SOCIOLOGIA DO LAZER E DO TURISMO HIPERCAPITALISMO: MERCANTILIZAÇÃO DA SOCIEDADE E SEUS DESDOBRAMENTOS INTRODUÇÃO • No início do semestre vimos que as Ciências Sociais se alicerçam a partir de 03 frentes de conhecimento humano: • SOCIOLOGIA (S) • ANTROPOLOGIA (A) • POLÍTICA (P) A QUESTÃO INICIAL É: EM QUE MEDIDA A ECONOMIA INFLUENCIA O COMPORTAMENTO HUMANO? A SOCIOLOGIA PODE SE OCUPAR DO ESTUDO DOS FENÔMENOS ECONÔMICOS? ECONOMIA • Ciência especializada no estudo dos fenômenos de produção, distribuição, circulação e consumo de bens, geralmente limitados. • O QUE É UM BEM? • Aquilo que te agrega valor • (LEMBRE-SE QUE OS VALORES SÃO DISTINTOS ENTRE INDIVÍDUOS E GRUPOS SOCIAIS) • TODOS OS BENS SÃO TANGÍVEIS? • Não! Alguns são difíceis ou impossíveis de serem medidos. • Um dos maiores problemas da sociedade atual é a “coisificação” e “precificação” das experiências. • SERVIÇOS E EXPERIÊNCIAS ESTÃO ATRELADOS A QUESTÕES SOCIAIS? DÊ EXEMPLOS. • Oferece-se baseado em padrões e expectativas de comportamento. • Cada indivíduo e grupo social possui necessidades e expectativas distintas, o que exige que o mercado se adeque, customizando serviços e divulgando produtos e experiências de alto valor agregado (não necessariamente econômico). ECONOMIA X SOCIEDADE • Nem todo social é econômico, mas todo econômico é social. SUBCULTURA DE CLASSE • Nas sociedades complexas, a divisão de classes tem uma grande influência no comportamento e interação entre as pessoas e grupos sociais. • Pertencer a uma classe social, não significa apenas ter uma determinada renda familiar, exercer algum tipo de profissão e/ou ter certo grau de escolaridade. SUBCULTURA DE CLASSE • Significa também participar de crenças, possuir determinados valores morais e estéticos, ter determinadas aspirações, perceber a existência de um certo modo (pois as classes sociais tendem a possuir modos próprios de vida, isto é, subculturas correspondentes). • Ex. Empresário norte-americano vive em condomínios e viaja nas férias de modo semelhante ao Empresário brasileiro. • Isto significa que o PADRÃO DE ESCOLHA DE CONSUMO é semelhante, com destinos e passeios parecidos. CULTO À VELOCIDADE • A sociedade pós-moderna tem como uma das suas principais características a pressa generalizada, esteja ela presente nas respostas eletrônicas, na expectativa das respostas sociais ou na velocidade do crescimento humano. • Atualmente, exige-se pressa em tudo o que se vivencia. O resultado é a ativação de um estado interno de tensão, quando o stress emocional pode se instalar. CULTO À VELOCIDADE • Essa aceleração fora do comum, muito contrastante com a calma e placidez dos anos idos, se deve em grande parte à uma cultura do nanosegundo que é a unidade mínima de tempo que um computador para atender à um comando. • Espera-se do homem a mesma rapidez que se espera de uma máquina. E, como todos sabem, achamos sempre que o computador de ontem já não mais atende à nossa necessidade de rapidez: quanto mais rápida a máquina, mais queremos que ela acelere a sua resposta. CULTO À VELOCIDADE • O mesmo está acontecendo com o homem: queremos que ele responda, cresça, viva e se relacione com uma rapidez cada vez mais pronunciada, custe o que custar. • COMO AS DISTORÇÕES ETÁRIAS (ADULTIZAÇÃO INFANTIL, INFANTILIZAÇÃO ADULTA E CULTO À JUVENTUDE) INTERFEREM NO COMPORTAMENTO DE LAZER E VIAGENS DAS PESSOAS? CULTO À VELOCIDADE • ADULTIZAÇÃO PRECOCE: crianças querem consumir, decidir e se erotizar como adultos. • Queimam etapas do desenvolvimento. • Tornam-se emocionalmente frágeis. • Vida noturna antecipada (com comportamento inadequado e riscos) • Hiperconsumismo em Shoppings • Monotonia em viagens com a família (querem independência) CULTO À VELOCIDADE • INFANTILIZAÇÃO ADULTA: Por não ter vivido as etapas anteriores da vida com a densidade e duração adequadas, ficam lacunas de comportamento: • Baladas extravagantes entre adultos maduros • “Brinquedos” caros: carros possantes, roupas de grife, etc. • Resgate da sexualidade juvenil baseado na libertação plena (inclusive em viagens). • Memória afetiva da infância e adolescência: video-game, seriados, etc. CULTO À VELOCIDADE • CULTO À JUVENTUDE: a velhice e a morte são coisas a se evitar. • Ditadura estética. Drogas do rejuvenescimento. • Imitação forçosa ao modo de vida dos jovens (ex. esportes de aventura). • Perspectiva crescente de idosos ativos. CULTO À VELOCIDADE • Outra razão que tem sido observada para o desenvolvimento e a manutenção da pressa na sociedade atual, é o reforço que ela recebe dos chefes e supervisores nas empresas, de professores nas escolas e dos pais, na família. • Encorajam-se todos a serem apressados, a concluírem suas tarefas em menos tempo. CULTO À VELOCIDADE • O funcionário que recebe a melhor avaliação é justamente aquele que se mostra rápido, enquanto que o trabalhador mais reflexivo, que pensa em todos os detalhes antes de agir e, conseqüentemente, demora mais para a tomada de decisões é, muitas vezes, criticado pelo seu modo mais calmo de ser, mesmo que seus projetos tenham mais profundidade do que teriam se os tivesse terminado mais rapidamente. CULTO À VELOCIDADE • Deste modo, o valorizado é a pressa, e ao constatar a importância de serem cada vez mais rápidas, as pessoas procuram atender às demandas, principalmente as pessoas que têm maior necessidade de reconhecimento. • Envolvem-se, então, em um viver frenético, onde as realizações assumem papel prioritário, mesmo que o sucesso tenha custos. • E os custos podem ser altos, para a saúde, para a qualidade de vida, para a sensação interior de paz e, além de tudo, para o enfraquecimento das relações interpessoais. CULTO À VELOCIDADE • A pressa do mundo moderno não permite que o ser humano se detenha nas interações, que não sejam diretamente necessárias para o trabalho em dado momento. • Isto contribui para que ele não se aprofunde nos sentimentos e relacionamentos. • Não há tempo para conhecer, ouvir e ser ouvido pelo outro. Não há tempo para o que, em inglês, se denomina de “connectiveness”. • O QUANTO A CONECTIVIDADE INSTANTÂNEA E VIRTUAL DOS DIAS DE HOJE É CONVENIENTE? ELA SUPRE A CONEXÃO HUMANA ESSENCIAL? CULTO À VELOCIDADE • O homem atual raramente se conecta de verdade com o outro, ele simplesmente conhece, é colega, é conhecido, porém não partilha das raízes das amizades profundas, não porque isto não seja desejado, mas sim, porque sua agenda, repleta de mais compromissos. • O resultado é a sensação de solidão, de desapego, de menos valia dos outros e, conseqüentemente, de si mesmo. • Relacionamentos efêmeros, superficiais, facilmente substituídos por outros igualmente transitórios e de igual insignificância, ocorrem com a rapidez típica da nossa época. CULTO À VELOCIDADE • Até as crianças estão hoje em dia reclamando da falta de tempo, de que o tempo passa rápido demais. • Agendas infantis repletas de compromissos, já levam as crianças a acelerar suas atividades motoras, intelectuais, sociais e afetivas. Se transformam em mini-executivas, que desde cedo começam a pagar o preço desta vida alucinante, que os adultos estão levando. CULTO À VELOCIDADE • A ansiedade e o stress ocorrem quando o ser humano, independente de idade ou sexo, descobre que seu ritmo está em descompasso com o seu desejo. • Desejo de afeto, de quality time, isto é, de tempo bem aproveitado com a família e consigo próprio. Na correria do “fazer”, muitos de nós esquecemos de “ser”, inclusive nos impondo o que é conhecido como o “silêncio corporal”, que é o ignorar os sinais e sintomas transmitidos pelo corpo quando a resistência está chegando ao fim. CULTO À VELOCIDADE • Doenças graves que parecem surgir repentinamente, deram seus avisos por meses, pois dificilmente a doença surge de imediato; antes de ser diagnosticada, em geral, ela dá sinais. • Sim, o corpo reclama através de sintomas e mal-estares, porém o homem pós-moderno, em geral, escolhe ignorá-los, pois não tem "tempo para perder" se auto-observando e se auto-respeitando. CULTO À VELOCIDADE • No entanto, no frenesi diário, às vezes, aparece a ansiedade de viver mais plenamente, o desejo de se conectar, de usufruir de momentos de qualidade, pois é da essência humana se afiliar, amar e estabelecer raízes. • Justamente este desejo é o que tem levado centenas de pessoas à aderir ao "Slow Movement", ou seja, ao movimento de desaceleração que se originou na Espanha. CULTO À VELOCIDADE • O seu nascimento representa uma ação contestatória à americanização da Europa. • No primeiro momento, a idéia era se insurgir contra a instalação de restaurantes de "fast-food". • Atribui-se ao jornalista Carlo Petrini o início do movimento "slow-food". CULTO À VELOCIDADE • Após algum tempo, outras facetas do movimento surgiram, como ‘slowcities" (cidades menores, onde a pressa não é valorizada e se dá valor maior aos contatos interpessoais), "slow-travel" (viagens onde a pessoa não simplesmente visita rapidamente, mas que passa vários dias em um lugar só, participando das atividades da comunidade), "slow-education" (que se refere a ajudar as crianças a desenvolverem valores que possibilitem viver uma vida mais desacelerada, mais cheia de sentido e mais tranqüila) e "slow-books" (livros mais reflexivos a serem lidos com calma pelas crianças e seus pais). DEVAGAR – CARL HONORÉ • Carl Honoré viajou o mundo coletando histórias de pessoas que mudaram o ritmo de suas vidas, desacelerando o trabalho, a alimentação, a educação dos filhos, o sexo e os cuidados com a saúde. • Reunidas nesta obra, as experiências dão forma e substância ao movimento Slow Life DEVAGAR • Quem nunca devorou o almoço em dez minutos, passou no sinal vermelho para poupar tempo ou desejou que o dia tivesse mais de 24 horas pode deixar esta obra na prateleira ou programar a leitura para um despretensioso fim de semana em casa. • Mas se você é do tipo agenda-cheia e perde minutos preciosos para orquestrar como dará conta de todas as atividades do dia, encaixar mais uma tarefa – a de ler as 350 páginas deste livro - pode ajudá-lo, no futuro, a descobrir maneiras de ter mais tempo para o lazer, a família, os amigos, uma nova habilidade e até (por que não?) para o prazer de simplesmente não fazer nada. DEVAGAR • Não, não se trata de nenhuma publicação de auto-ajuda, com fórmulas mágicas de felicidade. • O livro, escrito pelo jornalista e historiador escocês Carl Honoré, transforma o que seriam conselhos gratuitos em relatos inspiradores de pessoas que se libertaram do culto e do vício da velocidade – dramas que, segundo ele, acompanham a humanidade desde o instante em que aprendemos a medir o tempo e a fracioná-lo, graças ao desenvolvimento tecnológico, em porções cada vez menores. DEVAGAR • Seu interesse pelo tema começa numa fila de embarque no aeroporto de Roma. Irritado com o atraso do voo que o levaria de volta aos compromissos em Londres, Honoré se vê atraído por um livro na vitrine: “Histórias para fazer dormir em um minuto”. Imediatamente, pensa nos filhos e, por um instante, vê naquele título a salvação para economizar tempo no ritual de botar as crianças na cama. • A redenção, como ele mesmo diz, não demorou. E a vertigem de se ver sempre “obcecado com o aproveitamento de cada migalha de tempo” despertou o colaborador de publicações como The Guardian e The Economist para uma obviedade: ele não estava só nessa angústia. DEVAGAR • Milhares de pessoas em todo o mundo sofrem hoje do mesmo mal, e o que o autor toma para si como objeto de investigação é exatamente como chegamos nesse ritmo frenético e o que uma parte cada vez maior de doentes do tempo está fazendo para exorcizar de suas vidas a “ditadura do mais-rápido-é-sempre-melhor”. DEVAGAR • Dos primeiros instrumentos criados para medir o dia, como o quadrante solar egípcio de 1.500 a.C., até a invenção do relógio mecânico na Europa, no século XVIII, a trajetória de aceleração das tarefas humanas sempre esteve intimamente ligada ao aumento da precisão com que calculamos não somente as horas, mas também os minutos, os segundos e os milésimos de segundos. DEVAGAR • O preço a pagar pela incorporação desse conhecimento em nossa cultura é alto. Dividir mais o tempo implicou, ao longo da história, incluir mais tarefas e compromissos no dia-a-dia. A noção de eficiência e produtividade que moveu a Revolução Industrial adquiriu, de lá para cá, trejeitos malignos e sombrios: no Japão, criou-se uma palavra (karoshi) para designar as mortes por excesso de trabalho; o sedentarismo e a obesidade (comprovadamente maiores entre os mais acelerados) nunca foram tão elevados entre americanos e britânicos; a alimentação fast food, o consumo de drogas speed, como anfetaminas e cocaína, a redução das horas de sono, os acidentes de trânsito e de trabalho, o estresse, a ansiedade, a depressão e outras dezenas de doenças estão todos, indiscutivelmente, relacionados à maneira obsessiva com que nos acostumamos a brigar contra o relógio. DEVAGAR • Desacelerar, nesse contexto, pode soar como um nocaute premeditado. Afinal, ser mais lento não é exatamente uma qualidade nos dias de hoje. • O trabalho no escritório exige rapidez; a comida de micro-ondas, engolida na frente da tv, permite que muitos consigam, no último suspiro do dia, atualizar-se com as últimas notícias; viver sem a banda larga da internet, o automóvel e o celular é inconcebível para a maioria de nós. • Ainda assim, muita gente anda se rebelando contra a rapidez a qualquer custo e, cada uma à sua maneira, tem adotado práticas de desaceleração em uma ou mais áreas da vida. Juntas, então, essas experiências pessoais criam forma e substância àquilo que o autor reuniu num caldeirão único para dar mais peso social e abrangência global. DEVAGAR • O contexto histórico no qual o culto da velocidade foi gerado e transformado até aqui é descrito na introdução e no primeiro capítulo do livro, embora apareça pulverizado em toda a obra. • Já no segundo, o autor dedica-se a apresentar as raízes do que se denomina filosofia Slow. Do terceiro ao décimo capítulo, Honoré esmiúça diferentes aspectos do movimento Devagar, que não constitui propriamente uma instituição internacional, mas sim uma rede social sem fronteiras que se manifesta e cresce – rapidamente, por ironia – em todos os cantos do planeta. DEVAGAR • O Slow Food, tratado no terceiro capítulo, surge como uma alternativa que transcende a boa mesa e a melhor saúde de seus adeptos. • Comer lentamente pede um consumo mais consciente e um modo de produção mais solidário dos alimentos. • Em outras palavras, o cardápio-tartaruga privilegia comida caseira, orgânica, cultivada por produtores locais, além de receitas tradicionais que se perderam no tempo ou foram engolidas pela oferta fácil de calorias dos grandes hipermercados transnacionais. • Sem falar nas refeições apreciadas em família ou com os amigos, em que o tique-taque do relógio deixa de ocupar lugar à mesa. DEVAGAR • Cidades mais lentas abandonam o lugar nos roteiros de ficção para virar relatos de moradores que falam dos prazeres de ir ao trabalho de bicicleta, fazer amigos na vizinhança, conhecer mais de perto seus governantes ou curtir uma caminhada por ruas arborizadas até a escola dos filhos. Praticar meditação, ioga, tai chi ou superslow (tipo de musculação em que se leva 20 segundos para levantar e abaixar um peso) são algumas das atividades que estão deixando de ser consideradas opções de hippies ou alternativos para cair no gosto de médicos e cientistas. Vivenciar a lentidão, escreve Honoré, parece aumentar a capacidade de concentração, a criatividade, a disposição e o bem-estar. DEVAGAR • Trabalhar menos, nesse sentido, não quer dizer produzir menos. Muitas experiências comprovam que menos horas no escritório podem render mais do que plantões até a madrugada. • Quem gasta uma parte menor do dia para trabalhar tem tempo para empreender no desenvolvimento de um talento musical, artístico ou artesanal, ou para brincar com os filhos, fazer exercícios, dormir mais. E tudo isso gera um estado de espírito menos propício a doenças e males tão comuns entre os acelerados. Até o sexo, tema do sétimo capítulo, pode ganhar outra dimensão quando a falta de tempo ou a vontade do prazer rápido saem de cena. Casais que vivenciaram práticas tântricas, por exemplo, dizem ter suas vidas alteradas para sempre. DEVAGAR • Nem mesmo as crianças escapam da investigação do autor. Criar os filhos sem pressa é tema do décimo capítulo da obra, que apresenta, de um lado, pais e mães que educam os pequenos como quem se preocupa em fazer o melhor up grade possível dos aparelhos que têm em casa. • Agendas lotadas tornam tenso o cotidiano de crianças que precisam aprender três idiomas antes dos quatro anos de idade, tocar um instrumento, ser campeão de natação e estudar desesperadamente para ter chances de competir e conquistar “um lugar ao sol”. • O lado devagar desse trecho do livro, por sua vez, apresenta o alento de pais que escolheram escolas com horários mais generosos para as brincadeiras e que priorizam a criatividade sobre a produtividade. Há até experiências de casais que optaram por educar os filhos em casa, longe das tentações e distorções da escola. DEVAGAR • Por fim, a conclusão que encerra o trabalho do jornalista não poderia ser mais sensata. Quase que como num conto zen, a mensagem que fica é a de que não é preciso combater a velocidade em todos os momentos da vida. • O equilíbrio está em encontrar o tempo giusto nas ações mais elementares e se libertar do culto da velocidade. • Para aqueles que saborearem o livro - lentamente, de preferência – o escritor dá uma forcinha extra nas últimas páginas e relaciona a deliciosa bibliografia utilizada para este trabalho, além de outras fontes de consulta, como sites e revistas. Se você chegou até aqui com vontade de pular alguns parágrafos, tem tudo para ficar intrigado com o livro. PARA REFLEXÃO • ILUSTRE SITUAÇÕES RELACIONADAS A SLOW TRAVEL! QUAIS SUAS VANTAGENS? QUEM PODE SE INTERESSAR POR ISSO? COMO CONVENCÊ-LOS? • Viagens longas, focadas em poucos destinos. • Permitem uma vivência mais aprofundada das experiências de viagem, que por sua vez aumentam os seus benefícios de descanso, diversão e desenvolvimento pessoal e social. • É preciso mostrar as vantagens de uma viagem mais profunda, não só entre seus públicos mais óbvios, como aposentados, mas entre outros grupos sociais com forte apelo midiático (jovens, nova classe média, evangélicos, etc). CULTO À VELOCIDADE • A intenção de Carl Honoré é propor a possibilidade de levar uma vida mais plena e desacelerada. • O movimento Slow se propõe dar sugestões e ferramentas às pessoas para que sua vida não seja uma simples seqüência de realizações, desprovida de emoções, pois promove o abandono de uma vida superficial regida pelo ponteiro do relógio. CULTO À VELOCIDADE • Considerando-se que a pressa é um fator de stress de grande magnitude, é importante pensar em meios de reduzir a pressa existente na sociedade, no geral, e, mais especificamente, em cada um de nós. • A necessidade de reconhecimento, a vontade de colecionar mais e mais sucessos são, sem dúvida fatores importantes na determinação da pressa no dia-a-dia do ser humano adulto ou criança. CULTO À VELOCIDADE • Torna-se, portanto, fundamental que pais, educadores e pessoas em posição de chefia se conscientizem do poder que possuem ao reforçar comportamentos ligados à premência de tempo. • Deste modo poderão reduzir a necessidade do ser humano se desgastar tanto no processo de obtenção da aprovação e do reconhecimento, que o torna viciado na premência de tempo. • Concomitantemente, compete a cada um analisar e refletir sobre as forças determinantes da pressa que o impulsiona. • É necessário se conscientizar do poder do reforço que se dá e recebe, para agir e viver no mundo da pressa, e ter coragem de abdicar de uma parcela do sucesso, que embora tentador, pode também acelerar o fim da vida. CULTO À VELOCIDADE • Dicas para Desacelerar • 1) Estabeleça prioridades: o que de fato é importante para você? De que sentiria uma falta muito grande se você perdesse agora? • 2) Determine-se a fazer menos e elimine tudo o que não for essencial de sua agenda; • 3) De vez em quando, desligue o computador e o celular; • 4) Inclua no seu dia uma atividade que o force a desacelerar; • 5) Lembre-se que é melhor fazer menos com qualidade, do que fazer tudo com muitos erros e enganos; • 6) Procure descobrir o que de fato lhe dá prazer e quais sonhos são os verdadeiros; • 7) Aprenda a reconhecer o seu limite e o respeite; • 8) Aprenda a ter orgulho de ir mais devagar, fazendo tudo com mais qualidade. • http://www.revistasermais.com.br/artigos.asp?cod_site=0&id_artigo=42 O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/aulas/DdMasi.html KUJAWSKI,Gilberto de Melo • De Masi, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade de Roma, consultor de grandes corporações, como a IBM e a Fiat, vê o século 21 dominado não pelo problema do trabalho, e sim pela temática da organização do ócio (entendido não como ''fazer nada", mas como tempo livre). O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • A sociedade pós-industrial é gerada pela própria sociedade industrial, na medida em que esta aperfeiçoa e difunde seus programas de automatização e informatização do trabalho. • Esse fenômeno que já começou a existir, troca a produção de bens materiais pela produção de serviços, de informação e de conhecimento. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Hoje em dia - diz ele -, o país que conta com muitas indústrias está atrasado. • A linha de montagem foi superada. • A economia sadia e avançada, segundo De Masi, não é unilateral, e sim diversificada, combinando a função agrícola e a industrial com o lazer. • As condições para a construção da sociedade do lazer são: a grande arte, a grande literatura e a grande universidade. • O Brasil conta de sobra com os dois primeiros fatores, mas falha no desenvolvimento da universidade na dedicação intensiva e extensiva ao estudo e à pesquisa científica. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • O maior inimigo da criatividade organizada que caracteriza o mundo pós-industrial é o burocrata, o antípoda das inovações e do espírito criador. • Os burocratas são "sádicos", só enxergam os limites e nunca as oportunidades; são "corruptos", tentam corromper os clientes com a exploração das dificuldades, dos prazos, etc. • Atualmente, qualquer executivo pode terminar seu trabalho diário em cinco horas; mas o executivo representa uma comédia; faz de conta ter trabalho em demasia, inventa horas extras, para não ser capturado pela família e pela mulher, a qual, em geral, despreza. Propõe um sem-número de "reuniões sem finalidade e de regulamentos "para os outros". • E preciso começar a sanear o regulamento das empresas, eliminando, um a um, todos os preceitos sem razão de ser. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • A imaginação criadora é importante, mas não basta; tem de se completar pela realização. • Fantasia + realização é a proposta dos grupos de trabalho estudados em seu livro “A Emoção e a Regra”(Editora José Olympio). • Tais grupos se constituíram na Europa, entre 1850 e 1950. • E difícil deparar com a genialidade individual, mas é viável criar grupos que somem fantasia com realização. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Um desses grupos foi a Escola de Biologia de Cambridge, que descobriu o DNA. • Os cientistas produziram diversos desenhos da possível estrutura do DNA, a priori, sem base experimental. • Na hora de testar aqueles desenhos surgiu a questão: qual deles? A resposta foi: o mais belo. • Testou-se o desenho mais formoso e elegante. • E não é que deu certo? • O esquema do DNA era aquele mesmo. • O episódio é importante para destacar a importância do espírito lúdico, do prazer de jogar, sem o qual não se constrói a ciência. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Ortega y Gasset, há mais de 70 anos,já acentuava a influência decisiva do jogo em qualquer tipo de criação: • Para advertência exemplar dos homens existe o feito gigantesco de que a civilização que obteve maior domínio material, prático, sobre o cosmos - a européia - foi também a civilização da matemática mais irreal e imaginativa. • O mundo antigo só produziu uma técnica rudimentar e embotada - a meu juízo, uma das causas mais concretas de sua ruína - porque não cultivou a matemática e o pensamento com suficiente alegria desportiva, ou seja, sem o desenvolvimento do pensamento lúdico. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • De Masi reconhece no desemprego crescente e mundial um perigo sério. Mas entende que a desocupação, que surge como uma ameaça, se revela logo uma oportunidade de reorganizar o trabalho e a sociedade. • Para ele, aquelas três etapas da vida que andam separadas, o estudo, o trabalho e o tempo livre, tendem a integrar-se desde já. • O tempo livre - diz De Masi - é o tempo do luxo; não da ostentação de riquezas ornamentais, mas da recuperação de alguns luxos hoje perdidos, como o tempo, o espaço, o silêncio, a segurança. • Por isso, respondendo a um dos jornalistas, declara De Masi que o principal valor que sustenta seu trabalho é a estética. • A estética - afirma - é a disciplina que dá sentido às coisas, unindo o fragmentário numa realidade inteiriça. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Precioso subsídio para as teses do pensador italiano seria a noção do tempo hispânico, forjada por Gilberto Freyre. • O mundo desenvolvido, diz Freyre, está dominado pela tensão abominável do tempo anglo-saxônico, o tempo planificado segundo objetivos pragmáticos de utilidade e ganho material, um tempo que nunca é "nosso", de cada um de nós. mas da empresa. do capital e do trabalho, da sociedade, enfim. • Já o tempo hispânico (comum a Espanha, Portugal e seus descendentes) é o tempo pessoal, que considero próprio, "meu". Numa palavra, é o tempo do que interessa por si mesmo, e não por outra coisa. • Gilberto fala do cafezinho, do charuto fumado, lentamente, do tempo da cervejaria ou da confeitaria, da conversa gratuita. dos sorvos de vinho do porto das guloseimas, etc. (G. Freyre, O Brasileiro entre os Outros Hispanos). O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • http://www.midiaindependente.org/pt/red/2007/03/374598.shtml - CARUSO, Gil Leal. • VISÃO CRÍTICA A DE MASI: • Afirmar que de Masi é contraditório por levar uma vida frenética e dormir 4 horas por noite talvez não seja acertado. • Esse comentário foi difundido pela jornalista Maria Serena Palieri, quem o entrevistou e escreveu a introdução do livro “O Ócio Criativo”. • De Masi não fala do tempo livre como vadiagem e sim como mistura de lazer, estudo e trabalho em contraposição à doentia obsessão pelo trabalho executivoindustrial. E isso ele parece fazer muito bem. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Seus estudos, com um grande número de colaboradores, se misturam com prazer de forma lúdica, passando pela questão do emprego, o trabalho intelectual, a busca por uma terceira via que não comunismo ou capitalismo, e tudo isso com base em dados estatísticos. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • A idéia do tempo livre em contraposição ao trabalho não é nova. Thomas Morus, em 1516, escreveu sobre os habitantes da ilha de Utopia: • “O povo utopiano é espiritual, amável, engenhoso, ama o lazer, é paciente no trabalho, quando o trabalho é necessário; sua paixão favorita é o exercício e o desenvolvimento do espírito”. • E para isso legislava: seis horas são empregadas nos trabalhos materiais. • Assim como De Masi, o resto do tempo deveria ser aplicado para o desenvolvimento das faculdades intelectuais. Na “Utopia”, a ociosidade e a preguiça são impossíveis. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • De maneira geral, o trabalho é a ação modificadora do homem sobre a natureza, para si e para a coletividade. Mas, em diferentes épocas, outros significados apareceram remetendo diferentes imagens à mente dos homens. • Os gregos pré-socráticos (600 A.C.) designavam a arte e o artesanato com a mesma palavra: techne. • O fazer artístico, as belas artes, e o fazer artesanal, as artes mecânicas, estavam fundidos num conceito apenas. • E, obviamente, numa mesma ação. Com Aristóteles, a divisão do conhecimento em várias áreas independentes separou esses fazeres e deu origem à Estética. • Desde então, desvinculou-se, física e metafisicamente, o prazer e a criação do ganhapão diário. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Etimologicamente, no latim vulgar do final do Império Romano (400 D.C.), trabalhar significava martirizar com o tripalium (instrumento de tortura). • Pelo século XII, no francês, travail designava tormento, sofrimento; e o local onde a mulher tinha a criança era chamado sala de trabalho. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • No século XVI, a mesma palavra passou a ser utilizada como referência à condenação de Adão e Eva a viver fora do paraíso. • Essa foi, sem dúvida, uma reação da Igreja Católica durante a Contra-Reforma para menosprezar a nova virtude pregada, principalmente, pelo Calvinismo: o trabalho como forma de salvação. • Somente depois da Revolução Industrial (séc. XIX) a palavra adquiriu o significado que usamos hoje. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Com a revolução industrial o “ganhar a vida”, termo um tanto negativo já que indica que sem trabalho não se tem uma vida digna. • Transformou-se em morte com uma jornada de trabalho de 16 ou 18 horas, sendo que até, ou justamente pelo preço do trabalho-hora, as crianças são vítimas do ritmo da modernidade. • Nessa época surge a disciplina Economia e as Ciências da Gestão como áreas do saber, e o trabalho passa a ser pesquisado com rigor científico. • Muitos já haviam percebido que uma redução na jornada de trabalho não afetaria a produção nem os lucros a médio prazo, mas melhoraria a qualidade de vida dos trabalhadores com a incorporação de outros novos. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Essa é uma discussão muito semelhante com a que existe hoje com relação ao desemprego e aos aposentados. • E muitos outros também pensaram o contrário, tendo em vista uma maior exploração do homem e lucros imediatos. • Isso gerou crises de super-produção desde a 1ª revolução industrial até o pós 1ª Guerra Mundial, que o capitalismo conseguiu habilmente reverter. • Na época, Paul Lafargue com seu manifesto “O direito à Preguiça” (1883) mostrou, com uma análise do trabalho nas minas de ferro e carvão da França e da Inglaterra, a necessidade de redução do trabalho para quatro horas, pouco menos do que o indicado por Thomas Morus no século XVI. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • No Brasil, a anacrônica escravidão, que durou oficialmente até o final do século XIX, em meio à nova organização econômica mundial, deixou uma herança negativa na forma do brasileiro ver o trabalho. • Este era considerado como ação própria e exclusiva do escravo, sendo que nenhum português deveria se submeter a ele. • No importante livro de Celso Furtado “Formação Econômica do Brasil”, temos uma descrição do que significava a transformação do escravo em assalariado: O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • O homem formado dentro desse sistema social [escravidão] está totalmente desaparelhado para responder aos estímulos econômicos. • Quase não possuindo hábitos de vida familiar, a ideia de acumulação de riqueza lhe é praticamente estranha. • Demais, seu rudimentar desenvolvimento mental limita extremamente suas necessidades. • Sendo o trabalho para o escravo uma maldição e o ócio o bem inalcançável, a elevação de seu salário acima de suas necessidades que estão definidas pelo nível de subsistência de um escravo determina de imediato uma forte preferência pelo ócio. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Passados 120 anos da abolição da escravidão, um sociólogo italiano chega ao nosso país, que está em vias de desenvolvimento, corrupto e semianalfabeto, e nos apresenta ideias novas? • E o que pode ter chamado tanto a atenção dos brasileiros, ou melhor, de uma minoria informada e interessada de acadêmico-burgueses, no discurso de De Masi? O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Segundo suas pesquisas, um país rural não precisa passar por todas as etapas de desenvolvimento para chegar a ser pós-industrial. • Como isso é possível? • Grandes universidades, uma grande literatura e uma grande arte? • O PIB do Brasil em 2005 foi de US$ 795 bi e aplicamos 4,5% disso em educação. • Nosso modelo educacional é baseado no modelo francês, mas a França tem a educação como prioridade há mais de 150 anos, gasta 8% do seu PIB para isso e há vinte anos busca um novo modelo, enquanto seguimos pelo velho. • Como resultado disso, o Brasil possui 11% de analfabetos mais 26% de analfabetos funcionais. Segundo Paulo Augusto de Podestá Botelho, membro da SBPC, 70% da população economicamente ativa são analfabetos funcionais, isto é, pessoas maiores de 20 anos e com menos de quatro anos de escola. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Em termos de arte ainda conseguimos caminhar bem, porque ela sempre sobreviveu com pouco dinheiro. • Literatura e artes plásticas vão devagar e sempre, mas o cinema ganha incentivos e qualidade, enquanto a música decai com violência e banalização sexual. • E é com a arte que fazemos a ponte com o processo criativo. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Para De Masi, o estudo da estética determinará o futuro, junto com a pesquisa científica e o tempo livre: estética é a disciplina que dá sentido às coisas, aquilo que determinará a nossa felicidade. • A estética, independente da interpretação dada, é o estudo do belo, mas se lermos Bachelard, Eco ou Bakhtin, o feio aparece aos nossos olhos através da incompreensão de seus textos. • É tão difícil encontrar regras e padrões que definam a beleza assim como regras e padrões que definam o melhor comportamento do homem. • Segundo o psicólogo Jung, todo homem criador sabe que o elemento involuntário é a qualidade essencial do pensamento criador. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Ser criativo independe de regras. • Se dermos uma olhada em Nietzsche e Heidegger, eles afirmaram que a grande arte havia morrido com Hegel. • E na mesma linha desse pensamento alemão, Spengler aponta o final desta civilização em A decadência do Ocidente com algumas pistas sobre a arte moderna: • substituição da qualidade pela quantidade, do bom gosto pelo exibicionismo, da beleza pela utilidade, da cultura pela riqueza; a desintegração da arte em modas, manias, maneirismos, bizarrices; a áspera procura de novos estimulantes estéticos que excitem a consciência megalopolitana; a extinção da força espiritual criadora. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Essas visões pessimistas, ou realistas, denunciam um abuso da regra sobre a liberdade e o gosto próprio, ou seja, sobre o livrepensamento. • Imaginar que uma estética virá tornar-se a razão de nossas vidas, como uma estética utilitarista, do tipo da fascista, é transportar-nos para um Admirável Mundo Novo, onde tudo é igual e ordenado para todos e definido antes do nascimento. • E na distopia de Huxley, a arte fora banida em nome da felicidade. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Uma economia sadia é diversificada e abrangente. • Ela não pode centrar-se só na agricultura, só na indústria, nos serviços ou só no tempo livre. • Isso mais parece a filosofia budista do caminho do meio aplicada à economia, muito em moda hoje no ocidente. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Na era Clássica, as economias eram movidas pela agricultura, comércio e, principalmente, pelas guerras. • Na Idade Média, o campo tornou-se a base da riqueza. Na era Moderna, a indústria abocanhou a imensa maioria dos trabalhadores do campo e tomou conta da economia global. • Agora, na era Contemporânea, vemos a importância do setor de Serviços. • Cerca de 72% do PIB da França vêm de Serviços, a mesma porcentagem se observa nos Estados Unidos. • No Brasil esse valor é de 62%. • Os índices para a Agricultura em países desenvolvidos são baixíssimos. • Como então dizer que uma economia nacional é saudável quando ela pondera equitativamente suas entradas? O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • A indústria vem perdendo participação na economia há um bom tempo. • E é De Masi quem dá o ponto final: a fábrica é sinônimo de atraso! • Mas isso só é verdade na medida em que ainda existem homens trabalhando dentro dela. • E sem dúvida ela é necessária. • Sua estrutura organizacional de linha de montagem, há muito ultrapassada e caduca, perdura em países não-desenvolvidos criando, junto com a burocracia, entraves para a liberação do trabalhador e o seu desenvolvimento. • Não sobra o chamado “Tempo Livre”. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • É claro que se as máquinas fizessem o trabalho do campo e da indústria o homem ficaria com o monopólio do trabalho criativo. • E talvez no Brasil, uma grande parte da população virasse um vegetal na frente da televisão. • Mas estamos preparados para o trabalho criativo? • De Masi nos afirma que não. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • E aponta certeiramente para a escola. • Ela tem sempre servido para nos moldar para uma sociedade que já passou, ensina-nos uma moral conservadora e prepara-nos para o trabalho repetitivo e obediente. • São poucos os que conseguem perceber isso e geralmente são os mais criativos. • Esses conseguem dar o melhor com o que herdaram da natureza, aliandose ao aprendizado. • E dentre esses aparece o gênio: aquele que é muito fantasioso e realizador. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • Um país criativo é um país com realizações em todas as áreas: humanas, exatas e biológicas. • E no mundo atual isso é sinônimo de patentes. • E mais uma vez, parece que De Masi esquece de alguns poréns nas suas conclusões. • Grande parte do que é descoberto aqui, com a nossa biodiversidade e conhecimento popular, é creditado a pesquisadores estrangeiros. • Então eles passam a ter acesso exclusivo a nossa riqueza natural, tornando-nos, mais uma vez, dependentes do exterior. O ÓCIO CRIATIVO – DOMENICO DE MASI • O Brasil é um país de muita criatividade, mas a conduta do malandro ainda é invejada por muita gente. • Perdemos a esperança no futuro e as crises presentes são disfarçadas até tornarem-se costume nacional. • As idéias de De Masi são muito encantadoras e tentadoras, mas encontram tamanha dificuldade em nosso país que parecem até piada. • O bom é que ele é respeitado e tem muita audiência pelo mundo. • Talvez um dia, nós, com outra estrutura político-econômica, possamos avançar nesse caminho, até dedicar-nos à criação, à arte e ao próprio desenvolvimento. O TURISTA COMO EMPREGADO DO TURISMO • Baseado na Obra “A Sociedade do Consumo”, de Jean Baudrillard. • Disponível em: http://verlainefreitas.blogspot.com/2011/04/oturista-como-empregado-do-turismo.html • (Professor de Filosofia da UFMG) • “Segundo o autor francês, o sentido mais próprio do turismo não é o do prazer. • Em termos sociais, o turista, na verdade, trabalha para toda a engrenagem da indústria do turismo. Vejamos como. O TURISTA COMO EMPREGADO DO TURISMO • O discurso turístico constrói uma espécie de imagem mítica da atração, quando suas qualidades são radicalmente realçadas nos cartazes das agências de turismo, nas imagens deslumbrantes de filmes, e em todas as outras formas de propaganda. • Cada lugar “maravilhoso” contém aspectos que são o extremo oposto da vida cotidiana, prometendo uma fuga do stress do trabalho, da tensão das cidades grandes, da poluição etc. O TURISTA COMO EMPREGADO DO TURISMO • Diante de um apelo tão grande, o/a turista se desloca por longas distâncias, e, chegando lá, obedece a horários estabelecidos para pegar ônibus de excursão, visita um número razoável de atrações todos os dias, e, se compra passaportes com direito a várias atrações, tem seu roteiro previamente estabelecido, mesmo que não tenha comprado os famosos pacotes turísticos. • Esse processo se assemelha bastante à própria rotina de trabalho, e demonstra que o/a turista, na verdade, produz valores para o turismo. O TURISTA COMO EMPREGADO DO TURISMO • Ele/a precisa confirmar o tempo todo aquilo que o discurso publicitário e das agências de turismo já dizia para ele, ou seja, que aquela cidade ou atração turística é linda, deslumbrante etc. • E nesse processo, o fato de que o/a turista típico/a quase que apenas tira foto dos lugares aonde vai, em vez de simplesmente apreciar os lugares, mostra que ele/a exerce a função de legitimar os valores vendidos pela indústria do turismo. O TURISTA COMO EMPREGADO DO TURISMO • Isso fica claro, quando ele/a retorna e vai relatar tudo o que viu, tornando-se mais um meio de promoção das atrações turísticas, ou seja, ele/a contribui para construir a mesma imagem mítica que o/a levou a viajar. • RETROALIMENTAÇÃO DO SISTEMA, INDÚSTRIA DO TURISMO ou CICLO DO CONSUMO DE VIAGENS. O TURISTA COMO EMPREGADO DO TURISMO • Naturalmente, nem toda viagem a passeio se submete a essa lógica. • E nem mesmo viagens estruturadas turisticamente têm seu sentido esgotado nela, mas se não prestamos atenção nessa perspectiva crítica, o fato é que tal lógica pode acabar sendo o que dá o sentido de toda a viagem, retirando desta muito do que a própria pessoa gostaria, ou seja, sentir prazer concreto em estar em um lugar bonito, agradável, repousante etc.”