OLHE AQUI MINHA ANITINHA A
ESTORA QUE EU VOU CONTAR DE UM
BOLO DE MARACUJÁ...
Foi numa tarde de julho
já perto do mês findar
bem na hora de um xecuxecu
um bolo-de-maracujá
que veio pra cumemorar...
Maas, no cafu do xecuxecu
ouviu foi um vai pra lá...
O bolo pobre coitado serviu foi
di desabafo no meio da confusão...
Bolo isso bolo aquilo o bolo pois
a escutar e de tanto menosprezo o
bolo pois a chorar...
Pobre bolo-de-maracujá feito pra
parabenizar!
Mas escute aqui Anitinha pru resto
que vou lhe contar...
Das lágrimas caídas do bolo nasceu
a flor do maracujá!
Uma flor roxa bunita cheia de
sentimentos qui cabou cum o
tormento...
Eita flor do maracujá!
Fez meu coração se abrandar e
presenteou meu aniversariar!
Chequei inté a concrusão que o
bolo-de-maracujá serviu pra eu
desabafar e tumbem não infartar!
Eita meu querido bolo-de-maracujá
qui veio pra me salvar!
Anitinha o meu perdão prum bolo
vindo de coração! Essa fonte/letra
se chama consolas...
Beijos, Amália
Encontrando-me com um sertanejo
Perto de um pé de maracujá
Eu lhe perguntei:
Diga-me caro sertanejo
Porque razão nasce roxa
A flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhi conto
A estória que ouvi contá
A razão pro que nasci roxa
A flor do maracujá
Maracujá já foi branco
Eu posso inté lhe ajurá
Mais branco qui caridadi
Mais brando do que o luá
Quando a flor brotava nele
Lá pros cunfim do sertão
Maracujá parecia
Um ninho de argodão
Mais um dia, há muito tempo
Num meis que inté num mi alembro
Si foi maio, si foi junho
Si foi janero ou dezembro
Nosso sinhô Jesus Cristo
Foi condenado a morrer
Numa cruis crucificado
Longe daqui como o quê
Pregaro cristo a martelo
E ao vê tamanha crueza
A natureza inteirinha
Pois-se a chorá di tristeza
Chorava us campu
As foia, as ribera
Sabiá também chorava
Nos gaio a laranjera
E havia junto da cruis
Um pé de maracujá
Carregadinho de flor
Aos pé de nosso sinhô
I o sangue de Jesus Cristo
Sangui pisado de dô
Nus pé du maracujá
Tingia todas as flor
Eis aqui seu moço
A estoria que eu vi contá
A razão proque nasce roxa
A flor do maracujá.
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá!
Por tudo que o céu revela!
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!!..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
Poemas - Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.
Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!
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Flor de maracujá Fagundes Varela