MF 23 de 97 LIBERDADE HUMANA, 1 Veritatis splendor 33: “Paralelamente à exaltação da liberdade, e paradoxalmente em contraste com ela, a cultura moderna põe radicalmente em dúvida esta mesma liberdade”. A liberdade humana é limitada, mas recusá-la é negar a evidência. AT: “Eu ponho diante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição; elege a vida e viverás” (Dt 30, 19); “se tu queres guardar os mandamentos e permanecer fiel está na tua mão” (Eccli 15, 12-13); “Deus fez o homem ao principio e deixou-o entregue ao seu livre arbítrio (Eccli 15, 14); elogiou o homem que “podendo pecar não pecou, fazer o mal não o fez” (Eccli 31, 10); etc. MF 24 de 97 LIBERDADE HUMANA, 2 NT: Cristo liberta o mundo do pecado. Gal 5, 1: “Cristo fez-nos livres para que gozemos da liberdade; mantende-vos, pois firmes e não vos deixeis sujeitar ao jugo da servidão”. 2 Cor 3, 17: “Onde está o Espírito está a liberdade”. Trento (DS 1555): “Se alguém disser que o livre arbítrio do homem se perdeu e extinguiu depois do pecado de Adão, ou que é (...) pura invenção introduzida por Satanás na Igreja, seja anátema”. MF 25 de 97 LIBERDADE HUMANA, 3 Definições possíveis: 1. Liberdade é a capacidade que o homem tem de auto-determinar-se; 2. Liberdade é a capacidade interior da pessoa, mediante a qual a vontade pode optar entre querer ou não querer, determinar-se por diferentes possibilidades ou decidir-se pelo seu contrário. 1. Liberdade de necessidade: é a possibilidade de actuar ou não actuar. 2. Liberdade de especificidade: é a capacidade de decidir entre diversas opções. 3. Liberdade de contradição: é a que decide entre duas coisas opostas. MF 26 de 97 LIBERDADE HUMANA, 4 Origens muito diversas da limitação da liberdade do homem: - pela natureza do próprio ser (o homem não pode voar) - pelas circunstâncias que afectam a sua própria origem (falar português ou chinês depende do lugar de nascimento) - pela condição de ser homem ou mulher, menino, adolescente ou ancião (nem todas as pessoas podem fazer o mesmo) - pelas condições de vida (exemplo: viver no interior não permite ver o mar) - por não se poder invadir o âmbito em que se exerce a liberdade do outro, que também é um ser livre Tais limitações condicionam o exercício da liberdade, mas não negam a sua existência. As limitações nem sempre diminuem a liberdade, porquanto oferecem novas possibilidades de a exercer. MF 27 de 97 LIBERDADE HUMANA, 5 Liberdade e verdade, 1 A liberdade supõe que o sujeito é consciente da bondade ou malícia do acto que pretende levar a cabo: só é livre o homem que conhece a verdade. Mas além disso a liberdade não é “um absoluto, que seria a fonte dos valores” (Veritatis splendor 32). Veritatis splendor 35: “algumas tendências culturais contemporâneas advogam determinadas orientações éticas que têm como centro do seu pensamento um pretenso conflito entre a liberdade e a lei. São as doutrinas que atribuem a cada indivíduo ou aos grupos sociais a faculdade de decidir sobre o bem e o mal: a liberdade humana poderia ‘criar os valores’ e gozaria de uma primazia sobre a verdade, até ao ponto que a mesma verdade seria considerada uma criação da liberdade”. MF 28 de 97 LIBERDADE HUMANA, 6 Liberdade e verdade, 2 Veritatis splendor 35: “A Revelação ensina que o poder de decidir sobre o bem e o mal não pertence ao homem, mas só a Deus. O homem (...) possui uma liberdade muito ampla (...). Mas esta liberdade não é ilimitada: o homem deve abster-se perante a ‘árvore da ciência do bem e do mal’, por estar chamado a aceitar a lei moral que Deus lhe dá”. Idem 84: “somente a liberdade que se submete à Verdade conduz a pessoa humana ao seu verdadeiro bem”. MF 29 de 97 LIBERDADE HUMANA, 7 Liberdade e verdade, 3 Fides et ratio 90: “uma vez tirada a verdade ao homem, é pura ilusão pretender fazê-lo livre. (...) Verdade e liberdade, ou estão bem juntas ou juntas perecem miseravelmente”. Veritatis splendor 34: “a liberdade depende fundamentalmente da verdade. Dependência que foi expressada de maneira límpida e autorizada pelas palavras de Cristo: ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres’ (Jn 8, 32)”. MF 30 de 97 LIBERDADE HUMANA, 8 Liberdade e bem Fazer o mal, não é próprio da liberdade, nem sequer uma parte dela, mas tão só é sinal de que o homem é livre. CCE 1733: “Na medida em que o homem faz mais o bem, vai-se tornando também mais livre. Não há verdadeira liberdade senão ao serviço do bem e da justiça. A eleição da desobediência e do mal é um abuso da liberdade e conduz à escravidão do pecado”. Se uma acção humana lesa a natureza do homem, este deve racionalmente recusar levá-la a cabo. MF 31 de 97 LIBERDADE HUMANA, 9 CCE 1734: “A liberdade torna o homem responsável dos seus actos na medida em que estes são voluntários. O progresso na virtude, o conhecimento do bem e a ascese aumentam o domínio da vontade sobre os própios actos”. MF 32 de 97 LIBERDADE HUMANA, 10 Liberdade e graça, 1 Dada a condição do homem, ferido pelo pecado original, o cristão necessita da graça de Deus para fazer uso sempre adequado da liberdade. A graça facilita superar a ignorância e vencer as paixões, que são os dois grandes obstáculos para actuar livremente, conforme o querer de Deus. CCE 1742: “A graça de Cristo não se opõe de modo algum à nossa liberdade quando esta corresponde ao sentido da verdade e do bem que Deus pôs no coração do homem”. MF 33 de 97 LIBERTAD HUMANA, 11 Liberdade e graça, 2 Mérito é a retribuição que se dá a quem realizou uma boa obra. CCE 2008: “O mérito do homem diante de Deus na vida cristã provém de que Deus dispôs livremente associar o homem à obra da sua graça. A acção paterna de Deus é primeira, pelo seu impulso, e o livre actuar do homem é o que está em segundo lugar, na sua colaboração; de modo que os méritos das boas obras devem atribuir-se à graça de Deus em primeiro lugar, e depois ao fiel. Por outro lado, o mérito do homem recai também em Deus, pois as suas boas acções procedem, em Cristo, das graças provenientes e dos auxílios do Espírito Santo”. MF 34 de 97 LIBERDADE HUMANA, 12 Liberdade e graça, 3 CCE 2010: “Dado que a iniciativa na ordem da graça pertence a Deus, ninguém pode merecer a graça primeira, que está na origem da conversão, do perdão e da justificação. Sob a moção do Espírito Santo e da caridade, podemos merecer depois para nós e para os outros, graças úteis para a nossa santificação, para o crescimento da graça e da caridade, e para a obtenção da vida eterna”. MF 35 de 97 LIBERDADE HUMANA, 13 Amigos de Deus 26: “A liberdade adquire o seu autêntico sentido quando se exerce ao serviço da verdade que resgata, quando se gasta em procurar o Amor infinito de Deus, que nos desata de todas as servidões”. “Quando alguém ama de verdade, desfruta de maior liberdade” (Santo Agostinho).