UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC PIC/PIBIC BC&T Estrelas de Nêutrons: Estrutura e Propriedades 2009 -2010 Aluna: Fernanda M. Araújo Orientadora: Cecilia Chirenti “Um pouquinho sobre o projeto...” Estrelas de Nêutrons são objetos astrofísicos cujas características são previstas pela teoria da evolução estelar. Abundante evidência observacional (pulsares, magnetares e sistemas binários) Observações atuais em rádio e Raios-X, com perspectiva de detecção de ondas gravitacionais em sistemas contendo estrelas de nêutrons. Modelos acurados dessas estrelas ainda estão em elaboração. A equação de estado da matéria nas condições extremas encontradas nos centros desses objetos ainda é desconhecida. O estudo de estrelas de nêutrons é extremamente interdisciplinar, envolvendo diversas áreas da Física. Por ser um objeto de alta compacidade, é natural que sejam estudadas segundo o âmbito da Teoria da Relatividade Geral. Objetivos Comparação das propriedades de estrelas de nêutrons obtidas a partir de diferentes modelos. Aquisição de noções básicas de Relatividade Geral. Elaboração de um programa para integração numérica das equações de estrutura e diferentes equações de estado para investigação de propriedades termodinâmicas e mecânicas. (inicialmente utilização do Excel para posterior passagem ao MatLab) Utilização de equações de estado politrópicas e eventual passagem para equações de estado realistas. Metodologia Métodos numéricos padrão para integração de sistemas de equações diferenciais acopladas (Método de Euler e Runge-Kutta de ordem 4). No tratamento relativístico, as equações relevantes são as equações de Tolman-Oppenheimer-Volkoff. Modelando Estrelas Politrópicas O objetivo do estudo da estrutura estelar é determinar as variações internas das principais propriedades físicas das estrelas. Modelos mais simplificados permitem a obtenção de soluções analíticas ou numéricas. Esses modelos são denominados estrelas politrópicas ou politropos. Um politropo é uma estrela que possui equação de estado da seguinte forma: P = κργ Em que γ = (n + 1)/n e n é o índice politrópico. Modelando Estrelas Politrópicas Entretanto, estrelas politrópicas só admitem soluções analíticas para n = 0, n = 1 e n = 5. A equação de estado politrópica é útil na descrição da matéria em anãs-brancas e estrelas de nêutrons, variando-se apenas os índices politrópicos em cada caso. A construção de um modelo de estrela politrópica é baseada em um conjunto de equações capazes de descrever o material constituinte da estrela juntamente com sua estrutura. Usa-se, então, dois grupos de equações. A equação de estado, relacionando pressão, densidade de matéria e temperatura; e as equações de estrutura. Equações de Estrutura Estelar As equações de estrutura são compostas por duas equações: Equação de Equilíbrio Hidrostático Equação de Continuidade da Massa Equação de Equilíbrio Hidrostático O equilíbrio hidrostático representa um balanço entre a força gravitacional e a pressão interna da estrela. Se esse equilíbrio é alterado, podemos dizer que Pressão interna a estrela poderá expandir ou contrair. empurra para fora Auto-gravidade puxa para dentro Se a força gravitacional for maior, a estrela se contrai. Se a pressão interna for superior, a estrela se expande. Derivação da Equação de Equilíbrio Hidrostático Denominando P, a pressão exercida na face à altura r e P+dP a pressão exercida na face à altura r+dr, temos PdA – (P+dP)dA = gdm, onde g = g(r) é a aceleração da gravidade devida à matéria interior a r. Portanto, dPdA = -gdm. Como dm = ρdAdr, obtemos: dP/dr = -ρg Para uma estrela esférica, g(r) = GM(r)/r2, de modo que: dP/dr = - GM(r)ρ(r)/r2 Equação de Equilíbrio Hidrostático Equação de continuidade da Massa As quantidades M(r), (r) e r ,que aparecem na equação de equilíbrio hidrostático, não são independentes. A massa M(r) interior ao raio r será determinada pela densidade do material estelar. Para relacionar todas essas variáveis, consideramos uma camada fina de espessura dr e massa dm no raio r a partir do centro. Como a camada é fina, seu volume é simplesmente a área superficial vezes sua espessura, de modo que sua massa é: dr r dm = ρ(r) X Vol.esfera = ρ(r) X 4πr2dr Rearranjando essa expressão obtém-se: dm/dr = 4πr2ρ(r) Equação de continuidade da Massa r +dr Equação de Continuidade da Massa Algumas considerações: A massa da estrela a ser modelada possui um papel importante na competição entre força gravitacional e pressão. Quanto mais massiva a estrela, maior será a pressão necessária para compensar a gravidade. A pressão e temperatura serão mais altas no núcleo e vizinhanças. Por outro lado, uma estrela de baixa massa terá temperatura e pressão centrais mais baixas. Etapa 1 Integração numérica das equações de estrutura para uma densidade de energia constante. Obs.: A densidade de energia E(r) é dada por E(r) = ρ(r)c2. Se impormos c = 1, E(r) = ρ(r) Para se resolver as equações de estrutura para P(r) e M(r), deve-se integrar desde a origem (r = 0) até o ponto r = R, onde a pressão cai a zero. Este ponto define R como o raio da estrela. Para isso é necessário um valor inicial da pressão em r = 0, chamado p0. O raio da estrela R e a massa total da estrela M(r) = M dependerão de p0. Para realizar a integração, precisa-se saber a densidade de energia E(r) em termos da pressão P(r). Essa relação é a equação de estado para a matéria constituinte da estrela. Entretanto, neste caso, estamos considerando a densidade de energia constante ao longo da estrela e não se faz necessário o uso da equação de estado. Etapa 1 Sejam as nossas equações diferenciais da forma: dP/dr = -GE(r)M(r)/r2 dM/dr = 4πr2E(r) As condições de contorno são: M(0) = 0 P(0) = p0 Como a densidade de energia é constante, tem-se que: E(r) = E, 0 ≤ r ≤ R 0, r > R A partir da equação de continuidade da massa pode-se descobrir M(r) pelo método de Euler. Adotou-se como passo de integração o valor de 0,5 km e Rmáx = 10 km. Com a solução de M(r) obtida, pode-se integrar a equação de equilíbrio hidrostático e achar a solução P(r). Resultados Etapa 1 Simulação com Ec = 6x10-4 Msolc2/km3 e p0 = 2x107 Msol/kms2 Densidade de Energia E(r) em função do raio. 7.00E-04 Valores de E(r) (Msol c2/km3) 6.00E-04 5.00E-04 4.00E-04 Densidade de Energia E(r) 3.00E-04 2.00E-04 1.00E-04 0.00E+00 0 2 4 6 8 Axis Title 10 12 14 16 Resultados Etapa 1 Comportamento da Massa em função do Raio 3.00 2.50 Massa (Msol) 2.00 1.50 f(ri) = 4πri2 E(r) y(xi) = y(xi-1) + f(xi-1)*(xi-xi-1) 1.00 M(r)= 4πr3 E(r)/3 0.50 0.00 0 -0.50 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 1 Comportamento da Pressão em função do Raio 2.50E+07 Pressão (Msol/kms2) 2.00E+07 1.50E+07 Solução numérica para p(r) 1.00E+07 Solução analítica p(r) 5.00E+06 0.00E+00 0 2 4 6 8 10 12 Raio (km) Resultado: Estrela de nêutrons de raio 10 km, massa 2,33 Msol, Ec= 6x10-4 Msolc2/km3 e p0 = 2x107 Msol/kms2 Resultados Etapa 1 Para as diversas simulações feitas, podemos sintetizar os resultados, expressos na tabela abaixo: Tabela de resultados Raio (km) Massa (Msol) Ec p0 10 2,72 7x10-4 2x107 10 2,33 6x10-4 2x107 10 1,94 5x10-4 8x106 10 1,55 4x10-4 8x106 Conclusão: A partir das diversas variações de Ec e p0, a melhor solução representando uma estrela de nêutrons é aquela cuja massa é 2,33 Msol, uma vez que é a solução numérica que mais se aproxima dos valores teóricos. Etapa 2 Integração numérica das equações de estrutura para uma densidade de energia variável ao longo da estrela. Introdução da equação de estado P = κργ Simulações para valores de γ = 5/3 e γ = 1 Introdução de dois novos parâmetros a e b nas equações de estrutura, para relacionar a dependência da variação da densidade de energia ao longo da estrela. dP(r)/dr = -(aP(r)1/γM(r))/r2 dM/dr = br2P(r)1/γ Etapa 2 Para o caso γ = 5/3, o fluido no interior da estrela é não relativístico. Portanto, para a resolução das equações de estrutura, devemos considerar valores não relativísticos para algumas constantes. Os parâmetros a e b são bem explicitados, isto é, há uma equação que os caracteriza. Entretanto, interessa-nos, somente o valor que assumem para o caso não relativístico. a=1 O parâmetro a tem dimensão de km b = 0,7636 O parâmetro b tem dimensão de 1/km3 A constante κ tem seu valor próprio não relativístico. κnão-relativístico = 9,55 km2/(Msolc2)2/3 Portanto, com os valores de constantes e parâmetros definidos, pode-se efetuar a integração. Resultados Etapa 2 para γ = 5/3 Densidade de Energia e Pressão em função do Raio 1.00E+00 Valores de densidade de energia e pressão 1.00E-01 1.00E-02 1.00E-03 Pressão (p) Densidade de Energia E(r) 1.00E-04 1.00E-05 1.00E-06 0 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 2 para γ = 5/3 Comportamento da grandeza Massa em função do Raio Valores de Massa (Msol) 1 0.5 M(r) em Msol 0 0 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 2 para γ = 5/3 Comportamento da Pressão p(r) em função do Raio 1.00E-05 9.00E-06 8.00E-06 Valores de p(r) 7.00E-06 6.00E-06 5.00E-06 P(r) 4.00E-06 3.00E-06 2.00E-06 1.00E-06 0 0.00E+00 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 2 para γ = 5/3 Comportamento de p(r) e Zn em função do raio 1.00E+00 Valores de p(r) e zn 1.00E-01 1.00E-02 1.00E-03 Zn P(r) 1.00E-04 1.00E-05 1.00E-06 0 2 4 6 8 10 12 Raio (km) Conclusão: Obteve-se uma estrela de raio igual a 10 km, massa 0.76 Msol e pressão aproximadamente nula na superfície. Etapa 2 para γ = 1 Para o caso de γ =1, o fluido intra-estelar é relativístico. Dessa forma, os valores de constantes e parâmetros são: κrelativístico = 1/3 km2/(Msolc2)2/3 ; a = 4,428 km e b = 3,374 1/km3 Comportamento da Pressão e Densidade de Energia em função do raio Valores de densidade de energia e pressão 1.00E+00 1.00E-01 1.00E-02 p(r) E(r) 1.00E-03 1.00E-04 0 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 2 para γ = 1 Comportamento das grandeza Massa em função do Raio 3 2.5 Valores de Massa (Msol) 2 1.5 M(r) em Msol 1 0.5 0 0 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 2 para γ = 1 Comportamento da Pressão p(r) em função do Raio 3.00E-04 2.50E-04 Valores de p(r) 2.00E-04 1.50E-04 P(r) 1.00E-04 5.00E-05 0.00E+00 0 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 2 para γ = 1 Comportamento de p(r) e zn em função do raio 1.00E+00 Valores de p(r) e zn 1.00E-01 1.00E-02 P(r) Zn adimensional 1.00E-03 1.00E-04 0 2 4 6 8 10 12 Raio (km) Conclusão: Obteve-se uma estrela de raio igual a 10 km, massa 2,47 Msol e pressão também aproximadamente nula na superfície. Etapa 3 Introdução e utilização da equação de Lane-Emden A equação de Lane-Emden é uma equação diferencial ordinária, não-linear, de 2ª ordem e grau n. Sua solução determina a estrutura interna das estrelas politrópicas. Em Astrofísica, a equação de Lane-Emden modela a estrutura de um sistema termodinâmico cuja equação de estado é a de um fluido politrópico e permite determinar o perfil da pressão, densidade e temperatura em função da distância ao centro. d2y/dx2 + (2/x)dy/dx + yn = 0 Equação de Lane-Emden Etapa 3 Na equação de Lane-Emden as variáveis x e y são definidas por: r = ax Obs.: ρc é a densidade de matéria central da estrela. ρ = ρcyn Por simetria esférica, para r → 0, devemos ter dρ/dr → 0, de modo a evitar uma singularidade no centro. Portanto, as condições de contorno da equação de Lane-Emden no centro da estrela são: Para x → 0, y → 1 e y’ = dy/dx → 0. Assim, obtida a solução y(x) para a equação de Lane-Emden, para um dado n, é necessário obter as variáveis físicas ρ, T e P. A obtenção da solução y(x) é feita por integração numérica, utilizando-se o método de resolução de EDO’s de ordem n. Etapa 3 A equação de Lane-Emden é obtida a partir das equações de continuidade da massa e equilíbrio hidrostático, eliminando-se a massa M(r) nessas equações. Assim, obtém-se: d/dr [(r2/ρ)*dP/dr] = -4πGr2ρ (I) A partir da equação de estado, podemos escrever: dP/dr = [(n+1)/n]κρ1/ndρ/dr (II) Substituindo (II) em (I), obtemos: d/dr (r2ρ(1/n)-1dρ/dr = -(n/n+1)4πGr2ρ/κ (III) Com a introdução das variáveis r = ax e ρ = byn em que b pode ser convenientemente definido como a densidade ρc no centro da estrela, de modo que y → 1 para x → 0, pode-se reescrever (III) da seguinte forma: 1/x2 d/dx (x2dy/dx) = -4πGρc(n-1)/n a2yn/κ(n+1) Definindo-se a2 como a2 = (n+1)κ/4πGρc(n-1)/n, obtemos a equação de Lane-Emden: d2y/dx2 + (2/x)dy/dx + yn = 0 Resultados Etapa 3 Integração de Lane-Emden para n = 3. Obs.: O índice politrópico n = 3 representa o modelo padrão de uma estrela. Este valor aplica-se ao caso degenerado relativístico, onde P(r) é proporcional a ρ4/3. A simulação foi feita baseada em uma estrela de raio 10 km e 2,5 Msol R = ax(r) Comportamento da função raio da estrela 12 10 Valores de R 8 6 r 4 2 0 0 1 2 3 4 x(r) 5 6 7 8 Resultados Etapa 3 ρ(r) = ρcy3 Comportamento da densidade (ρ) da estrela 7.00E+16 6.00E+16 Valores de ρ (g/cm3) 5.00E+16 4.00E+16 ρ 3.00E+16 2.00E+16 1.00E+16 0.00E+00 0 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 3 P(r) = κρ4/3 Comportamento da pressão (P) da estrela 2.00E+22 1.80E+22 1.60E+22 Pressão (N/cm2) 1.40E+22 1.20E+22 1.00E+22 P 8.00E+21 6.00E+21 4.00E+21 2.00E+21 0.00E+00 0 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Resultados Etapa 3 T = μmHκρ/k em que μ é o peso molecular médio do gás, mH é a massa do átomo de H e k = R(constante dos gases perfeitos)/Na (número de Avogadro). Comportamento da Temperatura (T) no interior da estrela 2.50E+31 Temperatura (K) 2.00E+31 1.50E+31 T 1.00E+31 5.00E+30 0.00E+00 0 2 4 6 Raio (km) 8 10 12 Etapa 4 Utilização de valores fixos de n e κ e variação dos valores de densidade central (ρc) para obtenção do comportamento da variação das massas de acordo com a variação dos valores de raio para estrelas distintas. Verificar o comportamento de uma estrela Newtoniana e procurar a constatação de massas máximas. Para esse estudo, utilização do caso n = 3, por ser o modelo padrão e n = 1,5. Relação única entre a constante a e ρc, de forma a garantir a manutenção do valor constante de κ. Utilização das equações: a = (κ(n+1)/(4πGρc1-1/n))1/2 R = ax(R) M = -4πa3ρcx(R)2y'(R) Relação única entre a e ρc Resultados Etapa 4 Comportamento Newtoniano das massas em função dos raios para n = 1,5 M x R (n = 1,5 e K = 5,38x109) 1.4 1.2 M(Msol) 1 0.8 0.6 M(Msol) 0.4 0.2 0 10 15 20 25 30 35 40 R(km) Conclusão: Na análise Newtoniana de estrelas, não é possível constatar um valor para o qual a massa atinge um valor máximo finito. A massa crescerá indefinidamente. Resultados Etapa 4 Comportamento Newtoniano das massas em função dos raios para n = 3 Pelas equações abaixo, verifica-se que para n = 3, a massa independe da densidade central ρc. Isto implica em a massa ser constante para todos os valores de raios simulados. Comportamento dos diversos valores de ρc para raios distintos a = (κ(n+1)/(4πGρc1-1/n))1/2 R = ax(R) M = -4πa3ρcx(R)2y'(R) 7.00E+15 6.00E+15 Valores de ρc (g/cm3) Conforme aumenta-se o raio das estrelas, observa-se que os valores de ρc diminuem. Para valores mais altos de ρc, mais massivas serão as estrelas. Portanto, mais compactas elas terão de ser, de forma que a pressão seja capaz de suportar o colapso gravitacional. 8.00E+15 5.00E+15 4.00E+15 ρc (g/cm3) 3.00E+15 2.00E+15 1.00E+15 0.00E+00 0.00E+00 5.00E+06 1.00E+07 1.50E+07 Raio (cm) 2.00E+07 2.50E+07 Resultados Etapa 4 Comportamento dos valores da Massa para raios distintos (n = 3) 6.00E+33 5.00E+33 Massa (g) 4.00E+33 3.00E+33 M (g) 2.00E+33 1.00E+33 0.00E+00 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Raio (cm) A massa independe dos valores de ρc e apresenta o mesmo valor para qualquer raio. O que isso significa? Resultados Etapa 4 O índice n = 3 representa uma estrela de matéria degenerada relativística. Portanto a constância da massa para diferentes valores de raio significa a obtenção de uma massa máxima, i.e, o único valor de massa possível. O limite de massa obtido representa que as estrelas governadas por n = 3 não podem assumir um valor maior de massa, caso contrário, sofrerão um colapso gravitacional. Dessa forma, podemos simular novamente o comportamento das massas das estrelas para diferentes valores de κ, de forma a obter o limite de Chandrasekhar, a massa máxima para anãs-brancas (1,4 Msol). Essa simulação implica ao variarmos κ e mantermos n constante, em descobrir as diversas massas máximas das estrelas segundo os valores de κ. Portanto, cada ponto na simulação corresponderá a uma estrela diferente. Resultados Etapa 4 Comportamento dos valores das Massas para variação de κ Comportamento da Massa em função de K 2 1.8 1.6 1.4 M (Msol) 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0.00E+00 2.00E+14 4.00E+14 K ( cm3/(g1/3*s2) 6.00E+14 8.00E+14 Resultados Etapa 4 Comportamento da Massa em função do Raio 2 1.8 1.6 Massa (Msol) 1.4 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0.00E+00 5.00E+06 1.00E+07 1.50E+07 Raio (cm) 2.00E+07 2.50E+07 Resultados Etapa 4 Comportamento de R em função de K 2.50E+07 2.00E+07 Raio (cm) 1.50E+07 1.00E+07 5.00E+06 0.00E+00 0.00E+00 2.00E+14 4.00E+14 K( cm3/(g1/3*s2) 6.00E+14 8.00E+14 Resultados Etapa 4 Limite de Chandrasekhar 1.405 1.4 1.395 Massa (Msol) 1.39 1.385 1.38 M em Msol 1.375 1.37 1.365 1.36 1.355 4.68E+14 4.70E+14 4.72E+14 4.74E+14 4.76E+14 4.78E+14 4.80E+14 K ( cm3/(g1/3*s2) O gráfico ilustra o comportamento das massas para uma variação mínima de κ. Conclusão: O valor de κ que melhor representa o limite de Chandrasekhar para anãs-brancas (1,4 Msol) é 4,78999 x 1014 cm3/(g1/3s2) Etapa 5 Solução de Lane-Emden para os índices politrópicos n = -1, n = 5 e n = 2. Verificação de algumas propriedades dadas pelos valores de índices politrópicos. Índices Politrópicos Propriedades n = -1 Politropo de pressão constante n=0 Politropo de densidade constante n = 1,5 Caso de um politropo adiabático e de um gás degenerado não relativístico (γ = 5/3) n=3 Modelo padrão. Caso degenerado relativístico (γ = 4/3). n=5 Politropo de raio infinito n=∞ Politropo de temperatura constante Resultados Etapa 5 Simulação da Equação de Lane-Emden para n = -1 Função Raio para n = -1 1200000 Valores do Raio (cm) 1000000 800000 600000 r 400000 200000 0 0 0.5 1 1.5 Valores de x 2 2.5 Resultados Etapa 5 Comportamento da densidade (ρ) em função do Raio para n = -1 4.50E+16 4.00E+16 Valores de ρ (g/cm3) 3.50E+16 3.00E+16 2.50E+16 2.00E+16 ρ 1.50E+16 1.00E+16 5.00E+15 0.00E+00 0 200000 400000 600000 Raio (cm) 800000 1000000 1200000 Resultados Etapa 5 Comportamento da Pressão em função do Raio para n = -1 9E+36 8E+36 Valores de P (dinas/cm2) 7E+36 6E+36 5E+36 4E+36 P 3E+36 2E+36 1E+36 0 0 200000 400000 600000 Raio (cm) 800000 1000000 1200000 Resultados Etapa 5 Comportamento da Temperatura em função do Raio para n = -1 3.00E-21 2.50E-21 Temperatura (K) 2.00E-21 1.50E-21 T 1.00E-21 5.00E-22 0.00E+00 0 200000 400000 600000 Raio (cm) 800000 1000000 1200000 Resultados Etapa 5 Simulação da Equação de Lane-Emden para n = 5 Como o politropo de n = 5 possui raio infinito, podemos truncar a solução até um determinado ponto e analisar seu comportamento. Truncou-se até y = 0,030704. Comportamento da função y(x) 1.2 1 Valores de y(x) 0.8 0.6 y(x) 0.4 0.2 0 0 10 20 30 40 Valores de x 50 60 70 Resultados Etapa 5 Função Raio para n = 5 7E+11 6E+11 Raio (cm) 5E+11 4E+11 r 3E+11 2E+11 1E+11 0 0 10 20 30 40 Valores de x 50 60 70 Resultados Etapa 5 Comportamento da densidade (ρ) em função do Raio 1.00E+03 1.00E+02 1.00E+01 Densidade (g/cm3) 1.00E+00 1.00E-01 1.00E-02 ρ 1.00E-03 1.00E-04 1.00E-05 1.00E-06 0 1E+11 2E+11 3E+11 4E+11 Raio (cm) 5E+11 6E+11 7E+11 Resultados Etapa 5 Comportamento da Pressão em função do Raio 1.00E+09 1.00E+08 1.00E+07 1.00E+06 Pressão 1.00E+05 1.00E+04 P 1.00E+03 1.00E+02 1.00E+01 1.00E+00 1.00E-01 0 1E+11 2E+11 3E+11 4E+11 Raio (cm) 5E+11 6E+11 7E+11 Resultados Etapa 5 Comportamento da Temperatura em função do Raio 1.00E+24 1.00E+23 1.00E+22 Temperatura (K) 1.00E+21 1.00E+20 1.00E+19 T 1.00E+18 1.00E+17 1.00E+16 1.00E+15 0 1E+11 2E+11 3E+11 4E+11 Raio (cm) 5E+11 6E+11 7E+11 Resultados Etapa 5 Simulação da Equação de Lane-Emden para n = 2 Função Raio para n = 2 1200000 1000000 Valores de R (cm) 800000 600000 r 400000 200000 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Valores de x 3 3.5 4 4.5 5 Resultados Etapa 5 Comportamento da densidade (ρ) em função do Raio para n = 2 1.60E+16 1.40E+16 Valores da densidade (g/cm3) 1.20E+16 1.00E+16 8.00E+15 ρ 6.00E+15 4.00E+15 2.00E+15 0.00E+00 0 200000 400000 600000 Raio (cm) 800000 1000000 1200000 Resultados Etapa 5 Comportamento da Pressão em função do Raio para n = 2 3.00E+36 2.50E+36 Pressão (dinas/cm2) 2.00E+36 1.50E+36 P 1.00E+36 5.00E+35 0.00E+00 0 200000 400000 600000 Raio (cm) 800000 1000000 1200000 Resultados Etapa 5 Comportamento da Temperatura em função do Raio para n = 2 5.00E+31 Temperatura (K) 4.00E+31 3.00E+31 T 2.00E+31 1.00E+31 0.00E+00 0 200000 400000 600000 Raio (cm) 800000 1000000 1200000 Resultados Etapa 5 Para o caso n = 2, será feita a variação do valor de κ de forma a observar o comportamento das massas e raios das estrelas. Para isso, ρc e n serão mantidos fixos. Comportamento de M em função dos diferentes valores de K para n = 2 3.00E+35 2.50E+35 Massa (g) 2.00E+35 1.50E+35 M 1.00E+35 5.00E+34 0.00E+00 0.00E+00 5.00E+12 1.00E+13 1.50E+13 Valores de K 2.00E+13 2.50E+13 3.00E+13 Resultados Etapa 5 Comportamento das Massas em função dos Raios para n = 2 1.60E+02 1.40E+02 1.20E+02 Massa(Msol) 1.00E+02 8.00E+01 M em Msol 6.00E+01 4.00E+01 2.00E+01 0.00E+00 0.00E+00 5.00E+05 1.00E+06 1.50E+06 2.00E+06 Raio (cm) 2.50E+06 3.00E+06 3.50E+06 4.00E+06 Conclusões Resolução da equação de Lane-Emden é um mecanismo fundamental para a determinação da estrutura interna de estrelas politrópicas. Há uma boa relação entre as simulações obtidas e as estrelas observadas na natureza. O estudo do politropo de índice n = 3 permitiu determinar características físicas como o limite máximo de massa e relacioná-lo a um fenômeno bem conhecido (anãs-brancas). Compreensão do conceito de matéria degenerada e sua relação com o colapso gravitacional. Equações Newtonianas não explicam corretamente o comportamento das massas para diferentes raios. As massas das estrelas tendem a crescer indefinidamente enquanto a Relatividade Geral prevê a obtenção de um valor limite máximo de massa para cada equação de estado. Perspectivas Futuras Desenvolvimento de um programa em MatLab Implementação das soluções obtidas em Euler e Runge-Kutta Aquisição de conhecimentos em Relatividade Geral Introdução de correções relativísticas nas equações. Referências Bibliográficas W. J. MACIEL, “Introdução à Estrutura e Evolução Estelar”, Edusp, São Paulo, 1999. R.R. SILBAR e S. REDDY, “Neutron stars for undergraduate students”, Am. J. Phys. 72, 7 (2004) B. F. SCHUTZ, “Gravity from the ground up”, Cambridge, 2003.