HOJE EM DIA O ABORTO JÁ É LEGAL? COMO É A LEI DO ABORTO? 2006 KVV 3/5 Em 1984, legalizou-se o aborto em Portugal, mas os prazos dessa lei já foram alargados. Por isso, desde 1997, tornou-se legal abortar nas seguintes situações: no caso de perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para a mulher, até aos 9 meses; por razões de saúde da mulher até às 12 semanas; no caso de deficiência do feto (doença grave ou malformação congénita incuráveis), até às 24 semanas (6 meses); e no caso de violação, até às 16 semanas. Agora, há muitas propostas para que a mulher possa abortar nos nossos hospitais e em clínicas privadas, com os serviços pagos pelos nossos impostos, sem ter que dar qualquer razão. A SOCIEDADE PORTUGUESA DÁ PROTECÇÃO LEGAL AOS BEBÉS? 2006 KVV 3/5 A sociedade deve considerar que todos e especialmente os mais fracos e desprotegidos - merecem protecção legal. Mesmo na lei de 1984 este era o princípio base, ao qual se abriam algumas excepções. A despenalização do aborto, porém, muda esse princípio base, pois é como se a sociedade portuguesa dissesse que há seres humanos com direitos de vida ou de morte sobre outros seres humanos, admitindo que os mais fortes imponham a sua vontade aos mais fracos sem que estes tenham quem os defenda. DIZEM QUE O FETO AINDA NÃO É PESSOA E POR ISSO NÃO TEM DIREITOS... 2006 KVV 3/5 Dentro da mãe não está decerto um animal ou uma planta, está , ao invés, um ser humano em crescimento, com todas as suas características em potência, desde o momento da concepção. Dependente, obviamente, da mãe, como o estará durante muito tempo depois de nascer, pois se deixarmos um bebé no berço sem o alimentarmos, ele morre. É um ser dependente, como o são muitos doentes ou idosos. Mas será que por isso estes também não são pessoas, nem têm direitos? É, justamente, por serem mais frágeis que os bebés, dentro ou fora do seio materno, e os doentes e idosos, precisam mais da protecção legal da sociedade. E OS PROBLEMAS DA MULHER? 2006 KVV 3/5 A suposta solução dos problemas de um ser humano não pode passar pela morte de outro ser humano. Esse é o erro que está na base de todas as guerras e de toda a violência. A mulher em dificuldade o que precisa é de ajuda positiva para a sua situação, e não da morte do seu filho, que será um trauma físico e psicológico que em nada resolve os seus problemas de pobreza, de desemprego, ou de falta de informação. Além disso, a proibição do aborto protege a mulher que, muitas vezes, é fortemente pressionada a abortar contra a sua vontade pelo pai da criança ou por outros familiares, pois lhes pode responder que se recusa a fazer algo proibido por lei. Nos estudos que existem referentes aos países onde o aborto é legal, mais de metade das mulheres que abortaram disseram que o fizeram obrigadas. MAS A MULHER NÃO TEM O DIREITO DE USAR O SEU CORPO? A mulher não tem o direito de dispor do corpo de outrem: é que o bebé não é um apêndice que se quer tirar; é um ser humano, único e irrepetível, diferente da mãe e do pai, com um coração que bate desde os 18 dias (quando a mãe ainda nem sabe, muitas vezes, que está grávida), com actividade cerebral visível num electro-encefalograma desde as 6 semanas, com as características físicas e muitas da sua personalidade futura presentes desde o momento da concepção. SEGUNDO SEGUNDO A A LEI LEI O O PAI PAI DA DA CRIANÇA CRIANÇA TEM TEM ALGUM ALGUM DIREITO DIREITO OU OU DEVER DEVER NESTA NESTA DECISÃO? DECISÃO? Não, o homem fica sem nenhuma responsabilidade, e também sem nenhum direito. A mulher pode abortar o filho dum homem contra a vontade dele. Quando a mulher decide ter a criança a lei impõe que o pai, mesmo contra a sua vontade, lhe dê o nome, pensão de alimentos e, até, acompanhamento pessoal, mas, se decide não o ter, o pai não pode impedir o aborto, pois fica excluído da decisão de vida ou de morte do seu próprio filho. E QUANTO À QUESTÃO DA SAÚDE DA MULHER QUE ABORTA? Legal ou ilegal, o aborto, mesmo quando feito com a pílula do dia seguinte, representa sempre um risco e um traumatismo físico e psicológico para a mulher. Muitas vezes o aborto é-lhe apresentado como a solução dos seus problemas, e só tarde demais ela vem a descobrir o erro dessa opção. Segundo o British Medical Journal (Ag.2000), o aborto químico , cujos efeitos sobre a mulher são em grande parte desconhecidos, quadruplica o risco de a mulher vir a fazer um aborto cirúrgico. E o aborto por sucção ou operação em clínicas e hospitais legais provoca altas percentagens de cancro de mama, de esterilidade, de tendência para aborto espontâneo, de infecções que podem levar à histerectomia, de depressões e, até, suicídios. MAS TEM QUE SE ACABAR COM O ABORTO CLANDESTINO! É verdade, temos mesmo que acabar com o aborto; que ninguém pense que precisa dele. Mas a despenalização não ajuda em nada à sua abolição. Os números provam que, em praticamente todos os países, após a despenalização, não só aumentou muito o aborto legal, como não diminuiu o aborto clandestino, pois a lei não combate as suas causas (quem quer esconder a sua gravidez não a quer revelar no hospital, por exemplo). A diminuição do aborto passa antes pela adopção de medidas reais e positivas de combate às suas causas. Ora, não há melhor forma de ajudar os governos a demitirem-se do dever de terem como prioridade a adopção dessas medidas do que despenalizar o aborto. O que, pois, importa é ajudar a ver as situações pelo lado positivo e da solidariedade, e não deixar que muitas mulheres se vejam desesperadamente sós em momentos extremamente difíceis das suas vidas. É preciso que elas saibam que há sempre uma saída que não passa pela morte de ninguém, e que há muitas instituições e pessoas de braços abertos para as ajudarem. ENTÃO QUEREM QUE AS MULHERES QUE ABORTAM VÃO PARA A CADEIA? Uma mãe apanhada a roubar pão para o filho com fome não vai presa, porque o que precisa é de ajuda, e nem por isso alguém defende que o roubo deve ser despenalizado. É importante que as pessoas saibam que matar um ser humano, dentro ou fora do ventre materno, é um crime - e que, por isso, como todos os crimes, deve ser punível por lei. As penas podem ser também de cariz pedagógico (por exemplo, colaboração com instituições de solidariedade social,). A pena de prisão é sempre o último recurso. Além disso, só aos juízes cabe decidir, E eles têm que tomar em consideração as circunstâncias atenuantes de cada caso, que, algumas vezes, são mesmo circunstâncias exculpantes: por isso é que, há mais de 30 anos, nenhuma mulher vai para a cadeia por ter abortado, e a enorme maioria nem sequer chega a ir a julgamento. Mas mais importante ainda é ver quantas vidas uma lei salva. A DESPENALIZAÇÃO SERIA SÓ PARA AS MULHERES? Não. A despenalização abrange todos: médicos, pessoas com fortes interesses económicos nesta prática, pessoas que induzem ao aborto….Na lei de 1984 estas pessoas tinham penas muito mais pesadas que a própria mulher. As leis pró-aborto abrem as portas ao grande negócio das clínicas privadas abortivas. MAS A DESPENALIZAÇÃO NÃO OBRIGA NINGUÉM A ABORTAR... É verdade que não, mas está provado que a despenalização torna o aborto mais aceitável na mentalidade geral – e, por isso mesmo, na prática, leva ao aumento do número de abortos. É que a lei não reflecte só as convicções de uma sociedade; ela enforma também essa mesma sociedade. Por isso, o que é legal passa, subtilmente, a ser considerado legítimo, quando são duas coisas muito diferentes, Foi a lógica de equiparar o legal ao legítimo que, em Nuremberga, levou os alemães aí julgados a dizerem que não tinham responsabilidades no extermínio dos judeus, porque se tinham limitado a cumprir a lei. PORQUE SE PROPÕEM PRAZOS PARA O ABORTO LEGAL? Não há nenhuma razão científica, ética, ou mesmo lógica, para o estabelecimento de qualquer prazo. Ou o bebé é um ser humano e, então, tem sempre direito à vida; ou é considerado uma coisa que faz parte do corpo da mãe e, então, esta tem sempre sobre ele um integral e absoluto direito de propriedade. Os próprios defensores da despenalização têm consciência de que o aborto é, em si mesmo, um mal, e que a lei tem uma função dissuasora necessária: é por isso mesmo que não pedem a despenalização até aos nove meses. No entanto, é de perguntar porque é que se defende que, até às X semanas, as mulheres e os médicos que fazem um aborto não cometem mal nenhum, e às X semanas e meia, passam, todos eles, a ser criminosos. O ABORTO É SÓ UM PROBLEMA RELIGIOSO OU ABRANGE OS DIREITOS DO HOMEM? O aborto ataca os Direitos do Homem. O direito à vida é a base de todos os outros direitos. O direito de opção, o direito ao uso livre do corpo, o direito de expressão… todos os direitos de que usufruímos, só os temos, porque nos deixaram nascer e estamos vivos, porque nos permitiram e permitem viver. Ao tirarmos a vida às nossas crianças, estamos também a roubar-lhes todos os outros direitos. Aliás, a Declaração Universal dos Direitos do Homem proclama que estes são universais, ou seja, que são direitos de todos. Então, porque é que alguns bebés, só porque não são desejados, devem ser excluídos dos direitos que são de toda a humanidade?! SER CONTRA A DESPENALIZAÇÃO NÃO É SER INTOLERANTE E RADICAL? Não. O aborto é que é totalmente intolerante e radical para com a criança, porque a mata; não lhe dá quaisquer direitos, não lhe dá opção nenhuma. Os pró-despenalização têm em conta a posição dum só dos intervenientes: a mulher. O “Não” ao aborto obriga-nos a todos, individualmente e como sociedade, a ter em consideração os dois intervenientes. Ao bebé, temos obrigação de o proteger e de permitir que ele possa viver. À mulher, temos obrigação de a ajudar, para que possa criar o seu filho com amor e em condições dignas, ou para que o possa entregar para adopção a quem o faça por ela. ENTÃO O QUE É O IDEAL? Independentemente das circunstâncias no momento da concepção e das capacidades físicas ou intelectuais de um ser humano, ele deve ter sempre direito à vida. À sociedade e a nós individualmente cabe ajudar cada pessoa, e também as famílias, a viverem as dificuldades da melhor forma, a serem felizes e a aceitarem-se uns aos outros como são. Os pais também não podem decidir eliminar um filho adolescente que, num desastre de mota, ficou incapacitado, ou um avô que, devido à idade perdeu as suas capacidades intelectuais. Vamos amar, aceitar e proteger TODOS!