t) c1e iE1 t / E1 c 2e iE2 t / E2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 101 A (solução da) equação de Schroedinger • ћ = constante de Planck ( 2) 110-34 Js • Números complexos são inevitáveis. Mesmo que as componentes do vetor de estado sejam reais em t = 0, para t 0 elas serão complexas: cn (t) cne iEn t / • A evolução |(0) |(t) ditada pela equação de Schroedinger é contínua (sem ‘saltos quânticos’) e determinista (sem elementos probabilísticos). C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 102 Propriedades da equação de Schroedinger • Linearidade: a (0) a ( t) b (0) b ( t) (0) a (0) b (0) (t) a (t) b (t) t=0 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 t0 103 Demonstração da linearidade a (0) c1 E1 c 2 E2 b (0) d1 E1 d2 E2 (0) a (0) b (0) (c1 d1) E1 (c 2 d2 ) E2 ( t) (c1 d1)e i E1 t / E1 (c 2 d2 )e i E 2 t / E2 c1e i E1 t / E1 c 2e i E 2 t / E2 c1e i E1 t / E1 c 2e i E 2 t / E2 a ( t) b ( t) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 104 Propriedades da equação de Schroedinger • Conservação da norma do vetor de estado: ( t ) (t) (0) (0) tamanho não muda • Conservação da ortogonalidade entre vetores: ( t ) (0 ) ( t ) dois vetores perpendiculares continuam perpendiculares C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 (0) 105 Conservação do produto escalar (t) c1e i E1 t / E1 c 2e i E 2 t / E2 (t) d1e i E1 t / E1 d2e i E 2 t / E2 ( t) ( t) (d1*e i E1 t / )(c1e i E1 t / ) (d*2e i E 2 t / )(c 2e i E 2 t / ) d1*c1 d*2c 2 (t) (t) (0) (0) conservação da norma: ( t) (0) conservação da ortogonalidade: (0) (0) 0 ( t) ( t) 0 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 106 Propriedades da equação de Schroedinger • • • • • Determinismo Continuidade Linearidade Conservação da norma Conservação da ortogonalidade C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 “evolução unitária” 107 Estados estacionários • Estado de energia bem definida En: (0) En (t) e iEn t / En mesma “direção” que |En • |(0) e |(t) representam o mesmo estado físico. • Estados de energia bem definida são “estacionários”. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 108 Conservação da energia (t) c1e iE1 t / E1 c 2e iE2 t / E2 P(En, t) cne E i En t / 2 cn 2 P(E1, t) E1 P(E2 , t) E2 c1 E1 c 2 E2 2 ( t ) 2 P(En, t) P(En, t 0) E C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 ( t ) E ( 0) 109 Eq. de Schroedinger x Processos de medida • Equação de Schroedinger: – contínua – determinista – válida enquanto não se faz uma medida • Colapso do vetor de estado: – descontínuo – probabilístico – ocorre durante a medida C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 110 Eq. de Schroedinger x Processos de medida Dois tipos de evolução temporal? • Equação de Schroedinger: – interação do sistema quântico com outros sistemas quânticos. – A = a1 e A = a2 • Colapso do vetor de estado: – interação do sistema quântico com um aparato clássico, o aparelho de medida (o “observador”). – A = a1 ou A = a2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 111 O “problema da medida” Por que o aparelho de medida não é regido pela eq. de Schroedinger? Descrição quântica do aparelho de medida: a2 a1 | aparelho de medida: a1 a1 a 2 a 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 a1 a2 | a1 a2 | equação de Schroedinger: c1 a1 c 2 a 2 c1 a1 c 2 a2 o ponteiro aponta em duas direções ao mesmo tempo ! 112 O “problema da medida” • Porque as superposições quânticas não são encontradas no mundo macroscópico? – Jamais se observou um ponteiro macroscópico apontando em duas direções ao mesmo tempo. – Um gato não pode estar simultaneamente vivo e morto. • Como conciliar o espaço quântico de infinitos estados com a observação de apenas alguns poucos estados macroscópicos? Uma descrição do processo de medida baseada na equação de Schroedinger deve dar respostas a essas questões. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 113 Física quântica x física clássica • Por medida, na mecânica quântica, nós entendemos qualquer processo de interação entre objetos clássicos e quânticos… L. Landau & E. Lifshitz, Quantum Mechanics • … os instrumentos de medida, para funcionarem como tal, não podem ser propriamente incluídos no domínio de aplicação da mecânica quântica. N. Bohr, carta a Schroedinger, 26 de outubro de 1935 • …o ‘aparato’ não deveria ser separado do resto do mundo em uma caixa preta, como se não fosse feito de átomos e não fosse governado pela mecânica quântica. J. Bell, Against measurement C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 114 Física quântica x física clássica física clássica física quântica …a mecânica quântica ocupa um lugar muito incomum entre as teorias físicas: ela contém a mecânica clássica como um caso limite, mas ao mesmo tempo requer esse caso limite para sua própria formulação... - L. Landau & E. Lifshitz, Quantum Mechanics C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 115 Sistemas de N Estados Você está em todo lugar C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 116 Sistemas de 3 estados Três valores possíveis para a grandeza A: a2 a1 a 1 a2 a 3 a3 c1 a1 c 2 a2 c 3 a3 P(an ) | cn |2 , n 1, 2, 3 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 117 Sistemas de N estados a2 N valores possíveis para a grandeza A: a1 a3 ... a a1 a2 ... aN N (impossível desenhar N eixos perpendiculares) N c n an n 1 P(an ) | c n |2 , n 1, 2, N C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 118 Sistemas de infinitos estados • N pode ser infinito: c n an n1 • N pode ser infinito, e a ter valores contínuos: da c(a) a densidade de probabilidade: p(a) | c(a) | 2 a probabilidade: P(a, a) da | c(a) |2 a C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 119 Sistemas de infinitos estados Exemplo: a = x = posição de uma partícula dx (x ) x função de onda: (x) densidade de probabilidade: p( x ) | ( x ) | 2 x2 probabilidade: P( x1, x 2 ) 2 dx | ( x ) | x1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 120 Sistemas de infinitos estados • A grandeza a pode ter valores discretos e contínuos: c n an da c(a) a n Exemplo: a = E = energia de uma partícula cn En dE c(E) E n C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 121 Produto escalar N c n an , n 1 c n an , n 1 N N b* n c n bn an n 1 n 1 bn an dx ( x ) x , b*n c n n 1 n 1 dx ( x ) x dx * ( x )( x ) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 122 Produto escalar c n En dE c(E) E n bn En dE b(E) E n b*n c n dE b*(E) c(E) n C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 123 Sistemas Compostos C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 124 Sistemas compostos |anI |bsII sistema I sistema II I n an n C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 I II s bs II s 125 Sistemas compostos |an, bs subsistema I subsistema II sistema composto cn,s an, bs n,s C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 126 Produto tensorial an, bs an I bs II an I bs II A notação do produto tensorial torna evidentes algumas propriedades que os estados do sistema composto devem ter. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 127 Produto tensorial Por exemplo: • sistema I no estado I an I s bs II n n • sistema II no estado II s sistema composto no estado , I II n an I s bs II n s ns an I bs II n,s ns an , bs n,s C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 128 Produto tensorial Note que an, bs , n s I an I II bs II ou, de maneira geral, , , (n s )* (n s ) n* n s* s n s n,s I I II II Uma consequência disso é P(an , bs ) PI (an ) PII (bs ) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 129 Estados separáveis Estado geral do sistema composto: cn,s an, bs n,s • Estados separáveis (estados “produto” ou “fatorizáveis”): I II sistema I no estado |, sistema II no estado | n s an, bs n,s cn,s n s Nem todo estado é separável, pois nem sempre cn,s n s. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 130 Estados emaranhados Exemplo: o estado 1 1 a1, b1 a 2 , b2 2 2 não é separável, do contrário deveríamos ter 1 1 2 2 1 2 e 1 2 2 1 0 o que é impossível. A primeira equação diz que todos os ’s e ’s são diferentes de 0 e a segunda diz que pelo menos dois deles são nulos. Estados não-separáveis são chamados de estados emaranhados. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 131 Estados emaranhados Outro exemplo: a função de onda de duas partículas dx 1dx 2 (x1, x 2 ) x1, x 2 O estado | é separável se (x1, x 2 ) (x1) (x 2 ) pois nesse caso dx (x ) x dx (x ) x 1 1 1 I 2 2 2 II I II Se (x1, x 2 ) (x1) (x 2 ) o estado | é emaranhado. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 132 Emaranhamento • Não é possível associar vetores de estado aos subsistemas individuais. • O emaranhamento pode ocorrer mesmo quando os subsistemas estão separados por distâncias macroscópicas, • Um dos mais estranhos e surpreendentes aspectos da mecânica quântica. “O melhor conhecimento possível de um todo não inclui o melhor conhecimento possível de suas partes, nem mesmo quando essas estão completamente separadas umas das outras e no momento não influenciam umas às outras.” - E. Schrödinger, The Present Situation in Quantum Mechanics (o artigo de 1935 onde apareceu o gato de Schroedinger) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 133 Aplicações a sistemas simples C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 134 Informação quântica C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 135 Aplicações a sistemas simples • • • • • • • • • Interferômetro de Mach-Zehnder Medida sem interação O problema de Deutsch Molécula de H2+ Benzeno, amônia Polarização do fóton ainda não estão nestas notas Oscilação de neutrinos Spin ½ Informação quântica C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 136 Interferômetro de Mach-Zehnder • • • • Interferência de uma partícula Descrição quântica do interferômetro Interferência e indistinguibilidade Defasagem C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 137 O interferômetro de Mach-Zehnder 100% interferência construtiva “ondas” D1 0% interferência destrutiva D2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 138 O interferômetro de Mach-Zehnder 25% 50% 25% 2 1 D1 e D2 nunca disparam em coincidência C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 “partículas” 139 Descrição quântica do interferômetro C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 1 (caminho 1) 2 (caminho 2) 140 Espaço de estados 2 c1 1 c 2 2 1 P1 c1 2 probabilidades: 2 P2 c 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 141 Semiespelho 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 evolução unitária 2 1 1 1 2 1 2 2 2 2 probabilidade de reflexão = probabilidade de transmissão = 1/2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 142 Semiespelho 2 1 1 1 2 2 2 1 sinal negativo: evolução unitária conserva a ortogonalidade 1 1 1 2 2 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 143 Interferômetro D1 D2 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 1 144 Interferômetro Estado inicial: 1 1 1 1 2 Primeiro semiespelho: 1 2 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 145 Interferômetro Segundo semiespelho: 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 ou seja, o estado final é 1 1 1 1 1 2 1 2 2 2 2 interferência construtiva C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 interferência destrutiva P1 = 100% P2 = 0% 146 O que interfere? 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 (1-1-1) (1-1-2) (1-2-1) (1-2-2) 1 2 2 1 1 1 2 1 soma das amplitudes de probabilidade associadas a caminhos alternativos indistinguíveis C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 147 Caminho bloqueado D1 D2 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 148 Caminho bloqueado Estado inicial: 1 1 1 1 2 Primeiro semiespelho: 1 2 2 Bloqueio: 1 1 1 1 1 2 1 2 2 2 2 fóton bloqueado C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 149 Caminho bloqueado Segundo semiespelho: 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 ou seja, o estado final é 1 1 1 1 2 2 2 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 P1 = 25% P2 = 25% P = 50% 150 Por que não há interferência? 1 1 1 1 2 2 2 2 (1-1-1) (1-2-) (1-1-2) 1 2 1 1 1 1 2 1 não há caminhos alternativos para cada um dos estados finais não há interferência C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 151 Caminhos alternativos distinguíveis D1 D2 mola C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 152 Caminhos alternativos distinguíveis 1R , 2 R , 1M , 2 M Estado inicial: 1R Primeiro semiespelho: C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 • 1, 2: caminho do fóton • R: espelho em repouso • M: espelho em movimento 1R 1 1 1R 2M 2 2 153 Caminhos alternativos distinguíveis Segundo semiespelho: 1 1 1 1 1 1R 2M 1R 2R 2 2 2 2 2 1 1 1 1M 2M 2 2 2 ou seja, o estado final é 1 1 1 1 1R 1M 2 R 2 M 2 2 2 2 P1 = P(1, R) + P(1, M) = 50% P2 = P(2, R) + P(2, M) = 50% C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 soma de probabilidades, não de amplitudes 154 Apagando a informação sobre o caminho D1 100% D2 0% mola C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 155 Apagando a informação sobre o caminho Segundo semiespelho: 1 1 1 1 1 1R 2M 1R 2M 2 2 2 2 2 1 1 1 1R 2M 2 2 2 ou seja, o estado final é 1R a informação sobre o caminho foi apagada e a interferência restabelecida C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 156 Defasagem As probabilidades P1 e P2 dependem de diferenças entre os dois caminhos. L1 – L2 (λ/50) distância percorrida C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 densidade do material atravessado 157 Defasagem características do caminho percorrido “fase” 1 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 1 ei1 1 2 ei2 2 158 Defasagem D1 D2 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 159 Defasagem Estado inicial: 1 1 1 1 2 Primeiro semiespelho: 1 2 2 Defasadores: 1 1 1 i1 1 i2 1 2 e 1 e 2 2 2 2 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 160 Defasagem Segundo semiespelho: i 2 e i1 e i 2 e i1 1 1 e 1 1 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 ou seja, ei1 ei2 ei1 ei2 ei1 ei2 1 2 1 2 2 2 2 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 161 Defasagem • Após o segundo semiespelho: c1 1 c 2 2 ei1 ei2 c1 2 ei1 ei2 c2 2 • Probabilidades: P1 c1 2 1 1 cos1 2 2 P2 c 2 2 P1 P2 1 0 1 1 cos(1 2 ) 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 1 – 2 0 1 – 2 162 Defasagem 2 n Ln k Ln L1 – L2 (λ/50) após uma distância “extra” x: n ei kx n C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 163 Medida sem interação C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 164 O palito de fósforo quântico • fósforo “bom” fóton • fósforo “ruim” fóton C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 165 O palito de fósforo quântico palitos bons e ruins misturados Problema: como encher uma caixa de fósforos apenas com palitos bons? C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 166 Teste clássico palito bom queimado palito ruim C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 167 Teste quântico D1 D2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 168 Palito ruim D1 100% transparente D2 0% palito ruim D2 nunca dispara C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 169 Palito bom D1 25% 50% D2 25% palito bom D2 dispara em 25% das vezes, e o fósforo permanece intacto C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 170 Teste quântico • D2 fósforo bom intacto • D1 fósforo bom intacto ou fósforo ruim • Fósforo acende fósforo bom queimado Dos fósforos bons: • 25% estão identificados e intactos • 50% foram queimados • 25% em dúvida Retestando os casos duvidosos é possível identificar 1/3 dos fósforos bons. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 171 O problema de Deutsch Como saber se uma moeda é honesta ou viciada? 1ª lado 2ª lado moeda honesta C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 1ª lado 2ª lado moeda viciada 172 O problema de Deutsch Resposta “clássica”: olhando os dois lados 1ª lado 2ª lado honesta 4 possibilidades viciada C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 173 O problema de Deutsch Podemos espiar os dois lados da moeda com um único fóton? Aparentemente, não! C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 174 Vendo os dois lados da moeda com um único fóton D1 cara: = 0 coroa: = D2 2 1 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 175 Vendo os dois lados da moeda com um único fóton cara: = 0 coroa: = D1 D2 2 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 1 176 Vendo os dois lados da moeda com um único fóton P1 c1 2 P2 c 2 2 1 1 cos1 2 2 moeda viciada: 1 2 1 2 0 1 1 cos(1 2 ) 2 D1 fóton em D1 moeda honesta: D2 2 2 1 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 1 1 2 1 2 fóton em D2 177 O início da computação quântica f : {0,1} {0,1} x=0 x=1 f1 0 0 f2 1 1 f3 0 1 f4 1 0 f constante f “balanceada” É possível descobrir se a função é constante com um único cálculo de f ? • D. Deutsch, Quantum theory, the Church-Turing principle and the universal quantum computer, Proceedings of the Royal Society A 400, p. 97-117 (1985). • D. Deutsch, R. Jozsa. Rapid solutions of problems by quantum computation, Proceedings of the Royal Society of London A 439, p. 553-558 (1992). • R. Cleve, A. Ekert, C. Macchiavello, M. Mosca, Quantum algorithms revisited, Proceedings of the Royal Society of London A 454, p. 339-354 (1998). C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 178 Realismo, Contextualidade e Localidade “Eu só gostaria de saber que diabos está acontecendo, é só! Eu gostaria de saber que diabos está acontecendo! Você sabe que diabos está acontecendo?” C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 181 Variáveis ocultas Medidas: • revelam um valor preexistente? • criam o resultado encontrado? A() grandeza medida no experimento C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 variável “oculta” que determina o valor de A 182 Experimentos com um sistema composto AI = 1 AII = 1 I II BI = 1 incompatíveis BII = 1 compatíveis C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 183 Quatro experimentos com um sistema composto Quatro experimentos possíveis: 1) Medida de AI e AII AI = +1 e AII = +1 encontrado algumas vezes 2) Medida de AI e BII AI = +1 e BII = +1 nunca encontrado 3) Medida de BI e AII BI = +1 e AII = +1 nunca encontrado 4) Medida de BI e BII BI = -1 e BII = -1 nunca encontrado C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 184 Quatro experimentos com um sistema composto 1) P(AI, AII) (em %) grau de emaranhamento 2) P(AI, BII) = 0 3) P(BI, AII) = 0 4) P(BI, BII) = 0 A. G. White, D. F. V. James, P. H. Eberhard, P. G. Kwiat, Nonmaximally Entangled States: Production, Characterization, and Utilization, Physical Review Letters 83, 3013 (1999) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 185 Experimentos com um sistema composto Se os valores de AI, AII, BI e BII já existiam antes das medidas: AI = +1 AII = +1 sempre BI = -1 BII = -1 !! Mas BI = BII = -1 nunca é encontrado (exp. 4)! C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 186 Estados de Hardy 1 BI ,BII BI ,BII BI ,BII 3 estado emaranhado P(BI, BII) = 0 experimento 4 L. Hardy, Quantum Mechanics, Local Realistic Theories, and LorentzInvariant Realistic Theories, Physical Review Letters 68, 2981 (1992). L. Hardy, Nonlocality for two particles without inequalities for almost all entangled states, Physical Review Letters 71, 1665 (1993) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 187 Estados de Hardy Experimentos 1, 2 e 3: A 1 A A B 2 1 A A B 2 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 B B A 188 Estados de Hardy Experimentos 1, 2 e 3: 1 2 BI , AII BI , AII BI , AII 3) 6 2) 1 2 AI ,BII AI ,BII AI ,BII 6 1) 1 AI , AII AI , AII AI , AII 3 AI , AII 12 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 189 Contextualidade A1(, C2 ) b1 b2 a1 a2 B1(, C2 ) (A, B) o que está sendo medido em 2 (A2 ou B2) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 190 Contextualidade BI (, CII ) AI (, CII ) o que está sendo medido em II (AII ou BII) BII (, CI ) AII (, CI ) o que está sendo medido em I (AI ou BI) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 191 Não-localidade AI AII I BI C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 II BII 192 O teorema de Bell Qualquer teoria de variáveis ocultas compatível com a mecânica quântica é necessariamente não-local. C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 193 Pauli • The first question is . . . why not the p's as well as the q's can be prescribed with arbitrary precision . . . One can look at the world with the p-eye and one can look at it with the q-eye but when one would like to open both eyes, then one gets dizzy. W. Pauli, letter to W. Heisenberg, 19 October 1926, p. 340 (ver A. Pais, Niels Bohr’s times, p. 304) C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 204 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 219 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 220 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 221 C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 222